16 de janeiro de 2019

"SISTEMA $"

Não há como negar uma evidência tão clara como essa: o chamado SISTEMA S, as nove entidades privadas ligadas a setores empresariais, todas chamadas de "Serviço", embora posem de prestadoras desinteressadas de serviços, na verdade faturam muito e vivem à custa do dinheiro público. Mais do que isso: raramente prestam contas do que gastam, e quando o fazem o fazem de forma genérica.
Atualmente, entidades como SESI e SENAC - para ficarmos somente nessas duas - cobram, e cobram caro, pelos cursos que oferecem. O SESC no passado tinha restaurantes populares para atendimento a comerciários e que cobravam apenas um valor simbólico pelas refeições. Fecharam.
Os hotéis que o sistema mantém, sobretudo os ligados aos diversos SESC, cobram diárias nada modestas a seus associados. Em alguns casos chegam a competir com a hotelaria privada. Miseravelmente os preços praticados cobrem os custos de manutenção. Mas mesmo assim o SISTEMA S recebe bilhões de reais de repasse de dinheiro público para que esse montante seja revertido em favor dos trabalhadores. Portanto, eles não deveriam pagar nada. Mas pagam. Os cursos de capacitação mantidos pelo sistema, salvo exceções, são todos cobrados. E em valores elevados.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC), que comanda o sistema "C" (SESC, SENAC), há décadas é dirigida pela mesma pessoa e grupo. No Espírito Santo, o presidente da Federação do Comércio renova seu mandado ininterruptamente. O jornalista Gutmann Uchoa de Mendonça, amigo pessoal do presidente da CNC, Antônio Oliveira Santos, dirige o SESC Espírito Santo há cerca de quatro décadas. Não é segredo para ninguém que o verdadeiro representante da Confederação no Estado é ele. O presidente da Federação, José Lino , na verdade é um seu subordinado.
Sepulcri
Isso destoa das outras confederações, onde as eleições são feitas para valer, não raro com candidaturas de oposição e campanhas políticas acirradas. No Comércio tudo é uma ação entre amigos. Sem mudança de orientação, o sistema não gera sínteses novas, projetos de impacto.
O SISTEMA S usa dinheiro do governo para seu proveito próprio e não para os trabalhadores. Desde que o novo Ministro da Fazenda anunciou redução das verbas federais houve uma reação. Nela é dito que os setores ficarão sem ter como manter muitas das suas atividades. É mentira. No máximo vai sobrar menos dinheiro para as obras faraônicas - o Espírito Santo é mestre nelas - que jamais têm prestação de contas sobre como é usado o meu, o seu, o nosso dinheiro de impostos injustos.
O que nós temos é um "SISTEMA $". E ninguém aguenta mais pagar o pato.       

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