16 de dezembro de 2025

Kast e a goela de Tio Sam

Tão logo foi eleito presidente do Chile domingo último e compareceu ao Palácio de La Moneda a convite do atual Gabriel Borik, José Antonio Kast, 59 anos, fez questão de dizer que a partir de março pretende ser o "representante de todos os chilenos". Discurso vazio, claro. Ele jamais tentou e não tentará agora se distanciar de suas crenças políticas que incluem uma admiração profunda pelo ditador Augusto Pinochet, o criminoso que governou seu país de forma despótica desde o golpe de Estado que derrubou Salvador Allende até deixar o poder quase deposto e ao final de um cliclo de horror e ódio.

Também não vai ser possível para o novo presidente apagar de sua memória e da memória dos chilenos que acreditam em democracia a figura do pai alemão Michael Kast (segunda foto), membro da Juventude Hitlerista e nazista confesso jamais arrependido que imigrou com a família para a América do Sul e o Chile depois do término da II Guerra Mundial. Esse tipo de coisa gruda na pele e a pessoa não se livra dela, por mais que queira. E até os dias atuais o Kast presidente jamais fez o menor esforço nesse sentido.

Defensor da democracia de seu país, Borik recebeu o sucessor com honras e reuniões oficiais em La Moneda. Dono das mesmas crenças democráticas, Lula fez igual aqui no Brasil em mensagem de parabéns e de reconhecimento da vitória do chileno ainda no domingo. Muito diferente do seu antecessor Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos, recusou-se a passar a faixa ao vencedor da eleição e começou imediatamente seu processo de planejamento de golpe de Estado que não cessou nem depois do 08 de laneiro de 2023. E ainda com ele apodrecendo na cela da Polícia Federal, seus seguidores atuais prosseguem no projeto de destruição da nossa democracia.

Quais são os planos do novo presidente chileno? Construir um muro separando o Chile da Bolívia para deter os imigrantes que hoje lá são na maioria venezuelanos. A fronteira entre os dois países, no norte e em meio ao deserto de Atacama/Altiplano, tem 861 quilômetros e é uma rota turística popular entre Solar de Atacama e Uyuni. Já foi ponto de tensão histórica entre os dois países e hoje vive em paz. Por quanto tempo? E quanto custará, se for mesmo feita essa inutilidade, uma obra de muro como essa em região desértica?

Kast quer endurecer as leis penais chilenas, um país que tem um dos melhores índices de segurança das Américas. Quer expulsar todos os imigrantes não legais. Promover demissões em massa no serviço público e privatizar o que for possível, inclusive empresas públicas que dão lucro e prestam serviços sociais necessários aos menos favorecidos daquele país. Além disso viajou hoje para a Argentina onde foi recebido pelo presidente Javier Milei, o "narcocapitalista" maluco que divulvou ontem uma bandeira da América do Sul mostrando os seis países governados pela direita como um oasis de riqueza e cercados por uma grande favela onde pontifica o Brasil. E a Argentina é um país falido.

Que diferença há entre o dircurso e os projetos de Kast e os dos outros presidentes sul-americanos de extrema direita eleitos democraticamente sem acreditar na democracia?  Nenhuma!

Ontem mesmo o Paraguai assinou um tratado com os Eatados Unidos para defesa mútua. Contra quem? Todos sabemos como Tio Sam, de goela ou garganta profunda, sonha em ter a cada dia mais influência na região da Tríplice Fronteira e de que forma esse tratado pode ser usado. Agora o ínico país soberano desse trio é o Brasil, que vai começar a ser pressionado, pois a Argentina, de pires nas mãos e embora seja um lugar rico no mapa de Milei, precise do dinheiro dos EUA para "não morrer" como disse o próprio presidente ianque Donald Trump e de forma grosseira ao responder a pergunta de uma repórter.

Kart não vai ser o presidente de todos os chilenos e isso porque suas crenças navegam em sentido contrário. Ele agora terá mais espaço de mídia e deve ser acompanhado com atenção até tomar posse em março. O fã de Pinochet, ditador que transformou o Estádio Nacional de Santiago em um campo de concentração depois do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973, assumirá o comando de um país com instituições civis sólidas, mas nada é indestrutível. Ontem mesmo os "pinochesistas" já iniciaram os desfiles saudosos pelas ruas de Santiago clamando pela volta dos tempo passados. Vamos viver para ver isso.    

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