22 de maio de 2009

O "problema social"


- É um problema social!
Assim grande parte das autoridades brasileiras reagem, e não acontece diferente aqui no Espírito Santo, quando o flagelo dos "flanelinhas" é tocado. Sim, porque os brasileiros são obrigados a pagar uma infinidade de impostos e, como se não bastasse isso, ainda são extorquidos todas as vezes que estacionam veículos em milhões de pontos das grandes cidades brasileiras.
Um belo dia tive que ir ao Centro de Vitória, Capital do Espírito Santo. Ao encontrar uma vaga, parei o carro e um flanelinha foi logo dizendo:
- Vou vigiar seu carro, tio. São R$ 2,00. Baratinho!
Nem respondi. Ao voltar, um outro veículo havia sido colocado atrás do meu. O flanelinha veio logo correndo e estendeu a mão para receber. Colocou a nota de R$ 2,00 no bolso, empurrou para a frente o carro que bloqueava o meu e disse:
- Faço isso porque muita gente safada vai embora sem pagar.
Eu estava ao lado do Palácio Anchieta, sede do Governo do Estado do Espírito Santo.
Estamos permitindo, em nome da demagogia da defesa do "problema social", que um novo tipo de banditismo se instale no Brasil. Um sistema de extorsão que tira dinheiro dos cidadão porque, se eles não pagarem, terão seus carros danificados. Estamos permitindo, em nome da demagogia da defesa do "problema social", que incontáveis marginais se escondam sob a alcunha de "guardadores de carros" para orientar ladrões, auxiliar essas pessoas, ou então apenas e tão somente amedrontar aqueles que precisam estacionar.
O maior problema social do Brasil está em Brasília, onde se rouba à larga. Outro problema social é a inexistência de fronteiras claras para o exercício das funções constitucionais dos três Poderes que nos representam. Isso faz com que prolifere o clientelismo, a contratação de parentes, os desvios de funções e outras aberrações mais graves. E que se eternize, sem um final, a decisão sobre as soluções dos principais problemas nacionais.
Criar um novo tipo de gangsterismo de favela não é resolver problema social. Alimentar a extorsão ao cidadão não é representá-lo.
Se alguém não acredita nisso, tente estacionar um carro na Praça João Clímaco, ao lado do Palácio do Governo do Estado do Espírito Santo. Ao lado de policiais escalados para fazer a segurança do governador e todos os seus secretários e demais auxiliares.
E não apenas aqui. Tentem isso ao lado de outros palácios, sejam eles estaduais ou federais. Sem se esquecer, é claro, das prefeituras. Senão seria injustiça!
Tem que haver um fim para isso. Isso não é problema social!

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