16 de fevereiro de 2025

Fechem as portas do inferno

Recordo-me como se fosse agora de que o presidente Lula certa feita disse querer receber críticas e não ficar cercado por puxa-sacos como está acontecendo hoje. Já fiz isso uma vez e vou fazer novamente porque acredito como quem crê na morte que se esse presidente for derrubado nós estaremos abrindo as portas do inferno. E de forma tão eloquente como jamais foi nem nos piores momentos da sanguinolenta ditadura militar 1964/1985.

Aliás, o termo "porta do inferno" tem origem religiosa. Pode se referir a Hades, o reino dos mortos, ou então à promessa que teria sido feita por Jesus de que a Igreja não seria derrotada pelas forças do mal. Nas mitologias da Grécia e de Roma, Hades, também chamado de Plutão, era um deus que governava o submundo. Então, as portas do inferno ou "as portas de Hades" significavam esse poder. Já na Bíblia o
pensamento se refere ao reconhecimento de Simão falando de Jesus como "o Cristo". E este lhe revela: "E eu digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

Faço esse início nada agnóstico como sou para argumentar que quem hoje sonha com o autoritarismo político embutido em falsos discursos moralistas e religiosos tenta reviver os idos da ditadura militar nos seus piores momentos! Os discursos de "liberdade de expressão" e outros são balela pura. Todas essas pessoas conviveram com o pior do autoritarismo politico brasileiro e querem fazer voltar a época como vingança e para que ela seja muito mais aguda e desprezível do que foi em tempos passados. Os Estados Unidos mostram como é isso no início do governo Trump e no desmonte daquela democracia de dentro para fora com o ataque a todas as instituições.

Lula está cercado por pessoas que buscam isolá-lo da realidade. Por isso sempre que pode fala de improviso e sobe a cada dia mais degraus na escada do populismo. Essa longa escadaria costuma ser precedida por outra que desce e leva ao reino dos mortos, onde está Hades. Ele, o presidente, não vê isso porque o entorno não deixa e lhe cria um efeito de redoma atuando como falso escudo protetivo. Mas o antigo metalúrgico está cercado de hienas.

Ontem mesmo eu disse que o presidente não tem contato com a juventude e isso é muito mal. Péssimo. Principalmente porque a cada dia que passa mais o cerco contra ele se fecha na busca por espaços num governo enfraquecido. Até Arthur Lira, essa decrépita figura já almeja um cargo de ministro, e da Agricultura, por que não? A expectativa do butim assanha todo o grupo de hienas de Brasília quando esta sente cheiro de carniça. Usam de movimentos em torno de um impeachment, mas querem mesmo ficar à sombra do poder, pois nessa posição é bem mais fácil subir nele. Está ali mesmo o tronco da árvore frondosa...

Há tempo para reação. Para um corte mínimo em despesas, ainda que isso toque em programas caros ao presidente, para um contato mais constante e sincero com a população sem o recurso do populismo barato, para uma reforma mínima e digna do ministério e para um combate efetivo às mentiras que assolam o Brasil com a única e clara intenção de destruir tudo o que está à frente, inclusive as vindas dos Estados Unidos. À frente de nós está o futuro daqueles que realmente querem construir um país de instituições fortes e firmadas com a Constituição de 1988. 

Vivi a ditadura e sei como ela se comporta. Fechem as portas do inferno.            

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