20 de maio de 2023

Bolsa rito de passagem


O programa Bolsa Família, do governo federal, só tem sentido se for um rito de passagem para a vida dos milhões de miseráveis do Brasil que tiveram sua situação financeira agravada nos últimos quatro anos de desgoverno. E para que isso ocorra a atual gestão precisa fazer acontecer rapidamente um plano nacional de emprego e renda aliado a outro de capacitação profissional visando à reinserção desse imenso contingente de pessoas no mercado de trabalho brasileiro, seja público, seja privado.

Os ritos de passagem, termo com forte apelo sociológico, são fases, etapas da vida de todas as pessoas como as celebrações diversas que nos acompanham: nascimento, estudo, primeira comunhão, casamento, trabalho, morte. Talvez o principal seja o que marca a passagem para a vida adulta. Podemos acrescentar a essa lista, no campo da formação profissional e do trabalho, o retorno à vida produtiva depois de uma etapa à míngua. Só o trabalho dignifica o homem e um país não pode conviver com a realidade eterna de uma população que trabalha para sustentar outra sem atividade produtiva.

Há um desvirtuamento na discussão do bolsa família dos dias atuais. O valor mínimo capaz de sustentar as pessoas com um tiquinho de dignidade foi alcançado já como recurso extremo para a economia. Pensar agora em décimo terceiro salário, férias e outras coisas é um despropósito. Esses dispositivos, como também fundo de garantia e auxílios diversos são ligados às relações de trabalho e não a auxílio emergencial. Confundir as coisas será muito ruim. E elaborar projetos de apoio a emprego, renda e capacitação profissional vai custar bem menos caro. Certamente com retorno muito maior.

Sonhar com um Brasil de desemprego zero, que não tenha baixa renda nem miséria seria utópico. Mas não o é pensarmos num país voltado ao reingresso das pessoas no mercado produtivo. Duvido que um plano nacional com esse foco não venha a contar com o apoio da iniciativa privada, ao menos daquela mais lúcida e voltada a olhar o país como um projeto de desenvolvimento sustentável. O Brasil não pode ser para sempre o "país do futuro"; este tem que chegar no presente.  

Vamos imaginar o Bolsa Família como um rito de passagem. Ele só tem sentido assim.             

Um comentário:

Anônimo disse...

Como rito de passagem, com formação profissional (educação de qualidade) é possível justificar o Bolsa família. Para um Brasil sem desempregados, miséria é preciso fomentar programas fundamentais para a vida digna do cidadão e o Bolsa Família temha vida curta.