Cacareco era um rinoceronte. Vivia no Jardim Zoológico de São Paulo e se tornou o amor da garotada. Numa época lúdica da vida brasileira, era imensa a legião de crianças que ia lá todos os dias, sobretudo nos finais de semana, para ver Cacareco. Não se sabe porque, mas ele era uma unanimidade na cidade.
Coincidentemente, vivíamos uma época de descrença política. As instituições, sobretudo o Legislativo, tanto estadual quanto federal, estava moralmente falido. Como hoje. E na primeira eleição que aconteceu, Cacareco teve votação estrondosa. Um fenômeno nacional. Não fosse ele animal irracional e teria sido eleito deputado federal por São Paulo, com sobras, em qualquer um dos partidos.
O Parlamento brasileiro de hoje vai se salvar nesse aspecto porque aquele simpático bicho já morreu há décadas. Caso contrário, teríamos uma enxurrada de votos para ele em 03 de outubro. No dia em que o povo brasileiro terá a sagrada oportunidade de eliminar da vida nacional as sanguessuras, as saúvas, os anões e todas as demais anomalias mais recentes da fauna política brasileira.
Votemos. Lembrando Cacareco. Um desonesto a menos na vida nacional para cada voto que o simpático rinoceronte recebeu na década de 1960 já será o suficiente.
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