5 de julho de 2011

Tostão não é demagogo


A não ser talvez no Iraque, na Síria, no Afeganistão e em alguns poucos outros países, parece que o Brasil é um caso quase único. Aqui um presidente da República pode, com uma simples canetada, determinar que um grupo de 51 pessoas vai ser aposentada pelo teto da Previdência Privada. Isso sem contribuir, ou contribuindo somente em parte.
Nesse país onde a Previdência se recusa a cumprir uma sentença judicial da Suprema Corte, que a mandou reajustar aposentadorias de brasileiros lesados em anos anteriores, um demagogo hoje ex-presidente pode, com sua caneta, fazer o aparentemente inverso. O eticamente condenável. O corretamente indefensável.
Tostão, ex-jogador de futebol e hoje colunista de jornais (foto), disse que não vai receber. Considera o "presente" injusto. Eticamente indefensável, como já foi dito. Carlos Alberto Torres, seu companheiro na Copa do Mundo de 1970, no México, reagiu com a classe de um botinudo: "É um demagogo. É um filho da p...!"
Não, caro Capitão do Tri; demagogo é quem lhe dá presentes com dinheiro público. Demagogo é quem escolhe um pequeno grupo de atletas vencedores e os premia de forma absurda. Tostão agiu certo. Mas, convenhamos caro Capitão, reconheço que não é fácil dizer "não" a dinheiro. Assim como o caro Capitão não conseguiu, outros também não conseguirão.
Talvez nem Pelé, que não precisa desse dinheiro, mas se cala. Quem sabe para que recebam a "aposentadoria" os que estão na miséria. Porque não souberam administrar o que ganharam.

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