19 de setembro de 2025

A sucursal do PCC

O presidente do União Brasil, advogado Antônio Rueda, pode não precisar se preocupar mais com a possibilidade de vir a ser a processado, criminalmente ou não, segundo a PEC que está perto (?) de ser sacramentada no Congresso Nacional, especificamente na Câmara dos Deputados. Nem também Luciano Bivar, o ex-presidente amalucado e que tentou botar fogo na casa dele. Presidentes de partidos políticos, com ou sem mandato, serão totalmente blindados por iniciativa do Parlamento corrupto e inconsequente. Ele, o Congresso, com as últimas iniciativas tomadas, vai ser uma sucursal do PCC e outros grupos de crime organizado.

Essa é apenas a ponta de um iceberg gigantesco. Nós sabemos que hoje as câmaras municipais, assembleias estaduais, Câmara e Senado federais são tomados por uma boa parcela de bandidos. Eles, com a legislação atual, já têm imunidade de sobra. Tanto que Hidelbrando Pascoal, conhecido como o homem da serra elétrica, ex-coronel da PM do Acre, líder de grupo de extermínio, homicida, narcotraficante, sonegador fiscal e formador de quadrilha, foi protegido pelo Congresso enquanto teve mandato. Só depois de perder sua imunidade, mesmo com todo o currículo, foi condenado a mais de 110 anos de prisão. Antes, era sua "excelência", um sádico esquartejador.

O Brasil já teve uma legislação de proteção quase absoluta dos parlamentares. Entre 1988 e 2001 o Congresso impediu mais de 250 investigações contra políticos até a norma nascida com a Constituição Cidadã ser derrubada. Era imoral. Mas agora o pior Congresso de todos os tempos quer revivê-la e ainda com voto secreto para o "não" à punição dos criminosos, mesmo ele vindo do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode vir a ser manietado.

Que Brasil nós queremos? Esse?

Um piloto da empresa de táxi aéreo que tem esse Rueda como um dos seus donos assegura que os aviões transportavam gente ao menos suspeita e, com toda certeza, deve haver pessoas ligadas ao PCC sendo levadas para lá e para cá. E o que mais? O crime organizado já está infiltrado em várias camadas do Poder Legislativo, e isso vem de muitos anos passados. Com uma PEC, Projeto de Reforma Constitucional que entrega poderes quase infinitos aos parlamentares, inclusive o que não serem investigados ou processados por nada, a vida política se tornará tudo o que eles sonharam, sonham ou sonharão. O paraíso!

Notem bem: essa gente que pede voto secreto no Poder Legislativo é a mesma que faz discurso por voto impresso e auditável nas eleições brasileiras para nada ficar encoberto. Eles sabem o que querem! Tanto que os partidos do dito Centrão já deram ontem à noite um ultimado que termina hoje para os ministros de suas siglas de aluguel desembarcarem do governo federal atual, o Governo Lula. E principalmente porque a Justiça investiga o presidente nacional do União por cometimento de crimes os mais graves possíveis. Entendem porque o projeto quer dar imunidade total também a presidentes de partidos?

Lute pelo NÃO à anistia a criminosos golpistas. Diga NÃO à PEC da blindagem dos bandidos. Vá às ruas domingo. Defenda a democracia do Brasil contra seus inimigos internos e externos. Eles querem acabar com nosso país e fazer dele uma sucursal do submundo criminoso que hoje está entranhado em muitos de nossos setores, inclusive os produtivos como o de mineração, por exemplo. A hora é agora!   

17 de setembro de 2025

Se há vagas, há esperança

 


Era um final de tarde do último sábado e vi quando uma senhorinha na casa dos 60/65 anos parou diante do conteiner de lixo do prédio onde moro. Carregava uma sacola plástica, um carrinho de compras e uma espécie de mochila. Remexeu nosso lixo e não encontrou nada que a interessasse. Então eu a fotografei indo em direção ao prédio do lado (veja a foto), onde fez o mesmo e aí, sim, colocou alguma coisa entre seus pertences. Usava lenço na cabeça e andava com certa facilidade, mas vive do lixo das moradias daqueles que têm casa. 

Só hoje publico a foto porque leio na coluna de Abdo Filho, jornal A Gazeta, que os supermercados têm 6 mil vagas não preenchidas em seus quadros, mas não conseguem contratar. Por que será? Um amigo meu, Lino Geraldo Resende, jornalista também, trabalhou anos para a ACAPS (Associação Capixaba de Supermercados) e pode apresentar algum tipo de luz no fim do túnel: a jornada de trabalho vai de oito a dez horas diárias e, mesmo com horas extras, não atrai. Poucas vezes as pessoas têm folga nos finais de semana e muitos recebem apenas o salário mínimo. Também não se tolera mais a escala 6X1, com seu viés escravagista. Ou seja, trabalhar na informalidade dá mais dinheiro e não obriga a muita coisa. Claro, a pessoa fica sem INSS, Fundo de Garantia, etc. 

Houve uma época em que a rede Perin conseguia trabalhadores até mesmo de outras empresas do ramo porque suas lojas não abrem aos domingos. Mas agora nem isso e mais incentivos oferecidos atrai muita gente. E tem mais: os empresários do ramo supermercadista acham que o Bolsa Família atrapalha. Não são só eles: o empresariado brasileiro de maneira geral critica qualquer tipo de ajuda aos pobres. Não é verdade que o Bolsa Família tire gente da formalidade do trabalho, mas num quadro de falta de gente para trabalhar é preciso aumentar a remuneração e oferecer até treinamento. Eles não gostam...

Só que estamos falando de trabalhadores que estão no mercado e os moradores em situação de rua não estão. Um trabalho para eles devolve-lhes parte substancial da dignidade perdida com a vida nas calçadas ou então recolhendo lixo em conteineres de prédios. É possível reverter isso. O poder público como as prefeituras, por exemplo, pode tirar as pessoas das ruas com ofertas de trabalho. Em parceria com a ACAPS ou outras associações de empresários em busca de empregados, elas podem ministrar treinamento, tratamento antidroga quado for o caso e uma atividade remunerada que dignifique. Um plano de carreira pode e deve ser mais um elemento chamariz para os diversos segmentos sociais. Por que não fazer isso?

Hoje as prefeituras, como a de Vitória mais uma vez servindo de exemplo, oferecem apenas o retirar das ruas, lugar para um banho, uma refeição, cama e algum afeto. Não basta. Ninguém é feliz vivendo de crack, mas as pessoas abandonadas à própria sorte precisam ao menos de um horizonte de médio prazo. E isso elas não têm hoje. No bairro onde moro, em Vitória, há um grande número de moradores em situação de rua que pelo menos a mim geram uma trieteza imensa. Essas pessoas merecem ter dignidade mesmo num país onde um dos Poderes, o Legislativo, age diariamente de forma amoral, desonesta e visando apenas seu próprio nariz, talvez até mesmo em conluio com o crime organizado. 

É possível tirar aquela senhorinha da rua. Ela merece. Se há vagas, há esperança.

15 de setembro de 2025

A colheita


O número é oficial e fechado: no ano passado houve 83 episódios de tiroteios em escolas dos Estados Unidos, com feridos ou mortos. A apuração é da CNN, que faz esse levantamento desde 2008. Já a instituição Gun Violence Archive registrou um total de 488 tiroteios em 2024, sendo que, para eles, tiroteio em massa quer dizer "um evento onde quatro ou mais pessoas são feridas ou mortas". Os números são impressionantes e mostram uma espécie de raio X da decadente sociedade americana dos dias atuais. O ativista de extema direita Charlie Kirk (foto de homenagens póstumas e ele) foi vítima dessa doença.

Os Estados Unidos formaram uma sociedade de culto à violência, o que vem de desde antes da chamada "conquista do Oeste". Dee Brown, escritor e historiador norte-americano escreveu pelo menos dois livros especificamente sobre o extermínio de povos originários de seu país e editados no Brasil: "Enterrem meu coração na curva do rio" e "Massacre" são estudos de pesquisa acadêmica, sendo que o segundo descreve o episódio de Little Bighorn, no qual o general George Armstrong Custer foi levado a uma cilada num vale e massacrado juntamente com seus soldados por indígenas de nações norte-americanas.

Esse foi o único caso de uma vitória militar indígena contra tropas regulares do Exército dos Estados Unidos, na ocasião a Sétima Cavalaria com 261 membros. Eles foram emboscados num vale e atacados de cima para baixo por guerreiros Lakotas e Cheyennes comandados por Cavalo Louco, Nuvem Vermelha e Touro Sentado. No restante dos tempos, as populações originárias foram massacradas impiedosamente para a tomada de terras por parte dos "homens brancos" que as queriam colonizar, roubar para eles.

Em um determinado ano, num forte construído para ataque aos indígenas, militares dos Estados Unidos discutiam sobre matar ou não matar seus "inimigos". Alguém disse que havia "índios bons" na região, no que o general Philip Sheridan completou: "os únicos índios bons que eu conheci estavam mortos". O diálogo foi ouvido fora da casa, passou de boca em boca e gerou o axioma "índio bom é indio morto" hoje transplantado para "bandido bom é bandido morto" e que faz muito "sucesso" lá nos EUA e aqui no Brasil.

Sobretudo em estados como o Texas o cidadão comum dos Estados Unidos usa armas em quaisquer situações. Anda com elas de preferência sob as axilas. Faz isso para "se defender" e, na maioria das vezes, sem saber de quem. Armados eles mataram os indígenas, os negros escravizados ou não, os "fora da lei", estrangeiros e outras pessoas com as quais estivesse havendo divergência. Armas podem ser compradas em quaisquer lojas do ramo, bem como munição. Aprender a atirar é fácil. É banal ter muito armamento em casa. Vai daí, atirar pode ser uma decisão rápida. Assim se mata em escolas e nos diversos outros lugares.

Donald Trump é um defensor do uso quase indiscriminado de armas e isso possibilitou o episódio do Capitólio quando, incentivados por ele, milhares de trumpistas invadiram o Congresso dos Estados Unidos para questionar a vitória de Joe Biden na eleição presidencial que impediu um segundo mandato consecutivo do hoje novamente presidente. Charlie Kirk era defensor do uso de armas, republicano apoiador de Trump, debatedor educado (o que é raro!) e defensor das ideias da extrema direita política como rascista confesso que se  mostrava. O fato de não ser um tresloucado no falar e no discutir ideias não o livrou da morte viole nta sob a mira de um atirador desequilibrado. Dos milhares que a sociedade americana gera todos os anos. Agora pode ser condenado à morte, o que está previsto nas leis do estado de Utah. Ele é a colheita da safra de violência que os Estados Unidos plantam desde sua independência.

Vão matar a consequência e deixar a causa à solta.  

12 de setembro de 2025

Para nunca mais acontecer

Ontem, num fato inédito na história da República Brasileira, oito ex-governantes do país foram condenados a penas duras restritivas de liberdade. Um deles, o ex-presidente Jair Bolsonaro, a 27 anos e três meses de prisão, afora multa, iniciando esse cumprimento em regime fechado. Ainda cabem recursos permitidos pelas leis brasileiras, mas nada que possa cencelar as penalidades. E os recursos serão respeitados apenas e tão somente porque vivemos em uma democracia, onde o corpo de leis é inteiramente observado.

E ontem foi um dia singular. Há 24 anos um atentado matou quase 3 mil pessoas no Word Trade Center, em  Nova Iorque. E há 52 anos o presidente constitucionalmente eleito do Chile foi assassinado num golpe de Estado em seu país. Recusou-se a ceder pela força o poder entregue a ele pelo povo chileno e acabou assassinado no Palácio de La Moneda, em Santiago, depois de a sede do governo ser até mesmo bombardeada pela Força Aérea sublevada e comandada pelo futuro ditador Augusto Pinochet.

11 de setembro tem significado muito especial! Para nós pode marcar o fim dos sonhos de golpes de Estado. Sonhos que nasceram com o advento da República, surgida da deposição pela força do imperador D. Pedro II e, de lá para cá, seguidos por imensa série de conjuras, aquarteladas e outros tipos de conspiração. Tive um tio-avô, o irmão mais novo de minha avó Almerinda, que era general. Foi para a II Guerra Mundial recém formado como médico para ganhar experiência e se apaixonou pela caserna. Na volta, continuou. Era o cardiologista do general Darcy Pacheco de Queiroz no Exército. Um dia em Vitória mostrou sua credencial no hospital onde havia ido ver um irmão e perguntaram a ele: "Qual é sua arma, general?". A resposta foi imediata: "O bisturi" Esse era oficial militar de verdade!

No passado os mesmos Estados Unidos que estiveram presentes quando do estupro da democracia chilena no episódio da deposição do presidente Salvador Allende, tinham vindo ao Brasil em 1964 para ajudar a depor e exilar o presidente João Goulart, inclusive com o envio à costa brasileira de navios de guerra formadores da "Operação Brother Sam". Uma receita que os ianques não abandonam. Agora mesmo navios dos EUA cercam os mares do Caribe para amedrontar autoridades venezuelanas. E agora mesmo o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio promete de novo se intrometer na vida brasileira e, segundo disse a porta voz de Donald Trump, sem medo de "usar meios militares".

Nós também não temos medo!!!!!

Mas, por incrível que pareça os EUA ainda são capazes de arregimentar um exército brancaleone de idiotas adeptos brasileiros como os que abriram sobre o asfalto da Avenida Paulista uma imensa bandeira daquele país. Ou então como o filho do ex-presidente condenado, Eduardo Bolsonaro, vulgo Bananinha, que pediu de maneira clara um ataque dos Estados Unidos ao Brasil para salvar seu papai. Ele e o amigo Paulo Figueiredo já merecem ordem de prisão, com envio dessa determinação à Interpol, faz algum tempo. Quando isso vai  sair? Quando a conspiração à distância será detida?

Os condenados de ontem, nosso mais recente 11 de setembro, têm muito tempo para refletir. E seus apoiadores, para pensar que terrorista é mesmo quem mata e tortura, como prega o cartaz na imagem que abre esse texto. Vamos todos nós, brasileiros, homenagear a democracia. Sou de uma época em que as redações dos jornais tinham uma área onde todos os dias papeletas com ordens do Ministério da Justiça eram afixadas contra a cortiça por pregadores de metal e vindas da Polícia Federal. Era o espaço da censura.

Ele dizia o que podia e o que não podia sair nos jornais. Hoje sai tudo! Sai até mesmo informação dizendo que a defesa do ex-presidente condenado Jair Bolsonaro vai recorrer até a "instâncias internacionais" contra a condenação do genocida inelegível e cometedor de crimes. Recorram. Lutem. Só na democracia vocês podem fazer isso. E, quando perderem, ficarão também sem suas patentes militares e mandatos eletivos, como aconteceu ontem.

Mas até que todos os recursos sejam vistos, negados e os Estados Unidos voltem a arrotar valentia, os cães cotinuarão a ladrar enquanto a caravana passa. O Brasil, se tudo der certo, usou um icônico 11 de setembro para dizer adeus ao golpismo institucional. Com o tempo o brasileiro comum vai aprender que respeitar a regra do jogo é a melhor maneira de exercer a cidadania e a verdadeira liberdade, que se faz com limites claro e legais.                  

 

10 de setembro de 2025

A quinta coluna fede!

Você conhece o termo "quinta coluna"? Ele nasceu durante a guerra civil espanhola entre 1936 e 1939 quando um general franquista, Emilio Mola, apoiador do futuro ditador Francisco Franco, referiu-se a um grupo de simpatizantes nazifascistas em Madrid como uma "quinta coluna" disposta para apoiar um ataque de quatro colunas do exército liderado por ele contra as forças republicanas. Posteriormente o termo passou a ser usado para identificar traidores e simpatizantes do nazifascismo em qualquer outro lugar do mundo. O Brasil as enfrentou durante a II Guerra Mundial, da mesma forma que nós as vemos hoje, mesmo no nosso país sem guerra declarada com ninguém. E podem acreditar: quinta coluna fede!

O cartaz reproduzido para abrir esse texto é da guerra civil da Espanha. Nele está escrito "!!Alerta!! A quinta coluna espreita". Pode ser também persegue, ronda, segue em todos os lugares. Hoje mesmo o extremismo de direita, revivido e renascido dos esgotos onde fica submerso em fezes sempre que é derrotado, está de volta sob vários mantos diferentes. Ele não se assume como acontecia com os "galinhas verdes", integralistas da época da II Guerra no Brasil. Não tem coragem e, pior de tudo, vez ou outra profere discurso democrático. Sabe que não é e que isso jamais seria aceito, mas no seu projeto golpista ele tem que viver fantasiado, já que dizer camuflado é dotá-lo de inteligência. E isso ou ele não tem ou a prostituiu totalmente.

No Brasil o reacionarismo político faz com que o nazifascismo moderno sobreviva. Lembro-me de que, quando jovem, iniciando a vida política, convivia com parentes, tios, tias, amigos de meus pais, eles próprios, numa Vitória que era um microcosmo do restante de nosso país: sempre à direita. Moderadamente ou não, mas acreditando que o comunismo estava à espreita para nos invadir. Um dia, vendo que eu havia estado numa reunião de grêmio estudantil do Colégio Americano, meu avô, o português José Maria dos Santos, uma cálida figura humana, alertou-me para esse perigo: "Veja, meu netinho, se os comunistas chegarem ao poder eles entram nessa casa e tomam pelo menos dois quartos para seus amigos viverem". Ele havia aprendido assim e morreu 15 dias antes do 25 de abril de Portugal...

Os brasileiros que usam a bandeira dos Estados Unidos no desfile de 7 de setembro são quintas colunas. Eduardo Bolsonaro também é. Nikolas Ferreira, idem. E o rebotalho extremista de direita que forma hoje nossa presença capixaba no cenário político federal, igualmente. Pessoas como Magno Malta, Marcos do Val, Evair de Melo, Gilvan da Federal e outros menos votados formam a linha de frente dos que lutam pelo renascimento de um nazifascismo que foi, é e será sempre genocida. Ontem mesmo foi filmado o presidente dos Estados Unidos expulsando de um restaurante um grupo de manifestantes que gritavam "free palestine!" durante a entrada dele e seu séquito, do qual fazia parte o vice-presidente.

Essa é a liberdade de expressão na qual eles acreditam!

Então, quando você ouvir uma porta voz da Casa Branca dizer que o país dela, cinicamente fantasiado de defensor da democracia e das liberdades civis, pode chegar a usar a força para defender seus princípios, não creia. Os princípios deles são pecuniários e extremistas. Mas se um dia for preciso defender sua pátria com armas, não ingresse nas quintas colunas que os falsos patriotas canalhamente defendem e defenderão. Ela fede!       

8 de setembro de 2025

7 de setembro distópico

 

O 7 de setembro mais distópico da história brasileira nasceu gerando memes, como esse da montagem fotográfica ao lado. E não poderia ser diferente. Afinal de contas, no dia da comemoração de outro aniversário de nossa independência como país, uma enorme bandeira dos Estados Unidos foi desfraudada em plena Avenida Paulista, diante de palanques onde estavam autoridades e mostrada aos gritos de "Trump..." por uma imensa legião de idiotas ditos bolsonaristas ou "patriotas".

Depois do susto, muitas pessoas ficaram se perguntando o que há na cabeça de gente que usa bandeira estrangeira na festa de sua pátria, e isso quando essa outra nação faz uma infame campanha contra a nossa para tentar interferir num resultado de julgamento penal. No mínimo é um desrespeito.

E a cobertura desse 7 de setembro teve de tudo. Um indivíduo filmado vestindo camisa com a bandeira do Brasil tentou mas não conseguiu explicar o que estava fazendo na mais importante avenida de São Paulo. Outros conseguiram mais ou menos, e usando uma fórmula ou outra para provar que vivemos numa ditadura do Judiciário, isso quando uma boa parcela desses viveu realmente e ao menos em parte a última ditadura que infelicitou o Brasil. Uma senhora saudosa dos últimos ditadores de farda explicou entusiasmada como era boa aquela época! Muito diferente de hoje, sem dúvida!

Mas a melhor de todas foi outra senhorinha, cabelos bem grisalhos, ar professoral e que explicou a uma debochado "repórter" que Lula, Alexandre de Moraes e todos os demais membros do tual governo são clones ou coisa parecida porque os reais que existiram foram cooptados ou sequestrados por extraterrestres que estão em seus lugares hoje, aguardando o momento certo para se revelarem e darem sequência ao projeto de captura do Brasil. Não sei ao certo onde fica o bolsnarismo e seu líder maior nesse projeto. Talvez nem ela...

De qualquer forma o 7 de setembro mais distópico de todos os tempos, capaz de colocar no bolso a excelente história de "O último azul" também foi marcado por apostas num futuro sem boas perspectivas. Como foi o caso do carioca governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu a farda de extremista de direita, pediu Bolsonaro para presidente em 2026, chamou o ministro Alexandre de Moraes de tirano e disse que ninguém mais o suporta. Ou aguenta. Se ele pretende governar o Brasil, o caminho traçado é um túnel sem luz ao final. Pelo menos num país democrático. E a menos que a exemplo de seu líder e capo di tutti capi, a ideia seja depois pedir desculpas, dizer que falou sem pensar e que está tentando se conter de agora em diante.

Foi um 7 de setembro distópico, com certeza. E vai ter consequências além do julgameno que deve terminar sexta-feira no Supremo Tribunal Federal. Com taxas de Trump ou não.   

5 de setembro de 2025

Um Frankenstein da política

 

Há no Brasil de hoje, esse da política cheia de ódio e pobre de boas propostas, algumas pessoas que não sabem ao certo o que estão fazendo em seus cargos públicos. Um deles é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, militar reformado, levado à cena pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, carente de planos e projetos e que recentemente disse não acreditar na Justiça. Ele é um Frankenstein do exercício do poder no Brasil e, inclusive, já disse em mais de uma oportunidade que sem esse ex-governante não seria nada. Está certo. Mas será que ele é alguma coisa em nosso cenário político atual?

Recentemente o governador enviou à Assembleia Legislativa de seu (sic!) Estado um projeto já aprovado e que vende 720 mil hectares de terras públicas devolutas a fazendeiros com até 90 por cento de desconto sobre o preço de mercado. Coisa como a gente entregar um bem de R$ 100.000,00 por R$ 10.000,00. Negócio da China, mais do que de pai para filho. No total, a renúncia de patrimônio público somado durante o governo desse cidadão pode chegar aos R$ 7,6 bilhões. Ele vende tudo o que é do Estado. Na prática isso quer dizer grilagem de terras com entrega dessas a latifundiários improdutivos de São Paulo, alguns dos quais respondem a processos, mas que ainda assim são a base de apoio político de Freitas. Como se não bastasse isso ainda ressuscitou a Polícia mais letal do mundo. 

E não é só isso. A imprensa descobriu que alguns dos auxiliares diretos do governador, como secretários de Estado por exemplo, mais do que dobraram seu patrimônio pessoal em um ano. Isso sem ganhar na MegaSena... O que fez esse Frankenstein político brasileiro? Proibiu a divulgação de dados sobre o patrimônio pessoal de todos os seus mais próximos auxiliares. E os dele também, óbvio. Isso vai de encontro a uma prática comum no Brasil e também gerantida pela Lei de Acesso à Informação e que determina aos detentores de cargos públicos divulgar seus patrimônios anualmente como forma de provarem que exercem os mandatos com lisura. Tarcício quer fazer assim? Claro que não quer.

É esse o tipo de figura dominante na política brasileira dos dias atuais. Como ele consegue fazer com que seus projetos mais estapafúrdios sejam aprovados pela Assembleia Legislativa? Simples: a imensa maioria está cooptada e filiada a partidos ligados à extrema direita brasileira. São atrelados ao governador e a seu projeto de poder graças ao fato de que, assim agindo, ficam no mesmo espectro ideológico do chefe do Executivo, embora sem saber o que isso significa, e ainda podem usufruir de cargos públicos no Estado. Se o governador se eleger presidente, esse exercício de poder de barganha passa ao nível federal. Assim é no Brasil descarado de hoje, projeto pronto e acabado de Jair Bolsonaro.

Sim, o sonho de Tarcísio é ser presidente da República ano que vem. Sabe que seu criador, Vitor Frankenstein, o moldou a partir de restos mortais reunidos de diversas figuras desprezíveis de onde ele habita desde sempre e agora quer ter uma cara só sua, mesmo com cicatrizes e parafusos. Graças a isso declara a quem quiser ouvir que não acredita na Justiça e pretende a anistia para todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado mais recente do Brasil. Sabe que essa anistia é inconstitucional sob muitos aspectos e será derrubada ao final, mas seu projeto envolve  aumentar a instabilidade política nesse País.

Sabe igualmente que a Justiça está fazendo seu papel, como sempre acertando e errando, mas dizer que não cre nela o torna próximo da extrema direita brasileira, ávida para destruir o Supremo Tribunal Federal e, a partir daí, moldar um país onde o poder ou não precise se submeter às leis ou as tenha representadas por vassalos de seu projetos pessoais e de Estado. Simples assim. E também esse é o objetivo de gente como Sóstenes Cavalcanti, Ciro Nogueira e mais uma carrada de medíocres como alguns capixabas tipo Magno Malta, Marcos do Val, Gilvan da Federal, Evair de Melo, Messias Donato, Amaro Neto, etc.

Tem tudo para dar errado, mas eles vão tentar.     


      


     

3 de setembro de 2025

O Brasil que não conhecemos

 

Imagine um filme que seja nossa cara. E além de tudo a cara do Brasil e daquele país que nós pouco ou nada conhecemos, nos cafundós da Amazônia. Estou falando de "O último azul", de Gabriel Mascaro, vencedor do prêmio máximo de Melhor Filme Íbero-Americano de Ficção no México e de melhor atriz para a atriz principal. É a história de Teresa, mulher de 77 anos vivida por Denise Weinberg, ótima interpretação e que na foto acima aparece em uma cena junto com Rodrigo Santoro. Além deles a película também tem Miriam Socarrás e uma história distópica da sociedade que decide obrigar os idosos dos 75 anos em diante a serem enviados para um exilío forçado onde vão esperar a morte para que os jovens possam produzir em paz. Claro, isso não existe, mas podemos estar caminhando para lá.

A distopia é o inverso da utopia. Trata-se de termo vindo do grego "dys-tópos", lugar ruim, condição de miséria, opressão, autoritarismo e desespero, como uma crítica social e alerta sobre o futuro. Teresa, o personagem de Denise, não quer isso. Velhinha do balacobaco, ela foge porque quer voar. Literalmente. E corre para sua aventura chamada liberdade. O projeto dessa sociedade distópica é maquiavélico, mas é melhor não contar os detalhes para que você vá ver o filme. Não se trata de um tapa na cara como "Ainda estou aqui", até porque a obra é ficcional. Mas ela tem substância, faz pensar e isso não vinha sendo comum no cinema brasileiro até pouco tempo atrás, mesmo nas melhores obras.

O que é o azul? Trata-se de um caracol da baba azul, animal mágico, em estado de extinção e que não existe verdadeiramente na natureza. Foi inventado para essa narrativa. Sua baba tem que ser pingada no olho como uma espécie de colírio que leva a visões. Teresa quer isso. Quer qualquer coisa que não signifique se submeter aos ditames de um estado totalitário e que considera os velhos como seres descartáveis. Imprestáveis. Para embarcar na sua aventura ela encontra uma parceira vivida por Miriam Socarrás e seu barco onde são vendidas bíblias digitais com a promessa do paraíso. Aliás, todos os falsos profetas prometem isso, estejam onde estiverem. Até e principalmente em Brasília.

Esse aparente resgate do cinema nacional é oportuno porque se contrapõe ao momento negacionista que estamos vivendo no Brasil de pouco brilho intelectual e muita distopia política. O filme é de ficção, mas o que ele mostra são pessoas que podem resistir, mesmo passivamente, a condições adversas e ainda se essas vierem na forma de gaiolas que as levam à força para os lugares onde vão esperar a morte porque, e isso é inevitável, ela vai chegar para todos aqueles que vivem. Só não deveria ser dessa forma.         

2 de setembro de 2025

Anistia nunca mais!


Se houver anistia para os criminosos da tentativa da golpe militar no Brasil, mais um deles, seus autores ou descendentes vão tentar de novo. Não desistirão de seus próximos sonhos de aquarteladas, pois isso está embutido no cerne da política brasileira e na cultura da nossa vida militar desde o final do Império, em fins do século XIX. E notem bem: os golpistas brasileiros estão sempre na extrema direita do espectro político nacional, embutidos na série de partidos de aluguel usados desde muito como seu abrigo.

Assim é hoje como foi ontem. E quem são esses novos pregadores da destruição da nossa democracia? São out siders, na maioria dos casos, chegados ao poder pelas mãos de Bolsonaro, um saudosista do passado mais recente de ditadura do Brasil, como é o caso do governador de São Paulo, Tarsísio de Freitas, carioca levado para lá terras paulistas pelo ex-presiente e que, vez ou outra, diz candidamente que não seria nada sem seu patrono. E com ele, conseguiu fazer renascer a polícia mais letal do nosso país, levando a cabo aquele velho princípio do "bandido bom é bandido morto". Contanto seja pobre e preto.

Hoje pela manhã falaram o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes e o Procurador Geral da República, Paulo Gonet Branco. O primeiro relatou as peças dos autos e o segundo mostrou porque não se pode simplesmente perdoar os golpistas. Numa fala brilhante. Paralelamente a isso, parlamentares sobretudo da extrema direita do espectro político brasileiro iam para o Congresso Nacional, a maioria vestidos de verde e amarelo, defender anistia. Defender o indefensável, que mais uma vez façamos vista grossa para o golpismo, como se nada houvesse ou se, como dizem os gaiatos, tudo não tivesse passado de um passeio no parque.

Domingo mesmo o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal teve que ser defendido dentro de um avião que o transportava de São Luís para Brasília porque corria o risco de ser agredido por uma doidivana enlouquecida. Assim vive hoje parte da população brasileira, inconformada pelo fato de seu "mito" estar para ser preso porque tentou destruir a democracia brasileira. E fez isso desde que chegou ao poder está provado nos autos dos processos que enfrenta juntamente com seu sete capangas próximos

Ele sobrevive ilusões porque tem ao seu lado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Esse diz que conhece todo mundo que é honesto. Talvez como ele, que roubou e levou para casa documentos secretos do governo de seu país quando deixou a presidência concluído o primeiro mandato e ainda incentivou seguidores a invadir o Congresso dos Estados Unidos num episódio no qual foi anistiado e houve três mortes. Todos os fascinoras que estavam com ele receberam anistia também.

Esses criminosos são muito inocentes. E me fazem lembrar a piada do ladrão que entrou no quintal do vizinho e roubou um bacurinho, um filhote de porco. Quando estava saindo foi supreendido pela Polícia.

- Ladrão, estava roubando o porco - disse o policial.

- Porco? Que porco?- perguntou o ladrão.

- Esse no seu ombro - respondeu.

- Tira esse bicho daqui, tira esse bicho daqui - gritou ele.

Os grandes constitucionalistas dizem que não existe anistia para crimes de tentativa de golpe de Estado e dissolução do Estado Democrático e de Direito. 

30 de agosto de 2025

O cuidado é necessário!

 

Muita gente considerou exagerado a Polícia Federal monitorar a casa de Bolsonaro no jardim da entrada com policiais sem armas à mostra (foto acima) e ainda tendo o direito de fiscalizar porta malas de carros que chegam e saem de lá nesses dias que antecedem o julgamento dele e de mais outros membros do Núcleo Crucial da trama golpista do 08 de janeiro de 2023. Não é. Todo mundo sabe que ele tentaria se refugiar em uma embaixada "amiga" das tantas que existem em Brasília. Só não faz isso, creio, pelo mesmo motivo que o levou a desistir de tentar o golpe sem apoio das Forças Armadas, como esperava: tem medo. Muito medo. Até de ser surpreendido tentanto fugir.

O filho Carlos, que foi visitar o pai um dia desses deu entrevista depois dizendo que o ex-presidente genocida e inelegível está hoje deprimido, emagracendo e sem conseguir comer. Pelo visto, nem pão de sal com leite condensado. Um panorama diferente do antigo Jair que enfrentava a todos, desacatava quem se pusesse no seu caminho e tentasse contestar quaisquer de suas certezas, geralmente idiotas. Como as da época da pandemia, quando mais de 700 mil brasileiros morreram sem ter os cuidados necessários à sobrevivência. Ou então sendo tratados com remédios sabidamente sem efeito nesses casos.

Você tem pena de Bolsonaro? Eu não tenho.

Existe uma carrada de provas nos processos que correm na Justiça mostrando todo o envolvimento dele nos episódios de 08 de janeiro. Mais: provas de que aquela tentativa de destruição de símbolos nacionais aconteceu sob supervisão dele, além do que nesse dia viveu-se apenas o corolário do projeto de golpe de Estado. O ex-presidente sonhou com ele desde seu primeiro ano de governo, quando citava o artigo 142 da Constituição quase todos os dias, principalmente quando sentia que estava perdendo apoio no Poder Legislativo. Sua resposta às críticas e à não sujeição a seu projeto ditatorial era a corrosão da democracia e a violência. Quase exatamente o que faz hoje Donald Trump nos Estados Unidos, apenas com a diferença de que o principal inimigo deste é o Judiciário. O brasileiro se voltou contra os que interpretam e fazem cumprir as leis somente quando eles fizeram dele presa.

Estamos muito próximos do dia do início do julgamento mas, nessa "ditadura" como dizem os golsonaristas, respeita-se as leis o tempo todo, o rito processual vai ser cumprido integralmente e, condenado, o réu pode só conhecer uma cela em fins de novembro ou início de dezembro. Até lá poderá espernear à vontade. O choro é livre.

E também até lá todas as atenções estarão voltadas para a Casa Branca e a capacidade do presidente dos Estados Unidos de conspirar contra nossa democracia. Não sabemos ainda o que virá, mas sim que o Brasil deve resistir a tudo sem ceder um milímetro. E também que ao menos dois criminosos, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo devem estar na alça de mira das leis brasileiras. Eles terão contas a ajustar. E vão ajustar, sim.

Dia 02 de setembro vem aí. Está chegando!               

27 de agosto de 2025

As democracias dependem de nós


"Apesar de suas enormes diferenças, Hitler, Mussolini e Chávez percorreram caminhos que compartilham semelhanças espantosas para chegar ao poder. Não apenas porque todos eles eram outsiders com talento para capturar a atenção pública, mas cada um ascendeu ao poder porque políticos do establishment negligenciaram os sinais de alerta e, ou bem lhes entregaram o poder (Hitler e Mussolini) ou então lhes abriram a porta (Chávez). A abdicação de responsabilidades políticas da parte de seus líderes marca o primeiro passo de uma nação rumo ao autoritarismo."

Esse pequeno trecho acima foi retirado do livro "Como as democracias morrem", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. A obra, um best-seller, serve de alerta às democracias do século XXI. Nos diz não apenas dos três ditadores citados nominalmente, mas tambem daqueles que, copiando ou não a receita, servem de modelos, fracassados (Jair Bolsonaro) ou em atividade (Donald Trump) no  mundo moderno onde o extremismo político de direita emerge nos assutando a todos, mesmo sendo de esquerda, como no caso citado do venezuelano. E não apenas pela importância dos países nos quais ela se apresenta, mas também porque sua ocorrência em um (Israel) é difícil de ser explicada à luz da lógica.

Os israelenses, inclusive os não sionistas, guardam com rigor religioso seus espaços de culto à memória do holocausto. E é preciso olhar para isso: no caso deles essa memória se refere apenas aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante a II Guerra Mundial e não a todos os seres humanos massacrados pela máquina de genocídio alemã de 1939 a 1945, composta também de presos políticos, deficientes físicos e mentais, negros, ciganos, mendigos, enfim, toda a gama de "sub-humanos", seres inferiores na crença deles. No total, acredita-se que cerca de 14 milhões foram mortos nesse período. Mas eles não são contados. Aos sionistas interessa isso, sobretudo porque palestinos também acabaram massacrados.

Talvez por esse motvivo e por tudo o que estamos passando nos tempos atuais é preciso ter em mente que as democracias são frágeis. Todas elas. E depedem de nós para sobreviver.

Ruy Castro, escritor memorialista brasileiro com vasta obra de levantamento de fatos e biografias, escreveu mais recentemente "Trincheira tropical", que conta a história do Rio de Janeiro, então capital da República, durante os anos que antecederam e foram vividos no período da Grande Guerra. Era um microcosmo do que se passava no mundo, sobretudo porque milhares de perseguidos daqueles tempos, inclusive judeus, aportaram nos arredores da Baía da Guanabara para fugir a um destino cruel. E vivíamos tempos de grande turbulência marcada pela luta entre fascismo, comunismo e democracia num Brasil onde Getúlio Vargas dirigia uma ditadura feroz, principalmente na área da censura a quase tudo.

Notem que fascismo, comunismo e democracia eram movimentos diferentes de hoje, sobretudo o comunismo, então intimamente ligado ao stalinismo que vigorava na então União Soviética. Foi justamente o cisma gerado pelo stalinsimo que provocou o surgimento do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em oposição ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1960, na ruptura do V Congresso. Assim como aconteceu com essa corrente de pensamento, modificou-se também a estrutura das democracias representativas. Parado no tempo ficaram o nazismo e o fascismo, ou o nazifascismo que hoje tenta voltar à cena política trazendo mais uma vez aos países o ódio vestido de racismo, homofobia, etc.

Esse entulho do pensamento totalitário e que carrega consigo todos os germes de crimes, políticos ou não, nos anos 1930/40 precisou de uma guerra recordista em mortes para ser pretensamente sepultado. Mas hoje retorna com força pelas mãos dos nazistas sionistas encastelados em Israel e sustentados sem freios pela política dos Estados Unidos que os abastece com as armas mais modernas que existem para eles poderem continuar seu projeto gennocida de limpeza étnica na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupadas ilegalmente.

Talvez tenha faltado ao presidente Lula sutileza quando disse que os sionistas de Israel cometiam genocídio da mesma forma como foram vítimas dele no passado, faro meio que representado na imagem protesto que abre esse texto. Isso não é questão de números, é de método! E o ministro sionista Israel Katz, que nos chama antisemitas, precisa saber da diferença entre antisemitismo e antisionismo. Mas isso não interessa a ele, que se comporta como porteiro de boate. A nota da Chancelaria brasileira em resposta ao ataque de que fomos vítimas, classificando a agressão sionista como "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis", rompe com tradições de nossa duplomacia, mas restabelece a verdade.

É preciso estar atento e forte. As democracias dependem de nós.         

25 de agosto de 2025

Um risco calculado?


São muitas as pessoas que escrevem sobre o risco de o ex-presidente Jair Bolsonaro fugir da casa onde mora e se encontra em prisão domiciliar para se refugiar em alguma embaixada como, por exemplo, a dos Estados Unidos (foto). Com Donald Trump na presidência daquele país esse seria o endereço ideal para o réu às vesperas de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Afinal, do Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, até a embaixada dos EUA, no setor de Embaixadas Sul 801, ASA Sul, são dez minutos de carro. E não há à vista de ninguém vigilância alguma, ostensiva ou não, sobre o quase presidiário.

Seria isso um risco calculado? Há algum esquema que a gente desconhece capaz de surpreender uma possível tentativa de obter refúgio em embaixada por parte desse sujeito? De hoje até 02 de setembro, dia do início do julgamento dos réus do Grupo Crucial da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023 faltam apenas 08 dias. Para quem quer fugir ao julgamento e à responsabilidade por seus crimes a hora é agora! É esta!

Bolsonaro é uma figura tosca. Desprovido de cultura geral, grosseiro, raso em praticamente todas as questões, tem também traços de sociopatia segundo muitos psicólogos que o avaliam em todas as suas intervenções. Mas, por incrível que pareça, possui um capital político muito grande. Já foi maior, mas ainda assim é representado por um imenso contingente e brasileiros indigentes em conhecimentos gerais ou então politicamente reacionários. Os que cultivam pneus, colocam celulares na cabeça para falar com extra terrestres, desfilam como militares em frente a quartéis e produzem muitas outras bizarrices.

Talvez por tudo isso e quem sabe por lembranças saudosas de um 07 de setembro, quando numa fala diante de milhares da pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, garantiu que jamais acataria ordens do STF e citou nominalmente o ministro Alaxandre de Moraes, ele ainda sonhe com a volta ao poder para poder terminar sua obra (sic!). Para isso conta com a ajuda de pessoas absurdamente fascistas como o governador de São Paulo, Tracísio de Freitas. Aliás, sobre esse é preciso admitir que fala uma verdade sempre que declara amor eterno ao ex-presidente: reconhece que sem ele não seria nada hoje. No futuro, quem sabe volte a não ser...

Sábado último, no restaurante de bairro onde fui almoçar, um cidadão de idade avançada sentou-se à minha frente. Na cabeça levava um boné verde e amarelo com dizeres bordados: "Anistia Já". É um slogan que desconhece as leis vigentes no Brasil, mas que ainda assim pode ser ostentado com orgulho por algumas pessoas. Talvez elas sonhem com uma fuga para embaixada (e esse ex gosta delas...) e logo em seguida haja um pedido de salvo conduto dirigido ao governo brasileiro, ele tenha que ser negado e isso gere mais um contencioso internacional envolvendo nosso país. É tudo o que querem...       

A questão envolvendo o réu do dia 02 de setembro está agora com a PGR, que se manifestará sobre a prisão preventiva ou não da infecta figura. Talvez tudo fique como está até o julgamento próximo, pois o reú sabidamente tem limitações sérias de saúde física, além da mental. Bolsonaro sabe disso e é provável que essa quase certeza dê a ele um pouco mais de tranquilidade para dormir à noite. Mas também tem consciência de estar a apenas dez minutos de distância de carro da "sucursal" do amigo Donald Trump.

Esse é o risco e o sonho!  


22 de agosto de 2025

Como pode um peixe vivo...


- Eu rezei tanto para esse homem não morrer durante meu governo...

Com esse lamento o "presidente" Ernesto Geisel, um dos membros da ditadura militar 1964/85 reagiu à notícia de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira havia morrido num acidente automobilístico na Via Dutra, em Resende, quando se deslocava de São Paulo para o Rio de Janeiro. Foi à noite, bem tarde, e provocou um pandemônio nos meios de Comunicação. Um amigo que era repórter de "Veja" recebeu telefonema de convocação: "Para a redação, agora!". A revista tinha acabado de ser impressa, ia começar a ser distribuída a estava "velha". Era preciso fazer outra a toque de caixa para atualizar o material, pois quem havia morrido era o homem responsável pela construção de Brasília, nossa Capital Federal. Não era pouca coisa, claro, mesmo durante uma ditadura militar um monumento ia embora.

Cerca de um ano antes, recordo-me de ter ido a um teatro de São Paulo ver show de José de Vasconcelos. Um humorista que não falava palavrão e nos seus espetáculos era comum ver famílias inteiras. Em dado momento ele se virou para a platéia e disse que seu sonho era fazer uma apresentação na nossa Capital. Completou: "Quero me apresentar em Brasilândia!" Diante do silêncio das pessoas e da interrupção de uma senhora que disse "Brasília", o humorista esclareceu: "É que até lá Juscelino voltou. E voltando ele faz outra!"

Assim era naqueles tempos... No dia 22 de agosto de 1976, há exatos 49 anos, morria o "pé de valsa" Juscelino, médico da Polícia Militar, mineiro de Diamantina e sobretudo político com mandato de deputado federal, senador, governador de seu Estado Natal e presidente da República de 1956 a 1961. Enfrentou tempos difíceis, uma revolta comandada por militares que queriam dar golpe de Estado e conseguiu desmantelar a aquartelada de Aragarças, também conhecida como "Revoltoso do Veloso" e que sobreviveu de 02 a 04 de dezembro de 1959. Então cometeu um erro crasso: anistiou parte dos amotinados em fevereiro de 1956. Ele já havia sobrevivido a uma tentativa de ameaça ao Estado Democrático e de Direito em 1955 e foi convencido a anistiar os militares de 1959 como uma atitude "conciliatória". Fez isso e muitos dos que foram salvos de Araguarças estavam presentes cinco anos depois no Golpe de 1964 contra João Goulart...

Não se anistia golpistas!

A preocupação de Geisel era justificada. Sem poder impedir que o corpo de Juscelino fosse sepultado no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, foi obrigado a ver a multidão de brasileiros que se acotovelaram em torno do local onde estava o corpo, na missa da Catedral de Brasilia (primeira foto) e depois na ida até o cemitério. Todos cantavam a música preferida do ex-presidente: "Como pode um peixe vivo viver fora da água fria; como poderei viver, como poderei viver, sem a sua, sem a sua, sem a sua companhia".

Tempos depois, mais uma vez os milicos da ditadura tiveram crises de chilique quando foi inaugurado o Memorial JK, onde estão hoje os restos mortais do ex-presidente (foto logo acima). Os governantes viam na obra de Oscar Niemeyer uma foice e um martelo... E, pior do que isso, o sacana que criou a Capital mais bonita que existe no mundo ainda ergueu aquele memorial de modo a que os militares o vissem no Eixo Monumental...

Mas Juscelino nunca foi de esquerda. Nem de direita. Político de centro, era um conciliador que adorava ficar nos braços do povo. Populista na forma não demagogica do termo, fez de sua vida uma obra perene. Deixou um legado. E, ao mesmo tempo, esse alerta: não se anistia golpistas. Ele diria isso hoje, se vivo estivesse. Mas iria preferir cantar "Peixe Vivo".

02 de setembro vem aí! 

21 de agosto de 2025

E enquanto a caravana passa...


E enquanto a caravana passa, áudios e mensagens terríveis envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo e o "pastor" Silas Malafaia se tornam públicas. Os conteúdos são tão estarrecadores que nem vale a pena discutir se deveriam ou não ser divulgados.  

Além disso, os últimos acontecimentos do Brasil envolvendo a tensa relação entre nosso país e os Estados Unidos, hoje, tem de tudo. Desde dois pousos em terras brasileiras de um Boeing 757 adaptado (foto dele em POA) - o mesmo modelo que o presidente Trump usa em seus deslocamentos pessoais - até a estranha figura de um pastor protestante, desses dos esquemas de muito dinheiro arrecadado, que sai de casa à noite usando peruca e calcinha para "investigar" sabe-se lá que coisas. Ele, por sinal, é ligado ao mesmo Malafaia da abertura desse texto. Esses fatos, o inusitado e o grotesco, alimentam a central de factóides encarregada de fazer os dias atuais terem alta voltagem em todos os sentidos.

O avião, dizem os investigadores e o nosso Governo, é preparado para missões quase secretas. E muito idiotas, pois o fato de ele não ter nenhum tipo de identificação além da cor totalmente branca da fuselagem faz com que qualquer um o veja com suspeitas, como aconteceu em Porto Alegre e Guarulhos, por onde passou em seu rápido périplo pelo Brasil. "Transportava diplomatas", disse em nota nosso governo, e veio autorizado para pousar e decolar em aeroportos internacionais pelo Ministério da Defesa. OK! Se tivesse um "CIA" escrito na fuselagem despertaria menos suspeitas. Poderia ser também "Agente Secreto dos EUA", e geraria maior frissom. Isso, se esse frissom era a intenção.

Com toda a certeza o pastor que usa calcinha e peruca à noite teria um prato cheio para descobrir do que tratou tão incomum e desconfortável visitante. Isso caso ele, segundo consta uma pessoa próxima do "religioso" Silas Malafaia, aceitasse falar sobre suas atividades que já geraram memes os mais variados,(como esse publicado logo abaixo). Seria a oportunidade de mostrar que é realmente um bom investigador...

Isso não elimina o fato de que vivemos, nós, as américas e o restante do mundo, dias de profunda incerteza diante do quadro pintado pelo sociopata presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pretende dobrar a humanidade a seus pés. Estará ele apenas blefando enquanto ameaça a todos? Terá mesmo a intenção de atacar com força como faz em Gaza e por intermédio do governo sionista de Israel?

Inusitados e grotescos colocados de lado, há navios de guerra dos Estados Unidos próximos a águas territoriais da Venezuela, aparentemente para amedrontar. No caso do Brasil, a pressão reveste de maior perigo  o campo financeiro e os prejuízos podem ser contabilizados em diversos setores como, desde a manifestação do ministro Flávio Dino sobre não sermos obrigados e cumprir determinações de governos estrangeiros, na área dos bancos que temem sofrer retaliações financeiras em dólar caso os norte-americanos decidam mesmo atacar sem limites a economia de um país e um governo que não aceitam rastejar e submeter seu Poder Judiciário a uma potência estrangeira, tenha ela o tipo de capacidade de destruição que tiver. Como é esse o caso atual.

Ajudando a aumentar o nível de tensão, o Brasil ainda tem que suportar o baixo nível de ataques que chegam do exterior via brasileiros homiziados nos Estados Unidos ou então de governadores ditos de direita, todos pré-candidatos à presidência da República (sic!), e que discursam procurando legitimar as agressõoes e chantagens sofridas hoje por todos nós, como se isso pudesse ser justificado. Um deles, que governa São Paulo, chegou a sugerir darmos "uma vitória" a Trump porque ele gosta disso, vive disso. Pior não pode haver...

Ainda vamos superar tudo, recuperar os prejuízos e voltar a manter relações diplomáticas normais, aceitáveis com os Estados Unidos, país com o qual o Brasil se relaciona com altos e baixos faz dois séculos e cujas relações, hoje, tenderiam a alcançar um quadro de igualdade no campo das trocas comerciais. Tomara aconteça porque o jogo de "perde-perde" também é ruim para eles, pois suas empresas estão sofrendo reveses.

Mas essa volta das relações normais com o vizinho do Norte não deve acontecer a tempo de ser evitada a destruição total da Faixa de Gaza, o que acontece todos os dias, a todas as horas e é mostrada em nossas TVs. O mundo ainda vai ter que se responsabilizar pelo fato de haver cruzado os braços enquanto o sionismo promovia o maior genocídio do século XXI e a maioria de nós se acovardava diante de Benjamim Netanyahu e seu séquito criminoso abastecido com armas de última geração entregues pelos Estados Unidos.

E enquanto a caravana passa, Malafaia é parado no aeroporto voltando de Lisboa, tem passaporte retido e não pode mais viajar. Vai precisar gritar só mesmo por aqui. Talvez seu amigo de calcinha e peruca o ajude a tentar evitar vexame maior. Bolsonaro e Eduardo provavelmente vão dispensar essa ajuda. Provavelmente, digo eu.

Dia 02 de setembro vem aí...     

      

18 de agosto de 2025

As fronteiras da honestidade

Com o intervalo de menos de um dia, o filho Carlos, de Jair Bolsonaro e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de  Morais, deram declarações púbicas que os definem. O primeiro disse que os governadores de extrema direita política do Brasil são ratos. O segundo, que não pretende recuar um milímetro na sua missão de julgar os criminosos da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023. Carlos conhece bem os esgotos onde vivem os ratos, de modo que é difícil questioná-lo. Moraes sabe qual tarefa tem pela frente e que não pode recuar de forma alguma. Para o Supremo isso é uma questão de respeito às fronteiras na honestidade e elas não cabem nos esgotos. 

Estamos vivendo esses dias singulares como nunca vivemos outros antes. Pela primeira vez na história o nazifascista eleito presidente dos Estados Unidos tenta manipular um julgamento no Brasil para favorecer sua cópia carbono brasileira. Usa de tudo para conseguir o intento, inclusive os préstimos de inocentes (?) úteis domiciliados nos Estados Unidos e que tentam de todas as formas sabotar o Brasil, seu país de nascimento. Não fosse o governo dos EUA estar entregue à corja que hoje habita a Casa Branca, isso não seria possível. Mas infelizmente a realidade está aí agredindo a todos nós.

Não tenho dúvidas de que o julgamento dos criminosos de 08 de janeiro vai transcorrer como deve acontecer. Só não é possível ir além do que o ministro Alexandre de Moraes disse ao The Washington Post. Pode ser que a sanha criminosa do atual governo ianque invista ainda com mais força contra o Brasil. Que seja! Haja o que houver, aconteça o que acontecer, custe o que custar, a Justiça seguirá em frente. É vital para nós, extirparmos da vida nacional o vírus do golpe de Estado que nos assombra desde a implantação da República, surgida nos extertores do século XIX e com a deposição de um imperador.

No final de semana mesmo pude ler no site ES360 texto do competente jornalista Vitor Vogas e no qual ele avalia o quadro das eleições ao Senado pelo Espírito Santo. Aqui os candidatos favoritos são o governador Renato Casagrande (PSB) e o senador Fabiano Contarato (PT). Ambos são prováveis vencedores (foto de ambos, de A Gazeta). Isso é excelente. Embora uma filha do senador Magno Malta também surja como boa aposta, ela significaria o transbordamento do esgoto político capixaba. Apenas isso. Um outro personagem, o vereador Leonardo Monjardim, infelizmente da Academia Espírito-santense de Letras (AEL), aparece com pífias possibilidades de eleição. Ótimo, porque esse senhor, que já foi até personage do PT capixaba é um mero nadador político em busca de ancoradouro.

Nas eleições de 2026 não bastará que a política responsável vença no Espírito Santo. Será necessário isso acontecer na maioria dos Estados, pois no Sul e em Goiás existe o risco de a extrema direita obter cadeiras. Em São Paulo, hoje, é vital tirar de Brasília os representantes do governador Tarsício de Freitas, aquele que não vê R$ 1 bilhão sendo desviados da Secretaria Estadual de Fazenda em golpes seguidos contra o contribuinte.

A eleição para o Senado em 2026 é de suma importância porque o projeto da extrema direita política brasileira é alcançar a maioria absoluta naquela Casa para destruir a democracia, a começar pelo Supremo Tribunal Federal, que teria sua composição modificada e talvez ao menos o ministro Moraes cassado por cumprir seus deveres constitucionais. Para isso serviriam os candidatos capixabas como Maguinha Malta (PL), Leonardo Monjardim (Novo), Sérgio Meneguelli (PSD), Wellington Callegari (DC), Evair de Melo (PP), Carlos Manato (PL) e Marcos do Val, por outra sigla que não seja o Podemos. Ainda falta muito tempo até as eleiçoes, mas nossa democracia depende delas para sobreviver.

O julgamento dos criminosos de 2023 começa no dia 02 de setembro. Vamos ver ao vivo e a cores aquela súcia de golpistas sentados no banco dos réus proclamando inocência, o que só é possível nas democracias que eles repudiam tanto. Tomara a Justiça seja feita e o golpismo do Brasil acabe definiticamente derrotado, como deve ser. Teremos tempo para respirar e preparar terreno com vistas às eleições de 2026. E viveremos esse tempos com a esperança de iniciar um novo período de honradez política no Brasil, o que não haverá caso o nazifascismo moderno tome a Praça dos Três Poderes, em Brasília.      

14 de agosto de 2025

O projeto nazifascista de Trump e Netanyahu


Na última terça-feira o governo Donald Trump anunciou que pretende iniciar uma revisão das exposições atuais ou futuramente planejadas da Smithsonian Institution, analisando seus textos e murais, sites e redes sociais "para avaliar o tom, o enquadramento histórico e o alinhamento com os ideais americanos" segundo o comunicado feito e que salienta querer ver o instituto focando sua imagem em consonância com a do presidente atualmente na Casa Branca. Como sempre, foram ameaçados o cancelamento de verbas federais e outras formas de apoio a essa instituição que administra 21 museus dos Estados Unidos, além de preservar um acervo de valor incalculável relacionado à história daquele país.

Eis Hitler sendo revivido em mais um projeto nazifascista!

Logo o Smithsonian retirou de pesquisas que podem ser acessadas os textos relacionados às tentativas de impeachment contra Trump. Prometeu resistir a todos os ataques futuros, mas talvez não possa sobreviver sem as verbas governamentais e venha capitular. Isso significa reescrever a história norte-americana que, por si só, não é digna de meritos ao longo de séculos de tentativas de dominação mundial. Assusta-me ler um dia: "George Washington, antevendo a existência, no futuro, do verdadeiro pai da Nação, Donald Trump, realizou o sonho da independência". Não riam, é improvável mas isso é possível no país onde se cogita mudar o nome do "John Kennedy Center", em Washington, para "First Lady Melania Trump Center".  

Esse assunto remeteu-me à monumental obra "Como as democracias morrem", de Steven Levitsky (imagem na bertura do texto) e Daniel Ziblatt. Merece ser lida por todos e nos faz compreender melhor como surgiram e obtiveram poder indivíduos como Adolf Hitler, na Alemanha e Benito Mussolini, na Itália, além de seus seguidores atuais incorporados em gente como Trump, nos Estados Unidos e Benjamin Netanyahn, no estado sionista genocida de Israel, gravitados por figuras menores como o ditador da Hungria. O sionista, hoje, comanda o maior genocídio do século em Gaza, amparado e financiado pelo norte-americano, mostrado ao vivo pela TV e tolerado pelo que ainda sobrevive do conceito de concerto das nações nascido das cinzas da Primeira Guerra Mundial.  

Steven Levitsky, para quem não conhece, é professor da Universidade de Harvard, cientista social de renome internacional e recentemente fez palestra no Brasil com o tema "Democracia, Judiciário e os desafios da atualidade". No seu livro ele alerta que "as democracias atuais não terminam  com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas – como o judiciário e a imprensa – e a erosão gradual de normas políticas de longa data". Essa é a receita resumida da tragédia!

Por isso não apenas os meios de Comunicação, mas também o Poder Judiciário é alvo desse pensamento e de seus seguidores, como acontece também hoje no Brasil onde hordas de neofascistas tentam de tudo para inviabilizar os julgamentos dos responsáveis pela última tentativa de golpe de Estado por aqui, sobretudo e principalmente a possível e provável prisão do genocida inelegível Jair (Falso)Messias Bolsonaro.

O Brasil está sob ataque dos Estados Unidos, que tentam de tudo para inviabilizar o atual governo porque ele torna impossível a volta ao poder desse Jair. Trump precisa dele muito mais do que de Javier Milei pela expressão internacional e poder econômico do nosso país. Sem Bozo na presidência fica muito mais difícil para o homem da Casa Branca balançar sua peruca loira nas entrevistas, retirando autorizações diplomáticas de ida aos EUA de parte das nossas autoridades, bem como aumentando tarifas de exportação sem justificativa econômica e legal alguma a não ser a vontade de intervir internamente no Brasil, o que é feito graças à ajuda de criminosos como Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo.

Por sinal, já passou a hora de eles virarem réus.

E a Justiça seguirá em frente para julgar os criminosos das tentativas de golpe de Estado culminadas em 08 de janeiro de 2023, haja o que houver, ocorra o que ocorrer e custe o preço que custar.             



12 de agosto de 2025

A lei do vale tudo


Quando jovem, um dos meus sucessos da velha televisão brasileira, aquela dos cinescópios,  era um programa chamado telecach. Espécie de luta livre do tipo vale tudo e que todo mundo sabia ser combinada, mas mesmo assim dava audiência. A diferença dela para o vale tudo que o Congresso Nacional quer criar agora é que nos tempos passados só ganhava o "mocinho". O "bandido" sempre perdia na final, de preferência para o galã das fãs, o lutador Ted Boy Marino. Convenhamos: era uma brincadeira para lá de inocente! Agora, não.

Hoje temos que conviver com isso que está na foto aí acima: alguém em Brasília plantou essa placa nas proximidades do Congresso Nacional e onde se lê com todas as letras que no lugar onde "trabalham" nossos eleitos deputados federais e senadores existe formação de quadrilha, é praticada corrupção ativa e esse é, agora, o grande acordo nacional. Que triste verdade! Que horroroso fato com o qual nós, brasileiros, convivemos diariamente.

Nos últimos dois dias estão todos eles em Brasília tentando um meio de os baderneiros da semana passada que ocuparam Câmara e Senado por mais de 30 horas não sofrerem punição alguma por seus atos. Isso, como se esse germe do golpismo não passasse de uma gripezinha, como dizia alguém hoje preso. Paralelamente a esse esforço hercúleo, vossas excrescências também estão tentando um meio de sepultar as investigações sobre o uso desonesto das emendas parlamentares, o que hoje está virando um modus operandi no Congresso Nacional. Ameaçam até mesmo aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para adaptar a Constituição Cidadã de 1988 aos ditames da quadrilha de engravatados desonrados que querem continuar o baile sem máscara do roubo do dinheiro público pago como impostos.

No caso da baderna do Legislativo, estão na mira (?) da Corregedoria e do Conselho de Ética individuos como Nikolas Ferreira, Sostenes Cavalcanti, Allan Garcês, Bia Kicis, Carlos Jordy, Caroline De Toni, Domingos Sávio, Marcos Pollon, Marcel Van Hattem, Marcos Feliciano, Paulo Bilynskyj, Zucco e Júlia Zanatta, esta última tendo levado ao plenário a filha de apenas quatro meses. Falta Magno Malta, do Senado... Foram sucedidos por uma reunião de governadores bolsonaristas onde pontificaram, comandando discursos golpistas, Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Ronaldo Caiado (Goiás), Mauro Mendes (Mato Grosso), Ratinho Júnior (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Wilson Lima (Amazonas). Que turminha...      

Tudo isso é feito com a ajuda à distância do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que se julga imperador do mundo e é assessorado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Dudu Bananinha. Aliás, sobre esse governante a ex-vice presidente Kamala Harris, que perdeu a eleição para a horrorosa figura, disse em entrevista bem recente que não a assusta o fato de ter acertado quando disse que o eleito não respeitaria as leis, afrontaria  a tudo e a todos, cortaria legislações de proteção à saude e tudo mais. O que ela lamenta não ter podido prever foi a capitulação de todos diante desse quadro inédito e ditatorial.

Também não pude prever!

Da mesma forma como não sabemos ainda de onde vieram os R$ 50 milhões que foram bloqueados das contas bancárias do senador Marcos Do Val. Aposto que é dinheiro nosso, de impostos recolhidos e tornados emendas parlamentares para a farra geral!

E dessa "festa de arromba", como se dizia na  minha juventude, vive hoje o Congresso.     

10 de agosto de 2025

O golpista mora ao lado


Quando o presidente dos Estados Unidos incentivou suas hordas a invadirem a maior casa legislativa do país para não reconhecer a vitória de Joe Biden ele mostrou a que veio, o que pensa e até onde é capaz de chegar. Hoje, tentando de todas as formas solapar a democracia brasileira deixa claro ser um golpista que pretende usar o poder militar de seu país para subjugar a todos. Até quando vai conseguuir isso impunemente?

Na semana que passou hordas de criminosos montados em seus mandatos parlamentares brasileiros tomaram de assalto a Câmara e o Senado da República para tentar impor ao Pais uma anistia que somente eles aceitam e a prisão, vejam só, do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que está levando adiante a dura tarefa de processar os vândalos que tentaram um golpe de Estado brasileiro em 08 de janeiro de 2023. Fizeram o diabo e paralisaram o Poder Legislativo por 30 horas. Agora querem não pagar por isso.

Entre 1964 e 1985, só para lembrar aos mais esquecidos, o Brasil viveu uma ditadura militar implantada aqui com apoio decisivo dos Estados Unidos que enviaram até mesmo força naval para nos pressionar a aceitar o golpe contra o então presidente João Goulart. Deu certo porque era época de guerra fria e o discurso de combate ao perigo comunista caia como uma luva nos anseios de então. Hoje não há mais esse discurso, mas mesmo assim o presidente dos EUA quer chefiando o poder no Brasil sua marionete preferida.

Por sorte nossa temos hoje um país de instituições democráticas sólidas e que têm resistido bem a essa pressão toda que começa pela familícia Bolsonaro, terminando na Casa Branca. Mas já é hora de pensar: os Estados Unidos nem sequer nomearam embaixador no Brasil até agora. Não seria o caso de se imaginar se essas relações precisam ou não serem repensadas? Não digo rompidas, mas discutidas pelo Itamarati. E os atos criminosos praticados por deputados federais e senadores tomando de assalto o Congresso não merecem um tratamento mais drástico? Uma suspensão imediata de mandatos? Caso contrário, vira e volta será ameaçado um golpe de Estado por aqui, mesmo de forma mambembe.

Isso não é brincadeira, gente. E quem apoia os atos criminosos de bolsonaristas nos dias atuais está pedindo para que o Brasil seja quintal de nosso vizinho do norte. Não pode e não deve ser assim. Somos soberanos para nos relacionar politicamente com eles e com mais quem quisermos. Sem ingerência externa de espécie nenhuma. Basta lembrar que depois de não conseguir fazer sua sucessora o ex-presidente Joe Biden recolheu-se e não mais deu palpites. Assim funcionam as democracias, mas apenas para os democratas.

A foto que abre esse texto nos revela o tipo de gente que foi colocada no Poder Legislativo Federal para representar os brasileiros. Esse estereótipo de esparadrapo na boca foi inaugurado na década de 1930 por Adolf Hitler quando preso depois de tentar um golpe na Alemanha. "Denunciava" que estavam tentando silenciá-lo para caçar a liberdade do povo daquele país. Todos sabemos o que aconteceu em seguida...    

6 de agosto de 2025

O fantasma de 80 anos

Às 08h15m de 06 de agosto de 1945 (no horário de Tóquio), passados hoje exatamente 80 anos, o bombardeio Boeing B-29 de nome Enola Gay lançou sobre a cidade japonesa de Hiroshima a primeira das duas únicas bombas atômicas utilizadas até hoje em guerras (foto ao lado). O comandante era o piloto Paul Tibets e o nome do avião homenageava sua mãe. De imediato morreram 60 mil pessoas naquela cidade. Três dias depois, em 09 de agosto, seria a vez de Nagazaki receber o segundo e último ataque nuclear com cerca de 40 mil mortos na hora.

Ao longo dos dias e anos, vitimados por cânceres provocados por radiação ou então queimaduras severas, milhares de outros também perderiam a vida. Hoje, quando em grande parte do mundo, o que inclui o Brasil, hordas de neonazistas lutam pela tomada do poder em países importantes, é preciso lembrar isso. E recordar, sim, para não acontecer mais. Nunca mais!

Cito ao menos uma ironia do destino ligada àqueles dias terríveis. Depois do bombardeio de Hiroshima, quando os japoneses foram pegos totalmente de surpresa, o governo decidiu proteger os cientistas que haviam sobrevivido ao ataque, já que a cidade vítima era um polo industrial e de fabrico bélico, e os enviou todos no último trem que partiu para Nagasaki... Incrível, mas houve um homem que sobreviveu aos dois eventos.

O atual presidente dos Estados Unidos, o neonazista Donald Trump, comanda a maior e mais poderosa nação da atualidade representando o movimento "Maga". Montado num arsenal inimaginável, ameaça a tudo e a todos com sua política de tarifas. Foi triste vê-lo anunciando pela TV o acordo (ou seria a capitulação?) com a União Européia ao lado de uma Ursula Van Der Laen visivelmente constrangida, quase cabisbaixa. Isso diante de todo o mundo que ainda não parou para pensar que poder algum pode resistir e um planeta todo unido contra ele.

O risco de um novo evento atômico mundial existe hoje mais do que nunca. Ao lado de Trump estão figuras detestáveis como Benjamin Netanyahu, de Israel e outros nazifascistas menores. Alguns, como a italiana Giorgia Meloni preferem manter os pés no chão e esperam os tempos ficarem mais claros antes de botar ou não as garras de fora. Outros nada têm a perder. Esses talvez sejam os mais perigosos.

Nesse grupo estão o preso Jair Messias Bolsonaro, que jamais deixou de sonhar com um golpe de Estado, sua familícia grande e ativa e as hordas de bolsonaristas, extremistas de direita brasileiros e que sonham com uma nova aventura fora dos limites das leis em vigor. Agora mesmo - que coisa ridícula - eles estão no Congresso Nacional, esparadrapo nos lábios e outros pontos das faces, para exigir a anistia aos criminosos de 08 de janeiro de 2023 e o impeachmet do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal e que tem, reiteradamente, impedido o desrespeito à Constituição Cidadã.

O prícipe Yi U
Vou tocar apenas em mais um ponto relativo ao 06 de agosto de 1945: Morava em Horoshima o príncipe coreano Yi U, que apesar de seu local de nascimento era tenente-coronel do Exército Imperial Japonês por ser primo do imperador Hiroito. Apaixonado por cavalos, ele todo dia montava seu alazão predileto para um passeio pela cidade. E estava fazendo isso justamente no momento da explosão da bomba "Litle Boy". Havia, por trás de onde ele passava, uma parede forte, de pedra. Quando o que sobrou da cidade foi sendo investigado descobriram impressa naquele lugar a figura de um homem montado a cavalo. Nada mais foi achado dele e de seu animal a não ser aquela imagem estampada por cinzas lançadas contra a pedra.

Esse é o resultado das guerras nucleares. Uma próxima não terá vencedores, apenas vencidos. E é necessário dizermos isso àqueles que nos representam, e mal, junto aos poderes da nação. Ontem mesmo um senador capixaba que havia "tomado" a mesa diretora do Senado, discursava para seus podres iguais que o STF brasileiro não estava respeitando a Constituição dos Estados Unidos... Dos Estados Unidos, repito eu e pasmem! Ele tem pouca culpa. A responsabilidade maior cabe a nós que o elegemos para um cargo como esse sem que tenha condições intelectuais, éticas e morais de ser sequer fiscal de gafieira.

É preciso tomar cuidado antes de votar. Eis o dano do voto mal dado! O fantasma de 80 anos está aí mesmo para nos assombrar todos os dias, todas as horas.