23 de outubro de 2019

Aqui não é o Chile!

Vamos tentar entender o seguinte: o Estado existe para prestar serviços à população com o dinheiro que arrecada de nossos impostos. A iniciativa privada, para gerar lucros em suas mais diversas atividades, não importando o custo disso. Sobretudo, não importando o custo social.
Por que o Chile está em ebulição? Porque desde 1973, quando houve o golpe que derrubou o presidente Salvador Allende - o maior de todos os chilenos -, os direitos dos trabalhadores foram sendo aos poucos dilapidados. Hoje, mesmo depois dos governos tímidos de Michele Bachelet, a população daquele belíssimo país andino não tem mais ensino público gratuito nem nas universidades do Estado, e acabou a saúde sem cobranças inclusive nas instituições que praticam o sistema público deles. Mais: até quem tem plano particular só obtém sem cobrança a saúde básica. O mais é pago.
O pior ainda está por vir: como o sistema de previdência foi todo privatizado em um modelo que se parece muito com o que o ministro Paulo Guedes está querendo nos fazer botar goela abaixo, houve um gradativo achatamento das pensões e aposentadorias. Claro, se a arrecadação cai as empresas administradoras do sistema não vão deixar de lucrar. Sua galinha dos ovos de ouro continuará reduzindo ou congelando valor dos benefícios. A população que se dane.
Eis o caldo de cultura da revolta popular e da aguda crise chilena.
Porque se quer tanto privatizar a Previdência do Brasil? Porque, com o tamanho de nossa economia, isso vai gerar imensos rios de dinheiro. O Amazonas será um mero riacho. E os pobres vão a cada dia ser menos remunerados. Isso até quando um pequeno reajuste de passagem de ônibus e metrô representar a diferença entre poder usar ou não esse serviço público. For a gota d`água.
Um estudo recente descobriu que das nossas poucas universidades de referência mundial a imensa maioria é de instituições do Estado. São Universidades Federais ou Institutos Federais de ensino. Mas o Estado brasileiro quer destruir essa estrutura. A irmã do ministro Paulo Guedes é presidente(a) da associação que alberga o ensino privado do Brasil. E a iniciativa privada que representa também quer seu quinhão, mesmo que isso signifique tirar das imensa parcela de brasileiros.
A "famiglia" Bolsonaro tem seus interesses ligados a isso tudo. Os ministros também, da mesma forma que as instituições "religiosas" - respeitemos as verdadeiras! - ligadas umbilicalmente apenas a ganhos financeiros. Por último, destruir a Amazônia, também faz parte do grande projeto desse governo que nós erradamente elegemos apenas para votar contra o PT, pois o ganho será incomensurável. E aqui me penitencio: desgraçadamente anulei meu voto. Nunca mais voltarei a fazer isso.
Daqui para a frente, meus amigos, vamos dizer como o homem da foto, na revolta chilena: Não mais. AQUI NÃO É O CHILE e nossa revolta ainda pode e deve ser expressa pelo voto e pela pressão sobre o poder. Afinal, ele foi constituído por nós mesmos.       

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