Quando garoto, era fã de Vittorio Gasman, sobretudo de sua atuação no filme "O Incrível Exército Brancaleone", que fez sucesso em todos os lugares. Era a história burlesca de um Dom Quixote moderno, só que com outros moinhos de vento pela frente. De repente, quando vejo os "embates" políticos de hoje aquela história me vem à mente. A foto desse artigo mostra o filme e jamais pensaria que ele se tornaria tão atual passadas décadas de ter sido feito como comédia.
Enquanto esse País se debate no lamaçal de corrupção a que o PT o levou, duas correntes antagônicas marcam nosso dia-a-dia com discursos que beiram o ridículo. Hilários, de um lado está o economista João Pedro Stédile, ator de esquerda e que é capaz de ver a CIA norte-americana em todos os cantos. Do outro está o deputado federal Jair Bolsonaro, militar da reserva, ator de direita e que pede uma nova intervenção armada para salvar o Brasil da invasão comunista. Cada um dos dois enxerga a situação do Brasil por sua miopia pessoal e brada todos os dias da forma mais desbaratada possível.
Stédile tem a vantagem de poder falar eventualmente ao lado da "maior" figura da República, a presidente Dilma Rousseff. Promete arregimentar seu exército famélico e esta o ouve embevecida fazendo um ou outro reparo pontual. Bolsonaro, não. Considerado inimigo em todas as frentes (agente da CIA?), ocupa a tribuna da Câmara dos Deputados e vez ou outra puxa da espada para atacar até casamento gay. Na falta de inimigos homens, enfrenta mulheres que devem ser a sua versão de moinhos de vento. A uma ele já disse "poucas e boas", ao vivo pelas emissoras de TV.
Quando Charles De Gaulle disse que o Brasil não é um País sério, esses personagens de nossa tragédia moderna estavam fora de cena. Estivessem e ele teria rido muito mais. Afinal de contas, se olhados pelo lado tosco, ambos são burlescos. Daria tudo para ver um duelo de MMA entre ambos.
Esse tipo de gente, essas figuras descoladas da realidade, ajudam a tornar mais difícil ao cidadão comum entender a gravidade da situação que estamos vivendo. O Brasil não está diante de uma luta de classes ou da proximidade de enfrentamento entre exércitos de esquerda e de direita. Estamos vivendo, isso sim, a maior crise moral de nossa história. Diante de nós está sendo colocada a necessidade de que dezenas de corruptos de primeira linha (os já denunciados, mas falta muita gente) sejam processados, punidos e devolvam aos cofres públicos uma inacreditável massa de dinheiro roubada a mim, a você, a todos nós, ao longo de mais de uma década de bacanal financeiro.
Stédile e Bolsonaro certamente continuarão a falar. Por trás do primeiro sempre estará a caricata figura de Luiz Inácio Lula da Silva o incentivando a usar seu "exército". Por trás do segundo sempre estarão os extremistas de direita que pregam uma intervenção militar no Brasil.
Deixemos que eles se matem. Muito, mas muito mais importante do que isso, será o Brasil acompanhar atento, gritando, denunciando, o desenrolar das diversas investigações e processos que estão sendo realizadas para nós salvar de quadrilhas horrorosamente bem organizadas. E precisaremos de muita força. Há esquemas de abafamento em todos os três Poderes. Até usando toga.
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