Assistencialismo é política frágil. Com princípio, meio e fim. E quando essa vida útil não tem uma programação clara, o fim costuma ser trágico. O que tento dizer é que o Bolsa Família, nau capitânea de casco furado da política social do governo brasileiro, pode se transformar em camisa-de-força por não exigir claramente uma contrapartida daqueles que o recebem, nem um prazo para ser encerrado. Tanto com o cumprimento dessa contrapartida, quanto em caso contrário.
Assistir é dever do Estado. Sobretudo em épocas de economia recessiva. Mas assistir somente, indefinidamente, torna-se risco grave. No caso brasileiro, já custa a transferência de verbas de vários outros setores. Vide, por exemplo, o caso do apoio ao tráfego aéreo, comprometido por falta de pessoal e equipamentos obsoletos.
Um Bolsa Família sério deveria assistir aos mais carentes com o compromisso de que estes, num prazo "X" de tempo, se habilitassem a alguma atividade econômica capaz de dar-lhes autonomia de vida. E ao governo caberia dotar cada família de meios e modos de desenvolver esse esforço. A recolocação das pessoas no mercado de trabalho ou a negativa de algumas de participar de cursos profissionalizantes ou similares, simplesmente interromperia a ajuda do governo.
A ninguém interessa a existência de um Estado esmoler. Um Estado que sustenta parte de seus cidadãos abaixo da linha da pobreza, sem perspectiva futura alguma. Se um dia a casa cair, cairá na cabeça destes e da imprevidência e do populismo do Estado.
É bom pensar nisso. Agora que a eleição foi ganha à custa dos mais pobres e com o custo da promessa a estes do Paraíso. Ele não virá, é certo. Mas pode chegar para todos os brasileiros uma era de oportunidades ao menos parecidas. Só que tal era custa trabalho honesto, voltado para a construção de um país onde todos possam gerar riquezas, inclusive aquelas, fiscais, sustentadoras da voracidade oficial.
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