24 de junho de 2025

A banalidade ética da política

Estamos diante de um quadro triste no Brasil. A política exercida do país, tanto em nível municipal quanto estadual e sobretudo federal está se tornando de uma banalidade ética que agride a lógica e afronta os princípios do Estado Democrático e de Direito. Terrível: ao que tudo indica é isso mesmo o que se pretende no pior e mais rasteiro Congresso já eleito pelos brasileiros em todos os tempos. E são os políticos apoiadores da extrema direita quem sustenta o baixo nível mostrado todos os dias na Câmara e no Senado da República.

A filósofa alemã de origem judaica Hannah Arendt notabilizou-se pelo conceito de "banalidade do mal". Criou-o depois de acompanhar o julgamento do criminoso de guerra Adolf Eichmann em Ramla, Israel, e que o levaria à morte pela forca em 1962. Segundo ela, o Estado deve garantir liberdades individuais e jamais permitir que direitos humanos sejam afrontados. Então, o que aconteceu na II Grande Guerra com os massacres nazistas foi o resultado não da natureza do caráter das pessoas, mas sim de sua incapacidade de conhecer e julgar as situações, fatos, estruturas e o contexto do que viviam. Isso pode levar, como levou, pessoas consideradas normais a cometer atos monstruosos.

Ela transportou seu pensamento para o terreno da política onde destacou, dentre outras coisas, o perigo da mentira, especialmente quando se torna autoengano e faz o mentiroso se tornar vítima de suas próprias falácias. Arendt insistiu em que a política se baseia na pluralidade humana, na existência de múltiplos pontos de vista e na imperiosa necessidade de diálogo para a construção de um objetivo comum, ético. A moral política reside aí, onde não coabitam os fundamentos do extremismo de direita, pois este só sobrevive à custa de inimigos comuns. Podem ser os judeus, como no nazifascismo, podem ser os comunistas ou qualquer outro grupo de pessoas distantes de seus pensamentos baseados no ódio.

Hoje, por exemplo, o inimigo escolhido é o presidente da República, pois nele se colou o rótulo de "ladrão" embora nenhuma prova concreta sobre isso exista para ser mostrada. Esse fato aliado à realidade de o Brasil ter uma grande massa de cidadãos politicamente conservadores ou reacionários permitiu que nosso Congresso fosse formado por uma imensa maioria de indivíduos sem preparo algum para o exercício desses cargos, sem ética política, sem objetivos mais claros e movidas pela aversão aos que pensam diferente.

Para não nos alongarmos muito em exemplos que darão no mesmo destino, basta dizer que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pensa pedir o impeachment do ministro do  Supremo Tribunal Federal Flávio Dino (sic!) porque ele quer investigar a destinação dos bilhões de reais confiscados pelo Congresso para as emendas parlamentares e que hoje são usadas de forma indiscriminada, irresponsável e criminosa por deputados e senadores que utilizam os recursos do cidadão para favores pessoais e sua perpetuação no poder. Ou seja: o inimigo é a luta pela moralização do uso do dinheiro público. Arendt elaboraria um novo e mais duro estudo. Durma-se com um barulho desses...                    

                  

21 de junho de 2025

De novo no Supremo


Mais uma vez será necessário recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ser feita Justiça no Brasil. O Executivo pode buscar a Suprema Corte para defender nossos interesses, de novo penalizados por decisões absurdas do Legislativo. Desta vez, para atender a uma ínfima parcela de empresários, foi derrubado veto da presidência da República que impedia aumentos no valor das contas de luz. Com isso, empresários podem obrigar o Estado a contratar, dentre outras, leilão de térmicas a gás, mesmo sem necessidade, ao custo de R$ 20,6 bilhões, afora também pequenas centrais hidrelétricas (12,4 bilhões) e outros. O governo calcula em R$ 525 bilhões o impacto na conta de luz até 2040. E se houver vetos na lei das eólicas o ônus para o consumidor pode ser de R$ 1 trilhão.

Só há mesmo a opção de recurso ao Judiciário.

O Congresso capaz desse tipo de coisa aprovou cúmulo de aposentadorias com vencimentos mensais, o que ninguém mais tem direito. Também fez passar aumento no número total de deputados de 513 para 531 e mais todas as despesas que isso envolve. Não aceita rever emendas parlamentares e nem sequer que as patifarias decorrentes de pagamentos sem rastreio sejam investigadas pelo STF. Gasta milhões dos nossos caros impostos e só representa os interesses do grande capital como as BETs, agronegócio e super ricos, dentre outros que não querem abrir mão de nada, nem pagar Imposto de Renda. Se possível eles pretendem aumentar anda mais suas vantagens como, por exemplo, a de continuar usufruindo de isenções fiscais bilionárias em diversos setores da economia.  

Para tanto, além dos vetos que encarecerão em até 3,5 por cento a nossa conta de luz futura, esses parlamentares não aceitam o BPC e nem o aumento total de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e nem parcial para os que recebem R$ 7 mil porque isso significaria taxar os que nadam no dinheiro como Tio Patinhas, um de seus ídolos. Mas o pior pode estar por vir: a proposta de desvincular benefícios previdenciários como aposentadoria do salário mínimo. Havendo critérios diferentes de reajustes em breve poderá acontecer de aposentados receberem menos do que o mínimo previsto em lei.

É claro que esses malefícios legais jamais atingirão os membros do Poder Legislativo nem a nata do serviço público, mas aumentarão as dificuldades e quem sabe a fome da base da pirâmide social. A propósito disso o empresário Ricardo Faria, conhecido como "Rei do Ovo" criticou o programa Bolsa Família dizendo que ele tira as pessoas do trabalho, embora nada isso seja desmentido pelos fatos. E mais: o sujeito é contra o trabalhador ter direito a uma hora para o almoço durante a jornada diária de trabalho porque já viu, nos Estados Unidos, um operário comendo um sanduíche com a mão esquerda enquanto operava a máquina com a direita. Os Estados Unidos são a meca de araque para a maior parte de nossos sonhadores.

O brasileiro precisa acordar. E ver, dentre outras coisas, como se comportam aqueles "legisladores" da extrema direita política como o deputado mineiro Nikolas de tal, surpreendido em Tóquio com um grupo de amigos logo depois de votar contra os interesses públicos. Gastando dinheiro ganho de que maneira? Ou então o governador e o prefeito de São Paulo, que foram à Marcha para Jesus "vestindo" bandeiras de Israel. E eles sabem muito bem que esse país é hoje governado por um grupo de genocidas não cristãos e cujos membros dos grupos judaicos mais radicais que têm o hábito de cuspir no chão diante de igrejas cristãs, sobretudo as evangélicas, em Jerusalém. 

19 de junho de 2025

O verdadeiro criminoso


O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu disse que o Irã vai pagar caro por seus atos na figura do líder Ali Khamenei, pois cometeu "crime de guerra" ao atingir com um míssil o Hospital Soroka, localizado em Bersheba, que fica no Sul de Israel (foto dos danos). Segundo informes do governo israelense e com base em membros da administração da unidade, o prédio sofreu "danos significativos" e pelo menos 47 pessoas que estavam la foram feridas, algumas seriamente. Esse hospital atende, dentre outros públicos, os soldados judeus que são feridos no genocídio praticado contra a cidade de Gaza.

O primeiro ministro israelense é a pessoa menos qualificada do mundo para falar de crimes de guerra. Desde que Israel começou seus ataques metódicos sobre Gaza, nada menos que 20 dos 22 hospitais ou centros médicos localizados no enclave foram destruídos ou seriamente danificados. Nesse bolo estão o único hospital especializado em tratamento de câncer, unidades médicas de especialização pediátrica e o Al-Shifa, o mais completo centro hospitalar da região. E não foram vitimados por "danos significativos" como aconteceu com o Soroka, em Bersheba. Nada sobrou deles e nos ataques israelenses contra essas instalações foram mortos dezenas de médicos, paramédicos e demais trabalhadores de saúde, além de milhares de pacientes e gente que morava  no entorno ou passava pelo local.

Netanyahu é um condenado do Tribunal Internacional de Justiça pelo cometimento de crimes de guerra, há uma ordem de prisão internacional contra no ele no mundo quase todo e se sair de seu país ingressando num outro que reconheça o TI pode acabará sendo preso e enviado para Haia onde um julgamento o espera. O primeiro ministro sionista vive ancorado no poder dos Estados Unidos e nos desvarios do presidente Donald Trump, que não apenas o ampara como mantém a máquina de guerra israelense pronta para ser usada.

Além do mais Israel tem armas atômicas, sim. Não declara isso, pouca gente sabe onde esses artefatos são mantidos, seu número total bem como o poderio de destruição não são conhecidos, mas eles estão lá ao alcance dos governantes israelenses que só precisam de um "OK" dos Estados Unidos para utilizar esse poder destrutivo contra os "inimigos". O Estado Judeu é hoje uma base norte-americana  no Oriente Médio, ponta de lança necessária à manutenção de mais de 40 mil militares dos EUA distribuídos pela região. Como país, vive da produção de tecnologia, a maior parte dela voltada para a guerra ou espionagem e até nesse ponto é títere do poderio norte-americano, sendo amplamente manipulado por ele.

Há mais razões para o ódio dos ocidentais aos iranianos do que julga nossa vã filosofia e eles não caberiam numa crônica de blog, nem se esgotam na aversão ocidental ao islamismo. Mas o verdadeiro criminoso da região, esse mora na Jerusalém ocupada.

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16 de junho de 2025

O passarinho de Lamis

 

Havia um homem no supermercado onde fui ontem, e ele vestia uma camisa com a bandeira de Israel. Falava com a mulher ao lado que seu sonho era dar "uma porrada na cara" do primeiro antissemita com o qual pudesse cruzar. Perguntei a mim mesmo como ele identificaria esse inimigo potencial. Não obtive uma resposta íntima. E para quê? Aquele homem e sua acompanhante sequer devem saber o que significa o termo semita. Muito menos o inverso disso, que se confunde com o governo de Bibi Netanyahu.

Veio-me à mente o lindo texto de Hassan Al-Qatrawi, "Tenda dos infernos", no livro "Diários de Gaza - A memória é uma casa indestrutível". Esse trecho merece ser citado aqui: "A guerra é a ideia mais estúpida para se resolver o ódio entre os povos. Milhares morrem para que outros vivam imersos em ódio e tristeza. As guerras não criam vida, apenas a tornam miserável. O caminho da paz é mais barato e mais simples, mas a voz da paz é sempre rouca, ninguém a ouve direito". Talvez, digo eu, ninguém a ouça nem um pouco.  

Hassan é bacharel em Serviço Social, mestre e doutor em Aconselhamento Psicológico pela Universidade de Trípoli, no Líbano, além de escritor com mérito reconhecido. Morador de Gaza, foi expulso de sua casa pelos bombardeios de Israel e precisou ver a filha Lamis, menina ainda, levar consigo a gaiola com o passarinho que ela tinha como seu companheiro. Todo o pesadelo posterior à expulsão de seu lar que foi destruído por bombardeios sionistas ele viveu ao lado da mulher, filhos e o passarinho de Lamis, a mais nova de todos.

Viu de tudo durante seu êxodo por Gaza. Passou por centenas de crianças sem caminhos a  percorrer e talvez, quem sabe pelo do menino fotografado no mesmo lugar onde ele vivia (foto), sem destino, vendo apenas destruição à sua volta e com o ursinho de pelúcia jogado ao chão. Uma criança só larga seu ursinho quando não tem mais horizonte para olhar e buscar alguma coisa além dele. Pela foto pode-se ver que não há mais nada à frente. A filha de Hassan só não abandonou a gaiola com o pássaro porque estava com seus pais ao lado.

Como eu poderia tentar dizer àquele casal do supermercado que sua ignorância impede que os dois vejam as coisas como elas são e não da forma que as mentiras ditas a toda hora tentam inocular nelas uma versão falsa dos fatos e que atende a interesses pouco confessáveis? Eu não teria como. Nem ao menos chamá-los de sionistas tive vontade. Muito provavelmente eles também não sabem o que quer dizer esse conceito. Semita é termo que se refere a um grupo étnico muito antigo, que engloba hebreus e outros, até mesmo árabes muçulmanos, mas o casal não merece a explicação. Nem a entenderia...

Há quatro dias, em decorrência do fascismo endêmico que acomete o governo de Israel, uma guerra sem sentido atravessa o Oriente Médio, envolve principalmente israelenses e iranianos e coloca em risco a sorte do mundo. Mais uma vez por trás de toda essa loucura sem sentido está a extrema direita mundial, renascida das cinzas da II Grande Guerra encerrada faz 80 anos. E desta feita estando à frente dela o presidente da maior potência mundial, um sopiopata cruel que pode até mesmo colocar fogo nos Estados Unidos para ver triunfarem suas ideias totalitárias e que não cabem em uma democracia moderna.

Gaza está destruída. Não se sabe hoje o que restará dela e que destino vai ter seu povo, mais de dois milhões de seres humanos contados apenas os moradores do enclave e que não têm para onde ir, de que forma comer, onde se abrigar nem sequer em uma "tenda dos infernos" para passar a noite. Bem ou mal, sofrendo de fome, medo e tristeza os seres humanos lutam para sobreviver enquanto existe uma réstia de esperança. O passarinho de Lamis, não. Desorientado, triste em sua gaiola, amanheceu morto mesmo cercado de todo o carinho. Hassan narra a reação da filha: "O passarinho morreu, e eu chorei!"   

Os  animais não conseguem nos entender, perdem a noção de pertencimento mesmo estando em gaiolas onde jamais deveriam estar e com o carinho das crianças. Aliás, nem nós mesmos sabemos às vezes como compreender e explicar certas decisões humanas como as de Netanyahu, sionista assassino, fazedor de túmulos para sobreviver politicamente.        

14 de junho de 2025

Agora querem socorro...


"O genocídio palestino não é apenas uma tragédia distante, um evento a ser observado com passividade ou frieza. Ele é o espelho de nossa humanidade, ou da falta dela. A indiferença frente à violência brutal que se desenrola diante de nossos olhos é um reflexo da desintegração ética da sociedade contemporânea. Se permitirmos que a Palestina seja apagada do mapa e da memória, o que será de nós?" (Rafael Domingos Oliveira, na Apresentação de "Diários de Gaza. A memória é uma casa indestrutível", Editora Tabla)

Agora querem socorro...e das autoridades federais brasileiras, as mesmas que eles não consultaram quando aceitaram o "convite" da embaixada de Israel para ir àquele país onde receberiam uma inoculação de grandes doses de propaganda sionista, essa mesma que diariamente é injetada na população israelense pela extrema direita política que controla o pais via parlamento e faz com que até mesmo os jovens sejam majoritariamente aqueles que pregam a destruição palestina e a extinção desse povo de sobre a face da terra.

Hitler tentou fazer isso com os judeus entre 1939 e 1945, depois de implantar sua política de ódio desde que se tornou chanceler da Alemanha e a fez um estado nazifascista. O genocídio de milhões de "seres inferiores" durante a II Grande Guerra mostrou a que ponto pode chegar a política de racismo étnico em qualquer parte do mundo. A mesma receita dos aliados do passado a extrema direita israelense usa hoje contra os palestinos. Simplesmente quer apagar esse povo do mapa do mundo. Prega seu extermínio. Que diferença há entre os sionistas de hoje e os nazistas de 80 anos passados? Nenhuma! Em essência. nada.

O livro a que me refiro e do qual pesco parte da Apresentação de Rafael Oliveira é escrito todo em primeira pessoa por escritores palestinos residentes em Gaza. São depoimentos nus e crus. Eles não falam sobre o assunto, mas sim do assunto. Diretamente do lugar onde os crimes foram e estão sendo cometidos e não de escritórios com ar refrigerado em Londres, Nova Iorque, Paris, Lisboa ou outra cidade. Veja no mapa acima que pode ser ampliado com um clique (foto) como se desenrola hoje a guerra entre Israel e Irã, mais um episódio da luta desse estado criado pela ONU em 1948 e que mesmo no dia de sua criação já anunciava que não respeitaria fronteira alguma determinada então e passou no mesmo dia a viver o sonho da "Grande Israel". Faz isso até hoje escudado no sionismo mundial que sustenta o poder de Estado dos Estados Unidos desde sempre. Simples assim...

Primeiro o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas foi a Israel com grande séquito para visitar Benjamin Netanyahu, o nazista sionista que comanda o país. Ele seguiu os passos do genocida inelegível Jair Bolsonaro, que havia sido "batizado" no Rio Jordão. Agora um grupo de extremistas da direita política brasileira foi surpreendido pela guerra contra o Irã, parte do mesmo jogo político que sustenta o estado judeu junto à maior parte dos países. O Irã não pode ter a bomba atômica, mas os israelenses podem. Por quê? A explicação é que um não e signatário do tratado de não proliferação de armas nucleares e outro, sim. OK... E também nenhum deles foi à Palestina ou falou sobre o assunto. Para quê?

Quis o destino que o ataque israelense a Teerã pegasse os aliados brasileiros do sionismo em terras hoje do governo Netanyahu. Não dava para avisar, pois a decisão do ataque era secreta. Mas não tem problema: quando aquele bando retornar ao seu país, seja pelas asas de El Al, seja pelas da FAB, poderá discursar em palanque dizendo que todos foram salvos pelas forças armadas "de auto defesa" daqueles que lutam pela democracia no Oriente Médio. Não é a verdade, está a anos luz de distância disso, mas que se danem os fatos. Quem disse que falar a verdade importa alguma coisa no mundo de hoje, sobretudo no Brasil que lamenta o fim da ditadura militar que tantos matou?

E agora eles querem socorro...durma-se com um barulho desses...

13 de junho de 2025

Uma visão cretina


Durante os anos em que trabalhei em A Gazeta convivi com vários chargistas geniais. Como meu amigo Janc, hoje nonagenário e aposentado, menos da Copa A Gazetinha de Futebol Infanto-Juvenil. Também Amarildo, autor de desenhos magníficos. Conversava longamente com Milson Henriques bebendo de sua sapiência e fleuma. E vai por aí. Hoje, pescando uma ilustração para esse texto que pretende reproduzir o que é o Parlamento do Brasil, veio do querido Genildo Ronchi o desenho que eu buscava (foto). Eis aí acima, com todas as linhas o  retrato perfeito do Poder Legislativo que temos e nos faz corar. Quem sabe, chorar.

A imagem retirada dos noticiários de dia-a-dia da vida política brasileira é muito dura. Na maioria dos casos os comentários diários feitos a partir dos atos dos três Poderes levam alguns jornalistas dos mais diversos meios de Comunicação a errarem feio em seus julgamentos. Uns por receio de ofender "ordens superiores". Outros por estarem voltados a considerações político ideológicas equivocadas. Alguns por má fé mesmo. Sou levado a crer serem esses últimos minoria, mas não insignificante porque interferem no julgamento final de uma população politicamente ignorante e ideologicamente conservadora ou reacionária.

O termo mágico dos dias atuais é "redução de gastos". O presidente da Câmara, que ocupa o cargo graças a acordos de bastidores pouco ou nada claros defende isso ao mesmo tempo em que passa por cima das tais emendas parlamentares de mais de CR$ 50 bilhões anuais que deputados e senadores utilizam até de forma descaradamente desonesta e, ao mesmo tempo, defende que estes eleitos para nos representarem em Brasília possam receber salários e aposentadorias cumulativamente enquanto aos simples mortais isso é negado. Acrescento aqui que eles têm feito de tudo, menos legislar em benefício da população. 

 No Poder Judiciário há um silêncio de morte em torno dos penduricalhos diversos que se somam aos vencimentos mensais e que fazem com que alguns recebimentos cheguem aos seis dígitos, o que também é negado aos simples mortais. Àqueles do INSS. Isso também ocorre no Executivo e com diversas máscaras, mas em muito menor numero, o que talvez não seja nem ao menos uma questão de pudor. Ou pundonor,  nosso orgulho saudável.

Então, nessa discussão estão proibidos temas como cortar as emendas parlamentares, taxar o agronegócio, capar a isenção fiscal de empresas bilionárias e taxar super ricos, citando poucos exemplos. Mas, ao mesmo tempo é "necessário" quebrar os pisos de Saúde e Educação, cortar benefícios sociais como BPC, bolsa família e outros, congelar o salário mínimo e reduzir grande parte dos investimentos públicos, para dizer o mínimo. Na divisão do bolo da imensa riqueza nacional o que se propõe é cortar até as migalhas poucas de quem já não tem direito sequer a uma pequena fatia que mate a fome.

Diz-se da discussão atual relativa à necessidade de se cortar despesas no Brasil que a visão é distorcida e penaliza quem já não pode perder mais nada. Errado, essa visão é a mais cretina e torpe possível, mas vai ao ar a cores, é impressa e dita todos os dias pelo Brasil afora. Ora, é que ela interessa ao "mercado", essa entidade suprema e defensora dos poderes quase absolutos do dinheiro nesse  Brasil, ditadora - em todos os sentidos - de praticamente todas as decisões de bastidores capazes de interferir na vida dos andares de baixo.                          

         
 

11 de junho de 2025

Bolsonaro no palanque


Ele até que tentou agradar. Negar. Pedir desculpas. Mas não foi possível. Bolsonaro, que na foto aparece aguardando ser chamado para depor diante do Supremo Tribunal Federal no dia de ontem, usou o espaço e o fato de seu depoimento estar sendo transmitido ao vivo pela TV Justiça para armar um palanque e fazer vídeos que são e serão usados para propaganda em lives de botequim. Sabe que será condenado pelo tribunal que tanto contestou, atacou e desrespeitou sobretudo ao longo do mandato, mas agora resta pouco a fazer além de se desculpar, como fez, numa situação para ele desesperadora. Estamos ao final de uma comédia. Ou seria uma tragédia pastelão?

Bolsonaro tentou, sim, dar um golpe de Estado no Brasil. Só não fez isso porque os comandantes militares, afora o da Marinha, não aceitaram acompanhá-lo na aventura. No Supremo mesmo ele disse que estudou a possibilidade de Estado de Sítio, Estado de Defesa ou GLO para não aceitar o resultado das eleições que levaram Lula a seu terceiro mandato à frente do Governo brasileiro. Só faltou um detalhe: não deu certo. E sobretudo e principalmente porque as urnas mostraram exatamente o resultado correto das eleições disputadas com lisura no Brasil. As mais fiscalizadas da história.

E foi por causa disso que não houve a fraude alegada pelo ex-presidente, que tentou impedir com a ajuda da Policia Rodoviária Federal, eleitores nordestinos de chegarem às suas seções eleitorais onde a maioria deles votaria no candidato de oposição ao golpista. Não fosse por isso e teria sido eleito um charlatão para mais um mandato de quatro anos como presidente do Brasil. E ainda sob as graças daqueles que pregaram golpe de Estado "com Bolsonaro no poder".       

As Forças Armadas brasileiras são gato escaldado e têm medo de água fria, mesmo num país onde uma grande parcela da sociedade não sente vergonha de dizer que quer "golpe de Estado". Isso ficou claro nas inúmeras vezes em que o ex-presidente arregimentou seus imensos bandos para acompanhá-lo nos desfiles por avenidas como a Paulista, onde houve a maior demonstração de golpismo dos quatro anos de desgoverno deste capitão quase literalmente expulso do Exército. Dizer que não há golpe sem Exército nas ruas, sem blindados e outros armamentos é tentar chamar a todos de bobos. Ou de malucos como ele chamou a seus próprios seguidores durante a inquisição de ontem à tarde em Brasília.

Realmente, como o ex-presidente deixou claro, gente lúcida não dá dinheiro para golpistas e ele conseguiu inicialmente cerca de R$ 17 milhões de "colaboradores". Assusta o fato de o sujeito de nome Paulo Figueiredo, neto de um ex-presidente da ditadura, o do ocaso desta, ter chamado o seu "ex" de frouxo por ele não ter confrontado o Supremo Tribunal Federal em vez de recuar, pedir desculpas e enfim admitir que sempre acusou sem provas. Ora, fez isso porque está nos Estados Unidos protegido pelo trumpismo e onde não vai ser preso. Vamos convir: está na hora de o Brasil abandonar os tempos do "prendo e arrebento". Eles saíram de moda e não vão voltar mais. 

7 de junho de 2025

Os nazistas de Israel


No dia 1° de junho de 1962 o criminoso de guerra Adolf Eichmann subiu ao patíbulo e teve uma corda colocada no pescoço no lugar de sua execução, em Hamala. Morreu instantaneamente na força. Então seu corpo foi levado ao forno crematório, reduzido a cinzas para, em seguida, estas serem colocadas em um balde e levadas de barco para além das águas territoriais israelenses onde foram jogadas no mar. Balde lavado, os israelenses voltaram para casa. Em praticamente todo o mundo, menos para os nazistas ainda existentes, havia sido feita justiça contra um criminoso de guerra responsável pelas mortes de milhares de judeus em campos de concentração da II Guerra Mundial.

23 anos depois disso, novos nazistas matam indiscriminadamente em Gaza. Milhares de palestinos já foram mortos no campo de extermínio em que foi transformado aquele pequeno enclave localizado ao lado do Estado de Israel. Dizer que isso aconteceu porque o estado judeu pretende justiça contra os guerrilheiros do Hamas responsáveis por mais de 1.200 mortes em outubro de 07 de outubro de 2023 em áreas da fronteira sul de Israel no "sabá", feriado judaico importante, é balela. Foi um crime, sim, mas crimes muito maiores e de imensa gravidade os israelenses cometem todos os dias. Veem fazendo isso desde 1949, quando seu país foi criado pela ONU, essa mesma organização que ele jamais respeitou.

Agora mesmo, no dia de hoje, o barco Madleen (foto) tenta chegar a um porto - ou o que sobrou dele - em Gaza para entregar mantimentos aos palestinos. A marinha de Israel já informou que não vai permitir e não é impossível que a embarcação onde estão a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila seja atacada, sobretudo por drones. Matar os palestinos pela fome é um dos planos em vigor. Hoje até mesmo parte da juventude israelense, com doses diárias de ódio inoculado pela extrema direita que governa seu país, já sonha com a "Grande Israel", que representa levar as fronteiras para muito além das definidas em 1949 com a ajuda do diplomata brasileiro Oswaldo Aranha. O que está sendo feito com rigor...

Agora mesmo o governo do criminoso Benjamin Netanyahu autorizou mais 22 colônias judaicas em terras palestinas da Cisjordânia ilegalmente ocupada, o que tornaria inviável, caso isso seja concretizado, a "solução de dois estados", com a fundação da Palestina. Já a "solução final" para o caso palestino, segundo Israel, é a de exterminar todo aquele povo que ele não reconhece. O projeto está em curso. Uma médica mãe de dez filhos viu nove deles e mais seu marido, também médico, morrerem num ataque das "Forças de Autodefesa de Israel", que é como são chamados os militares que compõe os grupos de extermínio armados com o apoio dos Estados Unidos, esse país que veta na ONU tudo o que pode conter a fúria judaica.

Os nazistas de Israel são muito mais perigosos que os da Alemanha derrotados há 80 anos.                        

4 de junho de 2025

Operação Brother Sam 2


1964 era tempo duro de guerra fria quando os Estados Unidos enviaram um grupo de navios de guerra à costa brasileira para garantir que o golpe militar de 1964 tivesse sucesso. Isso foi garantido pelo presidente Lyndon Johnson, sucessor de John Kennedy na presidência dos EUA. O ponta aviões Forrestal (foto) comandava a flotilha que prometia intervir em solo brasileiro caso o presidente João Goulart não fosse deposto. A tentativa de intervenção se chamava "Operação Brother Sam" e era a cara do intervencionismo dos Estados Unidos de então. O tempo passou, a guerra fria parecia morta por inanição, mas eis que hoje esses tempos parecem querer voltar graças a um presidente histriônico norte-americano e uma dúzia de criminosos golpistas brasileiros instalados em terras de Tio Sam.

Na época, em 64, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, conspirava abertamente entre militares golpistas. Era do Partido Democrata e embora tivesse sido um dos artífices da queda de um presidente constitucionalmente eleito, insistiu durante anos jurando que o golpe havia sido "100 por cento brasileiro". Os tempos o desmentiram e hoje se sabe que além do Brasil os Estados Unidos intervieram em outros países sul-americanos como o Chile onde o presidente Salvador Allende, que se recusou a entregar o governo aos golpistas morreu defendendo o Palácio de La Moneda atacado pelo Exército e pela Força Aérea de seu país na traição que tinha à frente o criminoso Augusto Pinochet, um general no qual o presidente assassinado chegou a acreditar. Quanta inocência!

Enquanto desqualificados como Eduardo Bolsonaro e agora Carla Zambelli fogem para o exterior e tentam acirrar os ânimos dos Estados Unidos contra o Brasil com ações que buscam claramente atacar o Supremo Tribunal Federal, já há nos EUA algumas autoridades legislativas e executivas que falam no "direito" de seu país usar o arquipélago de Fernando de Noronha e a base aérea de Natal como bases de aviões norte-americanos porque aquele país investiu na região durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo isso ainda não estando confirmado, é perigoso. É o mesmo discurso de "segurança nacional" que Donald Trump usa para o Canal do Panamá, por exemplo, além do Canadá e da Groenlândia. E isso tudo é gravíssimo nos dias de hoje, quando focos de guerras se espalham pelo mundo.

Sabemos que os tempos são instáveis e que por trás das atuais medidas protecionistas dos Estados Unidos está escondido o medo que esse país sente de a China roubar-lhe o posto de primeira potência econômica e militar mundial, coisa que, asseguram os especialistas, vai acontecer em breve. O risco é o mundo conviver com a existência na Casa Branca de um indivíduo de caraterísticas sociopatas, que age por instinto e que pode, sim, ser influenciado pelos criminosos de extrema direita que estamos exportando hoje e que traem seu país abertamente em nome de uma ideologia de ódio e desprezo pelas instituições.

O Brasil não pode ser base área dos Estados Unidos.

Nossa Suprema Corte tem que ser respeitada.

O mundo não vai  sobreviver a uma Terceira Guerra Mundial.          

30 de maio de 2025

A Batalha da Maria Antônia

Queriam chamar de "Comando C4" o grupo terrorista de direita que estava sendo formado agora e até ser desbaratado pela Polícia Federal. Ele pretendia matar gente considerada inimiga a preços tabelados e todos os assassinados, claro, seriam de esquerda. O nome ou sigla, seja lá de que forma deva ser identificada essa coisa, era uma alusão indireta ao CCC, ou Comando de Caça aos Comunistas, movimento de extrema direita ligado à ditadura militar brasileira e surgido no início ano de 1963 como um prelúdio do golpe militar de 1964, em São Paulo e Rio de Janeiro. Eu estava lá em terras paulistas!

O CCC tinha base em estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie, tida e havida como reduto de direita, alguns membros ligados à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e vastos apoios policial e militar de ligados à ditadura. Sendo do CCC você podia até matar que não pagaria pelo crime. Esse movimento tinha como líder o fascista João Carlos Monteiro Flaquer e como uma espécie de comandante Raul Nogueira da Lima, o Raul Careca, que se tornaria depois um célebre torturador do DOPS trabalhando junto com o delegado Sérgio Paranhos Fleury, de triste memória. 

O grupo teria chegado a ter cinco mil participantes no Rio de Janeiro e São Paulo e foi na capital paulista que se deu o maior confronto entre essa gente e estudantes da Faculdade de Filosofia da USP, considerado reduto da esquerda. E era! Os membros do grupamento fascista atacaram os estudantes da Federal. Durante dois dias, entre 2 e 3 de outubro de 1968 houve uma guerra entre os dois blocos na Rua Maria Antônia, em Vila Buarque, distrito da Consolação, próximo do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Ao final de toda a batalha, o prédio da Filosofia havia sido incendiado, vários estudantes acabaram feridos inclusive por ácido sulfúrico e o secundarista José Carlos Guimarães, 20 anos, acabou morto por um tiro na cabeça (foto principal). Até o teto da faculdade desabou com os incidentes e incêndio. Ninguém do CCC foi "identificado" pelas autoridades e o governo paulista encerrou o caso sem maiores investigações.

Eu tinha uma namoradinha na Filosofia, passeava com ela em direção à escola no dia 02 quando vimos a confusão. Preferi tirar a menina dali, fomos embora e entramos no primeiro cinema que vimos com as portas abertas, sem nem ao menos conferirmos que filme passava. E, por incrível que pareça, estava em exibição a comédia italiana "Il magnifico cornuto", traduzido aqui como "O magnífico traído", estrelado por Ugo Tognazzi e Claudia Cardinale. linda e maravilhosa àquela época. Não sabíamos ainda da morte do rapaz, que a gente não conhecia e foi assassinado por Raul Careca. Nos divertimos muito no cinema. Depois tudo perdeu a graça.

O CCC destruiu a Rádio MEC, no  Rio de Janeiro, invadiu o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, o Teatro Opinião, no Rio e foi responsável pela tortura e assassinato do padre Antônio Henrique Pereira Neto, auxiliar de Dom Elder Câmara. Isso e mais a Batalha da Maria Antônia (segunda e terceira fotos) são a síntese do que eles fizeram, logicamente sempre apoiados pela ditadura e pelo capital financeiro, já que muitos dos estudantes da extrema direita eram filhos dos magnatas que comandavam a economia do Brasil à época e de suas mulheres, participantes das Marchas da Família com Deus pela Liberdade, motivadoras do golpe de 1º de abril de 1964, de 1963 até a aquartelada final.

Eram tempos nos quais o perigo morava nos edifícios de luxo e nos carros das polícias e organismos militares de repressão armada. A segurança só atendia a quem tinha bens materiais e carros de luxo e podia se vingar dos desafetos inclusive acusando-os de serem comunistas. Um sócio do clube que meus pais frequentavam em São Paulo perdeu um filho dessa forma. E o rapaz nada tinha a ver com militância comunista; estava deslumbrado com o socialismo monárquico sueco...

É preciso combater essa gentalha onde quer que ela tente se esconder. Onde quer que esteja. Senão, como já foi demonstrado no dia 08 de janeiro de 2023, ela vai fazer o possível para devolver o Brasil ao nazifascismo tupiniquim. Para que pessoas como a ministra Marina Silva, um patrimônio nacional da ética e da dignidade sejam desacatadas e talvez até agredidas e mortas em lugares como o Senado da Republica, que deveria ser um templo de homenagem à democracia. Mas isso só acontece com quem preza as instituições da República. O rapaz assassinado pelo torturador do DOPS não viveu para ver realizados os seus sonhos. Cabe a nós a tarefa de impedir que o CCC volte pelas mãos de seus filhos bastardos, como tem sido tentado ultimamente.            

28 de maio de 2025

Eles são assim mesmo...


As imagens da ministra Marina Silva sendo desrespeitada no Senado da República chocam, mas não surpreendem (foto). É preciso reconhecer que a extrema direita brasileira é assim mesmo. Como o senador Marcos Rogério (PL-RO), que ontem desligou o microfone da ministra convidada a falar em mais de uma oportunidade. Da mesma forma que o outro, Plínio Valério (PSDB-AM), autor da pérola "a mulher merece respeito, a ministra, não". Aliás, este já havia dito em ocasião anterior que gostaria de enforcar Marina. O ponto fora da curva foi Omar Aziz (PSD-AM), que considera a ministra um entrave ao desenvolvimento. Eles são assim mesmo. A misoginia é a ordem do dia para essa gentalha.

Esse episódio lembra os do deputado federal capixaba Gilvan da Federal (PL-ES) , suspenso por 90 dias do Congresso por agressões verbais seguidas ao presidente Lula em ações dentro do Poder Legislativo. Até onde vamos nós nessa toada?

Nos Estados Unidos um presidente sociopata investe contra a Universidade de Harvard com toda a força que possui ou julga possuir para tentar dobrá-la aos seus ditames. Se outras cederam, por que não esta também? Ele foca no ensino, um de seus maiores inimigos. Assim como o mundo de maneira geral, pois tem a intenção de ditar regras por onde quer que passe. Até  no Brasil se meteu via seu Secretário de Estado, Marco Rubio, que pretende fazer o Paraguai vender o excedente de energia de Itaipu aos EUA e não ao Brasil. Essa venda é feita através de uma negociação que remonta à construção da hidrelétrica.

Estamos num mundo amalucado! No Supremo Tribunal Federal (STF) já se descobriu por prova clara o que todo mundo sabia: foi ordenado à Polícia Rodoviária Federal no dia da votação do segundo turno da eleição que reconduziu Lula à presidência da República que parasse nas rodovias ônibus e demais veículos transportadores de eleitores nordestinos às zonas e seções de votação. Eram quase todos eleitores do presidente eleito. Da mesma forma, o derrotado Jair Bolsonaro torrou cerca de R$ 800 bilhões de maneira bizarra para tentar um segundo mandato. Este mesmo indivíduo hoje mantém um filho, Eduardo, nos Estados Unidos atentando contra a soberania nacional. Cabe aqui uma pergunta clara e que todos fazem a esse altura dos acontecimentos: por que a prisão preventiva desse sujeito não sai?

Só mesmo criança inocente acredita que a extrema direita brasileira vai mudar, mesmo que outros indivíduos como Gilvan venham a ser penalizados. Isso não acontecerá. Eles são os mentores dos acampamentos feitos diante de quartéis militares, autores das faixa de "Intervenção Militar", os que arquitetaram que o presidente eleito seria assassinado juntamente com seu vice e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, além de outros desatinos mais. Não são democratas coisa nenhuma. São, isso sim, a escória política do Brasil alçada ao poder pelo pensamento político de extrema direita que agora contamina o mundo todo. Como no caso de Israel de Benjamin Netanyahu, por exemplo.

É preciso lutar contra essa escória dia e noite. Marina Silva até deu sorte...                

        

25 de maio de 2025

Eles estão vivos

Talvez as patacoadas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não passem mesmo disso: patacoadas. Mas elas não são o maior problema do Brasil no momento, apesar de o chefe de Estado dos EUA ter sugerido ao seu colega argentino Javier Milei que invada o Chile para ficar com dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico. Há em curso em nosso país um movimento muito mais perigoso e pernicioso do que este e que já alcança voo em direção ao Palácio do Planalto para o ano que vem: a extrema direita e seus candidatos reais à sucessão de Lula. Eles, apesar de divididos, estão vivos, muito vivos. E acordados.

A embaixada dos Estados Unidos no Brasil já trata como oposição o Supremo Tribunal  Federal, embora embaixadores não tenham que se intrometer nos Judiciários das nações com as quais seus países mantêm relações diplomáticas. Essa segue o modus operandi da administração Trump, que trata como inimigos quem não recita sua cartilha. E isso vai ao encontro dos projetos de nossa extrema direita e seu desejo de voltar ao poder por aqui, de preferência para não mais sair, haja o que houver, custe o que custar.

Ronaldo Caiado, em Goiás, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo, são os projetos prontos e acabados de sucessores de Jair Bolsonaro, pois ninguém a essa altura acredita que esse projeto fracassado de ditador de aldeia possa voltar ao poder ano que vem. Mas seus filhotes bastardos estão aí mesmo. Tanto que Goiás e São Paulo são os estados onde mais se constrói as escolas chamadas "de cívico militares", o modelito preferido do ex-presidente hoje com seus direitos políticos cassados por cometimento de crime de tentativa de golpe de Estado. Na maioria dos outros estados desta Federação, o que inclui o Espírito Santo, onde estou, extremistas de direita de acotovelam nas câmaras municipais e nas assembleias legislativas onde fazem o que sabem: conspiram. Aliás, essa é a única coisa que sabem fazer bem.

É possível que Bolsonaro não desista de seu sonho maluco, o mesmo acontecendo com a mulher Michele e o filho Eduardo - esse declaradamente golpista -, mas ele só terá em breve chances reais de continuar a receber diplomas e outras homenagens de dentro da prisão para onde vai. Até seu apoio a um candidato bolsonarista em 2026 tem peso relativo, pois se vai entregar ao eleito por ele seu peso político, também vai transferir a rejeição imensa que carrega nas costas e que só vem aumentando com o passar dos tempos.

Lula, o único político hoje em condições de enfrentar e vencer a extrema direita disse recentemente em uma entrevista ao canal UrbsMagna.com que só perde para ele mesmo no próximo ano. É apenas meia verdade porque depende do que ele vai fazer daqui para a frente, mas também e principalmente de como vai se comportar o PT, seu complexo partido, até outubro do ano que vem. É difícil as diversas correntes petistas aceitarem um caminho comum e seguirem monoliticamente para a disputa das eleições. Se fizerem isso reelegerão seu candidato. E se não fizerem é aí que mora o perigo.

Não é hora de dormir!    

22 de maio de 2025

The Gran Circus Trump


Em duas oportunidades recentes o presidente dos Estados Unidos Donald Trump promoveu espetáculos circenses de baixa qualidade na Casa Branca. Em ambos os casos para constranger chefes de Estado recebidos oficialmente por ele. Primeiro a vítima foi o presidente ucraniano Volodymir Zelensky. Agora, mais recentemente o presidente sul-africamo Cyril Ramaphosa. Em ambos os casos foram usadas mentiras claras, hoje chamadas de fake news, durante audiências que se pretendia sérias. Mas não há seriedade quando o assunto tratado tem como figura central alguém de destaque da extrema direita política mundial.

O caso do presidente sul-africano chega a ser grotesco, pois seu governo foi acusado de promover um genocídio contra brancos por lá. Na verdade, durante o longo período do apartheid foram os negros os segregados e assassinados em massa naquele país e isso até que ao menos oficialmente a segregação racial fosse extinta. Trump deve conhecer vários casos desses no seu país mesmo, pois lá os "colored" tinham lugar específico para ficar em todos os lugares, e geralmente era nos fundos. Isso aconteceu até mesmo com heróis de guerra que, ao retornarem aos EUA descobriam que suas medalhas de nada valiam justamente na terra, sua terra e pela qual haviam arriscado as vidas,  

Agora a coisa escala. O Secretário de Estado Marco Rubio (na foto junto com o chefe maior), um descendente de imigrantes cubanos dissidentes de seu país admite a possibilidade de os Estados Unidos imporem sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal  (STF), Alexandre de Moraes que estaria impedindo a "liberdade de expressão" de criminosos brasileiros homiziados nos Estados Unidos ao proibir que posts seus em rede social sejam reproduzidas no Brasil. Notem: apenas em território brasileiro e não nos EUA.

A "punição" de  ministro da Suprema Corte brasileira teria como base a Lei Magnitsky. Esse texto legal foi criado durante o governo Obama para punir autoridades russas consideradas pelos Estados Unidos como responsáveis pela morte de Serguei Magnitsky, refugiado russo. O governo Trump transferiu os princípios desse texto legal que tem vínculo com a Primeira Emenda da Constituição de lá para todo o espectro de oposição ao Estado Norte-Americano, considerando esse país como capaz de ditar normas sobre outras nações, inclusive com retaliações a membros de cortes judiciais superiores. Vai daí a extrema direita do atual governo dos EUA querer retaliar o Brasil.

Mas isso, além de ser uma aberração, agride a soberania nacional e haverá reação por parte de nosso governo. E em nada deverá interferir no andamento dos processos referentes aos acontecimentos de 08 de janeiro de 2023 e nem na carrada de acusações comprovadas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje réu e em vias de ser preso. Os cães já ladram faz bastante tempo, continuarão a ganir, mas a caravana vai passar. Isso não depende de criminosos nos Estados Unidos tentado destruir seu próprio país para ficarem acima das leis e auferirem lucros, sobretudo e principalmente financeiros.

O Grande Circo Trump não fará sucesso por essas bandas

20 de maio de 2025

Sim, Israel é estado terrorista

 

A criança da foto acima estava sendo atendida em um hospital de Gaza, o maior deles. Parece vinda de um campo de extermínio alemão da época da II Guerra Mundial, mas não. De qualquer forma é quase isso. O hospital onde estava foi destruído por bombardeios de Israel e agora ela não tem mais como se tratar. Segundo a ONU, se ainda estiver vivo esse menino morre de inanição em 48 horas. Isso deve acontecer com cerca de 14 mil crianças palestinas vítimas do holocausto do Estado Terrorista de Israel. Trata-se de um genocídio!

O chamado "Estado Judeu" ocupa ilegalmente vários territórios de países vizinhos, todos eles tomados à força. A ONU classifica como ilegais essas anexações, mas o governo israelense ignora solenemente as leis internacionais amparado pelo poder dos Estados Unidos, cúmplice nesses crimes de dominação e extermínio palestino. Não é segredo para ninguém que o plano israelense é tomar definitivamente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. De uns tempos para cá, também a área oriental de Jerusalém. E quando surge alguma contestação a esses fatos os opositores são chamados de "'antissemitas". Mas o que é isso?

O termo tem conjunto linguístico e identifica uma família de vários povos, dentre os quais árabes e hebreus. A origem é bíblica, vindo do Gênesis com referência a uma linhagem de descendentes de Sem, filho de Noé. Mas os sionistas, hoje governando Israel com seus grupos de extrema direita política, reduziram o conceito a um "direito" deles sobre todas as terras da Grande Israel. O movimento que se refere ao monte Sião, em Jerusalém, surgiu no século XIX e hoje representa a ideologia predominante no governo de Benjamin Netanyahu, o criminoso que ocupa o cargo de primeiro ministro sionista.

O está se vendo na Faixa de Gaza é genocídio, e somente agora países da Europa, principalmente, começam a se insurgir contra a matança que equivale ao morticínio nazista de 1939/45. A situação chegou a tal ponto que até os Estados Unidos na figura do sociopata Donald Trump se incomodaram. Mas ainda assim o ingresso de alimentos em Gaza é minúsculo, pífio, os bombardeios seguem sem interrupção e o morticínio de homens novos, velhos e crianças não cessa. Estas últimas morrem de fome diariamente.

Israel tem que ser detido. Netanyahu, preso!   

18 de maio de 2025

Juqueri, dentro do Brasil

Foi impactante o  documentário da Globo News "Juqueri, lugar fora do mundo", exibido a partir das 23 horas de ontem. Antes de ver todo o programa que terminou nos primeiros minutos deste dia de domingo, voltei a "percorrer" o caminho que fiz para lá em 1966 ou 1967, quando meu pai agendou a entrega de um queimador industrial, aquecedor de água para grandes volumes, e fomos ao prédio administrativo com documentos. Ficamos lá cerca de meia hora, mas o suficiente para vermos homens - principalmente - e mulheres de
andrajos, olhares parados, sentados ou deitados no chão, prostrados, sujos e sem reação alguma como os da foto abaixo. E também o cemitério, na ocasião visível e diferente de hoje. Agora não reconheci quase nada.

A medicina atual condena o que se fazia então e chamava de tratamento. Na prática o que havia eram a tortura por eletrochoques e injeções diversas que podiam até matar, nos dois casos para conter os mais "rebeldes". Em grande parte dos casos aquilo equivalia a uma prisão perpétua, pois muitos jamais recebiam alta médica e como ninguém os reclamava, eram jogados naquele cemitério clandestino, corpos uns por cima dos outros.

Pior: durante muito tempo a ditadura militar que infelicitou o Brasil desovou por lá cadáveres de presos políticos torturados e descartados longe dos olhares das famílias e da Justiça oficial. Outros chegavam feridos e eram tratados algemados como se estivessem numa prisão ou então no Manicômio Judiciário ao lado. Até o preso político David Capistrano passou pelo Juqueri. E o Brasil convive com essa tragédia como se nada tivesse acontecido. Como se tudo fosse absolutamente normal. Os "doentes" tinha as cabeças raspadas e todos os dentes arrancados com uma única anestesia, na internação. Viviam e morriam quase à míngua e com uma alimentação de subsistência.

Não é possível entender como milhares de cidadãos hoje ainda sentem saudades dessa época e, no caso da ditadura militar, querem sua volta. Vejam esse documentário que vai passar mais vezes. Tomara que muitas. Não é para rir, mas recordo-me de que quando o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ajuda para "se manter" financeiramente, uma acadêmica da Academia Espírito-santense de Letras (AEL) postou texto pedindo colaboração dos "patriotas". Pediu desculpas em seguida, disse que havia se enganado de grupo e apagou o texto. Outro postou uma bobagem na qual mostrava a imensa relação de partidos políticos brasileiros com vínculos "com o comunismo". Depois apagou correndo, sem justificar. Salvei para mim os dois posts. Essas pessoas não sabem o que o Brasil passou? Ou há um movimento nacional que leva a nossa extrema direita criminosa a querer ocupar todos os espaços possíveis no país, inclusive na Cultura? São golpistas patológicos?

Em Barbacena, Minas Gerais, houve outro centro de torturas dito médico também de grande porte. Nos dois casos eles deveriam ser preservados e tornados centros de pesquisa e museus da indignidade humana para que todos saibamos o Brasil foi e é capaz de fazer com seus cidadãos, sobretudo aqueles que não podem ou não sabem como se defender.

No Espírito Santo não se chegou nem perto disso. Mas temos o Adalto Botelho, hoje questionado por todos os que pregam tratamento humano não manicomial para as pessoas com distúrbios mentais, sobretudo pesados. Há espaço até para anedotas. Um ex-diretor do Adauto criou um diálogo entre duas pessoas no hospício:

- Você sabe o que encontraram lá, debaixo de um tapete?

- Não, o que foi?

- Um doido varrido!

Seria engraçado se não fosse trágico.                   

14 de maio de 2025

As flores e o Fusca azul


E agora, quem vai cuidar das flores daquele florista da foto acima? Quem vai dirigir Fusca azul da chácara para Montevidéu e de lá para casa? Depois da cadelinha se ir, foi-se José Alberto Mujica Cordano, para todos apenas Pepe. Digno, acima de tudo honesto, vida simples e cheio de admiradores, o ex-presidente do Uruguai morreu uma semana antes de completar 90 anos de idade ontem em sua propriedade rural. O lugar que ele amou e do qual cuidou enquanto teve forças para o cumprimento de suas tarefas diárias.

O amigo Lula, hoje presidente do Brasil, está na China enquanto esse cidadão do mundo é velado. Deve estar sentindo muito a perda acontecida pouco tempo depois de ele ter condecorado o companheiro com a maior condecoração que nosso país concede a figuras estrangeiras. Por sinal, quando o presidente brasileiro estava preso em Curitiba o velho Pepe foi até lá para um encontro de 15 minutos na cela da Polícia Federal. Solidariedade! 

Os jornais de hoje do Brasil - falo dos de maior circulação - dão destaque ao falecimento do líder político do Uruguai com um termo comum: "um líder da esquerda". Não deveria ser assim, embora a esquerda agradeça. O certo seria que ele fosse chamado de líder de todos aqueles poucos, raríssimos que fizeram ou fazem política de forma absolutamente limpa. Se houvesse emendas parlamentares no Uruguai, esse aleijão aético da legislação brasileira, Pepe certamente não as receberia. Sobretudo e principalmente por baixo dos panos, como se diz e como fazem parlamentares brasileiros, principalmente os da extrema direita, para enviar dinheiro público, meu, seu, nosso, a seus "redutos".

Foi guerrilheiro tupamaro durante a ditadura uruguaia combatendo os ditadores, ficou preso por anos e saiu da prisão sem ressentimento algum para se lançar na vida legislativa e executiva onde chegou à presidência de seu país. Governou com honestidade. Com ética e honra. Tanto que hoje, enquanto seu corpo é velado em Montevidéu, no mundo todo ele é reverenciado. Claro que não por todo mundo, já que a extrema direita do Brasil e do restante de nossa terra detesta o tipo de gente que Pepe foi ao longo de praticamente nove décadas.

Seria muito imaginar uma segunda pessoa com essas virtudes todas ingressando na política mundial? De preferência no Brasil? Consideremos que sim, mas não custa sonhar. Mujicas poderiam mudar o mundo, a forma como se faz política sobretudo e principalmente se vierem à vida em países com maior influência mundial que o pequeno Uruguai. Mas ele vai deixar semente plantada ao lado das flores das quais cuidava com tanto carinho nas poucas estufas de sua chácara das cercanias da Capital uruguaia. Suas mão doces não mais cuidarão das plantas e quem sabe a esposa não tenha vitalidade para fazer isso. Que pena! Mas talvez aquele lugar se torne um museu, um monumento, um centro de memória.

Além da honra, as flores hoje estão órfãs no Uruguai.      

11 de maio de 2025

O lixo está mais à direita

Vamos partir do seguinte princípio: tudo o que Jair Bolsonaro odeia tem que ter, obrigatoriamente, algo de bom. E a Rede Globo, hoje chamada por muitos de "Globo Lixo", não deve ser exceção à regra, apesar dos muitos "mas," com os quais ela pontua seus comentários, agora sobre atos e fatos do governo Lula, o que está no poder.

Sempre que penso na chamada "grande imprensa" aceito o fato de que ela é de propriedade de grandes grupos empresariais que representam o capital e não o trabalho. Simples, não? Os jornalistas que fazem o dia-a-dia desses meios de Comunicação têm que trafegar entre a necessidade de dar as notícias com ênfase para a verdade factual e, ao mesmo tempo, observar as "normas de redação" feitas com base nas crenças desses grupos empresariais. Vai daí a necessidade de, em material opinativo, os profissionais observarem o que pensa o patrão. Isso é uma realidade da qual ninguém fugia, foge ou fugirá.

Lembro-me dos meus tempos no jornal A Gazeta, da Rede Gazeta de Comunicação. Principalmente durante a ditadura militar era preciso tomar muito cuidado com o que se escrevia porque, como um dia disse o ditador João Figueiredo em outro contexto, a gente estava na época do "prendo e arrebento". No início, todos os grandes empresários do setor apoiaram a ditadura, chamada de "revolução de 31 de março", embora tendo acontecido em 1º de abril, um dia bem mais apropriado. Depois disso a coisa mudou. A Folha de São Paulo, sempre fascista, ficou ao lado da extrema direita o tempo todo, inclusive cedendo recursos financeiros e operacionais para que a opressão matasse até mesmo jornalistas. O Estado de S. Paulo disse "não" aos atos ditatoriais e foi alvo de censura dentro mesmo da redação, onde os encarregados de vetar notícias entravam armados. O Estadão não colocava outras notícias no lugar das censuradas. Optava publicar poesias ou receitas: "uma colher de açúcar, dez quilos de sal", etc. Era uma ironia e um deboche aos mesmo tempo.

O Globo, dirigido por Roberto Marinho - que era jornalista -, negou-se a seguir a cartilha dos generais. Pela redação do jornal carioca passaram muitos militantes políticos de esquerda, sobretudo do PCB. Bastava que todos se lembrassem de que quem mandava era o chefe. Isso não elimina o fato de que a TV do grupo cometeu desatinos de antijornalismo no Jornal Nacional para eleger Fernando Collor quando ele se tornou presidente, nem em outros episódios anteriores e posteriores. Seguia a cartilha do capitalismo e nada mais. A mesma do "mercado", que só existe para defender seus próprios interesses. Então os que faziam e fazem notícias lutavam de todos os modos e meios para produzir o melhor. Diariamente. O jornalista é um artista do drible!

Não era diferente em A Gazeta, onde o conhecido Zé Costa, também chamado de José Antônio de Figueiredo Costa, tinha a função de policiar as matérias jornalísticas que eram feitas para publicação no jornal. E fazia isso com delicadeza e muita vaselina, chamando a todos de "meu filhinho", mas atendendo à censura do Estado e da empresa. Essa era a sua tarefa diária na redação e vinha das salas da diretoria, onde trabalhavam muitas pessoas que deixaram saudade, como Cariê Lindenberg e o general Darcy.

É preciso entender: afora na imprensa alternativa, na outra mandam os interesses dos donos, ou seja, do capital. Nunca uso e nem vou usar o termo "Globo Lixo". Ele não cabe. Vivo a certeza de que o lixo está mais à direita, na extrema direita política, onde pontua a antiquíssima Jovem Pan, a Velha Piranha, e mais uma vasta legião de "jornais" online nascidos e alimentados para fazer pontuarem sempre as figuras decrépitas de pessoas de passado anoitecido, presente sombrio futuro negro como Bolsonaro e seus asseclas.  

8 de maio de 2025

Os abutres atacam


Se o leitor abrir totalmente essa foto até o tamanho original vai ver uma cena terrível. Ela foi feita no dia 30 de outubro de 2019 no Sudão, uma das regiões mais paupérrimas da África. Nela uma criança desnutrida agoniza enquanto atrás dela um abutre espera que o pequeno ser humano não se mova mais para poder devorá-lo. Essa cena real mostra um abutre também de carne e osso. Mas existem paralelos a ele na vida real. Aqui no Brasil, por exemplo, no terreno político os abutres abundam. E são vorazes.

Na foto mostrada acima, o repórter fotográfico Kevin Carter venceu o Prêmio Pulitzer de fotografia daquele ano, mas apenas fez o registro fotográfico do fato. Não interferiu. Mais tarde foi largamente chamado de abutre por causa disso porque aquela criança tentava de todas as formas chegar a um posto da ONU onde seria alimentada e salva. As forças dela se esgotaram antes do fim da jornada, que então coube ao abutre.

O Congresso Nacional age dessa forma. Na madrugada de ontem votou e aprovou um horrendo projeto de lei já desconsiderado como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e que concede anistia a todos os criminosos do 08 de janeiro de 2023. Mas o que esse aleijão jurídico objetiva mesmo é salvar a pele do ex-presidente Jair Bolsonaro, criminoso por tentativa de golpe de Estado além de outros crimes, e seus asseclas mais chegados como é o caso do hoje deputado federal Alexandre Ramagem, que foi tomado como nome eleito como vítima de "perseguição" para a decisão do Congresso. Egresso da Polícia Federal, esse indivíduo cometeu vários crimes como oriundo daquela corporação de Estado, participou da preparação dos atos golpistas, depois fez o mesmo na direção da ABIN, etc.

O autor do artifício legal que não vai mudar a ordem natural das coisas no terreno jurídico da punição aos criminosos do ato golpista é um dos abutres do Congresso Nacional. Ele tenta salvar a pele do "capo di tutti capi" e não se interessa pelas "velhinhas de bíblias nas mãos". Todos esses que se danem, que passem o maior tempo possível na cadeia pois ninguém lá se interessa por eles. Vale mesmo salvar Bolsonaro porque este é o esquema, representa um projeto de poder da extrema direita política que está em vigor no Brasil e do qual ainda vamos no arrepender muito de ver passar impunemente, sem que a maioria das mentes pensantes do país faça nada para impedir.

No passado o nosso país conviveu com mais de uma ditadura militar. Da última delas, de 1964 a 1985, todos os mais velhos se recordam ou ouviram suas histórias. O filme "Ainda estou aqui" continua a passar em muitos cinemas para manter as mentes despertas. Ele mostra vários dos carniceiros da ditadura e nos alerta para o fato de que eles continuam conspirando e aguardando a hora de atacar. Quando isso acontecer os que viraram as costas para a nação brasileira não terão prêmio algum a receber. 
    
Não é hora de lavar as mãos. Os abutres atacam todos os dias, em todas as frentes.

6 de maio de 2025

O holocausto palestino

Guardo essa foto em meu arquivo já faz mais de um ano. A menina palestina fotografada na Gaza devastada de hoje (ao lado) mostra um olhar vazio. Não tem horizonte, não tem objetivo, não tem esperança, não sabe para onde ir e sente medo. Talvez nem viva esteja mais, o que de nada importa para o sionismo genocida atual. Nos objetivos do governo israelense de hoje existe apenas a decisão apoiada pelo presidente dos Estados Unidos de aniquilar totalmente os palestinos e a Palestina, que para eles não existe, nunca existiu. Essa menina é um ser humano que sofre apenas para nós, os outros seres humanos que dão valor à vida. Para o sionismo internacional ela não passa de um objeto descartável. Ninguém vai chorar sua morte em Israel, e nem procurar culpados.

Causa revolta a mim ver brasileiros canalhas da extrema direita política desfilando com bandeiras dos Estados Unidos e de Israel em suas manifestações saudosas da ditadura militar brasileira ou então de desgosto pelo fato de mais um golpe de Estado ter fracassado no Brasil bolsonarista. Cegos que são de ódio, cultuadores de um sociopata expulso do Exército, não fazem nada além de conspirar. E de fomentar conspirações que se escondem por trás de seus discursos de apoio ao renascimento de um pensamento político que, no século passado mesmo, em sua primeira metade, gerou vários milhões de mortos na guerra mundial de entre 1939 e 1945. A guerra chamada II e que foi gerada pelo fascismo e pelo nazismo. Como se pode sentir saudades disso?

O atual primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e que é chamado de Mimi, cultua o nazifascismo. Diz que não, reza juntamente com os outros atuais governantes de Israel pela manutenção da memória do holocausto nazista, prega contra ele e faz igual. Rigorosamente a mesma coisa. Agora amparado por Donald Trump, o extremista de direita dos EUA, vai dar sequência aos planos da "Grande Israel", que significa tomar Gaza, ocupar toda a Cisjordânia e acrescentar esses territórios definitivamente ao estado judeu. Isso tudo com apoio incondicional do governo trumpista e do armamento fornecido por este. Para matar quantos forem os que ficarem à frente de seus planos genocidas,

Quando assumiu, Trump disse que queria de volta os milhões de dólares gastos por seu país para garantir a segurança da Ucrânia contra a Rússia. Na verdade queria, como parece ter conseguido, o direito de roubar as chamadas terras raras ucranianas e seus minerais de suma importância sobretudo para a indústria bélica norte-americana. Por que o presidente ianque não exige de volta os também muitos milhões de dólares enterrados em Israel? Porque nesse caso é de interesse seu e do sionismo internacional manter essa ponta de lança no Oriente Médio com as armas voltadas aos muçulmanos. Muito simples.

Mais cruel ainda: esse presidente que se veste até de papa, já disse que vai transformar Gaza num imenso resort. Com todo o conforto, mas sem palestinos. Sem a menina da foto acima, coitada, que não tem lugar no mundo. A justificativa mais imediata para isso é o fato de o Hamas, num ato de extrema violência, ter atacado uma região onde milhares de judeus faziam uma festa em 2023 e matado cerca de 1.200 pessoas, além de sequestrarem mais de 200. Ato de terrorismo, sim. Mas todo mundo que condena esse ato se esquece da menina da foto e de mais de 47 mil outros mortos pelos israelenses nos últimos meses, além do fato de que todos os mortos judeus daquela invasão estavam em território também invadido ilegalmente por Israel que, mais um vez ancorado nos Estados Unidos, não respeita as leis internacionais. Mas se considera no direito de exigir respeito dos outros povos e nações.

Pobre menina linda da foto. Nem sequer deve viver mais.   

2 de maio de 2025

O Brasil dos desiguais


Somos todos iguais perante as leis!

Será mesmo? Se olharmos para o prédio de Maceió onde Fernando Collor de Mello cumpre desde ontem sua prisão domiciliar (foto), saberemos que não. Enquanto esperava pela saída do ex-presidente da prisão onde estava na capital de Alagoas o repórter da Globo News que cobria o fato viu um homem idoso dando entrada no presídio, também condenado por roubo. Um ladrão dirigindo-se para onde estava saindo outro. Mas aquele, ao contrário do magnata agora recolhido ao seu apartamento de 600 metros quadrados, ficou na tranca mesmo.

O Brasil é uma sociedade construída para proteger os ricos, mesmo nas piores situações.

Vejam o Congresso Nacional de nosso país. Cerca de 80 por cento dos deputados federais e senadores eleitos por nós mesmos representam os interesses do grande capital. E não é por outro motivo que a discussão do fim da escala 6X1 vai enfrentar todos os obstáculos possíveis para ser aprovada. Isso também boicota a discussão da isenção de pagamento de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais e a diminuição dos encargos daqueles que recebem entre essa cifra e R$ 7 mil. Fazer valer essa justiça social significa penalizar os que ganham milhões ou bilhões pagando muito pouco ou quase nada. Eles não querem pagar coisa alguma e têm seus representantes no Congresso, todos muito bem "convencidos" por debaixo dos panos, onde não entram - ao menos até agora - pelo cano.

O que são, hoje, os partidos políticos do Brasil? Nada. Rigorosamente nada. Qual é o programa de cada um deles? Que princípios político ideológico seguem? Que compromissos têm para com a população do Brasil? Não a dos magnatas, mas a dos milhões que vivem pendurados no INSS? Esse é o país que os interesses do "mercado" defende. Esse é o país que o dinheiro deles, via subornos dos mais diversos tipos, quer preservar. Só um exemplo: o fim da escala 6X1 representou melhora de produtividade em todos os países onde ela existe. Aqui, o "mercado" diz que prejudicará a economia. Ou será que apenas e tão somente representará mais um freio contra os lucros desmedidos e o trabalho escravo?

Quando vejo um desqualificado como o senhor Gilvan da Federal chamar uma ministra de Estado de prostituta, não consigo classificar sua presença  no Congresso como um erro dele. Quem o colocou lá foram os eleitores do Espírito Santo, meu Estado, e que faz dos canalhas da extrema direita seus representantes em praticamente todos os setores, até na Cultura. E são capazes de achar bonito, isso porque Gilvan não é uma exceção. É a regra do novo fascismo que se faz presente em muitas partes do mundo.

O Brasil nunca será igual para todos nas leis enquanto for o paraíso dos desiguais. Aquele país que premia a iniquidade sobretudo e principalmente na política.    

30 de abril de 2025

Vá embora, Lupi!


O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, (esse feioso aí da foto)  prestaria um enorme serviço ao Brasil caso se demitisse do cargo imediatamente. Para ele deve ser de suma importância o status ministerial, os aviões executivos da FAB, os diversos assessores, veículos, motoristas, penduricalhos diversos na soma dos ganhos do final do mês, mas a dignidade do cargo de ministro é mais importante. E ainda porque ele jura gostar muito do presidente Lula. Só não mais do que o vidão que leva em Brasília.

Lupi, capo di tutti capi do PDT, começou a carreira política agarrado a Leonel Brizola. Nesses tempos, teve contatos imediatos de primeiro, segundo e terceiro graus com o aparelho sindical brasileiro e fez seu nome. Conheceu todos os meandros do sindicalismo, com o que se tornou uma espécie de grande conhecedor da área. Vai daí o fato de ele, agora, dirigindo o seu partido, ter sido indicado para um ministério tão importante. Mas é importante que deixe o cargo porque todo o seu conhecimento adquirido ao longo de tanto tempo não foi capaz de fazer com ele identificasse corrupção pelo cheiro. E não soubesse como combater esse mal que o dia a dia colocou dentro de seu gabinete.

Hoje a fina flor da marginalidade do Congresso Nacional se aproveita do escândalo dos desvios de dinheiro de aposentados do INSS para pedir uma CPI que apure os fatos. Mas eles são fáceis de serem apurados porque se originaram no desgoverno de Jair Bolsonaro, "o artista" que agora promove espetáculos diretamente da UTI do Hospital DF Star.

Só que enquanto Lupi deixa o governo sangrar com sua inanição assustadora, a marginalha faz a festa. Sobretudo e principalmente deputados federais acostumados com as redes sociais, com as ofensas pessoais e que são capazes de pedir a morte do presidente da República e chamar de prostituta uma ministra de Estado diante de seu marido deputado, dentro da Câmara Federal, na certeza de que não serão punidos porque o decoro, lá, já está morto e sepultado faz muito tempo.

O ministro acha que explicar o inexplicável pode contornar o problema criado. Não pode. Ainda que não se consiga uma única prova direta contra ele, sua omissão, sua incompetência e falta de argumentos são um prato pronto e acabado para uma oposição que sonha dia e noite em destruir esse governo mesmo sabendo que a crise atual nasceu no anterior.  

Lupi, não deixe o Brasil sangrar mais. Vá embora!

26 de abril de 2025

Farsa na UTI


Nos tempos passados havia um dito popular que às vezes era repetido quando alguma pessoa morria em circunstâncias, digamos, não comuns: "Erro médico a terra cobre". Até hoje isso é lembrado. Mas agora, depois que o ex-presidente Bolsonaro foi mais uma vez internado para cirurgia e transformou a UTI do Hospital DF Star em um circo de espetáculos teatrais transmitidos pela internet é possível fazermos uma adaptação: "Teatro médico o hospital permite e encobre", com hora marcada e tudo o mais que faz parte do grotesco programado.
Há coisas para lá de estranhas envolvendo tudo o que cerca esse indivíduo inelegível e genocida. A começar pelo fato de que todas as suas internações e cirurgias coincidiram ou coincidem com algum evento de natureza legal. Isso desde que ele começou a ter problemas com a Justiça quando se recusou a tomar medidas contra a pandemia e insistiu em "receitar" cloroquina para os doentes de COVID-19. Ou mesmo antes disso  grande o número de médicos que apoiaram o uso de medicamentos sem eficácia para o caso só porque o presidente, formado e pós graduado em ciências ocultas e letras apagadas, assim o desejava. E expressou isso.
Tal comportamento cresceu a ponto de influenciar nas eleições para os Conselhos de Medicina, tanto os estaduais quanto o Federal. Hoje médicos que discordam da imbecilidade geral têm medo ir contra a maré da anticiência como, por exemplo, para autorizar ou realizar a interrupção de gravidez nos casos previstos em lei, e que são apenas três.
Ou então de não seguir os ditames dos diretores do CFM, mesmo sabendo que um ou outro não possuem amparo cientifico ou são ditados por crenças vazias do tal neo pentecostalismo e do qual fazem parte as correntes dos multimilionários da religião recente, como é o caso de Silas Malafaia, atualmente o mais virulento de todos na defesa da extrema direita política.
E isso não é o pior. Lembro-me como se fosse hoje do mais de um mês que passei indo a uma UTI de hospital para acompanhar a luta pela vida de um ente muito querido meu, e de quantos cuidados precisavam ser tomados para que eu pudesse entrar na UTI do Hospital Dr. Dório Silva durante todo aquele tempo. Eram cuidados necessários num ambiente controlado de doentes em estado grave, muitos inconscientes e que poderiam ter seu estado clínico agravado caso as providências higienização, dentre outras fossem negligenciadas.
Não havia, e nem pode haver, pessoas estranhas aos procedimentos circulando, filmando, entrevistando, dando palpites em nada dentro de UTs.
Nem ao menos pacientes que possam levantar, andar, retirar medidores de pressão e outros equipamentos de seu corpo por quaisquer motivos, As regras de cuidados médicos eram - pois tinha que ser assim - extremamente rigorosas, pois o que estava em jogo eram vidas humanas. Cerca de duas dezenas delas, no mínimo em cada hospital.

Hoje os diretores do Hospital FF Star deveriam estar sendo responsabilizados, como estão, inclusive no plano criminal por permitirem que o leito onde fica o ex-presidente da República se torne um picadeiro (foto do paciente na UTI). Sim, porque isso acontece com a concordância deles e dos que estão de plantão na UTI, bem como dos cirurgiões que operaram o abdome do internado. Isso não tem o menor cabimento, a menos justificativa. É uma aberração que acontece a céu aberto sem que o Conselho de Medicina do Distrito Federal se manifeste ou que haja manifestação por parte do CFM. Parece claro que ali estão muitos bolsonaristas de carteirinha, mas eles jamais poderiam se manifestar num ambiente hospitalar controlado e sensível.
Estamos diante de um quadro que é não apenas bizarro, mas também grotesco. Estamos diante de uma situação que ultrapassa os patamares do absurdo. Os apoiadores desse ex-presidente que faz de seu estado de saúde um palanque eleitoral, um atentado a tudo o que existe de mais insuportável possível tem que ser estancado como uma hemorragia fora de controle. O surto da extrema direita por anistia aos criminosos do 08 de janeiro de 2023 chegou a um ponto em que o Brasil como sociedade, como país, como nacionalidade, não pode mais tolerar. Mesmo num mundo de Trump, de Netanyahu e de outros, esse quadro chegou a um novo samba do crioulo doido e com todas as consequências danosas que isso envolve para a saúde mental e a segurança dos demais brasileiros. Tomara as autoridades reajam a isso, como parece estar acontecendo,
 Hoje estamos pasmados vendo esses episódios de acusados por crimes. Até quando vamos vamos conviver com esses fatos? Basta, não?