
Parece Gaza, mas é o Rio de Janeiro. E a foto acima foi tirada durante o dia de ontem quando a antes Cidade Maravilhosa virou praça de guerra graças ao show de pirotecnia promovido pelo governador Claudio Castro, que depois de um imenso tempo de inanição política decidiu pegar a principal chaga de seu Estado e transformá-la num espetáculo de selvageria. Até agora pela manhã, além de quatro policiais, dois civis e dois militares, mais de 110 (132 até às 11 horas) pessoas foram mortas no ataque a dois bairros da cidade por 2,5 mil agentes convocados para isso pelo governador em campanha política. Destas, quantas delas eram pessoas sem vínculo com criminosos e que perderam as vidas?
Nas áreas carentes das cidades não vivem apenas membros de facções voltadas ao crime. Moram pessoas dignas que não têm condições financeiras para viver em Copacabana, no Leblon, Leme e outras regiões. Elas sobrevivem onde é possível. Onde cabem seus pequenos orçamentos. Muitas delas ontem não chegaram em casa ou tiveram que andar quilômetros a pé. E o governador que na calada de noite, sem pedir a participação de forças federais, trasnsformou a Capital de seu Estado em uma praça de guerra, seguiu a receita do presidente dos Eastados Unidos, Donald Trump, para quem criminosos são narcoterroristas.
E quem é o governador Cláudio Castro? Ele foi fotografado recentemente com o indivíduo PH Jóias (segunda foto), mistura de deputado federal e traficante de jóias que obteve o apoio do governador para chegar ao posto que ocupava na política de seu Estado. Um criminoso comum com mandato parlamentar. Isso acontece não somente com ele, mas com outros. A política é um dos espaços que o crime organizado ocupa sempre que pode. E isso não acontece apenas no Rio de Janeiro, mas em todos os lugares. Ironicamente, o movimento de invasão do espaço político por criminosos não é coisa das mais recentes. Se a gente olhar para a biografia dos nossos parlamentares, sobretudo os do espectro político de extrema direita, veremos isso acontecendo. Aqui no Espírito Santo por exemplo.Mas não acontece de uma hora para a outra. O crescimento do poder de fogo de organizações criminosas como Comando Vermelho, PCC e outras se dá aos poucos e com a presença de elementos ligados direta ou indiretamente à estrutura do Estado. O que são milícias senão parte de órgãos policiais vários cooptadas pelo crime? E são estes às vezes os mais crueis, pois invadem os bairros proletários e achacam a população obrigando-a a pagar "proteção", aluguel de espaço, sistema de TV a cabo, gás e outros serviços públicos que deveriam chegar aos cidadãos pelo custo normal que é cobrado aos demais?
E é preciso dizer também uma coisa que a maioria das pessoas está omitindo por esquecimento ou má fé: quem inundou o Brasil de armamento pesado foi o desgoverno de Jair Bolsonaro com sua política de compras indiscriminadas de armas, criação de grupos como CAC e outros. O que ele realmente queria com isso era criar milícias armadas, urbanas e rurais, para que essas o ajudassem a dar um golpe contra a democracia. Não deu certo, mas em compensação fez chegar armamento pesado ao CV e outros grupos ilegais.
O Comando Vermelho é uma organização criminosa e cresceu à sombra da omissão do Estado. Não é terrorismo, pois esse elemento político visa a detruiçao da estrutura dos países para que elas sejam substituídas por outra não eleita e conquistada pela força. Terrorismo é elemento político. Como tentou Jair Bolsonaro ao não aceitar o resultados das últimas eleições presidenciais do Brasil. Crer que um problema social brasileiro, mesmo extremamete grave, pode ser resolvido por uma guerra interna com uso de meios militares para depois extender sua atuação à estrutura do poder central que passaria a ser exercido acima da vontade da população é ato criminoso. Conhecemos como funciona. Cláudio Castro e outros não são a solução, mas sim parte do problema.

Um comentário:
Triste realidade
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