13 de fevereiro de 2023

Fake news é poder!


A cada dia que passa mais me convenço de que a regulamentação das redes sociais não é apenas necessária, mas urgente. Afinal de contas é nelas que se sustenta o poder dos homens representantes de grupos políticos de extrema direita que minam as democracias representativas usando principalmente mentiras plantadas e que nós convencionamos chamar de "fake news". No Brasil por exemplo, uma ala do Palácio do Planalto foi transformada em "sala do ódio", onde auxiliares do ex-presidente hoje homiziado nos Estados Unidos produziam carradas de informações falsas diariamente capitaneados pelo filho dele, Carlos. E essa atividade produziu danos imensos à democracia brasileira.

A cientista política norte-americana Barbara Walter estudou profundamente esse assunto no livro "Como as Guerras Civis Começam e Como Impedi-las", editada pela Zahar. E traçou um paralelo entre o que aconteceu nos Estados Unidos em 06 de janeiro de 2021 e em 08 de janeiro de 2023 no Brasil. Para ela, tanto Donald Trump quanto Bolsonaro usaram e ainda querem usar a receita de Viktor Orbán na Hungria para minar as democracias de seus países de dentro para fora com o desmonte das instituições civis garantidoras do Estado de Direito e, em último caso, terminar a obra com uma guerra civil. Esse modelo também é seguido nas Filipinas, na Índia, na Turquia e em Israel, para pararmos por aqui.

E qual é o argumento contra a regulamentação? Dizer que isso afronta os valores democráticos, sobretudo a liberdade de expressão. Balela. Todos os meios de comunicação têm regulamentação para mais ou para menos. Somente as redes sociais ainda não têm porque interessa a príncipes da área como Mark Zuckerberg manter inalterado o poder que as redes sociais possuem. E elas hoje são um poder absoluto, às vezes tão grande ou maior do que o poder de Estado, sobretudo para difundir inverdades e solapar as bases das democracias a partir do enfraquecimento de suas instituições.

Barbara Walter dá uma explicação excelente sobre facções ao dizer que "A faccionalização tem uma característica única: ela é racial, étnica ou religiosa". E como resultado disso sua disseminação e crescimento tornou possível o retorno do conceito da superioridade branca e do cristianismo evangélico como valores. Hoje nos Estados Unidos 80 por cento do Partido Republicano é assim. No Brasil há um projeto muito parecido com ele que se corporifica na ideia de "ministro terrivelmente evangélico" que Bolsonaro tentou implantar no STF e só não conseguiu porque perdeu as eleições.

Lembremo-nos de uma coisa: regulamentar as redes sociais não é atacar a liberdade de expressão, é defender a democracia. Há um grande movimento de extremismo de direita se formando em grande parte do mundo e que precisa ser combatido. Nos Estados Unidos e no Brasil fizemos bem o dever de casa, mas isso não basta. Ontem mesmo Bolsonaro disse nos EUA que a tarefa dele ainda não acabou e pretende voltar. Se abrirmos a guarda ele tentará fazer isso mesmo.    

Um comentário:

Anônimo disse...

“ Hoje nos Estados Unidos 80 por cento do Partido Republicano é assim. No Brasil há um projeto muito parecido com ele que se corporifica na ideia de "ministro terrivelmente evangélico" que Bolsonaro tentou implantar no STF e só não conseguiu porque perdeu as eleições”.