Enquanto escrevo esse artigo, os milhares de manifestantes pró-Bolsonaro que foram à Avenida Paulista nesse domingo pedir anistia para o ex-presidente e seus asseclas golpistas (foto) ouviram ou ouvem várias pessoas falarem as mesmas mentiras em nome da não punição de crimes cometidos no dia 08 de janeiro de 2023, mas sobretudo e principalmente um longo discurso de encerramento da manifestação feito pelo ex-presidente que joga todas as suas fichas na aposta desse perdão - o que só é concedido a culpados -, a única fórmula que talvez o mantenha fora da prisão nos próximos anos. Foi patético.
Num esforço de inversão de fatos que talvez nunca tenha sido visto antes no Brasil de tantas surpresas, o ex-presidente genocida e inelegível, ao lado até de governadores que o apoiam, chegou a dizer que "só um psicopata para falar que o 08 de janeiro foi um golpe". Não foi apenas e tão somente porque as Forças Armadas brasileiras se recusaram a aceitar participar dessa aventura. De mais uma. Gato escaldado tem medo de água fria...
Há carradas de provas nos autos dos processos que correm no Supremo Tribunal Federal mostrando o que se tentou fazer. E aquele 08 de janeiro foi apenas o ápice, ato final de um plano monstro de golpe de Estado que começou a ser engendrado no mesmo dia em que o ex-presidente tomou posse quatro anos antes, pois jamais foi intenção dele deixar o poder. Ao contrário, seu projeto era o de se perpetuar com a ajuda das Forças Armadas. Essas mesmas que literalmente o expulsaram da corporação do Exército depois dos vários crimes que cometeu lá. Todos os que o acompanharam desde o início da aventura da presidência sabiam e sabem disso.
No trio elétrico do ato da Paulista estavam os governadores que dependem do apoio desse indivíduo para concorrer ao Planalto em 2026. Precisam daquele percentual de votos do gado bolsonarista que vai acompanhar esse Bozo até a sepultura, caso precisem. Cerca de 25 por cento. Só assim eles podem enfrentar o atual presidente Lula numa disputa nacional com chances de vitória. O dono da festa sabe disso e usa seus apoiadores como bem entende. Sempre usou.
Ao lado do carro de som havia na Paulista, dos dois lados, duas quadras tomadas por apoiadores da extrema direita. Segundo levantamento do Data Folha, feito de forma profissional, cerca de 45 mil manifestantes, o que mostra que Bolsonaro desidrata a cada dia que passa. Muito pouca gente para eleger um presidente, mas número capaz de fazer bastante barulho. Só que não o suficiente para transformar o Brasil, oficialmente, no País onde o crime político compensa. Nem mesmo quando se pretende tomar da figura de uma criminosa golpista para transformá-la na pobre diaba vitimada pela sanha assassina daqueles que não permitem o uso de batom em manifestações de protesto. Parece piada!