22 de abril de 2025

Vem aí Francisco II?

Poucos papas mereceram mais do que Francisco fazer o seu sucessor. Mas será que ele conseguirá isso? Dono de uma obra grandiosa de inclusão de minorias e preocupação para com os miseráveis, governou a Igreja Católica com critérios da mais absoluta dignidade. Tanto que um de seus maiores opositores durante os 12 anos de pontificado foi o hoje cardeal congolês Fridolin Besungu, que ascendeu ao cardenalato graças ao chefe da igreja hoje morto e sempre foi um contestador de seu benfeitor. Se chegar a papa vai reconhecer esse fato? Difícil. Sabemos todos como procedem os reacionários de direita.

Segundo os que habitam o dia-a-dia do Vaticano, os vaticanólogos, há cardeais fieis ao papa morto e que comungam de seus ideais. Alguns considerados de centro, como o Secretário de Estado Pietro Parolin, Fernando Vérgez Alzaga (Espanha) e Kevin Farrel (Irlanda/EUA). Todos esses eram muito próximos de Jorge Bergoglio. Há também os que o contestaram o tempo todo, chamados de conservadores, e que não são poucos além de Besungu e Robert Sarah (Guiné). Eles geralmente fecham questão em torno de um nome e votam neste incondicionalmente.

Mas há aqueles que comungam dos ideais de Francisco, tais como Matteo Zuppi, o italiano arcebispo de Bolonha, o brasileiro Leonardo Steiner (foto vertical), arcebispo de Manaus e o senegalês Peter Turkson (foto principal), dentre outros. Todos podem ser sagrados papa. Mas, como se diz no Vaticano, na maioria das vezes acontece de alguém entrar no Conclave como favorito a papa e sair de lá Cardeal. Na prática todos os 135 príncipes da Igreja têm chances. Sempre foi assim. O próprio Francisco não era cotado até ser eleito em lugar de Bento XVI.

Por que é tão importante que o papa morto seja sucedido por alguém parecido com ele? Para que sua obra não pare. Não pereça. E isso para o bem da Igreja Católica. Dentre outras coisas o argentino de fala mansa e vontade firme ampliou o espaço das mulheres no clero, inclusive em funções no Vaticano. Muito importante. Nada justifica o fato de elas não poderem oficiar missas e exercer outros misteres hoje apenas masculinos. Francisco abriu essa discussão, mesmo com toda oposição que sofreu

Para o futuro, o que talvez não venha nem sequer a ser obra do papa eleito nos próximos dias, vai ser necessário discutir a questão do celibato. Se a igreja católica não quer continuar a esvaziar, esse tema tem que ser colocado à mesa. A não ser os reacionários, todos os demais católicos sabem de onde vem o vírus dos crimes sexuais, da pedofilia. E que a melhor maneira de combater esses males é mudar de dentro para fora. Ainda que isso reabra a discussão acerca do direito de sucessão, o que realmente preocupa a cúpula católica.

Francisco precisa de um sucessor à sua altura. De um Francisco II.     

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