11 de junho de 2025

Bolsonaro no palanque


Ele até que tentou agradar. Negar. Pedir desculpas. Mas não foi possível. Bolsonaro, que na foto aparece aguardando ser chamado para depor diante do Supremo Tribunal Federal no dia de ontem, usou o espaço e o fato de seu depoimento estar sendo transmitido ao vivo pela TV Justiça para armar um palanque e fazer vídeos que são e serão usados para propaganda em lives de botequim. Sabe que será condenado pelo tribunal que tanto contestou, atacou e desrespeitou sobretudo ao longo do mandato, mas agora resta pouco a fazer além de se desculpar, como fez, numa situação para ele desesperadora. Estamos ao final de uma comédia. Ou seria uma tragédia pastelão?

Bolsonaro tentou, sim, dar um golpe de Estado no Brasil. Só não fez isso porque os comandantes militares, afora o da Marinha, não aceitaram acompanhá-lo na aventura. No Supremo mesmo ele disse que estudou a possibilidade de Estado de Sítio, Estado de Defesa ou GLO para não aceitar o resultado das eleições que levaram Lula a seu terceiro mandato à frente do Governo brasileiro. Só faltou um detalhe: não deu certo. E sobretudo e principalmente porque as urnas mostraram exatamente o resultado correto das eleições disputadas com lisura no Brasil. As mais fiscalizadas da história.

E foi por causa disso que não houve a fraude alegada pelo ex-presidente, que tentou impedir com a ajuda da Policia Rodoviária Federal, eleitores nordestinos de chegarem às suas seções eleitorais onde a maioria deles votaria no candidato de oposição ao golpista. Não fosse por isso e teria sido eleito um charlatão para mais um mandato de quatro anos como presidente do Brasil. E ainda sob as graças daqueles que pregaram golpe de Estado "com Bolsonaro no poder".       

As Forças Armadas brasileiras são gato escaldado e têm medo de água fria, mesmo num país onde uma grande parcela da sociedade não sente vergonha de dizer que quer "golpe de Estado". Isso ficou claro nas inúmeras vezes em que o ex-presidente arregimentou seus imensos bandos para acompanhá-lo nos desfiles por avenidas como a Paulista, onde houve a maior demonstração de golpismo dos quatro anos de desgoverno deste capitão quase literalmente expulso do Exército. Dizer que não há golpe sem Exército nas ruas, sem blindados e outros armamentos é tentar chamar a todos de bobos. Ou de malucos como ele chamou a seus próprios seguidores durante a inquisição de ontem à tarde em Brasília.

Realmente, como o ex-presidente deixou claro, gente lúcida não dá dinheiro para golpistas e ele conseguiu inicialmente cerca de R$ 17 milhões de "colaboradores". Assusta o fato de o sujeito de nome Paulo Figueiredo, neto de um ex-presidente da ditadura, o do ocaso desta, ter chamado o seu "ex" de frouxo por ele não ter confrontado o Supremo Tribunal Federal em vez de recuar, pedir desculpas e enfim admitir que sempre acusou sem provas. Ora, fez isso porque está nos Estados Unidos protegido pelo trumpismo e onde não vai ser preso. Vamos convir: está na hora de o Brasil abandonar os tempos do "prendo e arrebento". Eles saíram de moda e não vão voltar mais. 

Um comentário:

Bartyra Ribeiro de Castro disse...

Muito bom!