No seu patético discurso final em live antes de ir para os Estados Unidos onde vai permanecer tentando ver se a temperatura amorna no Brasil, Jair Bolsonaro, que já pode ser chamado de ex-presidente nos despediu de suas "cuestões". Depois foi para a Base Aérea de Brasília, de onde voou para Miami no avião presidencial com vasta comitiva (foto). Tudo às nossas custas. Mas a partir de amanhã já não terá direito a nada disso e a aeronave tem que voltar ao Brasil. Basta desinfetar e usar de novo.
Por que Bolsonaro, que recebeu a faixa presidencial de Michel Temer, não vai passá-la a Lula? Porque as ações das pessoas têm a mesma estatura delas mesmas. Quem é grande age com grandeza; quem é pequeno, com pequenez. E se o ex-presidente tivesse convicção de ter agido "dentro das quatro linhas" - que termo ridículo! - nos seus quatro últimos anos de presidência, não estaria hoje assombrado pela perspectiva de muitos processos por responder. E nem de prisão por enfrentar.
Bolsonaro já passou. Passado é e com o tempo será julgado pelos brasileiros depois de vencida a paranoia dos acampamentos de militantes fanáticos no entorno dos quarteis do Exército.
Lula, em um dos seus pronunciamentos de anúncio de ministros disse que não precisa de puxa saco. Também acho e então vamos ao fatos. O ministro das Comunicações é um provável erro. E tomara o errado seja eu. Juscelino Filho votou a favor do impeachment de Dilma Roussef e era favorável à privatização dos Correios. Médico e em seu segundo mandato, tenta se apresentar como conservador num país onde esse termo é comumente confundido com reacionário. Vamos ver qual é a dele.
Outra figura muito estranha no ninho é Daniela do Vaguinho, ministra do Turismo. Essa pedagoga que, a exemplo de Juscelino está filiada ao União Brasil, defende a "linguagem neutra" no ensino. Esse é um apelido para a tal "escola sem partido", na prática uma forma de os conservadores/reacionários tirarem o ensino crítico das escolas públicas brasileiras. Ora, tudo o que o aluno precisa, sobretudo em seus primeiros tempos de formação intelectual, é da capacidade de julgar nas ciências sociais.
O perigo das frentes amplas é que se eles se tornarem amplas demais, perde-se o horizonte. Sim, Lula necessita de apoio dos partidos do Centrão para poder tocar seus projetos de governo e reconstruir um país arrasado. Mas abrir muito o leque tem riscos grandes. A ministra Daniela, por exemplo, já foi bolsonarista de carteirinha e defendeu o fugitivo dos EUA com força.
Feliz ano novo, Lula. E boa sorte.
Foram escolhas pessoais de Lula, que precisa de apoio desse e de outros partidos do Centrão para governar. Tomara a aposta dele dê certo, mas duvido. O problema das frentes amplas é que elas acabam amplas demais e, com isso, perde-se o horizonte. Pronto, fui crítico.
Feliz ano novo, Lula!