23 de dezembro de 2015

Dilma, a "ilibada"

Ouvi atônito o discurso da presidente Dilma Rousseff e no qual ela se proclama pessoa ilibada. O texto está na fofo/ilustração desse artigo. O que é uma pessoa de conduta ilibada? Trata-se de um ser "não tocado; sem manchas; puro; incorrupto". Tudo o que a chefe do Executivo não é.
A compra da Refinaria de Pasadena, que custou prejuízo monumental à Petrobras, foi concretizada com a assinatura dela. A "economia criativa" desenvolvida para levar pessoas, empresas e até mesmo governos a imaginarem que o Brasil atravessava época de bonança no ano passado durante a campanha eleitoral que a reelegeu, foi levada a cabo pelo ministro da Fazenda dela, Guido Mantega, com o intuito de enganar, de ludibriar, de vender a ideia de que estávamos em um País com contas em dia mas que, à época, já naufragava como um Titanic com piloto incompetente. Pessoas ilibadas não permitem disso.
Finalmente, e só para não nos estendermos demais, as "´pedaladas" fiscais representaram dinheiro tomado a instituições financeiras governamentais, sem condição de ser devolvido em seguida, e serviram para abastecer os programas sociais que, em 2014, salvaram o governo de uma derrota eleitoral. Mais uma vez por meio de enganações. Só que nesse caso ficou claramente configurado que a Presidente cometeu crime de responsabilidade. E pode-se ser alvo de impeachment por tais crimes. Isso está previsto na Constituição que, mão colocada acima, Dilma prometeu honrar e respeitar,
Fiquei atônito várias vezes e não apenas uma. Também ao ver um senador contrariar a negativa de aceitação das contas da presidente referentes a 2014 porque, segundo ele, a Lei de Responsabilidade Fiscal não permite que ninguém governe. Um senador prega o desrespeito às leis. Pasmem.
Fiz essa abertura só para chegar ao ponto que considero fulcral para esse meu último artigo do Blog do Álvaro em 2015: se Dilma e o atual governo continuarem, forem até 2018, tenho convicção pessoal - e milhares de outras pessoas também - de que o Brasil estará falido ao final da etapa,
A presidente não deseja reforma alguma. Seu atual ministro da Fazenda é um dos autores da "nova matriz econômica" que nos está levando à bancarrota. Segundo dezenas de análises de gente da maior respeitabilidade na área econômica, corremos o risco de ter toda uma década perdida, de 2011 a 2020 caso o Brasil não mude. Caso a farra com dinheiro público não cesse. A Operação Lava Jato, sozinha, não vai nos salvar. Para que o Brasil se reencontre com seu futuro, com todas as suas potencialidades, é preciso que os incompetentes que o governam saiam. E que a corrupção seja combatida sem trégua.
O impeachment não é apenas um instrumento legal que agora pode depor uma presidente. Ele é a salvação desse País que nós amamos e eles, ao que parece, não.            

16 de dezembro de 2015

O governo do caos

A agência de investimentos Fitch rebaixou a nota do Brasil. Estamos no último degrau antes de deixar o grau de investimento para ingressar nos patamares especulativos. Isso significa que em breve perderemos muitos investimentos internacionais, sobretudo de ricos fundos. Já havíamos tido nossa nota rebaixada pela agência Standard & Poor's. Agora só falta a última delas, a Moody's.
Vende-se a ideia de que isso ocorre por
irresponsabilidade do Congresso. Unicamente. Não é verdade, embora o Congresso seja irresponsável, sim. Na verdade, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que fez um périplo pelo Legislativo logo depois desse rebaixamento sabe muito bem que nosso País só tem tido resultados pífios na economia por não reduzir o chamado "Custo Brasil".
Temos um Estado mastodôntico e um governo que aposta no caos. Prometeu reduzir os ministérios e seus custos e fez uma simples maquiagem. Prometeu demitir três mil dos 15 mil apaniguados mais próximos do poder e ocupantes de cargos comissionados e não mandou ninguém embora. Prometeu outras ações de redução de despesas e nada fez. O Brasil acumula déficits por não conseguir arrecadar o que gasta. Essa ciranda suicida foi inaugurada no governo de Lula e segue até hoje. Joaquim Levy a conhece não tem força para combatê-la. Ao contrário, insiste em tomar medidas de aumentos de impostos mesmo sabendo que já não suportamos mais isso. Ora, então vá para casa!
Desde que Lula assumiu o poder após as eleições de 2002, o tamanho do Estado inflou. Era preciso dar cargos a todos os companheiros e aos amigos da "base aliada". E haja cargos! Os que não havia foram criados. Salários cresceram fora de controle. E deu-se então a ciranda dos roubos. Chegou-se ao cúmulo de quebrar a Petrobras, o que era considerado impossível.
Não vou falar sobre os escândalos seguidos. Eles estão todos o dias nos jornais e TVs. Nos envergonham, fazem o Brasil virar motivo de chacota internacional e o resultado final é esse. Nossa maior crise financeira de todos os tempos é também reflexo da maior crise ética. Nunca antes na história desse País tanta gente desqualificada frequentou Brasília, viveu lá, deu ordens e roubou.
Nunca antes!
Dona de apenas nove por cento de aprovação, a presidente que aprovou a compra da refinaria de Pasadena, que fez vista grossa - no mínimo - à dilapidação da Petrobras e cometeu várias ilegalidades conhecidas como "pedaladas fiscais" para vencer as eleições do ano passado, não tem condições de prosseguir governando. Ela destruirá o Brasil antes de chegarmos a 2018.
Sim, fomos nós que a elegemos. Isso é correto. Mas a Constituição, Carta Magna desse Brasil assaltado, nos dá também o direito de tomar o poder das mãos dela. Façamos isso enquanto é tempo.

15 de dezembro de 2015

Catilinárias candangas

Cicero ataca Catilina no Senado Romano. Igual ao Brasil
Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
Oh tempos, oh costumes! - 
Marcus Tullius Cicero.
Você, caro leitor, pode substituir o nome Catilina citado nesse discurso pelo Tribuno Cicero em 63 Antes de Cristo por Eduardo Cunha. Por Lula. Por Collor. Por Renan Calheiros. Ou então por tantas outras figuras menores que desonram hoje nosso País devastado por roubos, por escândalos, por repercussões negativas em todo mundo. Nosso País vivendo sua mais profunda crise econômica de toda a história, sua crise moral e ética mais aguda, e ainda correndo o risco de ver tudo isso se agravar com o chegar do ano novo e, talvez um rebaixamento por parte das agências de classificação de risco. Ou que poderá nos deixar ao rés do chão. Literalmente.
E vivemos isso enquanto as únicas ações do governo são as tentativas de aumentos de tributos. Enquanto ele maquia a verdade e anuncia mas não cumpre as promessas de reduzir o custo do Estado pois, sabemos todos nós, esse custo embute milhares de cargos públicos preenchidos por petistas, apaniguados do PT, do PMDB e de outros "partidos aliados" como o PR.
Não temos mais governo. Na prática, enquanto se discute o impeachment de Dilma Rousseff em Brasília e do Oiapoque ao Chui, nada mais acontece nesse País além do agravamento das diversas crises, pois a Chefe de Estado, que comete crimes de responsabilidade um atrás do outro para manter o mínimo de poder, se agarra ao Palácio do Planalto como um mendigo a um prato de comida.
Hoje a Polícia Federal cumpre mais 53 mandados judiciais determinados pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terceiro personagem na ocupação da presidência em caso de impedimentos da Presidente e de seu Vice, teve suas casas invadidas para a busca de provas do cometimento de crimes os mais variados. Sobretudo envolvendo dinheiro público.
Oh tempos, oh costumes!     

13 de dezembro de 2015

O ovo da serpente

18 de janeiro de 2002, Juquitiba, São Paulo. Se você não o conhece, eis o ovo da serpente.
Nós todos, os omisso, estivemos durante anos ajudando a fazer crescer uma grande Máfia. Vou usar

o "M" maiúsculo apenas e tão somente para mostrar o tamanho desse cancro mole da vida do povo brasileiro. Dessa peste que se transformou em poder e que desde 2003 nós somos obrigados a suportar. Graças ao voto não pensado. Inclusive ao meu, dado em 2002.
Celso Daniel não acreditava em "la legge del capo". Deu no que deu. Em Juquitiba.
Você vai ver duas fotos ilustrando esse texto  Na primeira está o corpo de Celso Daniel logo depois de encontrado. Depois vem a de seu velório. Nessa estão figuras notórias. Olhe bem e você vai encontrar nela, na foto, de "Il capo di tutti capi". Aquele que nunca sabe de nada. Olhando bem nessa segunda foto você vai encontrar também um líder guerrilheiro. Aquele que conseguiu prostituir um sonho. Ele está ao lado do caixão. Pesaroso! Contrito! Grande filho da puta consolando a viúva!
Acreditem nos esforços que estão sendo feitos para que isso tudo acabe. Ou então para que o crime organizado - uma das únicas coisas bem organizadas desse País - peca força. Ele se entranhou em todos os cantos, em todas as esquinas da vida nacional. Sempre existiu, sim. Mas se repente se tornou uma politica de Estado. Daquelas que ganham força e que continuam, se reproduzem e não sentem medo de nada. Nem da Operação Lava Jato ou de qualquer outra.
Hoje, a maioria dos grandes empresários de construção civil estão presos. Curitiba, a bela capital dos paranaenses, virou pouso final de um jato negro da Polícia Federal que, vira e volta, leva gente para lá. Gente suja de roupa bonita, quase sempre vestida de seda e outros tecidos nobres. E que precisa depois trocar essa roupinha por uma farda diferente, renunciando ao luxo e ao conforto.
Sim, porque no Brasil grande parte desse luxo, desse conforto, foi adquirido por meios ilícitos. Por roubo de dinheiro público. Do nosso dinheiro. Esse mesmo que hoje condena milhões de brasileiros à vida indigna, à fome, à mendicância. Hoje mesmo, voltando do supermercado, passei por quatro pessoas, talvez uma família inteira, dormindo na calçada aqui no bairro de Jardim da Penha, em Vitória. São sem teto, sem comida, sem dignidade, sem horizontes. Sem futuro, enfim.
São aqueles que acreditaram no governo do povo para o povo.
Os que sonharam enquanto o ovo da serpente era chocado e Celso Daniel terminava assassinado por ter decidido começar a denunciar. Ele teria evitado, se vivo ficasse. até mesmo a Operação Lava Jato. Mas foi assassinado.    

11 de dezembro de 2015

Vidas secas, bolsos cheios

Animais em um trecho da obra. Milhões já foram roubados 
As vidas continuam secas, mas muitos bolsos estão cheios de dinheiro.
Sinhá Vitória é personagem de Graciliano Ramos no livro "Vidas Secas". Pois foi chamando-a de Vidas Secas - Sinhá Vitória que a Polícia Federal deflagrou hoje nova operação de investigações envolvendo 32 personagens em diversos estados, para encontrar provas do desvio de até agora R$ 200 milhões em obras da Transposição do Rio São Francisco. Tem prisão (quatro), condução coercitiva (quatro), além de 24 mandados de busca e apreensão.
O novo esquema de corrupção com dinheiro público envolve gente bandida de Pernambuco (o trecho sob suspeita vai do agreste daquele Estado à Paraíba), Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília. Por enquanto... E o esquema de desvio de dinheiro dos nossos impostos, endêmico nesse País, envolve o descobrimento de um esquema que ainda estava encoberto, mas com personagens velhos, conhecidos sobretudo da Operação Lava Jato.
Como sempre, os arrecadadores são doleiros e atravessadores como Alberto Youssef e Adir Assad. As empresas envolvidas, os mesmos consórcios já identificados em outros esquemas e que têm diretores presos em Curitiba nessa que é a maior investigação sobre corrupção de todos os tempos.
Não creio que o total roubado seja de apenas R$ 200 milhões. Deve ser muito mais. Muito mais mesmo. Afinal, o que está sendo investigado até agora são somente dois de 14 trechos dessa obra megalomaníaca, defendida por Lula e seus sequazes, com já anos de atraso, paralisada em muitos de seus trechos e que infla o custo final a cada dia que passa.
Um dia desses foi dito no exterior que o Brasil tem superfaturamento em praticamente todas as obras públicas aqui realizadas. Deve ser verdade. O costume de roubar dinheiro público através de contratos que vão desde a esfera municipal à Federal é antigo. E se alimenta a cada dia do fato de que é fácil roubar e difícil recuperar o que foi roubado. Ou será que era?
Ontem li textos escritos por gente culta, ao menos por um professor universitário, dizendo que a Operação Lava Jato é um engodo para atingir o governo do PT. Parece delírio. Isso é a defesa intransigente e irracional de um partido que não se está tentando criminalizar coisa alguma. Ele próprio é parte integrante de crimes nunca antes vistos na história desse país. Como diz um imbecil.
Por que perguntei: "Ou será que era?". Porque domar esse monstro, feri-lo de morte e começar a limpeza do Brasil passa pelo esforço que essa Operação Lava Jato desenvolve hoje.
Ela e mais outras.

10 de dezembro de 2015

Nunca antes na história...

Dilma discursa para sua plateia. Ali ela se sente muito bem
Candidamente, com a sinceridade dos culpados, a presidente Dilma Rousseff disse ontem, perante uma plateia organizada a caráter para que ela fosse aplaudida, que está sendo alvo de um processo de impeachment por ter usado dinheiro público, não para si, mas para investir no programa Minha Casa Minha Vida. E olhava para as pessoas como que dizendo: para melhorar as vidas de vocês!
Quanta bondade!
O único inconveniente é que a lei proíbe. E a lei chama a isso de crime de responsabilidade.
Dilma Rousseff cometeu o que ela chama com desprezo de "pedaladas fiscais" durante a campanha de 2014. Ou seja: ela tomou dinheiro de instituições bancárias sobre as quais o Governo Federal exerce controle - Caixa, Banco do Brasil e outros - para, com o incremento de obras do Minha Casa Minha Vida e com a distribuição de pagamentos ao Bolsa Família, conseguir ganhar as eleições. Não era a preocupação para com os pobres o motivo desses atos. Eram votos a serem conquistados das pessoas menos esclarecidas, aquelas que votam com o estômago ou com a concretização de velhos sonhos. O governo que destruiu horizontes, que apagou a luz no fim do túnel, sabe como poucos qual é a fórmula ideal para manter currais eleitorais. Nem velhos caciques políticos eram tão bons nisso.
Além do mais, e hoje ela tem certa dificuldade de falar no assunto, as contas públicas foram maquiadas com a colaboração de Guido Mantega, o Ministro da Fazenda de então. Tentava-se passar aos demais cidadãos e ao exterior a imagem falsa de um Brasil que tinha controle sobre suas contas e que estaria, portanto, com boa saúde no terreno financeiro. Tudo falso, Tudo golpe de eleição. Tanto que hoje estamos às vésperas de novo rebaixamento pelas agências internacionais de classificação de risco. Vamos perder o "grau de investimento". Nossas vidas ficarão ainda mais difíceis.
Além do mais, a presidente continuou a usar dinheiro público de forma ilegal - na prática, como se tivesse pegando empréstimos bancários - mesmo esse ano, em 2015. Ou seja: nem mesmo a recusa de suas contas pelo Tribunal de Contas da União fez com que Dilma sustasse as práticas desonestas.
E ela discursa. Fala a claques montadas com essa finalidade que tudo o que fez foi para os pobres. Para os programas sociais. Para dar comida a quem não tem e teto àqueles que não o possuem.
Nunca antes na história desse País um governo foi tão cínico! Tão cretino!    

9 de dezembro de 2015

Congresso que não nos representa

Era de se prever que o Supremo Tribunal Federal reagiria a qualquer possibilidade de normas legais/constitucionais serem desrespeitadas pelo Congresso. Ele reagiu na figura do Ministro Edson Fachin (foto), como poderia ter feito isso por qualquer outro de seus membros. Se a regra do jogo é voto aberto - aliás, como deveria ser em quaisquer circunstâncias -, não se justifica que a eleição de membros da Comissão Especial de impeachment que vai levar seu relatório a plenário seja feita numa cabine fechada. Nós, os que elegemos esses representantes, queremos conhecer suas posições.
E o que se viu ontem na Câmara dos Deputados foi lamentável. Não adianta à gente querer se consolar dizendo que na Coréia isso já aconteceu, no Japão também e talvez em Tanganica. Até deputado dando cabeçada no outro as câmeras surpreenderam ontem durante os tumultos que definiram a comissão hoje sob apreciação judicial. Isso afora empurrões, tapas, xingamentos, quebra de urnas e outras coisas lamentáveis - para dizer o mínimo. E as imagens correm o mundo todo.
Sabe-se que o julgamento de um impeachment é mais político do que jurídico. Mesmo assim ele tem que se juridicamente construído. A presidente realmente cometeu crime de responsabilidade usando dinheiro público para pagar programas sociais de forma ilegal. Pior: fez isso às vésperas de uma eleição, para influenciar o resultado das urnas. Maquiou a situação lamentável de nossa economia também às vésperas da eleição. E repetiu "pedaladas" esse ano, mesmo depois de saber que o Tribunal de Contas da União poderia recusar suas contas. Não podemos ser democracia de fachada!
Mas ainda assim precisamos respeitar a regra do jogo e sobretudo a Constituição Federal. Ela nos foi dada em 1988, depois de muita luta contra a ditadura militar e impõe regras para impeachments. Esse ritual, que é legal, tem que ser respeitado. De pouco importa que idiotas o chamem de golpe. Até mesmo porque o partido do governo atual foi favorável à instalação de processos de impeachments anteriores a esse e em nenhum momento, nos casos passados, chamou o procedimento de golpista.
Temos um Congresso que não nos representa, apesar de contar com muitos membros dignos. O presidente do Senado está sendo investigado por ilegalidades várias e o da Câmara pode ser cassado de uma hora para a outra por receber propinas e manter conta bancária na Suíça. Acresce a isso o fato de que o Governo Federal desde 2003 nos envergonha, quer seja por seu primeiro chefe de Estado, quer seja pela atual. Os escândalos são tantos e tão grandes que o Brasil virou chacota no exterior.
Infelizmente e diante de tudo isso, o drama que se estende de Mariana a Regência é coisa pouca!  

8 de dezembro de 2015

"Verba volant, scripta manent"

O texto que faz título a esse artigo abre a carta do vice-presidente da República, Michel Temer, endereçada ontem à presidente Dilma Rousseff. É um texto em latim que, em tradução livre, quer dizer: "As palavras voam; os escritos permanecem". Temer queria que sua carta permanecesse e, não por outro motivo, a fez cair nas mãos de todos os jornalistas de Brasília. E do mundo...
Podia dar certo? Não entre o político de carreira e a gerentona 
Não pode existir rompimento mais claro, mais cristalino. De hoje em diante Dilma não poderá mais se referir a Temer como "meu vice-presidente". E nem Temer ao governo como "meu governo". E as consequências desse rompimento poderão significar muito para essa "criação" de Lula.
A gente planta, a gente colhe.
Dilma Rousseff ficou famosa, mesmo antes de ser presidente, pelas broncas desqualificantes que dava em seus subordinados. Algumas pessoas chegavam a chorar. Na presidência, continuou no mesmo tom, levantando a voz e esmurrando a mesa para muitos de seus ministros. Não era uma presidente; era uma gerentona daquelas bem sem educação. Sem classe.
Não recebia políticos. tratava-os com extrema rudeza, com desprezo, com desdém. E os políticos sentiam isso, dos mais pulhas aos honestos. Dilma, muito mais do que Lula, diferenciava "nós" e "eles". E mesmo "nós" éramos tratados à distância. Com muita distância.
É que Dilma não foi atriz política. Não iniciou a carreira pelas urnas nos cargos municipais ou estaduais. Ela foi guindada à presidência por um presidente que queria dela apenas a imagem de um rito de passagem, embora sem saber o que quer dizer isso. Lula queria, desde o dia em que deixou o Palácio do Planalto, voltar para lá em 2018. Continua querendo e vai tentar. Se não for preso até lá.
O impeachment de Dilma, que tem razões jurídicas claras, jamais teria sido pedido se a presidente jogasse o jogo político e tivesse trânsito no Congresso, sobretudo entre as reservas morais que há lá. Mas não, ela não fazia isso. Era muito superior para descer tantos degraus! E agora, Dilma?
Jogo jogado, cartas na mesa, ela terá que salvar o mandato dando aos mãos a quem despreza, cortejando os "inferiores", fazendo acordos com o baixo clero - mesmo para negar depois ter feito isso - e ainda aceitando toda a ajuda que Lula quiser dar a ela.
Para salvar o mandato, Dilma vai ter que descer do trono e sentar-lhe à mesa até com a ralé política. Vai implorar que essa a salve. E implorar sem ter a certeza de que será atendida.

7 de dezembro de 2015

Continue negociando, Presidente

"Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público. Não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais".
Eis o principal ponto do discurso da presidente Dilma Rousseff quando falou sobre a aceitação, por parte da Câmara Federal, da instalação de seu processo de impeachment. Ela, sua entourage e os militantes do PT apelidaram de "golpe" esse procedimento constitucional, mesmo ele já tendo sido apoiado pelo PT em ocasiões passadas. O que agora parece não contar.
A Constituição de 1988 prevê o impeachment do(a) presidente(a) em casos de crimes de responsabilidade. E a presidente sabe, pois não é burra, que os cometeu, sim, no ano passado e os repetiu esse ano mesmo depois de ter contas recusadas pelo Tribunal de Contas da União.
Ela maquiou dados da economia brasileira, utilizou-se de dinheiro público do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal de forma ilegal e tudo isso com um único objetivo: criar uma ilha da fantasia para garimpar votos sobretudo entre os brasileiros menos esclarecidos. Conseguiu, é certo. Mas à custa do cometimento de crimes que ela agora não pode e não deveria negar.
O fato de a presidente não ter colocado o dinheiro em seu bolso, em sua conta bancária, na Suíça ou escondido no Palácio da Alvorada não a absolve. Ela certamente tomou essas medidas incentivada por seu criador político, pois ele estava desesperado com a perspectiva de derrota na eleição do ano passado. Mas isso também não a absolve. E todos esses fatos embasaram o pedido de impeachment aceito na Câmara e redigido por três figuras ilustres do conhecimento jurídico brasileiro.
Foi uma vingança do Sr. Eduardo Cunha? Certamente. Mas a presidente sabe, eu sei e todos os que estão lendo esse texto sabem também que ela tentou até o fim negociar com Cunha uma troca do impeachment pela absolvição deste no Conselho de Ética ou então uma troca pela CPMF. Não por outro motivo seu criador fez mais de um pronunciamento pedindo ao PT para não ser carrasco de Cunha. Para, digamos, dar uma aliviada. Mas o trato não deu certo, felizmente para o Brasil.
A presidente Dilma Rousseff não está sendo vítima de um "golpe". Ela responde a um processo de impeachment porque cometeu crimes de responsabilidade previstos na Constituição que jurou respeitar. Se vai perder o mandato ou não são outros quinhentos.
Afinal, o Congresso está lá, ávido para negociar com ela.  

3 de dezembro de 2015

Farinha do mesmo saco

Enfim, parece que chegou ao fim o teatro de encenações. Durante meses, subterraneamente, PT, PMDB, Dilma Rousseff, Eduardo Cunha et caterva, tramaram por detrás das cortinas um acordo espúrio que livraria a presidente de um processo de impeachment e ao presidente da Câmara, de um de cassação de mandato. Soterrado o acordo pela lama do Planalto, não muito diferente da que escorreu em Mariana, vem o processo de impeachment e virá o pedido de cassação de mandato.
Executivo e Legislativo, no caso brasileiro e no plano federal, são farinha do mesmo saco.
Disse ontem a presidente: "São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido". Sim, mas não são inconsequentes. Também disse a presidente que não mantém conta no exterior. Até prova em contrário, não mesmo. Mas se a ela interessava defender a moral e a ética no tratar com a coisa pública, porque tramou por debaixo dos panos de seu teatro de encenações um acordo que faria o PT se esquecer isso para salvar Cunha e a ela própria?
Já o presidente da Câmara, terceira pessoa na ordem de sucessão presidencial - vejam bem o tamanho da nossa tragédia - fez questão de enfatizar que o pedido dos juristas Hélio Bicudo e Miguel R

eali Júnior estava embasado nas denúncias comprovadas de "pedaladas fiscais" da presidente no ano passado, e repetidas esse ano, mesmo depois de denúncias e contas rejeitadas. Mas ele somente armou esse discurso agora, depois que sentiu ser impossível salvar-se do processo de cassação.
Quem é mais indigno do cargo que ocupa?
Na pratica, pode-se afirmar que ambos não têm como exercer seus mandatos.
O Brasil vai fechar o ano com um déficit oficial que beira os R$ 120 bilhões, rombo esse nascido, amamentado e crescido na decisão do PT de fazer com que sua candidata vencesse as eleições de 2014 custasse o que custasse, Sobretudo, custasse o que custasse em dinheiro público. No caso de Cunha, abriu contas no exterior da mesma forma que centenas de outros, desviando dinheiro público para si próprio em contratos com estatais num esquema criminoso que a Operação Lava Jato está desmascarando aos poucos, dia a dia, tornando o esquema do conhecimento de todos nós.
Não há como falar em inocência. O Pode Legislativo não se justifica comandado e tendo como membros os corruptos que o infestam e que mancham a honra de seus membros honestos. Já o Poder Executivo não tem como comandar o País manchado pela desonra de não respeitar a Constituição, Carta Magna jurada nas cerimônias de posse. Nessa última e nas três anteriores.
Nós, brasileiros, não merecemos isso.  

30 de novembro de 2015

O japonês bonzinho no Samba do Crioulo Doido

A muita gente o fato passou desapercebido: no mesmo tenebroso dia 25 de novembro de 2015 em que Delcídio do Amaral, senador do PT e líder do Governo no Senado foi preso pela manhã em Brasília, o empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, foi condenado a 15 anos de prisão em São Paulo. Ele é um dos acusados de participar de um esquema de cobrança de propinas durante a gestão do prefeito de Santo André, Celso Daniel, também do PT. O prefeito iria denunciar o esquema e foi assassinado em 2002. Sombra pode estar por detrás desse crime.
13 anos separam os dois fatos. Mas talvez eles sejam muito parecidos em essência. Celso Daniel foi calado numa época em que ainda era possível fazer isso sem deixar rastros conclusivos. Tanto que Sérgio Gomes da Silva ainda pode recorrer. Delcídio pretendia calar Nestor Cerveró, delator na Operação Lava Jato, para que seu envolvimento em esquema de corrupção na Petrobras não fosse revelado na delação premiada. E isso envolvia um plano mirabolante de fuga que somente poderia ter nascido da cabeça de um celerado ou então de Fernandinho Beira Mar.
E no meio de tudo isso, como o Brasil é o país do Samba do Crioulo Doido, surge a figura do japonês bonzinho. Uma figura menor, claro. Simplesmente, ao que parece, um agente da Polícia Federal que no passado, em 2003, chegou a ser preso sob acusação de contrabando para ser solto e reincorporado à instituição depois, pode ser uma das pessoas que vazam informações sobre ações policiais e judiciais. Newton Hidenori Ishii (na montagem fotográfica), o tal agente, não vazaria dados para a imprensa, como ocorre geralmente. Faz isso para os acusados e seus advogados. Ou seja, para facilitar a vida dos que estão presos. E permitir a elaboração de novos planos de criminosos.
Vejamos, portanto, onde estamos: em 2002, antes da posse de Lula como Presidente da República, um prefeito do PT foi morto. Ia denunciar esquemas de corrupção. Em 2015, um senador da República, em pleno exercício do mandato, foi preso por determinação do Supremo Tribunal Federal por estar entabulando o projeto de fuga de um preso e, em gravações, tentando envolver o próprio STF nessas tratativas. Ele queria impedir que as denúncias atuais de esquemas de corrupção o envolvessem e a um banqueiro. Nunca antes na história desse país isso havia acontecido.
Vejam como as coisas se encaixam. Como o encaixe é perfeito. Como o simples relato dos fatos, acrescentado à história dos 12 anos e tanto do PT no poder, mostra um projeto de manutenção desse poder que passa por cima de tudo. Passar por cima da Constituição, então, é um mero detalhe de pequena importância para eles. Afinal, nos últimos 12 anos a Constituição foi vilipendiada. O japonês bonzinho, se tem vínculo com o caso recente, é apenas uma peça menor do tabuleiro de xadrez desse Samba do Crioulo Doido que, ao contrário da música famosa, nos destrói a todos. E ao nosso País.
Mas há como deter esse monstro de tantas cabeças. E a hora é essa.

25 de novembro de 2015

Os dois oceanos de lama

Vi o senador Delcídio do Amaral há menos de um ano aguardando embarque no Aeroporto de Brasília. Sentado a uma poltrona ao lado da ponte de embarque que usaria, estava sorridente. Parava de ler o jornal que tinha em mãos para sorrir, sempre que alguém passava por ele. Quando uma senhora o cumprimentou, levantou-se e, cerimoniosamente, beijou-a nas mãos. Um gentleman! Mas, da mesma forma que grande parte de seus iguais, tem pés de barro. Ou lama, se preferirem.
Não sei hoje qual mar de lama faz mais mal ao Brasil. Se o que nasce em Mariana e corre até o mar de Regência, destruindo tudo o que lhe passa pela frente, ou se o de Brasília, formado por pessoas que se tratam por "excelência", inclusive quando um vai xingar a mãe do outro, e roubam dinheiro público com uma desfaçatez que torna difícil à gente acreditar. Sabemos hoje que esses dois mares formam um oceano de sujeira em nosso País. E somos vítimas de ambos. Quase todos nós.
Dos três poderes da República, o que desempenha melhor seu papel nos dias atuais é o Judiciário. Não estou dizendo que seja perfeito, que não tenha em seu meio pessoas capazes de nos envergonhar. Longe disso. Mas tem se portado com dignidade cívica em muitas de suas ações que têm por objetivo livrar o Brasil desse cancro mole chamado corrupção. Ela é endêmica entre nós.
O Executivo e o Legislativo são cúmplices na criação e na formatação do oceano de lama que nos cerca. Um depende do outro, não para construir um Brasil digno de nosso orgulho, mas para esconder sujeira e se proteger mutuamente de cassações de mandatos, impeachments e outras coisas mais. Fazem isso abertamente. Descaradamente. Canalhamente. O PT sabe que não deve tentar cassar Eduardo Cunha, que é corrupto. Senão ele coloca em votação o impeachment de Dilma Rousseff, que cometeu crimes pelo menos de "pedaladas" fiscais - e isso é o mínimo -. Se ela cair, cai juntamente com ela todo o restante do esquema que nos assalta desde 2003.
Que triste é o Brasil de hoje!
Vemos lama avançando sobre o mar a partir de Regência, paraíso morto de surf no litoral do Espírito Santo, por irresponsabilidade empresarial e omissão governamental, ao mesmo tempo em que a cada dia e episódios lamentáveis, mais casos de corrupção são expostos em Brasília. Nunca antes na história desse País tivemos tantos motivos para sentir vergonha de ser brasileiros!
Foi o Ministro Gilmar Mendes que, repito, melhor exemplificou o Brasil de hoje: "Ele foi tomado por ladrões de sindicato que o transformaram em um sindicato de ladrões".
Mas nem tudo está perdido. Temos que acreditar que vai ser possível salvar grande parte dos danos causados pela Samarco/Vale. E, principalmente, que teremos forças para varrer de Brasília a lama que a torna espúria aos olhos - e bolsos - de todos nós.
E a hora é essa!

12 de novembro de 2015

Somos o cocô do cavalo do bandido!

Bombeiro acaricia o cavalo na tentativa de que ele não morra no mar de lama
Nós não somos nada no universo das preocupações de empresas de grande porte como a Samarco. Seríamos, em última análise, o cocô do cavalo do bandido, como se dizia antigamente. E não o esterco desse pobre cavalo de tração da foto e que o bombeiro tenta salvar acariciando-o em meio à lama que a empresa provocou, enquanto não surge um meio de tirá-lo de onde está.
A Samarco pertence à Vale e a outra empresa multinacional. E a Vale nos inunda a todos diariamente com um pó preto insuportável. Ele suja nossas casas, nossas roupas de cama, nossas plantas, utensílios. Pior do que isso, a gente respira esse "rejeito", nome que eles usam. O que a longo prazo isso nos vai trazer de prejuízos para o organismo? O que vai fazer a nossos pulmões?
Quando um fato dessa natureza ocorre - o caso da lama da Samarco - as autoridades correm a fazer discursos elétricos exigindo isso, ameaçando aquilo. Mas depois a poeira baixa. Ou então a lama seca e vira uma espécie de concreto imundo. E, como se sabe, que no Brasil sobram recursos jurídicos a serem usados. Samarco, Vale e todas as demais empresas de grande porte contratam ótimos advogados para poder continuar a fazer o que bem entendem. Sem medo de nada ou quase nada.
Um amigo tem uma fazenda perto de Linhares. No caminho para lá passamos por uma grande extensão de área pertencente à Fímbria. São quilômetros e mais quilômetros de eucaliptos. Eles destroem o lençol freático, mas isso não tem a menor importância para a empresa. Além do mais, para obter essa grande extensão de terra, os empresários foram adquirindo sítios de pequenos proprietários. Gente de cultura de subsistência. Acenavam com dinheiro à vista e as pessoas vendiam. Ao final, as restantes negociavam só para não ficarem sozinhas no mundão de eucaliptos. Notei que não havia uma única casa mais por lá. A explicação foi curta, lógica e cruel: "Compravam a terra e botavam logo casas, cochos e tudo o mais abaixo. Assim o MST não invade".
Esse é o Brasil. Ninguém lá em Brasília está preocupado conosco. Com o drama das famílias que tiveram os bens destruídos pelo mar de lama da Samarco. E por que estariam se vivem também eles em outro mar de lama, só que esse não é pegajoso e ainda dá muito dinheiro vivo? Vão fazer discursos, "protestar" e depois aceitar, como sempre fizeram, convites das grandes empresas. Elas têm dinheiro e é o dinheiro que move os interesses do mundo. Do Brasil, então, nem se diga.
A Vale, por sinal, deve estar comemorando: o pó preto não dá essa mídia toda. Não faz reboliço. Então que ele continue sendo lançado ao ar, nas nossas casas, móveis, utensílios e pulmões. E daí? Somos apenas, como já disse, o cocô do cavalo do bandido. Mas não o deste pobre coitado da foto.          

5 de novembro de 2015

Eles não vão vencer.


Toda censura não apenas é burra como esconde atrás de si ao menos falhas imperdoáveis. Ela não convive com nenhum dos princípios que sustentam as sociedades de Direito e tem base na corrupção. Em seus mais diversos aspectos. A censura se manifesta por coação, por ameças, por intimidação, pela prostituição de princípios legais, pela manipulação de fatos, por corporativismo e por mais uma série de outros vícios. Não tem ideologia. Tanto vive nos sombrios limites da direita quanto da esquerda política. Ou então não tem noção do que seja nada disso.
Em minhas mãos a edição 908 de Época, revista que assino. Trás publicidade do Itau, Natura, Porto Seguro, Mido, Pagseguro, Bioritmo, Emirates, EDC Brasil, CAT, Vivo, Projeta Brasil, Petronas, Closet, Canal Brasil, Porcão, Tele Cine, Kiss, Celina, Ampara Animal, Parmetal e Azul. Não há publicidade de órgãos governamentais embora todos eles tenham verbas destinadas à sua divulgação ou de suas ações. Isso acontece com Veja, IstoÉ, etc. Pura e simplesmente essas verbas são destinadas às empresas que aceitam parceria do Estado divulgando propagandas e omitindo fatos de interesse público, inclusive aqueles sustentados por provas de cometimento de crimes. Em síntese, os poderes Executivo e Legislativo usam o meu, o seu, o nosso dinheiro para pressionar pelo silêncio criminoso.
Paralelamente a isso, o Senado da República aprovou uma lei que vai agora à sanção presidencial - e a gente sabe por que princípios o Estado baliza seus critérios de "sim" ou "não" - prevendo um tal "direito de resposta" que nada mais é do que o amordaçamento do exercício da denúncia. Fernandinho Beira Mar poderá exigir esse direito. Eduardo Cunha também. Todos os presos da Operação Lava Jato, idem. E mais aqueles que estão sob investigação. Dentre eles os poderosos cujos passos mal dados foram rastreados pelo COAF. Que diferença há entre eles? Apenas uns já estão condenados, outros aguardam sentenças e outros temem pelo dia em que a Polícia Federal chegará a seus domicílios com ordens de prisão. Será necessário questionar essa excrecência junto ao STF.
Sou jornalista profissional. Num passado recente lutei como era possível para que a profissão de jornalista continuasse a ser regulamentada. Nada conseguimos nesse caso. Agora as grandes empresas de Comunicação que patrocinaram a desregulamentação do exercício profissional de minha nobre função social estão sendo atingidas. Não teria sido melhor lutarmos juntos por dignidade?
Fui durante décadas militante do Partido Comunista Brasileiro, o PCB. O Partidão. E até ele deixar de existir. Tenho nojo de roubos e de ladrões. Em 2002 votei em Lula e apoiei aquele novo governo até me convencer de que havia sido vítima do maior estelionato eleitoral da história desse País, juntamente com outros milhões de brasileiros céticos. Nosso "crime" foi crer.
Já disse, sustento e repito: o atual (des)governo não é de esquerda. Como disse o Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, trata-se de um convescote de ladrões de sindicato que se transformou num sindicato de ladrões. Lamento muito que gente culta, de cabeça formada, ainda consiga hoje defender esse governo ou por miopia ou por não aceitar perder privilégios. Misturam-se à corrupção como se fosse possível condenar o Legislativo absolvendo o Executivo ou o inverso.
Mas o Brasil que preza a dignidade precisa lutar. Essa gente jamais vencerá.          

21 de outubro de 2015

O (des)governo que nos (des)governa

Dilma fala ao microfone ao lado de uma desconcertada autoridade finlandesa
Não há corrupção no governo de Dilma Rousseff (sic!). Há (ou houve, pois tenho dúvidas sobre o tempo do verbo) na Petrobras. Foi isso o que Dilma disse no momento dessa foto, na Finlândia, creio eu que para pasmo dos finlandeses e, antes, dos suecos. A nossa presidente ainda imagina que a Europa é muito distante e que as notícias correm o mundo como nos tempos das caravelas.
Ela, a nossa presidente, era quem chefiava o Conselho de Administração da Petrobras quando a maioria dos desmandos foram cometidos nos anos anteriores. No ano passado ela era a presidente querendo se reeleger e autorizando todas as pedaladas fiscais que nos mandaram a nocaute econômico. A expectativa, hoje, é de que fechamos 2015 com mais de R$ 70 bilhões no vermelho. Para quem não acreditava na possibilidade de governos irresponsáveis quebrarem o Brasil, eis aí nosso retrato ao vivo e a cores depois de 12 anos de gestões criminosas. A todos vocês que sempre aplaudiram esses governos, meus sinceros parabéns. Aos que vão continuar fazendo isso, só uma pergunta: podemos mandar às suas contas bancárias a cobrança por nossos prejuízos?
O governo Dilma não tem mais representatividade. Não tem mais autoridade moral. Sustenta-se no poder, pasmemos nós os ainda capazes de se indignar com isso, graças ao fato de que um presidente de Câmara Federal imagina um meio de se livrar de acusações sólidas de corrupção negociando trapaças. E também porque naquele antro, melhor dizendo, naquele Poder, grande quantidade de comensais de mandato toma café da manhã, almoça e janta no Palácio do Planalto negociando vantagens em troca da destruição do que ainda nos resta. Inclusive de esperança.
Pobre Brasil.
Dia desses postei foto de uma senhora portando um pênis de borracha provavelmente adquirido com dinheiro do Bolsa Família. O cartão estava ao lado, na mão dela. Pode ser montagem, sim, mas é mais certo que a foto tenha sido tirada de verdade. E o dinheiro usado é nosso. Sim, o Bolsa Família poderia ser um exemplo de programa de transferência de renda e socorro aos mais necessitados, mas ele hoje sobrevive à custa de demagogia, sustenta no poder um governo que não tem projeto para o País e quer se perpetuar mesmo destruindo o Brasil à custa de currais eleitorais.
O Bolsa Família não é fiscalizado, suas contrapartidas inexistem e seu inchaço ocorre apenas com o critério de se conseguir mais votos para sustentar no poder o esquema montado e que tomou conta de toda a mastodôntica máquina pública que ninguém mais consegue sustentar.
A presidente Dilma Rousseff ainda tenta - e sabe onde se sustenta - se manter no poder, mas seu discurso é vazio. Como vazias são suas ideias, como esvaziada está sua capacidade de dar ordens. Grande é apenas a lista das besteiras, muitas delas inacreditáveis, que saíram de sua boca nos últimos tempos. Ninguém aguenta mais o (des)governo que nos (des)governa.        

13 de outubro de 2015

A encruzilhada dos atores mascarados

Essa semana de decisões no plano federal e que podem tocar no mandato da presidente Dilma Rousseff serve a reflexões. Estamos diante de um momento decisivo e ímpar da vida nacional: um governo (leia-se, Poder Executivo) contra o qual se tem uma soma muito grande de evidências de ações tomadas ao arrepio das leis, sobretudo para vencer uma eleição e se manter no poder eternamente, pode ter seu mandato contestado a partir de uma decisão do Poder Legislativo emanada de um presidente contra quem pesam também várias acusações de corrupção.
Um Executivo ilegítimo pode ser alvo de processo de impeachment nascido de um político com autoridades moral e ética igualmente ilegítimas. Falidas. O que pode desaguar no Judiciário.
Em Ciência Política, legitimidade é um conceito. Através dele julga-se a capacidade de um poder para conseguir obediência sem necessidade de recorrer à violência coercitiva com ameaça ou uso de força. Dentro dos limites da lei. Um Estado só é legítimo de existe consenso entre seus membros - de sua comunidade política - para que a autoridade vigente seja aceita. Legitimidade e legalidade são conceitos diferentes, embora se confundam. Em Teoria do Direito, ambos são usados para determinar a conformidade de atividades com as normas vigentes no ordenamento jurídico.
Entretanto, podemos diferenciá-los na medida em que o primeiro se relaciona com o critério que permite ao executor da atividade afirmar que está conforme a lei, e, portanto, poder criar aquela obrigação aos outros seus subordinados. Neste sentido, a legalidade torna-se pressuposto da legitimidade uma vez que é necessário que o ator esteja executando uma atividade conforme a lei para que se possa verificar a existência da legitimidade. Ela está subordinada à legalidade.
No caso do Brasil o atual governo perdeu sua legitimidade por ter renunciado à legalidade. Ou seja, além de cometer crimes que podem ser conceituados como de prevaricação, ainda insiste neles mesmo no ano atual, embora tenha sido acusado de tê-los praticado num passado recente, o que levou o Brasil à situação falimentar em que se encontra hoje, economicamente falando.
Os governos que se sucedem desde 2003 não têm um projeto de Brasil. Têm um projeto de poder. Como é o caso do chavismo na Venezuela, país onde a manutenção do poder por parte dos herdeiros de Hugo Chaves é mais importante do que o progresso do Estado e o bem estar de sua população. Esses governos, o do Brasil e o da Venezuela, não são de esquerda. Nunca foram e nem jamais representaram essa filosofia política moderna. São, isso sim, formações de guetos de poder que se alimentam para sua perpetuação nesse mesmo poder, sugando recursos de todas as formas possíveis para uso próprio, sobretudo e principalmente através de quaisquer formas de desvio ilegal de dinheiro público. O que não prescinde nunca da cooptação de cúmplices de seus crimes.
Impossível dizer o que acontecerá essa semana em Brasília. E nas subsequentes. E nos meses que virão ou no ano que vem. No campo econômico já nos encontramos em um atoleiro. No político talvez nos enterremos ainda mais. Desgraçadamente, o destino de um governo que há muito não nos representa tem que ser decidido por um Congresso que nos representa ainda menos. Nós somos hoje uma encruzilhada de atores mascarados, todos tendo que esconder os verdadeiros rostos.
Pobre Brasil!        




6 de outubro de 2015

O esperneio dos golpistas!

Dilma pedala nas proximidades do Alvorada. Pedala enquanto ainda pode 
O esperneio é a marca registrada do atual governo de Dilma Rousseff. Essa marca sucedeu a arrogância dos dois governos de Lula e o distanciamento crítico dos primeiros quatro anos Rousseff. Em todos os casos que estou citando, um ponto em comum: esses governos, num périplo que agora está chegando a 13 anos de farra com dinheiro público, são marcados por profundo desrespeito para com as leis. Para com a Constituição do Brasil. Isso sim é golpismo!
No ano passado não deu para contar nos dedos as vezes em que jornais, rádios, TVs, internet e pessoas em manifestações, públicas ou privadas, denunciaram as tais "pedaladas fiscais" do Governo. E todos os alertas foram solenemente desconsiderados porque, afinal, era imperioso ganhar as eleições. Isso seria feito, na visão dos donos do poder, custasse o que custasse. E custou, como já era esperado e avisado, muito caro. E de pedalar,como mostra a foto, Dilma gosta. Isso sim é golpismo!
Agora o governo Dilma compra votos no Congresso Nacional da forma mais cínica possível. Nunca antes na história desse País viu-se coisa como essa. Um ex-presidente da República, indivíduo sem mandato, sem ética, lobista de empreiteira, viaja a Brasília quando quer, na hora que quer, convoca reuniões do Executivo e do Legislativo, toma café da manhã, almoça e janta no Palácio da Alvorada e (re)desenha a face do governo. É muita desfaçatez. É muita falta de vergonha. Isso sim é golpismo!
Agora, tenta-se de todas as formas evitar que o Tribunal de Contas da União recuse a prestação de contas do grupo Dilma referente a 2014. Justificativa: outros fizeram no passado. Mas que tipo de explicação é essa? Chico roubou, Francisco pode roubar também? Afinal, pau que dá em Chico dá em Francisco também? E enquanto tudo isso acontece, as redes sociais são invadidas por milhares de posts nos quais as futuras viúvas do governo em estado terminal reclamam que o presidente da Câmara não vira capa dessa ou daquela revista. Ou então que o Jornal Nacional não noticia o lançamento ao mar de uma embarcação de prospecção de petróleo que vai servir à Petrobras. Que grau de importância tem isso num quadro dantesco como o nosso? E mais: quanto de dinheiro público foi cobrado em comissões escusas para essa embarcação ir ao mar? Essa e outras.
A corrupção no Brasil deve ter começado com as capitanias hereditárias. E daí em diante se tornou prática comum, sendo combatida em menor ou maior medida nessas ou naquelas épocas. Mas se tornar política de governo, virar meio de administrar o País e se perpetuar no poder tornando o Brasil um feudo da atual camarilha, isso só surgiu de 2003 para cá. Não tenho medo de afirmar.
Que o TCU julgue hoje as pedaladas fiscais. Que o Congresso aprecie hoje os vetos do governo, que quer passar ao cidadão as contas dos roubos institucionalizados. E que o Brasil cresça com esses fatos para não permitir que eles se repitam jamais. Para não deixar que Lula seja eleito novamente em 2018, como deseja e querem seus asseclas. Nem em 2018 nem em tempo algum. Chega.
E chega porque isso sim é golpismo.      

 

17 de setembro de 2015

A Belíndia, a Brasildânia e os pobres

Em 1974 o economista Edmar Bacha criou o termo Belíndia para designar o Brasil. O país seria a mistura da rica Bélgica com a pobre Índia. Agora foi a vez do jornal britânico The Economist nos chamar de Brasildânia, a mistura de Brasília, a nossa Capital rica, com a Jordânia hoje em dificuldades e que representaria o restante do País. Nos dois casos uma ideia está implícita: temos dois países em um, sendo que o dos privilegiados não abre mão deles e ainda cobra do outro, o deserdado, o pagamento dos rombos que surgem sempre nas contas pública.
A crise atual, fruto sobretudo de irresponsabilidade administrativa e roubos, mostra mais uma vez a face cruel da Belíndia ou então da Brasildânia: serão os privilegiados, aqueles que determinam seus vencimentos e penduricalhos os que vão decidir de que forma o País de todos vai sair do buraco. E decidirão, como sempre ocorre, mandando a conta para a Índia ou para a Jordânia.
Quando foi criado o teto dos vencimentos do serviço público brasileiro, descobriu-se que no Judiciário e no Legislativo, principalmente, havia gente que recebia quatro, cinco vezes isso e que iria continuar a receber pois não abria mão. E mais: essa casta detinha, como detém ainda hoje, poder suficiente para tornar a lei do teto do servidor público uma letra morta.
Por isso, e por pouca coisa mais, será difícil sairmos da crise sem mais uma vez penalizar quem nada tem a ver com a conta a ser cobrada. Aliás, minto; tem sim. Porque uma das faces mais cruéis desses dois países em um é que a parte destituída de poder também é a mais ignorante, sem acesso às informações que poderiam ajudá-la a construir um novo Brasil. Graças a isso, bastam bolsas família, minhas casas minhas vidas e outros "programas" para comprar a preço de banana os votos dessa gente capaz de acreditar em promessas vãs e desonestas. Acreditar em contos do vigário.
Todos os dias a todas as horas e gente vê na televisão, ouve no jornal, curte na internet e lê nos jornais as declarações dos responsáveis pelas decisões dando pitacos na crise. Já se falou de reduzir ministérios, cargos comissionados e outras coisas mais. Mas ninguém disse ainda de maneira clara que o respeito ao teto do serviço público seria o passo ideal para que pudéssemos começar a construir um Brasil uno, somente nosso e capaz de proporcionar a todos justiça social.
Pois se formos capazes de construir esse País, ele não será mais vítima das quadrilhas que hoje habitam Brasildânia de Brasília. Haverá um ou outro roubo, claro, mas ele jamais será uma política de Estado. E nem uma presidente fora da realidade poderá chamar um processo constitucional de impeachment de golpe. Porque a atual sabe exatamente o que é um golpe. Mas quando se defende e defende seu mandato jamais assume que foi em seu governo e de seu antecessor que o Brasil sofreu o maior assalto de sua história para agora botar o prejuízo na conta dos pobres.    

8 de setembro de 2015

Antes que surjam outros Aylans

Imagens mudam o mundo; sempre mudaram. A foto de uma garotinha vietnamita sendo queimada por bomba de napalm em 1972 forçou o fim da Guerra do Vietnam. Os cadáveres de palestinos massacrados nos campos de refugiados de Sabra e Chatila em 1982 sepultaram a fama imerecida de humanistas dos israelenses (ver artigo anterior a este). Agora, Aylan Kurdi, um menininho de três anos que apareceu morto em uma praia da Turquia pode fazer com que os governantes e até mesmo a ONU se voltem para o drama dos refugiados da Síria e de outros países em conflito ou miseráveis daquelas regiões. Do norte da África ao Oriente Médio, Balcãs e regiões mediterrâneas, além de orientais.
Todos parecem que se movimentam enquanto artistas pintam a tragédia de Aylan de todas as formas. Tentam mostrar respeito pela criança e, ao mesmo tempo, incitar aqueles que decidem a intervir no maior êxodo humano de depois da II Guera Mundial. Mas de modo responsável.
É preciso fazer isso.
Melhor seria se o esforço fosse dispendido sob orientação ou coordenação da ONU, de modo a que os países capazes de colaborar e dispostos a fazer isso tivessem sua responsabilidade medida pela capacidade de ajudar. Sim, todos devem ajudar menos Israel, quer quer ver os Aylans do mundo dividido no fundo do Mar Mediterrâneo. Mas devemos ajudar dentro de nossas possibilidades. Portugal, por exemplo, não tem a capacidade de absorver os mesmos esforços que a Alemanha e a Grã-Bretanha.
As imagens de Aylan morto despertaram nas pessoas o sentimento de que o drama daquela gente é um drama da raça humana. Deve ser compartilhada por todos aqueles que fazem parte dessa raça.
E uma coordenação responsável é necessária porque nessas horas surgem aqueles que desejam minorar o sofrimento alheio, da mesma forma que os demais, minoria creio, mas dispostos a tirar proveito da situação de forma pessoal ou corporativa.
O Brasil está recebendo refugiados sobretudo da Síria e isso é necessário. Necessário também se torna medirmos nossa capacidade de ajudar: num momento de crise como o que vivemos, quantas pessoas podemos receber sem agravar ainda mais a crítica situação econômica interna? Precisamos medir isso antes que algum irresponsável proponha a criação do projeto Meu Refugiado Minha Vida para tirar proveito da desgraça alheia em benefício próprio.
Por último, essas medidas são urgentes. Outros Aylan vão dar à praia em breve.




7 de setembro de 2015

Sabra e Shatila explicam Benjamin Nethanyahu

Ariel Sharon era o Première. Benjamin Nethanyahu, um de seus discípulos que cresciam na hierarquia de Israel. Entre 16 e 18 de setembro de 1982 a milícia libanesa maronita liderada por um certo Elie Hobeika invadiu os campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila, situados na periferia sul de Beirute. Eles queriam se vingar da morte de seu líder, Bachhir Gemayel. A região era então ocupada por forças israelenses e os invasores pediram a Israel que cercasse os campos. Todas as saídas foram bloqueadas e os palestinos não tinham armas. Durante quase 48 horas deu-se o massacre de cerca de 3 mil pessoas (foto) enquanto os militares judeus apenas olhavam, sem intervir. À noite, como era mais difícil encontrar e matar, o Exército de Israel ainda forneceu e disparou milhares de foguetes de iluminação para ajudar na carnificina. Ao que parece, depois foram dormir em paz!
Os milicianos eram cerca de 150 homens e, dentre os mortos, centenas eram crianças. Outras centenas, idosos. Desde aqueles dias tive uma convicção íntima: o que separou e ainda separa os ultra-direitistas judeus dos nazistas é apenas uma questão de oportunidade. Os nazistas quase puderam dizimar todos os seus inimigos porque a guerra os escondia. Os israelenses, não de pronto, mas fazem isso com mais vagar, por força das circunstâncias da atual política internacional.
A direita, sempre forte, dirige Israel hoje. Há oposição a ela, sim, há uma esquerda organizada naquele país, mas sem força suficiente para intervir. E como essa política de Terrorismo de Estado - sim, Israel pratica Terrorismo de Estado - prevê a expulsão total e o extermínio dos palestinos da região que, para eles é deles por vontade divina, Nethanyahu não aceitará nunca refugiados sírios ou norte-africanos de outras regiões em seu país. Notem o que ele quer dizer quando se refere aos restantes refugiados da África que não deseja nem aceita: são os negros. Essa cerca que o Primeiro Ministro pretende construir é como um bloqueio de campo de concentração ou de extermínio. Igual, sem tirar nem por. E os princípios que norteiam sua construção, os mesmos que moveram a máquina de guerra nazista na II Guera Mundial. Israel é movido por ódio racial. A raça judaica é superior!
Aquele país tem mais de uma centena de ogivas nucleares, em grande parte fornecidas pelos Estados Unidos. Jamais foi investigado pelos organismos de controle de armamentos da ONU. Ao mesmo tempo, essa mesma ONU, sob pressão dos Estados Unidos, força os demais países da região a assinarem acordos de não proliferação de armamento atômico, Cercam, blindam o entorno para que Israel tenha condições de prosseguir em sua política genocida sem interferências.
E com o "direito de se defender".
São esses os fatos que explicam a reação de Nethanyahu aos pedidos de abertura de fronteiras para receber refugiados sírios e de outras regiões. Ele mente quando diz que seu país não vai se afogar por causa daquela gente desesperada. Na verdade, o que Israel quer é que eles, os outros, se afoguem. E os judeus, no passado, já foram salvos pelas mesmas "raças" que hoje querem dizimar.      

3 de setembro de 2015

O velório do Brasil

A figura de Dilma Rousseff se tornou coisa caricata (como essa cara da foto). A gente pensava, antes da primeira e da segunda posse dela, que só o ex-presidente Lula era capaz de falar besteiras a não poder mais e a se comportar como o protocolo condena. Mas não. Dilma conseguiu ultrapassar seu criador. E, pior de tudo, ao contrário dele, ela é uma economista e já exerceu cargos de comando econômico. Nada disso a impede de ser a pior chefe de Estado da história do Brasil. Um feito e tanto!
Nós estamos assistindo hoje ao velório do Brasil. Infelizmente.
Vamos aos fatos: primeiro o governo anuncia a CPMF. Como o mundo desaba nas cabeças de todos os idiotas do Planalto, Dilma "volta" atrás. Mas o rombo existe - lembrem-se todos de que o dinheiro foi roubado por eles - e ela tem que dizer o inevitável: não gosta da CPMF mas se for preciso, vai encaminhar o projeto da recriação, seja lá com o nome que for, ao Congresso.
Para que essas idas e vindas? Simples: primeiro, ela não quer reduzir o tamanho paquidérmico do Estado porque seus 39 ministérios existem para negócios nem sempre lícitos. Segundo, também não quer demitir parte dos 25 mil cargos comissionados de Brasília porque eles são ocupados por "companheiros" pagos com o nosso dinheiro. E Lula não aceita isso. Por último, ela quer sustentar esses seus últimos bastiões por necessidade. Vai daí precisa de tempo para, nesse período, conseguir o apoio de parte do Congresso para a aprovação da CPMF e outros aumentos de impostos mais. E como ela fará isso? Usando seus 39 ministérios, o apoio  dos apaniguados de Brasília e as miseráveis verbas parlamentares, para comprar apoio. Simples assim; nem precisa explicar muito.
Agora pela manhã a TV noticia que os deputados e senadores mais moralistas querem proibir mini saia no Congresso. Os mesmos parlamentares que se horrorizam com pernas bonitas de fora são aqueles que guardam dinheiro nas cuecas. E trocam votos por favores como, por exemplo, cargos de livre nomeação em primeiro, segundo e terceiro escalão.
Quem habita Brasília sabe que no Congresso circulam diariamente inúmeras moças que prestam favores, digamos, mais reservados. E elas têm crachás, obviamente com nomenclatura diferente da função que exercem. Não guardam o dinheiro de seus favores nas calcinhas para não sujar o instrumento de trabalho . Colocam no banco mesmo, depois de receber..
Elas são o toque final de tinta no quadro do Brasil e da Brasília de hoje. Não é difícil entender nada disso. Difícil é engolir. E engolir enquanto todos assistimos ao velório do Brasil.  

28 de agosto de 2015

Os meios de Comunicação e as redes sociais

Vira e volta, os grandes, médios e até pequenos meios de Comunicação, aí incluídos jornais, revistas, rádios, TVs, internet e outros, se incomodam com as redes sociais. Todo santo dia, haja o que houver, a gente lê, vê ou ouve a "imprensa profissional" reclamando das redes sociais. A justificativa é sempre a mesma: essas redes são de amadores, divulgadores de boatos, irresponsáveis. Além, é claro, de terem baixo nível, pois alto nível só na "imprensa profissional".
O fato é que as redes sociais crescem, se disseminam como vírus e isso incomoda. A mídia tradicional perdeu a exclusividade da informação. Ela não é mais dona, como foi durante séculos, do direito de divulgar o que entende como notícia. Ou o que não contraria seus interesses.
Claro, nas redes sociais tem muito irresponsável. Tem gente que usa os espaços para disseminar o ódio, e muitas vezes de forma criminosa. Também tem muito texto auto laudatório, mal escrito, sem nenhum tipo de comprovação, pueril ou piegas. Às vezes chega a irritar.
Mas, em contrapartida, tem muito "furo". Tem muita denúncia fundamentada. Tem muito texto belíssimo, muita discussão séria e muita troca de informações e opiniões de cunho intelectual. Principalmente, nas redes sociais você não precisa consultar o editor, o editor chefe, o chefe de redação e a diretoria do meio de Comunicação antes de postar/publicar. É isso o que incomoda!
Nos tempos de defesa intransigente da liberdade de expressão, de livre manifestação do pensamento, pegaria mal às grandes redes iniciar uma campanha pelo "controle social ou jurídico das redes sociais". Afinal, pau que bate em Chico teria que bater em Francisco também". Isso não interessa.
Mas eu que sou um jornalista com várias décadas de experiência, posso dizer: houve épocas em que os donos dos jornais decidiam o que todos poderíamos ler. E muitas vezes nenhum deles noticiava isso ou aquilo por interesses diversos, inclusive e principalmente por interesse financeiro ou político. Também o governo censurava e, na época da ditadura, a censura era cruel, violenta, sem contemplação. E muitos dos grandes conglomerados de mídia de hoje não apenas se curvavam a isso sem tentar enfrentar, como apoiavam os ditadores. Quantos editoriais de apoio eu li, ouvi ou acompanhei pela televisão ao longo daqueles tristes 21 anos de escuridão...
As redes sociais incomodam os outrora donos exclusivos do direito de noticiar. Que seja assim. É muito melhor assim. Basta separar o joio do trigo, passar por cima das besteiras, das baboseiras e seguir em frente. Apesar de todos os pesares, as redes sociais prestam hoje um grande serviço. Elas tornam os meios de Comunicação tradicionais mais antenados e responsáveis.      

25 de agosto de 2015

Os arrivistas pixulecos

Uma pessoa há décadas de minhas relações de camaradagem, parou-me na rua. "Como pode você, um cara com passado no PCB, viver de tentativas de descriminalização do nosso governo de esquerda. Pode-se confessar: você hoje se passou para a extrema direita?".
Numa situação como essa a gente pode perder tempo para explicar. Mas eu não tenho mais paciência. Dei um aperto de mão protocolar no
velho companheiro, disse um "felicidades" e fui em frente sem dizer que o governo no qual ele acredita não é de esquerda. Nem é de centro. Tampouco é de direita. O governo que ele representa chefia, por patrocínio ou omissão, uma quadrilha que assalta o Brasil desde 2003 nos maiores escândalos de roubos institucionais de nossa história. E que eu, como um idealista crédulo, ajudei a eleger nas eleições de 2002. Para me arrepender pouco depois.
A renúncia de Michel Temer de fazer o varejo das interlocuções entre Governo Federal e Congresso, mostra o tamanho da esbórnia. O varejo é a parte miúda do "toma lá dá cá" entre Executivo e Legislativo. É a parte visível e barata da promiscuidade política. E feita às claras, todos os dias, com pedidos e reclamações inclusive nas falas oficiais do Congresso Nacional.
Um amigo advogado me disse um dia desses: "Álvaro, pare de chamar o governo de ladrão pois você pode acabar sendo processado". OK, trata-se de um governo de arrivistas pixulecos. Mas não é assim que eles se chamam; dizem-se pragmáticos. E pragmáticos perseguidos. Como o "primeiro ministro" do primeiro governo Lula, José Dirceu, que até hoje clama inocência e pergunta como o estão perseguindo dessa forma, logo a ele, um patriota que lutou contra a ditadura. Simples, prezado cara de pau: você se tornou um bandido depois que assumiu o Poder. Simples assim.
A saída de Temer do varejo é mais um ingrediente para a crise aumentar. Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados e hoje inimigo de Dilma Rousseff, quer o fim da aliança PT/PMDB. Quer derrubar o governo. Renan Calheiros, hoje aliado de última hora e segundas intenções, deseja "salvar a governabilidade". São farinha do mesmo saco.
E é por conviver com esse saco de farinha estragada que o governo se deteriora dia a dia. Hoje a presidente(a) Dilma Rousseff não tem mais condições de governar. Nem ela nem seu vice ou os que lhes são mais próximos. Suas saídas traria o Brasil para um pouco mais próximo de uma situação de paz de trincheiras capaz de permitir a reconstrução mais rápida.
É uma pena. Em 2002 eu me via diante de um operário metalúrgico lutador que, embora sendo politicamente ignorante e equivocado, parecia capaz de, bem assessorado, começar no Brasil uma reforma de justiça social. Bastou pouco tempo para entender que o deslumbrado com o poder tornara-se um parasita de palácios. Já seus assessores, muitos dos quais conheci por jornal, rádio, TV ou palanque - vejam que ironia do destino, era o palanque onde estava José Dirceu - revelaram-se o que eram e escondiam: canalhas. Ávidos pelo poder e capazes de conquistá-lo a qualquer preço.
Mas ainda há tempo para mudar. E é hora de mudar!  

21 de agosto de 2015

Descriminalização das drogas, uma necessidade

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes (foto), relator do processo, votou favoravelmente à descriminalização do uso de drogas para consumo próprio, quando usadas em pequenas quantidades. Essas quantidades ainda não foram determinadas e o julgamento acabou interrompido porque outro ministro pediu vistas ao processo. Cabem aqui algumas considerações de alguém que não usa sequer tabaco e jamais fez utilização de maconha, cocaína ou qualquer outra droga ilegal.
Temos assistido a uma lenta mas constante queda no uso de tabaco - aqui compreendendo cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos e o que mais houver - nos últimos tempos. Tudo isso graças às campanhas que se multiplicam e falam dos riscos embutidos no uso do fumo, sobretudo como agente de algumas formas de câncer, sobretudo pulmonar. E o tabaco, droga legal, pode ser adquirido em qualquer ponto de venda, da mesma forma que o álcool a outra droga de comercialização liberada.
Como o Brasil criminaliza o uso de drogas ilegais até para uso próprio e sobretudo por pressão de grupos evangélicos, ocorre aqui um crime legal: a imensa maioria dos presos por tráfico portavam pequenas quantidades. Mais: foram colocados em prisões junto com pessoas perigosas. Por último, outra constatação: são, em sua quase totalidade, pobres e negros. Os portadores de drogas de classe média ou alta, surpreendidos com porções de uso próprio, não são levados à prisão.
Vários países do mundo legalizaram o uso das drogas quando os indivíduos não as comercializam. As legislações variam, mas há uma preocupação em todas elas: diferenciar o viciado do traficante. No Uruguai, até clubes de maconha e plantações caseiras são admitidas, respeitando-se limites. E eles estão sendo respeitados.
Tão logo esse julgamento seja retomado no Brasil e caso o assunto seja definido favoravelmente à descriminalização, será preciso definir limites, locais de uso, etc. Com uma longa campanha explicativa, da mesma forma que o tabaco, o uso de outras drogas potencialmente mais perigosas será reduzido. E os traficantes decerto perderão uma boa fatia do mercado que hoje exploram nas cidades e no campo.
Da mesma forma, deixará de haver mais essa maneira de pobres e negros serem considerados criminosos por não terem meios e modos de se defender, A criminalização das drogas jamais levou a redução alguma. Muito pelo contrário.         

13 de agosto de 2015

O coiote e as raposas

Como transita com facilidade por Brasília o Apedeuta da República. Ele parece que vai lá para se divertir, para descer brincando pelos corrimãos das escadas dos palácios, para dar palestras aos "próceres" do Poder Legislativo. Afinal, ele fala sobre pacotes. E nunca antes na história desse País homem público (e notório) algum entendeu tanto disso quanto ele.
Notem nas fotos que hoje estão nos jornais. O apedeuta fala compenetrado e a plateia ouve atenta. Estão de olhos pregados nele personagens como José Marimbondos de Fogo Sarney, e Fernando Casa da Dinda Collor de Melo, dentre outros. Parecem escutar atentos a uma nova palestra. Só que, estranhamente, essa não será paga pela Odebrecht (a preferida), pela Camargo Correia, OAS ou qualquer outra empreiteira companheira.
Em tempo: Sarney e Collor sempre foram aliados e honestos. Naquelas tristes ocasiões em que o apedeuta os chamava de ladrões ele não estavam sendo sincero. Estava bêbado! 
Curto essas imagens desde que elas começaram a aparecer nas TVs e nos sites de grandes jornais, ontem ao final da tarde. As velhas raposas estão quase estáticas diante do coiote. E este defende o "governo dos pobres", o mesmo que foi à falência depois que a Operação Lava Jato descobriu que todos os cofres estão vazios e os pobres ficarão a cada dia mais pobres ainda. Chegou tarde...
Se pudéssemos recuar no tempo, seria possível colocar no quadro, ainda vivo (em todos os sentidos) e atuante o velho governador de São Paulo Ademar de Barros. Aquele que "rouba mas faz". Uma espécie de orientador de vida de muitos personagens atuais. Vejo-o corporificado em presidentes de casas legislativas como Senado e Câmara dos Deputados mas, sobretudo, no Executivo. Ademar era mais discreto na hora de comprar apoios e cobrar deles.
Hoje é bobagem esse negócio de discrição. Renan Calheiros se contorcia de ódio da presidente até poucos dias atrás. Agora ela tem seu apoio. Qual terá sido ou será o preço? Eduardo Cunha continua a futucar o governo com vara curta. E vai fazer isso até o dia em que, compreensiva, Dilma o chamar para conversar e mesma conversa franca de Calheiros. Afinal, na política de hoje é preciso garantir o futuro de muitas gerações.
E o povo? Bem, o povo aguarda. E coitados daqueles que acreditam e vivem em função de Bolsa Família. Esses esperam hoje pelo 13º salário de seu voto barato.