"Apesar de suas enormes diferenças, Hitler, Mussolini e Chávez percorreram caminhos que compartilham semelhanças espantosas para chegar ao poder. Não apenas porque todos eles eram outsiders com talento para capturar a atenção pública, mas cada um ascendeu ao poder porque políticos do establishment negligenciaram os sinais de alerta e, ou bem lhes entregaram o poder (Hitler e Mussolini) ou então lhes abriram a porta (Chávez). A abdicação de responsabilidades políticas da parte de seus líderes marca o primeiro passo de uma nação rumo ao autoritarismo."Esse pequeno trecho acima foi retirado do livro "Como as democracias morrem", de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. A obra, um best-seller, serve de alerta às democracias do século XXI. Nos diz não apenas dos três ditadores citados nominalmente, mas tambem daqueles que, copiando ou não a receita, servem de modelos, fracassados (Jair Bolsonaro) ou em atividade (Donald Trump) no mundo moderno onde o extremismo político de direita emerge nos assutando a todos, mesmo sendo de esquerda, como no caso citado do venezuelano. E não apenas pela importância dos países nos quais ela se apresenta, mas também porque sua ocorrência em um (Israel) é difícil de ser explicada à luz da lógica.
Os israelenses, inclusive os não sionistas, guardam com rigor religioso seus espaços de culto à memória do holocausto. E é preciso olhar para isso: no caso deles essa memória se refere apenas aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante a II Guerra Mundial e não a todos os seres humanos massacrados pela máquina de genocídio alemã de 1939 a 1945, composta também de presos políticos, deficientes físicos e mentais, negros, ciganos, mendigos, enfim, toda a gama de "sub-humanos", seres inferiores na crença deles. No total, acredita-se que cerca de 14 milhões foram mortos nesse período. Mas eles não são contados. Aos sionistas interessa isso, sobretudo porque palestinos também acabaram massacrados.
Talvez por esse motvivo e por tudo o que estamos passando nos tempos atuais é preciso ter em mente que as democracias são frágeis. Todas elas. E depedem de nós para sobreviver.
Ruy Castro, escritor memorialista brasileiro com vasta obra de levantamento de fatos e biografias, escreveu mais recentemente "Trincheira tropical", que conta a história do Rio de Janeiro, então capital da República, durante os anos que antecederam e foram vividos no período da Grande Guerra. Era um microcosmo do que se passava no mundo, sobretudo porque milhares de perseguidos daqueles tempos, inclusive judeus, aportaram nos arredores da Baía da Guanabara para fugir a um destino cruel. E vivíamos tempos de grande turbulência marcada pela luta entre fascismo, comunismo e democracia num Brasil onde Getúlio Vargas dirigia uma ditadura feroz, principalmente na área da censura a quase tudo.
Notem que fascismo, comunismo e democracia eram movimentos diferentes de hoje, sobretudo o comunismo, então intimamente ligado ao stalinismo que vigorava na então União Soviética. Foi justamente o cisma gerado pelo stalinsimo que provocou o surgimento do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em oposição ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em 1960, na ruptura do V Congresso. Assim como aconteceu com essa corrente de pensamento, modificou-se também a estrutura das democracias representativas. Parado no tempo ficaram o nazismo e o fascismo, ou o nazifascismo que hoje tenta voltar à cena política trazendo mais uma vez aos países o ódio vestido de racismo, homofobia, etc.
Esse entulho do pensamento totalitário e que carrega consigo todos os germes de crimes, políticos ou não, nos anos 1930/40 precisou de uma guerra recordista em mortes para ser pretensamente sepultado. Mas hoje retorna com força pelas mãos dos nazistas sionistas encastelados em Israel e sustentados sem freios pela política dos Estados Unidos que os abastece com as armas mais modernas que existem para eles poderem continuar seu projeto gennocida de limpeza étnica na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupadas ilegalmente.
Talvez tenha faltado ao presidente Lula sutileza quando disse que os sionistas de Israel cometiam genocídio da mesma forma como foram vítimas dele no passado, faro meio que representado na imagem protesto que abre esse texto. Isso não é questão de números, é de método! E o ministro sionista Israel Katz, que nos chama antisemitas, precisa saber da diferença entre antisemitismo e antisionismo. Mas isso não interessa a ele, que se comporta como porteiro de boate. A nota da Chancelaria brasileira em resposta ao ataque de que fomos vítimas, classificando a agressão sionista como "ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis", rompe com tradições de nossa duplomacia, mas restabelece a verdade.
É preciso estar atento e forte. As democracias dependem de nós.