22 de março de 2025

100 anos de horror revivido


Talvez não tenha sido Adolf Hitler o primeiro a descobrir o valor da propaganda no universo político, mas certamente foi ele quem explicitou melhor o tema e o colocou em seu livro Mein Kampf  (Minha Luta), que está agora completando um século após ser lançado na Alemanha em julho de 1925. Trata-se do maior compêndio já escrito sobre ódio, megalomania, antissemitismo, ressentimento, xenofobia, apologia da violência e outros "atributos". O autor acreditava estar iniciando o Reich de mil anos, mas só ficou no poder de 1933 a 1945. Pouco tempo? Não, o suficiente para exterminar milhões de vidas e gerar outros milhões de filhotes espúrios, como é o caso de Donald Trump e aqueles que vivem, por exemplo, no Brasil e à sombra do psicopata Jair Messias Bolsonaro.

Trump, em pouco tempo na presidência dos EUA tentou várias vezes enfraquecer a Justiça de seu país, inclusive com propostas de impeachment de juízes, no que é amparado por seu melhor assessor, o sul-africano Elon Musk. A extrema direita nascida com Hitler e Mussolini precisa de um Poder Judiciário atrelado e subordinado ao Executivo e Legislativo para poder prosperar. Isso hoje acontece em vários países além dos Estados Unidos, como é o caso da Hungria de Viktor Mihály Orbán. Os extremistas de direita não são capazes de governar em democracias, mas somente em regimes de poder extremo. Nesses eles podem inclusive desconhecer o Legislativo para deportar para prisões de El Salvador as pessoas que não querem lá em seu pais, sem consultar ninguém. O que está sendo feito hoje mesmo.

É atribuído a Hitler o pensamento de que "qualquer cabo pode ser um professor, mas não é qualquer professor que pode ser um cabo", pois ele foi cabo do Exército Alemão na Primeira Guerra Mundial. Notem a "coincidência": Eduardo Bolsonaro, hoje fugido nos Estados Unidos, disse que para derrubar o Supremo Tribunal Federal (STF) bastaria apenas um Jeep, um cabo e um soldado. Ele é um dos filhos do projeto fracassado de ditador de aldeia Bolsonaro, que chegou a capitão do Exército Brasileiro antes de se envolver com sabotagens e ser reformado para não acabar expulso da corporação. Já defendeu publicamente torturadores da ditadura militar 1964/85, cuspiu em um busto do deputado federal Rubens Paiva, ameaçou e xingou colegas parlamentares, além de outras aberrações.

Trump agora ataca o funcionalismo público dos EUA porque quer ver a plutocracia norte-americana tomando conta de todos os ramos de atividade de seu país. Quer acabar com a pesquisa científica e a educação pública, pois nada disso o interessa posto que pode vir a contestar suas "verdades". Bolsonaro fez igual no Brasil durante seus quatro anos de desgoverno, quando produziu trocas de titulares na pasta da Educação, por onde passaram de Abraham Weintraub e Milton Ribeiro. Na Saúde, onde interessava a ele contestar as vacinas e patrocinar a cloroquina como meio de combate à COVID-19, nomeou o general da ativa Eduardo Pazuello, autor da frase "um manda e o outro obedece".

O reich de mil anos durou 12, mas o suficiente para espalhar o inferno sobre a terra. Como por exemplo em Israel onde a extrema direita judaica comandada pelo neonazista Benjamin Netanyahu está promovendo o genocídio dos palestinos diante de um poder mundial incapaz de reagir para deter os crimes de guerra cometidos contra estes e o povo do Líbano. Isso reforça em quem pretende continuar a luta contra a extrema direita política aqui e em qualquer outro lugar, a certeza de que o poder político mundial ainda vai continuar a assistir por muito tempo de braços cruzados a esse genocídio sem sentido.  

Nos Estados Unidos e onde quer que a extrema direita se manifeste, existe a certeza de que o combate a essa gente não pode parar. Bastou um Bolsonaro no Brasil para que os fascistas tupiniquins, antes encastelados na Frente Integralista Brasileira (FIB) saíssem de seu esgoto para voltar a tirar o sono daqueles que lutam por um Brasil de todas as suas correntes de pensamento democrático. Agora até mesmo manifestações claramente nazistas são vistas em terras brasileiras, sobretudo e infelizmente no Paraná e em Santa Catarina. Se as forças democráticas brasileiras não permanecerem atentas o extremismo de direita continuará sua ascensão, inclusive com novos personagens como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que participou de discursos pró Bolsonaro num domingo para três dias depois fazer manifestação em São Paulo elogiando a Justiça Eleitoral. Eles são assim.                        

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