25 de novembro de 2025

Clima de hospício

 

A imagem mostrando o ex-presidente Jair Bolsonaro na portaria da delegacia da Polícia Federal de Brasília (foto), para onde foi levar a mulher Michele depois visita de ontem, mostra que há muita coisa errada no Brasil atual, sobretudo quando se fala de leis e de seu cumprimento. Essa foi a primeira vez que vi um preso acompanhar seu visitante até a porta da prisão. Geralmente eles ficam nas celas, a não ser nos horários de visita ou banho de sol.

Mas não é só isso. Tentar tirar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda dentro de casa ao mesmo tempo em que o filho mais velho e mais malandro convoca vigília para a porta do condomínio onde ele estava é surreal. Aliás, passa disso. Por fim, os movimentos dos presidentes da Camara e do Senado provocando uma crise institucional grave com motivações torpes faz qualquer pessoa entender que todo esse conjunto de fatores tem um projeto escondido, mas definido. É um clima hospício, só que seu enredo está claro.

O presidente da Câmara entregou um projeto de lei antifacção governamental a deputado federal da extrema direita com o claro intuito de ver o texto descaracterizado. Modificado. Mutilado. E foi o que aconteceu. Já o do Senado ficou nervozinho porque o presidente da República exerceu uma atribuição sua sem consultá-lo e, ato contínio, pautou projeto de lei que custará uma fortuna aos cofres públicos sem que haja fonte de recursos identificada para tanto. É no mínimo uma vingança. Uma irresponsabilidade. Um enredo do hospício.

O exercício de cargos da importância dos comandos das duas casas legislativas federais exige compromisso público. Digo: com o interesse público, só com ele. E não que seus dirigentes se tornem falsos vestais e usem do poder que têm no exercício das funções para propósitos pouco claros. Ao presidente da Câmara faltou dizer logo no dia de sua posse: sou de extrema direita e pronto. Estou com o bolsonarismo e não abro. Ao do Senado: sou vingativo e se não me prestarem vassalagem o preço vai ser alto. Tudo ficaria claro.

O Brasil vive hoje tempos de insegurança e as hordas que desejam uma ruptura da ordem democrática visam o Poder Executivo e também o Judiciário. Elas nunca desistiram de dar golpe de Estado, de destruir a democracia do nosso país. Só não fizeram isso até agora porque não conseguiram, mas vão continuar tentando. A quadrilha que se forma no exterior, sobretudo nos Estados Unidos, mostra isso. Mostra também que os crimes contra o Estado Democrático e de Direito têm que ser punidos. Sem perdão. Sem anistia. 

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