30 de maio de 2025

A Batalha da Maria Antônia

Queriam chamar de "Comando C4" o grupo terrorista de direita que estava sendo formado agora e até ser desbaratado pela Polícia Federal. Ele pretendia matar gente considerada inimiga a preços tabelados e todos os assassinados, claro, seriam de esquerda. O nome ou sigla, seja lá de que forma deva ser identificada essa coisa, era uma alusão indireta ao CCC, ou Comando de Caça aos Comunistas, movimento de extrema direita ligado à ditadura militar brasileira e surgido no início ano de 1963 como um prelúdio do golpe militar de 1964, em São Paulo e Rio de Janeiro. Eu estava lá em terras paulistas!

O CCC tinha base em estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie, tida e havida como reduto de direita, alguns membros ligados à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e vastos apoios policial e militar de ligados à ditadura. Sendo do CCC você podia até matar que não pagaria pelo crime. Esse movimento tinha como líder o fascista João Carlos Monteiro Flaquer e como uma espécie de comandante Raul Nogueira da Lima, o Raul Careca, que se tornaria depois um célebre torturador do DOPS trabalhando junto com o delegado Sérgio Paranhos Fleury, de triste memória. 

O grupo teria chegado a ter cinco mil participantes no Rio de Janeiro e São Paulo e foi na capital paulista que se deu o maior confronto entre essa gente e estudantes da Faculdade de Filosofia da USP, considerado reduto da esquerda. E era! Os membros do grupamento fascista atacaram os estudantes da Federal. Durante dois dias, entre 2 e 3 de outubro de 1968 houve uma guerra entre os dois blocos na Rua Maria Antônia, em Vila Buarque, distrito da Consolação, próximo do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ao final de toda a batalha, o prédio da Filosofia havia sido incendiado, vários estudantes acabaram feridos inclusive por ácido sulfúrico e o secundarista José Carlos Guimarães, 20 anos, acabou morto por um tiro na cabeça (foto principal). Até o teto da faculdade desabou com os incidentes e incêndio. Ninguém do CCC foi "identificado" pelas autoridades e o governo paulista encerrou o caso sem maiores investigações.

Eu tinha uma namoradinha na Filosofia, passeava com ela em direção à escola no dia 02 quando vimos a confusão. Preferi tirar a menina dali, fomos embora e entramos no primeiro cinema que vimos com as portas abertas, sem nem ao menos conferirmos que filme passava. E, por incrível que pareça, estava em exibição a comédia italiana "Il magnifico cornuto", traduzido aqui como "O magnífico traído", estrelado por Ugo Tognazzi e Claudia Cardinale. linda e maravilhosa àquela época. Não sabíamos ainda da morte do rapaz, que a gente não conhecia e foi assassinado por Raul Careca. Nos divertimos muito no cinema. Depois tudo perdeu a graça.

O CCC destruiu a Rádio MEC, no  Rio de Janeiro, invadiu o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, o Teatro Opinião, no Rio e foi responsável pela tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de Dom Elder Câmara. Isso e mais a Batalha da Maria Antônia (segunda e terceira fotos) são a síntese do que eles fizeram, logicamente sempre apoiados pela ditadura e pelo capital financeiro, já que muitos dos estudantes da extrema direita eram filhos dos magnatas que comandavam a economia do Brasil à época e de suas mulheres, participantes das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, motivadoras do golpe de 1º de abril de 1964, de 1963 até a aquartelada final.

Eram tempos nos quais o perigo morava nos edifícios de luxo e nos carros das polícias e organismos militares de repressão armada. A segurança só atendia a quem tinha bens materiais e carros de luxo e podia se vingar dos desafetos inclusive acusando-os de serem comunistas. Um sócio do clube que meus pais frequentavam em São Paulo perdeu um filho dessa forma. E o rapaz nada tinha a ver com militância comunista; estava deslumbrado com o socialismo monárquico sueco...

É preciso combater essa gentalha onde quer que ela tente se esconder. Onde quer que esteja. Senão, como já foi demonstrado no dia 08 de janeiro de 2023, ela vai fazer o possível para devolver o Brasil ao nazifascismo tupiniquim. Para que pessoas como a ministra Marina Silva, um patrimônio nacional da ética e da dignidade sejam desacatadas e talvez até agredidas e mortas em lugares como o Senado da Republica, que deveria ser um templo de homenagem à democracia. Mas isso só acontece com quem preza as instituições da República. O rapaz assassinado pelo torturador do DOPS não viveu para ver realizados os seus sonhos. Cabe a nós a tarefa de impedir que o CCC volte pelas mãos de seus filhos bastardos, como tem sido tentado ultimamente.            

28 de maio de 2025

Eles são assim mesmo...


As imagens da ministra Marina Silva sendo desrespeitada no Senado da República chocam, mas não surpreendem (foto). É preciso reconhecer que a extrema direita brasileira é assim mesmo. Como o senador Marcos Rogério (PL-RO), que ontem desligou o microfone da ministra convidada a falar em mais de uma oportunidade. Da mesma forma que o outro, Plínio Valério (PSDB-AM), autor da pérola "a mulher merece respeito, a ministra, não". Aliás, este já havia dito em ocasião anterior que gostaria de enforcar Marina. O ponto fora da curva foi Omar Aziz (PSD-AM), que considera a ministra um entrave ao desenvolvimento. Eles são assim mesmo. A misoginia é a ordem do dia para essa gentalha.

Esse episódio lembra os do deputado federal capixaba Gilvan da Federal (PL-ES) , suspenso por 90 dias do Congresso por agressões verbais seguidas ao presidente Lula em ações dentro do Poder Legislativo. Até onde vamos nós nessa toada?

Nos Estados Unidos um presidente sociopata investe contra a Universidade de Harvard com toda a força que possui ou julga possuir para tentar dobrá-la aos seus ditames. Se outras cederam, por que não esta também? Ele foca no ensino, um de seus maiores inimigos. Assim como o mundo de maneira geral, pois tem a intenção de ditar regras por onde quer que passe. Até  no Brasil se meteu via seu Secretário de Estado, Marco Rubio, que pretende fazer o Paraguai vender o excedente de energia de Itaipu aos EUA e não ao Brasil. Essa venda é feita através de uma negociação que remonta à construção da hidrelétrica.

Estamos num mundo amalucado! No Supremo Tribunal Federal (STF) já se descobriu por prova clara o que todo mundo sabia: foi ordenado à Polícia Rodoviária Federal no dia da votação do segundo turno da eleição que reconduziu Lula à presidência da República que parasse nas rodovias ônibus e demais veículos transportadores de eleitores nordestinos às zonas e seções de votação. Eram quase todos eleitores do presidente eleito. Da mesma forma, o derrotado Jair Bolsonaro torrou cerca de R$ 800 bilhões de maneira bizarra para tentar um segundo mandato. Este mesmo indivíduo hoje mantém um filho, Eduardo, nos Estados Unidos atentando contra a soberania nacional. Cabe aqui uma pergunta clara e que todos fazem a esse altura dos acontecimentos: por que a prisão preventiva desse sujeito não sai?

Só mesmo criança inocente acredita que a extrema direita brasileira vai mudar, mesmo que outros indivíduos como Gilvan venham a ser penalizados. Isso não acontecerá. Eles são os mentores dos acampamentos feitos diante de quartéis militares, autores das faixa de "Intervenção Militar", os que arquitetaram que o presidente eleito seria assassinado juntamente com seu vice e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, além de outros desatinos mais. Não são democratas coisa nenhuma. São, isso sim, a escória política do Brasil alçada ao poder pelo pensamento político de extrema direita que agora contamina o mundo todo. Como no caso de Israel de Benjamin Netanyahu, por exemplo.

É preciso lutar contra essa escória dia e noite. Marina Silva até deu sorte...                

        

25 de maio de 2025

Eles estão vivos

Talvez as patacoadas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não passem mesmo disso: patacoadas. Mas elas não são o maior problema do Brasil no momento, apesar de o chefe de Estado dos EUA ter sugerido ao seu colega argentino Javier Milei que invada o Chile para ficar com dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico. Há em curso em nosso país um movimento muito mais perigoso e pernicioso do que este e que já alcança voo em direção ao Palácio do Planalto para o ano que vem: a extrema direita e seus candidatos reais à sucessão de Lula. Eles, apesar de divididos, estão vivos, muito vivos. E acordados.

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil já trata como oposição o Supremo Tribunal  Federal, embora embaixadores não tenham que se intrometer nos Judiciários das nações com as quais seus países mantêm relações diplomáticas. Essa segue o modus operandi da administração Trump, que trata como inimigos quem não recita sua cartilha. E isso vai ao encontro dos projetos de nossa extrema direita e seu desejo de voltar ao poder por aqui, de preferência para não mais sair, haja o que houver, custe o que custar.

Ronaldo Caiado, em Goiás, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo, são os projetos prontos e acabados de sucessores de Jair Bolsonaro, pois ninguém a essa altura acredita que esse projeto fracassado de ditador de aldeia possa voltar ao poder ano que vem. Mas seus filhotes bastardos estão aí mesmo. Tanto que Goiás e São Paulo são os estados onde mais se constrói as escolas chamadas "de cívico militares", o modelito preferido do ex-presidente hoje com seus direitos políticos cassados por cometimento de crime de tentativa de golpe de Estado. Na maioria dos outros estados desta Federação, o que inclui o Espírito Santo, onde estou, extremistas de direita de acotovelam nas câmaras municipais e nas assembleias legislativas onde fazem o que sabem: conspiram. Aliás, essa é a única coisa que sabem fazer bem.

É possível que Bolsonaro não desista de seu sonho maluco, o mesmo acontecendo com a mulher Michele e o filho Eduardo - esse declaradamente golpista -, mas ele só terá em breve chances reais de continuar a receber diplomas e outras homenagens de dentro da prisão para onde vai. Até seu apoio a um candidato bolsonarista em 2026 tem peso relativo, pois se vai entregar ao eleito por ele seu peso político, também vai transferir a rejeição imensa que carrega nas costas e que só vem aumentando com o passar dos tempos.

Lula, o único político hoje em condições de enfrentar e vencer a extrema direita disse recentemente em uma entrevista ao canal UrbsMagna.com que só perde para ele mesmo no próximo ano. É apenas meia verdade porque depende do que ele vai fazer daqui para a frente, mas também e principalmente de como vai se comportar o PT, seu complexo partido, até outubro do ano que vem. É difícil as diversas correntes petistas aceitarem um caminho comum e seguirem monoliticamente para a disputa das eleições. Se fizerem isso reelegerão seu candidato. E se não fizerem é aí que mora o perigo.

Não é hora de dormir!    

22 de maio de 2025

The Gran Circus Trump


Em duas oportunidades recentes o presidente dos Estados Unidos Donald Trump promoveu espetáculos circenses de baixa qualidade na Casa Branca. Em ambos os casos para constranger chefes de Estado recebidos oficialmente por ele. Primeiro a vítima foi o presidente ucraniano Volodymir Zelensky. Agora, mais recentemente o presidente sul-africamo Cyril Ramaphosa. Em ambos os casos foram usadas mentiras claras, hoje chamadas de fake news, durante audiências que se pretendia sérias. Mas não há seriedade quando o assunto tratado tem como figura central alguém de destaque da extrema direita política mundial.

O caso do presidente sul-africano chega a ser grotesco, pois seu governo foi acusado de promover um genocídio contra brancos por lá. Na verdade, durante o longo período do apartheid foram os negros os segregados e assassinados em massa naquele país e isso até que ao menos oficialmente a segregação racial fosse extinta. Trump deve conhecer vários casos desses no seu país mesmo, pois lá os "colored" tinham lugar específico para ficar em todos os lugares, e geralmente era nos fundos. Isso aconteceu até mesmo com heróis de guerra que, ao retornarem aos EUA descobriam que suas medalhas de nada valiam justamente na terra, sua terra e pela qual haviam arriscado as vidas,  

Agora a coisa escala. O Secretário de Estado Marco Rubio (na foto junto com o chefe maior), um descendente de imigrantes cubanos dissidentes de seu país admite a possibilidade de os Estados Unidos imporem sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal  (STF), Alexandre de Moraes que estaria impedindo a "liberdade de expressão" de criminosos brasileiros homiziados nos Estados Unidos ao proibir que posts seus em rede social sejam reproduzidas no Brasil. Notem: apenas em território brasileiro e não nos EUA.

A "punição" de  ministro da Suprema Corte brasileira teria como base a Lei Magnitsky. Esse texto legal foi criado durante o governo Obama para punir autoridades russas consideradas pelos Estados Unidos como responsáveis pela morte de Serguei Magnitsky, refugiado russo. O governo Trump transferiu os princípios desse texto legal que tem vínculo com a Primeira Emenda da Constituição de lá para todo o espectro de oposição ao Estado Norte-Americano, considerando esse país como capaz de ditar normas sobre outras nações, inclusive com retaliações a membros de cortes judiciais superiores. Vai daí a extrema direita do atual governo dos EUA querer retaliar o Brasil.

Mas isso, além de ser uma aberração, agride a soberania nacional e haverá reação por parte de nosso governo. E em nada deverá interferir no andamento dos processos referentes aos acontecimentos de 08 de janeiro de 2023 e nem na carrada de acusações comprovadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje réu e em vias de ser preso. Os cães já ladram faz bastante tempo, continuarão a ganir, mas a caravana vai passar. Isso não depende de criminosos nos Estados Unidos tentado destruir seu próprio país para ficarem acima das leis e auferirem lucros, sobretudo e principalmente financeiros.

O Grande Circo Trump não fará sucesso por essas bandas

20 de maio de 2025

Sim, Israel é estado terrorista

 

A criança da foto acima estava sendo atendida em um hospital de Gaza, o maior deles. Parece vinda de um campo de extermínio alemão da época da II Guerra Mundial, mas não. De qualquer forma é quase isso. O hospital onde estava foi destruído por bombardeios de Israel e agora ela não tem mais como se tratar. Segundo a ONU, se ainda estiver vivo esse menino morre de inanição em 48 horas. Isso deve acontecer com cerca de 14 mil crianças palestinas vítimas do holocausto do Estado Terrorista de Israel. Trata-se de um genocídio!

O chamado "Estado Judeu" ocupa ilegalmente vários territórios de países vizinhos, todos eles tomados à força. A ONU classifica como ilegais essas anexações, mas o governo israelense ignora solenemente as leis internacionais amparado pelo poder dos Estados Unidos, cúmplice nesses crimes de dominação e extermínio palestino. Não é segredo para ninguém que o plano israelense é tomar definitivamente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. De uns tempos para cá, também a área oriental de Jerusalém. E quando surge alguma contestação a esses fatos os opositores são chamados de "'antissemitas". Mas o que é isso?

O termo tem conjunto linguístico e identifica uma família de vários povos, dentre os quais árabes e hebreus. A origem é bíblica, vindo do Gênesis com referência a uma linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé. Mas os sionistas, hoje governando Israel com seus grupos de extrema direita política, reduziram o conceito a um "direito" deles sobre todas as terras da Grande Israel. O movimento que se refere ao monte Sião, em Jerusalém, surgiu no século XIX e hoje representa a ideologia predominante no governo de Benjamin Netanyahu, o criminoso que ocupa o cargo de primeiro ministro sionista.

O está se vendo na Faixa de Gaza é genocídio, e somente agora países da Europa, principalmente, começam a se insurgir contra a matança que equivale ao morticínio nazista de 1939/45. A situação chegou a tal ponto que até os Estados Unidos na figura do sociopata Donald Trump se incomodaram. Mas ainda assim o ingresso de alimentos em Gaza é minúsculo, pífio, os bombardeios seguem sem interrupção e o morticínio de homens novos, velhos e crianças não cessa. Estas últimas morrem de fome diariamente.

Israel tem que ser detido. Netanyahu, preso!   

18 de maio de 2025

Juqueri, dentro do Brasil

Foi impactante o  documentário da Globo News "Juqueri, lugar fora do mundo", exibido a partir das 23 horas de ontem. Antes de ver todo o programa que terminou nos primeiros minutos deste dia de domingo, voltei a "percorrer" o caminho que fiz para lá em 1966 ou 1967, quando meu pai agendou a entrega de um queimador industrial, aquecedor de água para grandes volumes, e fomos ao prédio administrativo com documentos. Ficamos lá cerca de meia hora, mas o suficiente para vermos homens - principalmente - e mulheres de
andrajos, olhares parados, sentados ou deitados no chão, prostrados, sujos e sem reação alguma como os da foto abaixo. E também o cemitério, na ocasião visível e diferente de hoje. Agora não reconheci quase nada.

A medicina atual condena o que se fazia então e chamava de tratamento. Na prática o que havia eram a tortura por eletrochoques e injeções diversas que podiam até matar, nos dois casos para conter os mais "rebeldes". Em grande parte dos casos aquilo equivalia a uma prisão perpétua, pois muitos jamais recebiam alta médica e como ninguém os reclamava, eram jogados naquele cemitério clandestino, corpos uns por cima dos outros.

Pior: durante muito tempo a ditadura militar que infelicitou o Brasil desovou por lá cadáveres de presos políticos torturados e descartados longe dos olhares das famílias e da Justiça oficial. Outros chegavam feridos e eram tratados algemados como se estivessem numa prisão ou então no Manicômio Judiciário ao lado. Até o preso político David Capistrano passou pelo Juqueri. E o Brasil convive com essa tragédia como se nada tivesse acontecido. Como se tudo fosse absolutamente normal. Os "doentes" tinha as cabeças raspadas e todos os dentes arrancados com uma única anestesia, na internação. Viviam e morriam quase à míngua e com uma alimentação de subsistência.

Não é possível entender como milhares de cidadãos hoje ainda sentem saudades dessa época e, no caso da ditadura militar, querem sua volta. Vejam esse documentário que vai passar mais vezes. Tomara que muitas. Não é para rir, mas recordo-me de que quando o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda para "se manter" financeiramente, uma acadêmica da Academia Espírito-santense de Letras (AEL) postou texto pedindo colaboração dos "patriotas". Pediu desculpas em seguida, disse que havia se enganado de grupo e apagou o texto. Outro postou uma bobagem na qual mostrava a imensa relação de partidos políticos brasileiros com vínculos "com o comunismo". Depois apagou correndo, sem justificar. Salvei para mim os dois posts. Essas pessoas não sabem o que o Brasil passou? Ou há um movimento nacional que leva a nossa extrema direita criminosa a querer ocupar todos os espaços possíveis no país, inclusive na Cultura? São golpistas patológicos?

Em Barbacena, Minas Gerais, houve outro centro de torturas dito médico também de grande porte. Nos dois casos eles deveriam ser preservados e tornados centros de pesquisa e museus da indignidade humana para que todos saibamos o Brasil foi e é capaz de fazer com seus cidadãos, sobretudo aqueles que não podem ou não sabem como se defender.

No Espírito Santo não se chegou nem perto disso. Mas temos o Adalto Botelho, hoje questionado por todos os que pregam tratamento humano não manicomial para as pessoas com distúrbios mentais, sobretudo pesados. Há espaço até para anedotas. Um ex-diretor do Adauto criou um diálogo entre duas pessoas no hospício:

- Você sabe o que encontraram lá, debaixo de um tapete?

- Não, o que foi?

- Um doido varrido!

Seria engraçado se não fosse trágico.                   

14 de maio de 2025

As flores e o Fusca azul


E agora, quem vai cuidar das flores daquele florista da foto acima? Quem vai dirigir Fusca azul da chácara para Montevidéu e de lá para casa? Depois da cadelinha se ir, foi-se José Alberto Mujica Cordano, para todos apenas Pepe. Digno, acima de tudo honesto, vida simples e cheio de admiradores, o ex-presidente do Uruguai morreu uma semana antes de completar 90 anos de idade ontem em sua propriedade rural. O lugar que ele amou e do qual cuidou enquanto teve forças para o cumprimento de suas tarefas diárias.

O amigo Lula, hoje presidente do Brasil, está na China enquanto esse cidadão do mundo é velado. Deve estar sentindo muito a perda acontecida pouco tempo depois de ele ter condecorado o companheiro com a maior condecoração que nosso país concede a figuras estrangeiras. Por sinal, quando o presidente brasileiro estava preso em Curitiba o velho Pepe foi até lá para um encontro de 15 minutos na cela da Polícia Federal. Solidariedade! 

Os jornais de hoje do Brasil - falo dos de maior circulação - dão destaque ao falecimento do líder político do Uruguai com um termo comum: "um líder da esquerda". Não deveria ser assim, embora a esquerda agradeça. O certo seria que ele fosse chamado de líder de todos aqueles poucos, raríssimos que fizeram ou fazem política de forma absolutamente limpa. Se houvesse emendas parlamentares no Uruguai, esse aleijão aético da legislação brasileira, Pepe certamente não as receberia. Sobretudo e principalmente por baixo dos panos, como se diz e como fazem parlamentares brasileiros, principalmente os da extrema direita, para enviar dinheiro público, meu, seu, nosso, a seus "redutos".

Foi guerrilheiro tupamaro durante a ditadura uruguaia combatendo os ditadores, ficou preso por anos e saiu da prisão sem ressentimento algum para se lançar na vida legislativa e executiva onde chegou à presidência de seu país. Governou com honestidade. Com ética e honra. Tanto que hoje, enquanto seu corpo é velado em Montevidéu, no mundo todo ele é reverenciado. Claro que não por todo mundo, já que a extrema direita do Brasil e do restante de nossa terra detesta o tipo de gente que Pepe foi ao longo de praticamente nove décadas.

Seria muito imaginar uma segunda pessoa com essas virtudes todas ingressando na política mundial? De preferência no Brasil? Consideremos que sim, mas não custa sonhar. Mujicas poderiam mudar o mundo, a forma como se faz política sobretudo e principalmente se vierem à vida em países com maior influência mundial que o pequeno Uruguai. Mas ele vai deixar semente plantada ao lado das flores das quais cuidava com tanto carinho nas poucas estufas de sua chácara das cercanias da Capital uruguaia. Suas mão doces não mais cuidarão das plantas e quem sabe a esposa não tenha vitalidade para fazer isso. Que pena! Mas talvez aquele lugar se torne um museu, um monumento, um centro de memória.

Além da honra, as flores hoje estão órfãs no Uruguai.      

11 de maio de 2025

O lixo está mais à direita

Vamos partir do seguinte princípio: tudo o que Jair Bolsonaro odeia tem que ter, obrigatoriamente, algo de bom. E a Rede Globo, hoje chamada por muitos de "Globo Lixo", não deve ser exceção à regra, apesar dos muitos "mas," com os quais ela pontua seus comentários, agora sobre atos e fatos do governo Lula, o que está no poder.

Sempre que penso na chamada "grande imprensa" aceito o fato de que ela é de propriedade de grandes grupos empresariais que representam o capital e não o trabalho. Simples, não? Os jornalistas que fazem o dia-a-dia desses meios de Comunicação têm que trafegar entre a necessidade de dar as notícias com ênfase para a verdade factual e, ao mesmo tempo, observar as "normas de redação" feitas com base nas crenças desses grupos empresariais. Vai daí a necessidade de, em material opinativo, os profissionais observarem o que pensa o patrão. Isso é uma realidade da qual ninguém fugia, foge ou fugirá.

Lembro-me dos meus tempos no jornal A Gazeta, da Rede Gazeta de Comunicação. Principalmente durante a ditadura militar era preciso tomar muito cuidado com o que se escrevia porque, como um dia disse o ditador João Figueiredo em outro contexto, a gente estava na época do "prendo e arrebento". No início, todos os grandes empresários do setor apoiaram a ditadura, chamada de "revolução de 31 de março", embora tendo acontecido em 1º de abril, um dia bem mais apropriado. Depois disso a coisa mudou. A Folha de São Paulo, sempre fascista, ficou ao lado da extrema direita o tempo todo, inclusive cedendo recursos financeiros e operacionais para que a opressão matasse até mesmo jornalistas. O Estado de S. Paulo disse "não" aos atos ditatoriais e foi alvo de censura dentro mesmo da redação, onde os encarregados de vetar notícias entravam armados. O Estadão não colocava outras notícias no lugar das censuradas. Optava publicar poesias ou receitas: "uma colher de açúcar, dez quilos de sal", etc. Era uma ironia e um deboche aos mesmo tempo.

O Globo, dirigido por Roberto Marinho - que era jornalista -, negou-se a seguir a cartilha dos generais. Pela redação do jornal carioca passaram muitos militantes políticos de esquerda, sobretudo do PCB. Bastava que todos se lembrassem de que quem mandava era o chefe. Isso não elimina o fato de que a TV do grupo cometeu desatinos de antijornalismo no Jornal Nacional para eleger Fernando Collor quando ele se tornou presidente, nem em outros episódios anteriores e posteriores. Seguia a cartilha do capitalismo e nada mais. A mesma do "mercado", que só existe para defender seus próprios interesses. Então os que faziam e fazem notícias lutavam de todos os modos e meios para produzir o melhor. Diariamente. O jornalista é um artista do drible!

Não era diferente em A Gazeta, onde o conhecido Zé Costa, também chamado de José Antônio de Figueiredo Costa, tinha a função de policiar as matérias jornalísticas que eram feitas para publicação no jornal. E fazia isso com delicadeza e muita vaselina, chamando a todos de "meu filhinho", mas atendendo à censura do Estado e da empresa. Essa era a sua tarefa diária na redação e vinha das salas da diretoria, onde trabalhavam muitas pessoas que deixaram saudade, como Cariê Lindenberg e o general Darcy.

É preciso entender: afora na imprensa alternativa, na outra mandam os interesses dos donos, ou seja, do capital. Nunca uso e nem vou usar o termo "Globo Lixo". Ele não cabe. Vivo a certeza de que o lixo está mais à direita, na extrema direita política, onde pontua a antiquíssima Jovem Pan, a Velha Piranha, e mais uma vasta legião de "jornais" online nascidos e alimentados para fazer pontuarem sempre as figuras decrépitas de pessoas de passado anoitecido, presente sombrio futuro negro como Bolsonaro e seus asseclas.  

8 de maio de 2025

Os abutres atacam


Se o leitor abrir totalmente essa foto até o tamanho original vai ver uma cena terrível. Ela foi feita no dia 30 de outubro de 2019 no Sudão, uma das regiões mais paupérrimas da África. Nela uma criança desnutrida agoniza enquanto atrás dela um abutre espera que o pequeno ser humano não se mova mais para poder devorá-lo. Essa cena real mostra um abutre também de carne e osso. Mas existem paralelos a ele na vida real. Aqui no Brasil, por exemplo, no terreno político os abutres abundam. E são vorazes.

Na foto mostrada acima, o repórter fotográfico Kevin Carter venceu o Prêmio Pulitzer de fotografia daquele ano, mas apenas fez o registro fotográfico do fato. Não interferiu. Mais tarde foi largamente chamado de abutre por causa disso porque aquela criança tentava de todas as formas chegar a um posto da ONU onde seria alimentada e salva. As forças dela se esgotaram antes do fim da jornada, que então coube ao abutre.

O Congresso Nacional age dessa forma. Na madrugada de ontem votou e aprovou um horrendo projeto de lei já desconsiderado como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e que concede anistia a todos os criminosos do 08 de janeiro de 2023. Mas o que esse aleijão jurídico objetiva mesmo é salvar a pele do ex-presidente Jair Bolsonaro, criminoso por tentativa de golpe de Estado além de outros crimes, e seus asseclas mais chegados como é o caso do hoje deputado federal Alexandre Ramagem, que foi tomado como nome eleito como vítima de "perseguição" para a decisão do Congresso. Egresso da Polícia Federal, esse indivíduo cometeu vários crimes como oriundo daquela corporação de Estado, participou da preparação dos atos golpistas, depois fez o mesmo na direção da ABIN, etc.

O autor do artifício legal que não vai mudar a ordem natural das coisas no terreno jurídico da punição aos criminosos do ato golpista é um dos abutres do Congresso Nacional. Ele tenta salvar a pele do "capo di tutti capi" e não se interessa pelas "velhinhas de bíblias nas mãos". Todos esses que se danem, que passem o maior tempo possível na cadeia pois ninguém lá se interessa por eles. Vale mesmo salvar Bolsonaro porque este é o esquema, representa um projeto de poder da extrema direita política que está em vigor no Brasil e do qual ainda vamos no arrepender muito de ver passar impunemente, sem que a maioria das mentes pensantes do país faça nada para impedir.

No passado o nosso país conviveu com mais de uma ditadura militar. Da última delas, de 1964 a 1985, todos os mais velhos se recordam ou ouviram suas histórias. O filme "Ainda estou aqui" continua a passar em muitos cinemas para manter as mentes despertas. Ele mostra vários dos carniceiros da ditadura e nos alerta para o fato de que eles continuam conspirando e aguardando a hora de atacar. Quando isso acontecer os que viraram as costas para a nação brasileira não terão prêmio algum a receber. 
    
Não é hora de lavar as mãos. Os abutres atacam todos os dias, em todas as frentes.

6 de maio de 2025

O holocausto palestino

Guardo essa foto em meu arquivo já faz mais de um ano. A menina palestina fotografada na Gaza devastada de hoje (ao lado) mostra um olhar vazio. Não tem horizonte, não tem objetivo, não tem esperança, não sabe para onde ir e sente medo. Talvez nem viva esteja mais, o que de nada importa para o sionismo genocida atual. Nos objetivos do governo israelense de hoje existe apenas a decisão apoiada pelo presidente dos Estados Unidos de aniquilar totalmente os palestinos e a Palestina, que para eles não existe, nunca existiu. Essa menina é um ser humano que sofre apenas para nós, os outros seres humanos que dão valor à vida. Para o sionismo internacional ela não passa de um objeto descartável. Ninguém vai chorar sua morte em Israel, e nem procurar culpados.

Causa revolta a mim ver brasileiros canalhas da extrema direita política desfilando com bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em suas manifestações saudosas da ditadura militar brasileira ou então de desgosto pelo fato de mais um golpe de Estado ter fracassado no Brasil bolsonarista. Cegos que são de ódio, cultuadores de um sociopata expulso do Exército, não fazem nada além de conspirar. E de fomentar conspirações que se escondem por trás de seus discursos de apoio ao renascimento de um pensamento político que, no século passado mesmo, em sua primeira metade, gerou vários milhões de mortos na guerra mundial de entre 1939 e 1945. A guerra chamada II e que foi gerada pelo fascismo e pelo nazismo. Como se pode sentir saudades disso?

O atual primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e que é chamado de Mimi, cultua o nazifascismo. Diz que não, reza juntamente com os outros atuais governantes de Israel pela manutenção da memória do holocausto nazista, prega contra ele e faz igual. Rigorosamente a mesma coisa. Agora amparado por Donald Trump, o extremista de direita dos EUA, vai dar sequência aos planos da "Grande Israel", que significa tomar Gaza, ocupar toda a Cisjordânia e acrescentar esses territórios definitivamente ao estado judeu. Isso tudo com apoio incondicional do governo trumpista e do armamento fornecido por este. Para matar quantos forem os que ficarem à frente de seus planos genocidas,

Quando assumiu, Trump disse que queria de volta os milhões de dólares gastos por seu país para garantir a segurança da Ucrânia contra a Rússia. Na verdade queria, como parece ter conseguido, o direito de roubar as chamadas terras raras ucranianas e seus minerais de suma importância sobretudo para a indústria bélica norte-americana. Por que o presidente ianque não exige de volta os também muitos milhões de dólares enterrados em Israel? Porque nesse caso é de interesse seu e do sionismo internacional manter essa ponta de lança no Oriente Médio com as armas voltadas aos muçulmanos. Muito simples.

Mais cruel ainda: esse presidente que se veste até de papa, já disse que vai transformar Gaza num imenso resort. Com todo o conforto, mas sem palestinos. Sem a menina da foto acima, coitada, que não tem lugar no mundo. A justificativa mais imediata para isso é o fato de o Hamas, num ato de extrema violência, ter atacado uma região onde milhares de judeus faziam uma festa em 2023 e matado cerca de 1.200 pessoas, além de sequestrarem mais de 200. Ato de terrorismo, sim. Mas todo mundo que condena esse ato se esquece da menina da foto e de mais de 47 mil outros mortos pelos israelenses nos últimos meses, além do fato de que todos os mortos judeus daquela invasão estavam em território também invadido ilegalmente por Israel que, mais um vez ancorado nos Estados Unidos, não respeita as leis internacionais. Mas se considera no direito de exigir respeito dos outros povos e nações.

Pobre menina linda da foto. Nem sequer deve viver mais.   

2 de maio de 2025

O Brasil dos desiguais


Somos todos iguais perante as leis!

Será mesmo? Se olharmos para o prédio de Maceió onde Fernando Collor de Mello cumpre desde ontem sua prisão domiciliar (foto), saberemos que não. Enquanto esperava pela saída do ex-presidente da prisão onde estava na capital de Alagoas o repórter da Globo News que cobria o fato viu um homem idoso dando entrada no presídio, também condenado por roubo. Um ladrão dirigindo-se para onde estava saindo outro. Mas aquele, ao contrário do magnata agora recolhido ao seu apartamento de 600 metros quadrados, ficou na tranca mesmo.

O Brasil é uma sociedade construída para proteger os ricos, mesmo nas piores situações.

Vejam o Congresso Nacional de nosso país. Cerca de 80 por cento dos deputados federais e senadores eleitos por nós mesmos representam os interesses do grande capital. E não é por outro motivo que a discussão do fim da escala 6X1 vai enfrentar todos os obstáculos possíveis para ser aprovada. Isso também boicota a discussão da isenção de pagamento de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e a diminuição dos encargos daqueles que recebem entre essa cifra e R$ 7 mil. Fazer valer essa justiça social significa penalizar os que ganham milhões ou bilhões pagando muito pouco ou quase nada. Eles não querem pagar coisa alguma e têm seus representantes no Congresso, todos muito bem "convencidos" por debaixo dos panos, onde não entram - ao menos até agora - pelo cano.

O que são, hoje, os partidos políticos do Brasil? Nada. Rigorosamente nada. Qual é o programa de cada um deles? Que princípios político ideológico seguem? Que compromissos têm para com a população do Brasil? Não a dos magnatas, mas a dos milhões que vivem pendurados no INSS? Esse é o país que os interesses do "mercado" defende. Esse é o país que o dinheiro deles, via subornos dos mais diversos tipos, quer preservar. Só um exemplo: o fim da escala 6X1 representou melhora de produtividade em todos os países onde ela existe. Aqui, o "mercado" diz que prejudicará a economia. Ou será que apenas e tão somente representará mais um freio contra os lucros desmedidos e o trabalho escravo?

Quando vejo um desqualificado como o senhor Gilvan da Federal chamar uma ministra de Estado de prostituta, não consigo classificar sua presença  no Congresso como um erro dele. Quem o colocou lá foram os eleitores do Espírito Santo, meu Estado, e que faz dos canalhas da extrema direita seus representantes em praticamente todos os setores, até na Cultura. E são capazes de achar bonito, isso porque Gilvan não é uma exceção. É a regra do novo fascismo que se faz presente em muitas partes do mundo.

O Brasil nunca será igual para todos nas leis enquanto for o paraíso dos desiguais. Aquele país que premia a iniquidade sobretudo e principalmente na política.