Representantes das diversas centrais sindicais em seu palco preferido |
A parca adesão, semana passada, da população à greve geral das centrais sindicais é um dos frutos desse erro: os sindicatos brasileiros e suas centrais são hoje confundidos com partidos políticos. E como estes últimos são as instituições menos respeitadas pelos brasileiros, uma coisa contamina a outra.
Não acredito que a questão sindical vá prejudicar o movimento de protestos que nasceu com a juventude brasileira e se espalhou País afora, distante de partidos políticos e sindicatos. Mas hoje, se esse monte de siglas de centrais quiser efetivamente ajudar o movimento de reformas, pode fazer apenas uma coisa: ficar distante da garotada, do brasileiro comum que vai às ruas protestar sem ter em mente a conquista imediata de um espaço ou cargo político para chamar de seu.
Tenho dito que o brasileiro não deve se dispersar. Bem como não pode aceitar provocações e participar de atos criminosos. Deve continuar a fazer o que vem fazendo: denunciar. Sobretudo e principalmente a classe política que vive num mundo à parte, separado da realidade, acumulando privilégios e vantagens. Agora mesmo vários deputados federais e senadores disputam lugares num voo da FAB para ir ao Rio de Janeiro com o nosso dinheiro ver a missa que o Papa Francisco vai rezar.
Católicos de todo o mundo, uni-vos: vamos dar uma sonora vaia neles. Vamos vaiar até não poder mais.
E lutar. E sempre continuar lutando, principalmente num momento em que, quando a gente pega a nota fiscal depois de uma compra, vê o peso dos impostos. Mais do que isso: sabe para onde vai esse dinheiro e que ele vai para onde não deveria ir. A corrupção do Brasil é endêmica e só pode ser derrotada com luta.
Uma democracia não se faz sem sindicatos. Mas não são esses e nem essas centrais sindicais que queremos. Uma democracia não se faz sem partidos políticos e seus filiados. Mas não são os partidos que temos e os políticos que eles elegem os que queremos. Podemos mudar isso tudo com a decisão, o engajamento e a disposição mostradas desde o início dos protestos no Brasil.
Vamos construir um País novo, digno, que nos represente. Nas ruas, todos os dias, protestando, mostrando cartazes e lembrando aos maus políticos: as eleições estão por chegar. E os senhores, por partir.
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