31 de dezembro de 2022

Fim das "cuestões"


No seu patético discurso final em live antes de ir para os Estados Unidos onde vai permanecer tentando ver se a temperatura amorna no Brasil, Jair Bolsonaro, que já pode ser chamado de ex-presidente nos despediu de suas "cuestões". Depois foi para a Base Aérea de Brasília, de onde voou para Miami no avião presidencial com vasta comitiva (foto). Tudo às nossas custas. Mas a partir de amanhã já não terá direito a nada disso e a aeronave tem que voltar ao Brasil. Basta desinfetar e usar de novo.

Por que Bolsonaro, que recebeu a faixa presidencial de Michel Temer, não vai passá-la a Lula? Porque as ações das pessoas têm a mesma estatura delas mesmas. Quem é grande age com grandeza; quem é pequeno, com pequenez. E se o ex-presidente tivesse convicção de ter agido "dentro das quatro linhas" - que termo ridículo! - nos seus quatro últimos anos de presidência, não estaria hoje assombrado pela perspectiva de muitos processos por responder. E nem de prisão por enfrentar.

Bolsonaro já passou. Passado é e com o tempo será julgado pelos brasileiros depois de vencida a paranoia dos acampamentos de militantes fanáticos no entorno dos quarteis do Exército.

Lula, em um dos seus pronunciamentos de anúncio de ministros disse que não precisa de puxa saco. Também acho e então vamos ao fatos. O ministro das Comunicações é um provável erro. E tomara o errado seja eu. Juscelino Filho votou a favor do impeachment de Dilma Roussef e era favorável à privatização dos Correios. Médico e em seu segundo mandato, tenta se apresentar como conservador num país onde esse termo é comumente confundido com reacionário. Vamos ver qual é a dele.

Outra figura muito estranha no ninho é Daniela do Vaguinho, ministra do Turismo. Essa pedagoga que, a exemplo de Juscelino está filiada ao União Brasil, defende a "linguagem neutra" no ensino. Esse é um apelido para a tal "escola sem partido", na prática uma forma de os conservadores/reacionários tirarem o ensino crítico das escolas públicas brasileiras. Ora, tudo o que o aluno precisa, sobretudo em seus primeiros tempos de formação intelectual, é da capacidade de julgar nas ciências sociais.

O perigo das frentes amplas é que se eles se tornarem amplas demais, perde-se o horizonte. Sim, Lula necessita de apoio dos partidos do Centrão para poder tocar seus projetos de governo e reconstruir um país arrasado. Mas abrir muito o leque tem riscos grandes. A ministra Daniela, por exemplo, já foi bolsonarista de carteirinha e defendeu o fugitivo dos EUA com força.

Feliz ano novo, Lula. E boa sorte. 


























Foram escolhas pessoais de Lula, que precisa de apoio desse e de outros partidos do Centrão para governar. Tomara a aposta dele dê certo, mas duvido. O problema das frentes amplas é que elas acabam amplas demais e, com isso, perde-se o horizonte. Pronto, fui crítico.

Feliz ano novo, Lula!             

28 de dezembro de 2022

Devolvam os orixás!


Quando assumiu o cargo de primeira dama, se é que isso existe, Michele Bolsonaro se disse incomodada com a existência, no Palácio da Alvorada, de peças sacras que são de propriedade pública. Assim sendo, ela determinou a transferência para o Palácio do Jaburu - segundo consta - de todas elas, inclusive as de motivação católica como duas santas barrocas trabalhadas em madeira. Mas o mais absurdo foi tirar do salão do Alvorada a tela "Orixás", de Djanira (foto), um quadro de valor inestimável e que para ela é apenas "macumba".

Jamais entrou na cabeça daquela senhora e nem na do marido dela, o presidente, que até domingo eles são meros inquilinos do Alvorada, bem como ele tem o Palácio do Planalto como local de trabalho. Então é difícil aceitar que, por exemplo, no início de seu caótico desgoverno, o presidente tenha mandado desmontar a biblioteca do Planalto. Ele queria espaço para o filho Carlos montar o gabinete do ódio, onde passou quatro anos produzindo fake news para enganar os "patriotários" que hoje ainda montam guarda nas portarias de quarteis em boa parte das cidades do Brasil aguardando um golpe militar ou de extraterrestres. Onde estão os livros?

Se eu me hospedo em um hotel não tenho o direito de mudar o mobiliário que lá está, a não ser com autorização expressa da direção. E ao que consta a direção raramente autoriza coisas como essa. O quadro "Orixás", bem como as representações de santos e outras obras de arte do Palácio da Alvorada pertencem ao Brasil, a nós todos, e não apenas e tão somente atendem aos ditames religiosos da mulher do presidente que fica de joelhos vestindo camiseta com o nome "Jesus" diante de manifestantes.

Nos últimos dois meses nós já vimos gente rezando para pneu, gente levantando aparelho celular para convocar extraterrestres, outros ajoelhados diante de portões de unidades militares pedindo intervenção militar e muitas outras idiotices mais. Chega!!!!! É hora de investir minimamente em sanidade, em respeito à escolha da maioria que elegeu um presidente adversário do atual.

Que ele leve para onde bem entender sua motocicleta de madeira entalhada, a estátua também de madeira que o representa e já foi apelidada de "Jumento de Tróia" e mais os demais presentes ridículos que recebeu nos últimos quatro anos, enquanto destruía o Brasil. Pode enfiá-los onde achar melhor. Mas as obras de arte que nos pertencem têm que ser devolvidas intactas.        

14 de dezembro de 2022

A velha jovem golpista

Durante uma semana joguei fora uma hora minha por dia para ver a TV Jovem Pan e sua programação dedicada ao golpismo e à tentativa de destruição da democracia brasileira. Aquilo é um horror! E a se analisar pela alta rotatividade dos "comentaristas" que eles contratam e demitem quase todos os dias, vai ser difícil encontrar tantos fascistas dedicados ao "jornalismo" para levar às suas bancadas de programas pobres, repetitivos e cheios de ódio. Na foto que ilustra esse texto, de um programa intitulado "Os pingos nos is", três dos personagens já tiveram que ser demitidos.

Eles constroem suas próprias "verdades" invertendo fatos diariamente, criando factoides analisando de forma desonesta quaisquer falas que contrariem seus pensamentos ou os de seus patrões, enfim, tudo o que não possa colaborar para que o ainda presidente da República continue a sonhar seu sonho golpista de que venceu a eleição do dia 30 de outubro ou então que esta foi-lhe roubada maquiavelicamente por forças ocultas controladas pelo comunismo internacional que quer tomar o Brasil dos "patriotas" e comer as nossas indefesas criancinhas.

Existiu no passado em São Paulo a Rádio Panamericana, que se dedicava a futebol e música. Na época, a TV Record, então a emissora de maior audiência do Brasil tinha como CEO Paulo Machado de Carvalho e era do grupo. Ele foi um empresário conservador, apaixonado por futebol e que chefiou a delegação brasileira na Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Ganhamos o Mundial e ele o título de "Marechal da Vitória". A Record foi revolucionária na televisão, tendo lançado o embrião da maior parte do que de melhor temos hoje. Ficando em poucos exemplos, na Record surgiram Hebe Camargo, Jô Soares, os festivais de música, as séries de TV e muito mais. Mas ela foi vendida depois e hoje pertence ao senhor Edir Macedo, tido como bispo da Igreja Universal.

A Rádio Panamericana se tornou Jovem Pan e conseguiu um certo grau de modernização. Até ter como CEO Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, vulgo Tutinha, neto de Paulo Machado, nazifascista de carteirinha e que comanda o golpismo televisivo do País. Conseguiu grande audiência com seus desonestos "comentaristas" mas, temendo um processo atrás do outro, vira e volta manda alguém embora. E vai continuar a fazer isso até a fonte secar porque não se comete crimes de fake news, calúnia, injúria e difamação sem pagar por eles o tempo todo, a vida toda. A conta vai chegar em breve.

Essa gente já perdeu!                                

8 de dezembro de 2022

"Você não entendeu..."


Corria o ano de 1965 e o primeiro presidente da ditadura militar leu em um jornal que um seu irmão, servidor de carreira da Receita Federal havia ganho dos outros funcionários um carro Aero Willis zero quilometro como retribuição à ajuda que dera para a feitura de uma lei que organizava a carreira federal naquele órgão. Imediatamente o presidente, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco ligou para o irmão e determinou que o veículo teria de ser devolvido à concessionária.

O irmão então disse: "Veja, Humberto, se cada fiscal tivesse sido presenteado com uma gravata, o valor seria muito maior". E acrescentou que a devolução o colocaria fragilizado no seu cargo. Então o presidente encerrou a conversa: "Você não entendeu. Afastado do cargo, você já está. Estamos agora decidindo se você vai ser preso ou não". Esse episódio foi narrado pelo jornalista e historiador Elio Gaspari para a Folha de S. Paulo em 10 de julho de 2005.

Vamos nos transportar para esse final de 2022. O que um jornalista como eu, que odeia a ditadura militar, pensaria se tivesse que traçar um paralelo entre o Castelo Branco de 1965, apenas um ano depois do golpe de Estado que depôs o presidente João Goulart e o Jair Bolsonaro de hoje que, às vésperas de entregar a presidência a Luiz Inácio Lula da Silva, abastece todos os canalhas que o seguem nos projetos de golpe de Estado e destruição da democracia construída a duras penas de 1985 para cá. Isso quando o último ditador de plantão, João Batista Figueiredo, que preferia cheiro de cavalo a cheiro de gente, não tentou um golpe.

Na montagem de foto acima estão Castelo de um lado e Bolsonaro de outro. É abissal a distância ética entre um e outro. No caso do presidente atual, eleito pelo povo, ele escondeu anos de "rachadinhas" suas e dos filhos. A familícia comprou mais de uma centena de imóveis em dinheiro vivo. Agora mesmo o mais velho da filharada quer passar por cima de normas legais para ter uma ilha no litoral fluminense. São tantas as falcatruas que isso chega a desconcertar. E mesmo assim ainda há uma legião de idiotas e criminosos capazes de seguir esse esquema rezando para pneus e chamando extraterrestres.

Chega, por favor. Todos têm que ser processados para pagar por seus crimes. Essa gente precisa ser condenada e presa, sem que se cogite em anistia. O Brasil não pode mais ser desmoralizado como está sendo por essa quadrilha de maioria psicopata. E os processos devem envolver também os que não estão diante de quartéis, mas alimentam de ódio todos os dias as redes sociais. CHEGA!                        

2 de dezembro de 2022

Como se não houvesse amanhã


No dia 1° de janeiro, quando tomar posse na presidência da República o presidente Luís Inácio Lula da Silva encontrará um Brasil devastado para gerenciar. E mesmo hoje, ao comando de uma equipe de transição, já tem a exata noção disso. O Ministério da Saúde, um dos mais destruídos, chegou ao cúmulo de negar à próxima administração o direito de conhecer dados e fatos, sobretudo os ligados à vacinação dos brasileiros. Bolsonaro governa o seu final de tragédia como se não houvesse amanhã!

O Brasil está terminando de ser desmontado. Caiu 24 posições no ranking dos países que conseguem reter seus talentos (do 45° para o 69º lugar); as universidades públicas foram devastadas e talvez mais do que os nossos biomas tão caros e frondosos; o valor destinado à produção de conhecimento cai a cada ano que passa: 40,7 bilhões em 2014, 20,7 bilhões em 2022 e previsão de 17,1 bilhões em 2023; não há mais dinheiro para o Ibama conter grilagens e invasão de terras indígenas, para citarmos somente dois casos; o garimpo ilegal nunca floresceu tanto; até mesmo as polícias estão sem poder manter veículos em funcionamento.

E o presidente, no Palácio da Alvorada (foto), não vai à reunião do Mercosul e passa os dias pensando no que pode fazer para tornar ainda mais pedregoso o solo onde Lula vai pisar. Mas existe amanhã!

Ele assumiu o poder em 2018 com o plano de reagir a qualquer insubordinação às suas ordens com um golpe de Estado. Previa isso, mas deu com os burros n'água. Em determinado momento chegou a dizer que interviria no Supremo Tribunal Federal e teve que recuar diante de conselhos contra essa aventura insana. Depois de perder a reeleição, voltou-se às forças armadas para tentar estuprar a democracia. Só que a aventura foi recusada por todos ou, ao menos, pelos de mais juízo. Ele jamais acreditou no Estado Democrático e de Direito porque todos os seus ídolos são ou foram fascistas ou ditadores e esses só têm apreço pelo totalitarismo. Falar de liberdade para esse homúnculo é mera falácia.

Mas existe amanhã. E o do indivíduo recluso no Palácio da Alvorada onde passa dos dias a imaginar  como destruir ainda mais devem ser os processos, as condenações e a prisão. Que, por sinal, merece.                  

24 de novembro de 2022

Pelo enfrentamento sem anistia


O atual presidente da República jamais vai aceitar o jogo democrático e sonhará com um golpe de estado enquanto ainda vislumbrar essa possibilidade. É um fascista e o projeto de poder do fascismo passa longe dos valores do Estado Democrático e de Direito. Ainda mais porque o Brasil tem hoje um enorme contingente de pessoas que apoiam esse tipo de movimento, numa afronta aos mais comezinhos valores da Democracia. Os últimos movimentos dessa gente miserável podem ser vistos claramente a partir de mais uma tentativa frustrada de desacreditar o resultado da eleição de 30 de outubro.

Ontem mesmo recebi mensagens por via WhatsApp de bolsonaristas de Vitória, minha cidade, e na qual eles espalham novas mentiras cercando a eleição e pedindo sua anulação ou intervenção militar. Não vão parar e talvez tentem entrar com esse esforço desonesto pelo mandado do próximo presidente, de modo a não permitir que ele governe com um mínimo de tranquilidade.

E o atual presidente já está fazendo isso. A Polícia Federal não conta com verba para funcionar minimamente. O SUS, segundo foi apurado, corre o risco de paralisar muitas atividades, o mesmo acontecendo com a ANVISA. Talvez não haja em 2023 dinheiro para a compra de vacinas, para o programa Farmácia Popular e outras ações necessárias e que são complementares ao Bolsa Família como é o caso da Merenda Escolar. Minha Casa Minha Vida então, nem se fale... O caso do Farmácia Popular é um crime de genocídio porque ele fornece medicamentos vitais à manutenção da vida de quem depende de drogas de uso contínuo e  não tem como adquirir. Eles vão morrer.

Bolsonaro tem que ir para a cadeia!

Hoje já não se trata mais de denunciar esses fatos e enfrentar os milhões de brasileiros que aceitaram prostituir suas mentes em favor do apoio a um psicopata chefe de quadrilha e que inunda as redes sociais com mentiras diárias, todas elas visando infelicitar o Brasil. Até pedidos a extra terrestres essa gente faz para não aceitar o resultado das urnas, fruto de uma luta que vencemos de 1985, depois de passarmos 21 anos sob uma ditadura militar que estuprou a Constituição, prendeu e matou brasileiros. Esse quadro horroroso pode ser visto na reprodução de uma capa da Folha de São Paulo da época (foto).   

Chega. Temos que enfrentar esse grupamento de crápulas e não podemos aceitar anistia.          

18 de novembro de 2022

Nomes, Lula, por favor!


O anedotário político conta uma ótima história de Tancredo Neves. Ele havia sido eleito governador de Minas Gerais e um cara chato que ajudara na campanha insistia em ser secretário. Mas não tinha estatura para isso. Todo santo dia o sujeito perguntava: "Doutor Tancredo, estão me questionando se fui convidado para assumir uma secretaria. O que respondo?" Não falhava uma vez. Até que o governador não aguentou mais e, ao ser interrogado na enésima oportunidade, disse: "Faça o seguinte; no próximo questionamento diga que você foi convidado e recusou. Eu confirmo!"

Não sei se o presidente eleito Lula está passando por isso, mas ele tem que anunciar logo alguns ministros, principalmente os mais importantes, sobretudo o da Fazenda e o do Planejamento. Ao menos esses. Vai acalmar o mercado se escolher bem e terá tempo para terminar a tarefa com menos pressão para definir demais as escolhas com vagar. Esses dois primeiros ministros são vitais e devem ser pessoas com trânsito entre os que influenciam o mercado. Não há outra alternativa. Se o Bolsa Família ficar fora do teto de gastos será possível lidar com as promessas sem problemas.

Hoje o presidente está em Portugal com uma agenda confortável. Amanhã terá dez horas de voo até o Brasil. Dá para pensar, telefonar, alinhavar algumas coisas e tomar decisões. Não acredito que as opções já  não estejam certinhas em seu radar. O Lula dos governos passados sabia pensar com antecedência e tomar decisões. Nos seus oito anos como presidente escolheu auxiliares das pastas econômicas que transitavam com facilidade junto aos donos do dinheiro. Não desaprendeu. 

Se nosso eleito fizer isso e evitar discursos de improvisos, sobretudo aqueles nos quais se empolga e não consegue terminar de falar, tudo vai dar certo. Ninguém sobre a face da terra conseguiria ser pior do que Jair Bolsonaro, embora este tenha deixado atrás de si um astro de terra arrasada como jamais se viu no Brasil, isso antes de se retirar para o Palácio da Alvorada onde hoje constrói seu universo paralelo (foto). E se Lula tiver pela frente alguém chato e querendo a todo custo um cargo de primeiro escalão, o exemplo do velho político mineiro Tancredo Neves servirá como uma luva.           

11 de novembro de 2022

Mercado seletivo


Duas considerações precisam ser feitas relativamente à reação nervosa do mercado financeiro brasileiro ontem, depois do pronunciamento de Lula em Brasília. Primeiro, que se trata de um movimento seletivo e que visa atingir um governo ainda não formado e com o qual o grande capital não tem afinidade alguma. Portanto, uma reação ideológica. Segundo, para evitar esse tipo de movimentos que tendem a desestabilizar o governo por meio de chantagem financeira, seria bom o novo presidente não fazer discursos de improviso ou então tirar o tema "âncora fiscal" de seus contatos públicos com a população e a imprensa.

Vamos nos lembrar do seguinte: nos últimos quase quatro anos o atual mandatário Jair Bolsonaro produziu uma imensa quantidade de discursos fantasiosos, falaciosos, arrogantes, desafiadores e destituídos de qualquer lógica ou civilidade. Em momento algum houve reação tão pronta contra suas falas. Claro que o cidadão ainda no poder (?) falava quase a mesma língua desse mercado que tem um único interesse: ganhar a cada dia mais dinheiro. Se ele sente que seu chão não está seguro o reflexo na bolsa de valores é imediato. Junto com ele vem o sobe/desce do real e das principais moedas internacionais, sobretudo o dólar. Lula, nos seus dois primeiros governos respeitou as regras dos gastos, reduziu a inflação e a dívida pública. Mas o mercado já se esqueceu disso.  

Esses movimentos muitas vezes são usados como chantagem econômica. E vai ser assim doravante, até que o novo governo se estabeleça com a confiança de quem realmente interessa: a população ou uma grande parcela dela. O "tal mercado" não está mais acostumado a ouvir político falando em matar a fome do povo. Coisa de comunista! Isso pouco ou  nada interessa à "República da Faria Lima". Ela gosta de ouvir que o Brasil é o celeiro do mundo, embora a produção agrícola gigantesca que serve à exportação não mate a fome de uma imensa parcela dos brasileiros e só sirva ao enriquecimento dos barões do agronegócio.

Vai ser difícil enfrentar a reação, porque até pequenos produtores se deixam acariciar pelo canto das sereias. Mas tem que ser assim. Matar a fome do povo, recuperar a Educação, dar um sentido à saúde e gerar uma economia direcionada a todos, sobretudo aos mais fracos sempre provoca reações as mais desesperadas possíveis. Então, para não botar lenha na fogueira seria bom se os principais assessores convencessem o presidente a falar pouco. E a sair do palanque, já que o Palácio do Planalto vai ser seu local de trabalho por quatro ano depois de primeiro de janeiro.                    

9 de novembro de 2022

Samba do crioulo doido


Não me recordo do ano, mas faz muito tempo. Estava em São Paulo passando uns dias com meus pais e fui ver um show dos Demônios da Garoa. Queria ouvir "Trem das 11", mas de repente um dos cantores falou sobre um crioulo que endoidou ao escrever letra de escola de samba e apresentou o "Samba do Crioulo Doido". Era e é muito engraçado. O público vibrava com a apresentação dos cinco membros originais do grupo que melhor representa o samba paulista. E hoje penso que essa música nunca foi tão atual como está sendo no Brasil dos últimos dias. O país de após a eleição presidencial.

A gente todas as horas vê pessoas ajoelhadas diante de muros de quartéis militares, rezando para "salvar o Brasil do comunismo". Outros mostram as surradas e criminosas faixas de intervenção militar ou "ruptura", um termo que imaginam mais rebuscado. Ontem um teve que ser retirado amarrado à maca para ser levado a um hospital psiquiátrico. Gente aparentemente sem nada o que fazer acampa diante de instalações das FA para exigir que os militares impeçam a posse do novo governo.

Mas esses são apenas casos psiquiátricos. Grandes empresários financiam grupos para, sobretudo em estradas, atentar contra a democracia bloqueando-as e buscando impedir o fluxo de mercadorias. Ou então usam armas até mesmo contra a Polícia Rodoviária Federal que é hoje cúmplice do atual governo nas ações desestabilizadoras da democracia. Ela e os outros organismos policiais. E olhem: esses são órgãos de Estado e não de governo. Têm que respeitar normais legais não importa se elas se colocam ao lado ou contra correntes que apoiam. Todos, rigorosamente todos têm que pagar pelo que estão fazendo.

Dentre os empresários financiadores dos atos criminosos atuais estão alguns do Espírito Santo. Recentemente tive a oportunidade de ver um filmete feito no Supermercado Perin, onde os empresários praticamente obrigavam seus funcionários e aderir às posições bolsonaristas destes. Caminhões da empresa circularam várias vezes em ações de atos criminosos. E não são os únicos. Outros fazem o mesmo, mas de modo mais subterrâneo, como agem os grandes criminosos, sobretudo aqueles "patriotas" que sonegam impostos para enriquecer à custa dos esforços dos demais.

Hoje estamos diante de um "samba do crioulo doido" que causa pena e espanto. Às vezes pasmo. A eleição já acabou e eles não se convencem de que perderam e são obrigados ética e moralmente - se é que têm isso - a aceitar o resultado das urnas. Mas agora chega, não é? Já passou a hora de cada um desses bandidos de terno e gravata terem um encontro marcado com a Justiça. Afinal, o trem tá atrasado ou já passou!           

1 de novembro de 2022

Que as árvores tenham sorte


No "discurso" de ontem no Palácio da Alvorada o presidente da República em final de mandato foi mais uma vez Bolsonaro de raiz. Não disse rigorosamente nada que prestasse. Sua fala poderia ter sido redigida por um pré-adolescente de dez anos. Não falou que perdeu a eleição, não citou o nome do eleito, desconheceu todos os fatos das últimas 48 horas e apenas se disse grato aos que votaram nele e que apoia apenas e tão somente quem respeita a não violência e o direito de ir e vir. Recado aos caminhoneiros mais açodados...

Mas isso não é o que preocupa. Ele, Bolsonaro, ainda vai habitar o Alvorada até 31 de dezembro próximo, tempo suficiente para fazer vista grossa aos desmatamentos da Amazônia, do Cerrado, da Mata Atlântica, do Pantanal e dos demais biomas brasileiros que no último debate contra o presidente Lula foram chamados por ele de "miomas". Não duvido nem um pouco de que faça isso. Que nossas árvores tenham sorte! Que os deuses indígenas brasileiros possam lançar sua rede de proteção sobre a floresta! Para proteger e criar, dois meses representam pouco tempo. Mas para promover a destruição isso é mais do que suficiente, como mostra a foto.

Os garimpeiros também devem receber a senha para avançar sobre as áreas de atuação ilegal. Os grileiros podem encontrar meios e modos de matar mais indígenas e ocupar terras públicas derrubando a floresta e abrindo imensos bolsões de espaços vazios a serem ocupados por gado e outras "criações". Como a festa está no fim, ainda há tempo para serem emitidas novas licenças ambientais, pode-se tornar legais milhares de toneladas de madeira nobre derrubada criminosamente em área de preservação como acontecia há bem poucos meses, durante o período do "passa a boiada". 

Há pressa, sim, pois o governo Lula vem aí. Mas aqueles que querem ganhar dinheiro fácil, mesmo que seja à custa do futuro de nossos descendentes estão com a faca e o queijo nas mãos por dois meses. Hoje, antes de iniciar a rápida leitura de seu texto de coisa nenhuma, Bolsonaro olhou para o lado e disse a alguém como que num sussurro que as câmaras flagraram: "Eles ainda vão sentir saudades da gente!". Talvez uns poucos sintam...          

30 de outubro de 2022

Boa sorte, Lula

Esperei até o último instante da eleição presidencial encerrada faz poucos minutos para começar esse artigo de Blog não com o vencedor, mas com o perdedor. Nunca imaginei que um presidente eleito da República pudesse descer tão fundo no esgoto para tentar continuar no cargo. Até fazer com que órgãos de Estado cometesse ilegalidades ele fez. A PRF, por exemplo, tornou-se um bando de milicianos. Muitas polícias militares - inclusive hoje - cometeram crimes os mais variados. Um ex-deputado maluco atirou contra a Polícia Federal que vinha prendê-lo. Uma deputada reeleita saiu pela rua de pistola em punho atentando contra a vida de "um preto" acusado de tê-la desrespeitado.

Um horror. Sobra disso tudo a certeza de que aqueles que desceram ao esgoto deverão permanecer lá. Já o Brasil vai emergir com seu presidente Lula e a frente ampla que o levou de volta ao Palácio do Planalto. O presidente eleito deverá chamar todos os brasileiros a, juntamente com ele, lutarem na tarefa de reconstrução de nosso país. Chega de extremismo de direita, de pauta de costumes, de violências contra opositores e de um projeto de governo que se resumia a destruir o que ainda temos de pé e feito por outros.

É preciso fazer aqui um registro: como foi maiúscula a presença de Simone Tebet nessa campanha. Arregaçou as mangas e lutou por um projeto que passou a ser dela. Confessou que Lula não era seu candidato - como não era também o meu, pois não sou petista -, mas que ele representava, como realmente representa, o melhor para o Brasil. Foi difícil vencer um projeto de perpetuação de poder que envolvia jogar todos os jogos possíveis e usar de todos os golpes baixos para continuar. Só que eles perderam. Jair Bolsonaro e sua familícia vão embora. Mas antes, já sem os privilégios do cargo que ainda ocuparão até 31 de dezembro, terão de responder pelos inúmeros crimes que cometeram ao longo dos últimos quatro anos. Ele foi o pior presidente da história do Brasil. Nem os generais da ditadura chegam aos seus pés em termos de desonestidade.

Boa sorte, Lula. Você vai precisar dela porque nosso país foi destruído.

24 de outubro de 2022

Um país bizarro

De tudo o que aconteceu ontem envolvendo o cidadão Roberto Jefferson, a Polícia Federal e até mesmo um escondido ministro da Justiça, o que foi mais bizarro? Mais inacreditável? Mais inaceitável? De forma geral eu diria que o "conjunto da obra". Mas um fato se destaca e foi filmado, levado à TV e apresentado para todo o Brasil: um policial federal brasileiro sorridente e conversando com o preso na casa deste, debochando da colega ferida momentos antes por estilhaço de granada e perguntando ao marginal se ele queria mesmo se render. Isso depois de oito horas de tiros, explosões e negociações as mais estranhas. Muito, muito bizarro mesmo.

Hoje fiquei com a TV diante dos olhos o mais que pude. O ministro da Justiça estava no Rio de Janeiro almoçando e conversando com a cúpula da Polícia Federal. Sobre o quê? O preso que foi capaz de usar contra uma ministra do Supremo Tribunal Federal os termos mais chulos, mais desqualificados possíveis aguardava ser ouvido pela Justiça. Para dizer o que, por favor? Nada justifica o que foi feito, as cenas que os brasileiros tiveram diante dos olhos por quase um domingo inteiro e até mesmo aquela ridícula figura fantasiada de padre e negociando com a PF a entrega de armas de guerra que o preso não poderia ter. O policial federal do deboche pode dizer que representava um personagem. E foi mais convincente do que esse padre que já mereceu palmas e dancinhas da primeira dama na internet.

Muita gente daqui e de fora se pergunta hoje que samba do crioulo doido é esse que nos tomou um domingo inteiro. Há pouco tempo um pobre diabo foi morto asfixiado pela PRF porque não tinha documentos e tentam colocar 100 anos de sigilo nas peças do processo a que os policiais respondem. O marginal de ontem foi transportado da cidade onde vivia para o Rio de Janeiro num carro blindado da Polícia Federal usado quase sempre para proteger altas autoridades, algumas estrangeiras.

Não acredito no que estou vivendo. Alguma coisa está muito errada comigo. Ouvi até o presidente da República falar que não há uma única fotografia conhecida dele com esse sujeito. Maneira de dizer que nem sabe quem é. A foto que ilustra o texto mostra que ele não mente. Definitivamente.  

21 de outubro de 2022

Justiça, por que você se esconde?


Tenho hoje, como milhões de outros brasileiros, a convicção de que a Justiça, sobretudo STF e TSE se esconde. Afora decisões contra o enxame de fake news divulgados pelas brigadas bolsonaristas, nada mais é feito para tentar conter as inúmeras ilegalidades cometidas todos os dias, todas as horas, por ordem do presidente da República na sua decisão de ganhar a eleição de domingo dia 30 de qualquer maneira, a qualquer custo, ainda que seja reduzindo a pó a ordem democrática que ele jamais respeitou.

E não é só ele. A ex-reitora da Universidade Federal de Alagoas, Profa. Ana Dayse denuncia que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com verba do orçamento secreto, está contratando caravanas de ônibus para saírem de diversos pontos do Nordeste no dia 28 deste mês e fazer peregrinação com os nordestinos que querem visitar a sepultura de Padre Cícero. Só vão voltar dia 02 de novembro, depois das eleições das e quais não participarão. Os nordestinos votam maciçamente em Lula. Desgraçadamente, uma rede de TV chamada Jovem Pan (não seria Jovem Puta?) usa concessão pública para divulgar inverdades de maneira debochada e defendendo só um lado na eleição. Impunemente.

Isso é só a ponta do iceberg. Os aviões da FAB voam todos os dias, todas as horas, fazendo campanha presidencial com as mais variadas figuras a bordo. O Palácio da Alvorada virou comitê de campanha. Dinheiro público jorra todos os dias para a criação de bondades as mais variadas visando angariar votos. Tudo isso, rigorosamente tudo e mais um enxame de outras coisas é ilegal. E onde estão as cortes superiores de Justiça, únicas capazes de deter o desrespeito claro, debochado, às normas legais?

Por que ele não age, mesmo sendo provocado diariamente? Houve uma decisão pelo uso da campanha de Lula de quase duas centenas de inserções de publicidade oficial eleitoral como direito de resposta contra fake news bolsonaristas, mas ontem uma ministra de Justiça Eleitoral reconhecidamente amiga do presidente da Câmara suspendeu sua execução até julgamento do plenário. E isso demora...

Não tenho espaço aqui para enumerar a quantidade de ilegalidades que o presidente da Republica comete todos os dias, o mesmo acontecendo com seu entorno onde pontificam filhos, esposa, apaniguados mais chegados e aproveitadores de todas as espécimes. Todos os dias, todas as horas. A decisão deles é essa: vamos ganhar a eleição passando por cima de tudo, principalmente da Justiça. Porque a honra, a decência, a moral e a vergonha na cara, isso nós já deixamos pelo caminho. 

E repito a pergunta porque vejo a balança que representa o poder judicial pendendo mais para um lado do que para o outro: Justiça, por que você se esconde?             

19 de outubro de 2022

Anjos de cemitério


Existem coisas que a gente tem que fazer como, por exemplo, ir ao velório de um velho amigo do nível de José Carlos Monjardim Cavalcanti, o Cacau. Fui hoje com a também amiga Jô Drumond, e enquanto esperávamos por outros confrades ou confreiras da Academia Espírito-santense de Letras (AEL), resolvemos passear por entre as sepulturas do plano inferior. Há obras de arte lá. Tristes e bonitas. Jazigos suntuosos. E eu estava particularmente interessado em encontrar o de Wilson Freiras, um remador lenda no Espírito Santo e cuja sepultura é uma proa de barco feita de pedra. Só que antes nos deparamos, os dois, com algo insólito.

Estávamos diante de uma lápide branca com a imagem de um menino de calções curtos, puxando um caminhão de brinquedo. Não havia uma única identificação no local. Nome, data, nada (confira na foto). Mas em diversos pontos estavam sacos de doces, balas e até uma embalagem de guaraná, tudo ornamentando o lugar. Fiquei intrigado. Na administração me disseram que aquela é a sepultura de Pedrinho, menino pequeno e que morreu jogando bola na rua. Não sei como nem quando aconteceu isso. Também não informaram porque a tumba não tem coisa alguma escrita, nada que remeta o curioso até aquele garotinho miúdo.

E houve uma informação adicional: determinada mulher passa sempre pelo cemitério com doces e balas nas mãos e as coloca nos túmulos de anjos. Crianças pequenas. Inclusive na do não identificado. Além dela, praticantes de umbanda ou outras confissões religiosas, de origem afro ou não, fazem o mesmo. O jazigo de Pedrinho é o mais visitado do Cemitério Municipal de Santo Antônio, em Vitória. O de Wilson Freitas, onde centenas de velas queimadas formam uma cascata de parafina, da mesma forma.

O que me impressionou mesmo foi esse Pedrinho. Pequeno, indefeso, rebocando seu caminhão de brinquedo e sonhando com a vida que acabou de repente durante um joguinho de futebol que toda criança ama. Um anjo morto e com o corpinho deixado junto às demais lápides de Santo Antônio, sabe-se lá há quanto tempo. Tem agora a companhia de um velho jornalista falecido aos 93 anos de idade, de parada cardíaca e que, por isso, não ganhou doces e balas no enterro. Somente flores e saudades. Muitas!

13 de outubro de 2022

A filhote perfeita


Todo projeto de ditador tem o sonho de criar filhotes que sejam sua imagem e pensamento. Hitler fez isso e Mussolini também. O atual presidente da República não poderia ser exceção a essa regra. Para tanto montou uma equipe de auxiliares subservientes, capazes de absorver sua ideologia (?) barata e replicá-la em todos os cantos, sobretudo entre o "gado", também chamado de "bolsonarista de raiz". Mas o auge de sua obra é mulher e pobre de espírito. Damares Alves tornou-se a filhota perfeita dele. Quer a presidência do Senado e, quem sabe, coisa ainda maior para o futuro. Se houver...

Quem é essa senhora? Era funcionária de gabinete do então senador Magno Malta, antigo puxa saco de Lula e de todos os demais políticos que detiveram poder. Colecionou fotos ao lado deles. Então se tornou ministra do governo atual no lugar do antigo chefe porque o presidente precisava num cargo importante para ele de uma pessoa subserviente, capaz de cumprir quaisquer ordens, medíocre e disposta a espalhar as mensagens pseudo religiosas em todas as igrejas evangélicas de aluguel existentes no Brasil.

Deu certo!

Agora senadora eleita, cometendo um crime atrás do outro, passeia pelo Nordeste a bordo de aviões da FAB com custos retirados dos impostos que os brasileiros pagam e ao lado da "primeira dama" (como na foto) e outras figuras de nosso bizarro fascismo, para tentar capturar votos do candidato Lula com o intuito de "tirar o demônio" de dentro do Palácio do Planalto. Recentemente foi autora de uma acusação gravíssima, ao dizer num templo religioso que recém nascidos eram vítimas de abuso sexual na Ilha do Marajó. Como sempre, e seguindo fielmente seu mestre, não apresentou evidências e nem prova alguma do que disse. Sua tática é a de confiar na impunidade até conseguir ocupar o cargo de senadora.

Damares é a imagem perfeita do que os brasileiros estão construindo para a obra bolsonarista de destruição dos princípios democráticos de nossa sociedade e das instituições que os sustentam. E tem competência para cumprir a sua terrível tarefa. Pode ganhar o posto de coadjuvante mor desse projeto.                          

8 de outubro de 2022

O último obstáculo


O Brasil está hoje diante de um dilema único: ou derrota o projeto autocrático de seu presidente ou vai mergulhar em uma época de trevas como nunca houve antes, nem nas ditaduras do Estado Novo e de 1964. E pode parecer incrível, mas o ex-presidente Lula, candidato contra o atual mandatário nas eleições do dia 30 é o último obstáculo que separa esse projeto de ditador e seu intento.

Explico. O atual presidente é fascista, admirador de Mussolini e quer o Brasil subjugado a ele e suas crenças pessoais. Normalmente faria isso com um golpe de estado tradicional e uso da força, mas como não pode porque inexiste apoio militar a isso e a reação externa seria insuportável, restam-lhe os meios convencionais. Se for reeleito, vai destruir a nossa ainda frágil democracia de dentro para fora, subjugando o Poder Legislativo - que em parte já é submisso a ele -, atingindo como um torpedo a independência do Poder Judiciário e mudando a Constituição para obter poderes os mais discricionários possíveis, o que envolveria ter o direito legal de se reeleger mais quantas vezes quisesse.

Nosso maior risco reside na parcela brasileira conhecida como "classe média" e que talvez seja a mais reacionária do mundo. Essa semana mesmo ouvi de um diretor de imobiliária que o meio ambiente não tem o menor valor para ele e de outra pessoa culta (?) que a democracia é um produto "descartável". Aí mora o perigo. Porque, reeleito, o atual presidente vai começar sua obra destruindo a educação pública.

Onde entra o ex-presidente Lula nesse jogo de xadrez? Ele pura e simplesmente é hoje o único adversário com musculatura política capaz de enfrentar "Bozo". Se for derrotado, o projeto autoritário e autocrata do bolsonarismo terá caminho livre pela frente. Tudo o que construímos ao longo dos tempos de República estará jogado por terra. O Brasil será o paraíso do nazi-fascismo, do obscurantismo e da imposição de dogmas e conceitos medievais. Essa liberdade da qual o mandatário tanto fala para conquistar votos deixará de existir. O direito de pensar, julgar e decidir estará cassado.

Lula tem defeitos imensos? Certamente sim. Mas é um democrata e  o último obstáculo a nos separar da pior ditadura que haveremos de viver. Vamos pensar nisso porque para fazer da democracia uma autocracia basta mover poucas pedras, como mostra a ilustração acima.        

2 de outubro de 2022

Anauê para o bem do Brasil


Uma das pessoas que mais amei na vida foi meu pai. Ao final, quando ele estava próximo de  morrer, toda vez que nos despedíamos era como se fosse a última. E durante anos não conseguia entender nele sua juventude no Partido Integralista Brasileiro e o fato de ser dono de um um conservadorismo politico extremado que o levava a nunca fazer concessões fora do espectro político da direita ou extrema direita. Só muito mais recentemente, anos depois de ele morrer, pude concluir que o velho não era mal, não era tão reacionário assim e sobretudo não era um ponto fora da curva. Foi, isso sim, o retrato do conservadorismo/reacionarismo brasileiro.

Quando eu me irritava com seus argumentos e dizia "Anauê para o bem do Brasil" com o fito de colocar um freio nele, apenas ria a dizia: "Não sou fascista!". Mas às vezes era. E durante a juventude havia sido muito. Tanto que era admirador de Plínio Salgado e amigo pessoal do representante político deste no Espírito Santo, Oswaldo Zanello. Deixou o movimento muito mais porque era ateu do que por divergência doutrinária. Não suportava ter que conviver com o lema "Deus, Pátria, família" daquele movimento.

Na história brasileira o integralismo se mostra e se esconde, se mostra e se esconde, num movimento de vai e volta que aproveita a arena política e as crises brasileiras para mostrar as garras. Foi o que aconteceu em 2018, quando da eleição de Jair Bolsonaro. Os escândalos que cercaram os governos de Lula/Dilma serviram como caldo de cultura para uma nova eclosão do movimento e, hoje, para o resultado geral das eleições nacionais. Muitos dos eleitores dos reacionários que agora vão ter mandatos políticos fizeram isso de caso pensado. Mas a maioria foi embarcada na calda de cometa da propaganda fascista. Não tem estofo intelectual para entender o que acontece.

Afinal, o que se pregava na campanha de Bolsonaro e se vai continuar pregando é um falso virtuosismo religioso. Além do antigo lema "Deus, Pátria, família" são trazidos à arena política o neo-evangelismo brasileiro, um difuso conceito de liberdade e a "pauta de costumes".  Como se uma vitória da "camarilha comunista" fosse tirar a liberdade das pessoas. Na verdade, foi durante as ditaduras do Estado Novo e do Golpe de 1964 que todas as garantias constitucionais caíram por terra. E cresceu no Brasil a prática da tortura política. Milhares se lembram disso. Sentiram na carne.

Temos possibilidade de vencer essa onda? Sim, temos. Mas vamos precisar começar agora elegendo Lula presidente e fazendo o possível e o impossível para que ele seja capaz de governar como um monge. Uma freira. Sem escorregões. Com um projeto de inclusão social, de recuperação da economia e de distribuição de renda capazes de anular o discurso da extrema direita. "Anauê" é um termo talvez de origem tupi, uma saudação, um modismo entre escoteiros do início do século XX e que nossos fascistas adotaram juntamente com suas camisas verdes e que os fizeram ser chamados de "galinhas verdes". São as que você pode ver na foto acima.

Mas não se iludam: essas atuais têm bico longo, projetos de futuro e são muito perigosas para o que a gente entende como democracia. Elas corroem nossos valores de dentro para fora.                  

19 de setembro de 2022

A excrescência no funeral


Antes de o corpo da rainha Elizabeth II ser levado a Windsor, onde está sendo sepultado, cerca de uma centena e meia de representantes de países estiveram em Londres, sobretudo para a missa de corpo presente da mais longeva chefe de Estado da história do Reino Unido. Pode-se dizer, sem medo de errar, que dentre todos eles o único a promover palanque durante a estada em Londres foi o presidente do Brasil. Fez discurso político tosco de uma das varandas da embaixada, repetiu esses atos em outra oportunidade e ao ser questionado por jornalistas sobre o uso político de um momento de luto, reagiu:

- Você acha que eu estou fazendo política aqui? Pelo amor de Deus. Acabou a conversa.

Fez politica sim. Desrespeitou a cerimônia com suas falas às vezes desconexas. Chegou a declarar que vai ganhar a reeleição no primeiro turno e se não tiver mais de 60 por cento dos votos alguma coisa "anormal" estará acontecendo. Veladamente fez nova ameaça ao resultado das urnas. Ele sabe que está perdendo. Com dinheiro público faz pesquisas diárias sobre as eleições, não divulga a instituição ou instituições que realizam esse trabalho, não registra as pesquisas como todos os instituto têm que fazer e não revela o custo disso. Enfim, desrespeita as leis na convicção de que não pagará por isso.

Agora voa para Nova Iorque onde pretende voltar a ver os "novaiorquides" antes de ir para a ONU. Já usou o microfone da sessão de abertura para falar asneiras em mais de uma oportunidade e agora quer voltar a fazê-lo em seu bota-fora. O jornal hilário "O sensacionalista", que sai em O Globo, publicou em manchete que ele havia viajado para o funeral de sua candidatura à reeleição.

Não tenho dúvidas de que esse presidente é um sociopata. Ao mesmo tempo em que torra dinheiro viajando a dois países em tempos de crise para fazer campanha política no exterior, congela o dinheiro da merenda escolar, destrói as verbas dos maiores programas sociais brasileiros, deixa à mingua Educação e Saúde, sabota todas as iniciativas da cultura, comete outras barbaridades e inunda de dinheiro público o "orçamento secreto" que abastece políticos corruptos.

Esse presidente atual do Brasil é uma excrescência!        

13 de setembro de 2022

O golpismo sobrevive...

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, cancelou uma reunião que haveria hoje com o ministro d a Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para discutir pela enésima vez o processo eleitoral brasileiro, mais particularmente para as eleições de 02 de outubro. Por trás disso tudo está o medo de uma derrota do atual presidente para o adversário Lula, pois à medida que o tempo passa essa hipótese mais se avizinha. E as Forças Armadas do Brasil têm uma longa tradição de golpismo!

O ministro da Defesa não é burro para desconfiar das urnas eletrônicas, mesmo depois de tantos testes e simulações. Ele sabe que o presidente da República foi eleito durante 28 anos com essas urnas. E jamais as questionou quando era um medíocre deputado do baixo clero. Mas agora ele não quer perder o poder. E os militares pretendem manter suas boquinhas - ou boconas - que estão sendo cultivadas ao longo dos últimos três anos e oito meses, a cada dia que passa mais generosas. Principalmente não querem ver Lula de novo presidente.

Tudo o mais é balela. Os  militares sabem que as urnas são seguras, que não vai haver roubo porque nunca houve, mas é preciso criar um clima insurrecional que justifique o ato de força. Isso só não foi feito ainda porque não estamos mais em 1964 e um golpe de Estado isolaria definitivamente o Brasil no cenário internacional. Com custos inimagináveis. Mas uma parcela da Forças Armadas, a que se beneficia diretamente da forma como o presidente hoje governa não quer perder privilégios. Sobretudo não quer perder poder. Vai daí essa parcela sonha com um novo golpe de estado e o estupro da democracia.

O ministro Alexandre de Moraes fez bem ao cancelar a reunião. Não há mais o que ser discutido. Continuar com isso era pura e simplesmente aceitar uma pressão injusta, desonesta e desprovida de sentido. Uma pressão bem ao gosto do desespero de um presidente que não aceita perder eleição. Se essa pressão esconde mais outra, outra mais outra, até que uma tentativa de golpe chegue, que venha agora.

O Brasil precisa de que todos os patifes tirem as máscaras.

10 de setembro de 2022

Semana surreal


Hoje é o último dia de uma semana surreal. No curso dela um presidente (sic!) da República desrespeitou a cerimônia oficial do Bicentenário da Independência do Brasil, protagonizou várias cenas toscas e inimagináveis durante e após uma festa de gala em Brasília, cometeu crimes contra a democracia (mais uma vez...) e até um palhaço fantasiado de Zé Carioca foi admitido no palanque ao lado do presidente de Portugal. E parcela da nossa sociedade ainda é capaz de aplaudir isso...  

Não era possível imaginar que no dia 07 de setembro, sobre um carro de som e diante do palanque oficial da cerimônia do aniversário da Independência do Brasil, o presidente eleito pelos brasileiros fosse se declarar "imbrochável", como se alguém tivesse interesse em saber da vida dele. Isso no terceiro casamento que tem e quando os dois primeiros terminaram porque suas mulheres o traíram com outros parceiros. Mesmo assim ele diz que os homens devem se casar com "princesas" e, no momento da declaração no carro de som a atual esposa, cognominada primeira dama, botou a mão no queixo (foto) com uma falta de charme e de compostura que beirou o inacreditável.

Aliás, tudo é inacreditável nesse governo. A começar pelo fato de que, por ódio ao PT, uma grande parcela dos brasileiros ainda acreditem que o traste de Brasília seria o candidato ideal para novo mandato eletivo. Esse assunto só não marcou toda a Semana da Pátria porque a atenção dos brasileiros e do mundo teve que ser desviada para a Escócia onde a rainha Elizbeth II morria. Não fosse por isso...

Mas não é tudo. Apenas o patético. O mais grave foi depois, durante uma discussão banal, quando um admirador do presidente matou com 15 golpes de faca um outro, defensor do adversário Lula. Todo mundo se assustou. Os demais candidatos à presidência reagiram denunciando o absurdo da situação e pedindo providências contra a escalada da violência nesse período eleitoral. E o presidente? Esse ficou em silêncio. Mudo. Distante, mas cúmplice porque é ele quem acirra ânimos todo dia, estimula a violência e arma milícias para "defendê-lo" acima das leis e da ordem estabelecida.

Realmente foi uma semana surreal. Esperamos, embora sem convicção, que não haja outras.   

7 de setembro de 2022

Solenidade corrompida

O dia 7 de setembro ainda não acabou, mas já é possível lamentar a instrumentalização de uma festa cívica que deveria ser de todo o povo brasileiro e não de um presidente da República que se apropria dela em seu nome e de sua candidatura à reeleição para fazer proselitismo com o dinheiro do contribuinte no Bicentenário de nossa Independência. E dentre as muitas aberrações já vistas nessas comemorações, uma se destacou: imagem do empresário Luciano Hang, o Zé Carioca, com seu horroroso terno de paletó verde, gravata amarela e camisa branca postado na tribuna de honra do desfile de Brasília ao lado dos presidentes da República do Brasil e de Portugal.

É uma solenidade corrompida em seus valores!

A Constituição desse país, logo em seus "Princípios fundamentais", diz que ela tem como fundamentos, dentre outras coisas, "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Em seguida diz também que todos são iguais perante a lei, o que representa consagrar direitos e deveres. Mas no Brasil de hoje há um homem e sua "familícia" acima das leis, questionando-as todos os dias. Persegue quem tenta domar seus instintos autoritários, suas crenças irretocáveis e sua determinação de agredir a todos os que o contestam.

No desfile de Brasília esse homem, o presidente, queria caminhoneiros na Esplanada. E se insurgiu contra a determinação do governador do Distrito Federal que, por medida de segurança, não permitiu essa participação. Caminhoneiros fizeram baderna em resposta a isso. Um marginal que atende por Roberto Jeferson, em nome não se sabe de quem, foi às redes sociais para protestar, insuflar desobediência civil e se referir a um ministro do Supremo Tribunal Federal chamando-o de "Xandão". Ao mesmo tempo tratores de produtores rurais desfilaram pela Esplanada representando o governo e não o Estado.

Está tudo errado.

Mas como sempre há luz no fim do túnel, quem puder ir a São Paulo não pode deixar de visitar o novo Museu do Ipiranga. Conheci muito o antigo e era lindo de viver! Esse é mais bonito ainda, com o dobro do espaço de exposições e um jardim que salta aos olhos. Melhor, reaberto ontem (foto), ele é um espaço do povo brasileiro, de todos e não somente daqueles que alimentam sonhos totalitários,                              

4 de setembro de 2022

Falsos profetas da fé

Nunca me senti a vontade para dissertar sobre religião, ateu convicto que sou. Mas o momento exige alguma reflexão contra a "Teologia do Domínio" (foto), seus reflexos, presença nos movimentos chamados neopentecostais e sobretudo no início de reação que já existe contra ela no Brasil.

Socorri-me a velhos amigos evangélicos para invadir um pouco o pensamento no tema esquisito, mas muito fácil de ser explicado: essa corrente que viceja atualmente entre as seitas claramente oportunistas prega um falso evangelho da violência, com uma teologia nascida daquela da Prosperidade e que tem como projeto básico tomar o poder. As seitas neopentecostais, cujos principais proprietários são Edir Macedo, RR Soares, Valdomiro Santiago, Silas Malafaia e alguns outros são acumuladoras de riquezas em nome de seus donos. Constroem templos faraônicos e chamam as pessoas para usufruírem de seus milagres. Mas tudo isso tem um preço, claro, e algumas dessas "confissões" são claramente políticas. Por isso elas dão seu apoio ao atual presidente da Republica, abrem as portas das "igrejas" à pregação que ele faz junto com sua mulher e entorno e, em troca disso, obtêm o silêncio conivente das autoridades. O mundo inteiro sabe, por exemplo, que Edir Macedo tira rios de dinheiro do Brasil quase diariamente e leva para os Estados Unidos onde vive vida de nababo num apartamento de alto luxo. Para facilitar, ele e seus iguais possuem passaportes diplomáticos dados pelo Estado brasileiro... 

Não há, no modelo de meus artigos como ir mais adiante. Mas é preciso deixar claro que correntes evangélicas tradicionais, as que interpretam o evangelho como sendo mensagem de amor e não de ódio evitam defender armas, não pregam a eliminação das minorias, leem os textos sagrados como mensagem de união entre todos e buscam proteger suas igrejas da pregação política barata.

Agora mesmo começa a haver reações. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia, junto com mais alguns "correligionários" foi vaiado em um templo. Em outras manifestações, fieis se insurgiram contra o uso de suas instituições religiosas como locais de proselitismo político, sobretudo em nome do presidente da República. A mulher deste, aquela do cheque de R$ 89 mil, só fala entre os que sabidamente emprestam o nome de suas "igrejas" às pregações de tentativa de ocupação de espaços de poder. São poucos no universo total do protestantismo, mas suficientes para montar imensa bancada no Congresso.

Esse tipo de reação tende a aumentar. Acredito que a tendência para a "Teologia do Domínio" seja a de isolamento crescente, mas lento. Não creio - crença minha, pessoal - que os falsos profetas da fé tenham futuro num Brasil mais aberto ao diálogo democrático. Oxalá eu esteja certo.                                

23 de agosto de 2022

O maquiador de fatos

Algumas pessoas acharam ruim a entrevista dada ontem à noite pelo presidente da República ao Jornal Nacional comandado por William Bonner e Renata Vasconcelos (foto O Globo de entrevista de 2018). Eu não. Maquiador de fatos como sempre foi, ele passou o tempo todo tentando dizer que não disse o que disse e não fez o que fez. Só para citar dois exemplos, chegou a insistir em que Manaus só ficou dois dias sem vacinas quando ficou nove e que nunca xingou ministros do STF quando, aos berros, dirigiu-se a eles com o termo "canalhas!"

Enfim, esse é o Bozo! 

Hoje teremos Ciro Gomes.  Amanhã ninguém, porque seria o dia de André Janones que renunciou ao direito de concorrer em dois de outubro. Quinta-feira virá Lula e sexta-feira, Simone Tebet. O mínimo que se espera deles é que tenham compromissos com a verdade. Aquela verdade à qual os jornalistas se apegam e que é a factual. Porque nos tempos modernos é impossível tentar maquiar fatos impunemente.

E também que falem de seus projetos para a hipótese de vencerem a eleição. Isso passou batido na entrevista de ontem porque em momento algum o chefe de Estado dissertou sobre o que pretende fazer caso seja reconduzido ao cargo por mais quatro anos a partir de janeiro de 2023. Não tem projetos ou não quer se comprometer com nada? Fica a dúvida.   

O presidente se negou a comprar vacinas logo no início da pandemia da Covid 19 e retardou a decisão enquanto foi possível. Insistiu no tal "tratamento precoce" mesmo contra todas as evidências, e à exaustão. Foi grosseiro uma infinidade de vezes com jornalistas e outras pessoas. Interferiu (ou tentou) na Polícia Federal, trocou todos os ministros que não foram submissos a suas verdades, apoiou com dinheiro público vários pastores de seitas picaretas para comprar votos e igualmente a criação do "orçamento secreto", com a mesma finalidade. Pior de tudo, mente dizendo que não há corrupção em seu governo quando pipocam casos aqui e ali praticamente todos os dias. E nem vou perder meu tempo para falar do entorno dele, como de filhos e mulheres. Nem vale a pena relembrar mansões e cheques.

Não sei se muita gente notou, mas o presidente trazia na palma da mão esquerda uma "colinha" com várias anotações. Não sei se a caligrafia era dele, do Carluxo ou de um assessor qualquer, mas não importa. Importa, sim, saber que mesmo controlado em termos de educação e respeito, foi o mesmo de sempre. Falou para o gado, o cercadinho que desde ontem o aplaude entusiasticamente.

Gado é assim mesmo!    

17 de agosto de 2022

Mera formalidade


Olhando a posse do ministro Alexandre de Moraes ontem como novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral foi possível ver como são tensas e distantes as relações de poder no Brasil de hoje, embora o novo comandante do TSE tenha cumprido à risca o protocolo e, inclusive, falado de maneira gentil com o chefe de Estado. Na prática, todos cumpriram mera formalidade, na maioria do tempo afastados de forma prudente pelo cerimonial, como é possível ver pela foto acima, do site 360.

O caldeirão vai ferver em breve e o pedido de trégua do traste é, como dizem os franceses, mero mise-en-ecène! Daqueles feitos para serem colocados na internet, nos grupos de fake news.

O presidente ficou a maior parte do tempo de falas sentado com ar de paisagem, estático e com o olhar perdido. Nos momentos de palmas ele não aplaudiu os elogios ao Tribunal, às urnas eletrônicas e a mais nada que escolheu como inimigo. Sua mulher, sentada de frente para os lugares reservados às autoridades mais altas comportou-se da mesma maneira. Estática, múmia paralítica, apressou-se em ir embora com o marido tão logo o presidente Alexandre de Moraes deu por encerrada a solenidade.

Foi possível ver que o ex-presidente Lula não olhou para o seu maior desafeto, a não ser em raros e inevitáveis momentos. O inverso também é verdade. E, indicativo do que vem por ai, enquanto a solenidade corria as redes sociais de ambos derramavam ataques os mais variados de uns contra os outros. Essa vai ser a primeira eleição na história do Brasil na qual o "demônio" tende a ser um personagem central. Entenda-se o que se quiser com isso. E por sorte ele não pode ser eleito.

O sistema eleitoral foi amplamente elogiado e o ministro presidente, aplaudido de pé. A democracia e suas instituições, da mesma forma. Como resumo da ópera é possível afirmar que Bolsonaro está a cada dia mais isolado em sua bolha, tanto que Nunes Marques, Augusto Aras e André Mendonça esforçaram-se para cumprir minimamente o protocolo. E uma última coisa precisa ser dita: ninguém falou das tais forças armadas. Para o bem ou para o mal, foram solenemente esquecidas. Trocando em miúdos, ficaram no lugar que lhes cabe e que é o limbo do processo político brasileiro.    

11 de agosto de 2022

Todos às ruas hoje!


Vamos nos recordar um pouco do passado mais recente no dia em que todos os que puderem devem ir às ruas em nome da democracia: durante 21 anos, de 1964 a 1985 o Brasil viveu sob o coturno de uma ditadura feroz, sanguinária e comandada pelo que existia (e ainda existe...) de mais reacionário nas forças armadas de nosso País. E foram as mesmas multidões progressistas que hoje lutam pela manutenção da democracia quem tirou a ditadura do poder. Na época, o traste que hoje nos governa junto com seus sequazes estava conspirando para impedir o retorno do Estado Democrático e de Direito, sobretudo e principalmente no Clube Militar e outras organizações nazifascistas.

Vamos todos às ruas hoje lutar pelo Brasil. Nós, e não eles, somos os verdadeiros patriotas.

Tenho amigos que foram torturados. Outros acabaram mortos. Milhares de brasileiros sofreram perseguições. Para ficarmos em um único exemplo, somente na UFES onde vai acontecer o protesto de hoje em Vitória (figura acima) estudantes foram expulsos do ensino superior por serem "subversivos", com base um instrumento legal da ditadura conhecido como 477, filhote espúrio do AI5. Esse mesmo demônio legal que o traste defendeu e usou até ele ser extinto da ordenação jurídica brasileira.

Gente: a democracia é uma conquista nossa. Não podemos abrir mão dela!

Hordas de golpistas pedem a volta da ditadura. Milhares desfilam com faixas pedindo "intervenção militar" e "destituição do STF", além de outras monstruosidades. O traste já desfilou até mesmo a cavalo apoiando seu gado em quaisquer situações. O 7 de Setembro do ano passado foi um momento de pedido pela volta à ditadura em plena Avenida Paulista. O que o traste vai fazer no 200° aniversário de 1822 somente vamos saber no dia. Mas lutaremos pela democracia.

"Mas embalde...Que o direito não é pasto de punhal. Nem a patas de cavalos - Se faz um crime legal... Ah! não há muitos setembros, - Da plebe doem-lhe os membros - No chicote do poder. E o momento é malfadado - Quando o povo ensanguentado - Diz: já não posso sofrer." (Castro Alves, em 'O povo ao poder'). Espero que ele não seja chamado de comunista...hehehe...

Vamos todos lutar pela democracia! Hoje, em 7 de setembro, no primeiro turno da eleição e no segundo, se necessário for. "O povo ao poder"! 

         

       

8 de agosto de 2022

Os demônios da Michele


Pensei que já tivesse visto de tudo com relação ao governo federal atual. Mas não. Ontem, num culto evangélico realizado no templo de uma seita de Belo Horizonte a mulher do presidente da República disse diante de inúmeras testemunhas que o Palácio do Planalto (talvez o da Alvorada também) era "consagrado a demônios". Aparentemente ela estava sóbria e o mesmo pode ser dito sobre o marido, embora ambos tenham se ajoelhado numa espécie de altar montado para a celebração.

Veio-me à mente então um episódio que deve ter passado desapercebido a muita gente quando a "familícia" Bolsonaro chegou ao poder. Na primeira visita ao Alvorada dona Michele disse que iria retirar do segundo andar a tela "Orixás", de Djanira, uma obra de imenso valor e que pertence ao povo brasileiro (foto). Era um quadro "de macumba". Aliás, nos palácios da Alvorada e do Planalto há inúmeras obras de arte de autores consagrados, do Brasil e do exterior. "Orixás" mostra cinco mulheres negras vestidas com roupas de candomblé. É lindíssima, mas deve conter os demônios.

Seriam esses os tais "diabos consagrados"? Aliás, como o quadro pertence ao povo brasileiro, já que é um bem público, onde ele se encontra agora? Está sendo preservado como deve acontecer ou foi queimado na fogueira das loucuras, das insanidades que marcam esse (des)governo? Não sabemos.

Mas talvez, ao se referir a esses seres "endemoniados" que habitavam os palácios brasileiros, dona Michele tenha querido se referir ao hoje maior objeto de repulsa de todos os bolsomínions: o ex-presidente Lula. Nem Ciro Gomes nem Simone Tebet são alvos de tantos ataques quanto o maior oponente do traste nas eleições de novembro. E olhem que a campanha política de rádio e TV ainda não começou, de modo que haja munição para eles gastarem todos os dias até novembro...

As eleições vão passar e com elas, creio, essa gente maluca, tresloucada e que hoje ocupa cargos de grande importância no Brasil. Depois, quando a poeira baixar nós poderemos acordar desse pesadelo que vivemos agora para descobrir que todos os demônios existiam apenas dentro daquela gente.

Torçamos por isso!          

31 de julho de 2022

Por um novo Congresso


Vamos partir do princípio de que só se corrompe quem é corrompível.

Então, quando o atual presidente decidiu que deveria jogar definitivamente no balde do lixo seu discurso falso de "nova política" ele sabia o que estava falando e fazendo. Tinha passado 28 anos como deputado federal do baixo clero num ambiente promíscuo, conhecia todos os vícios da única política que sabia e sabe fazer e pura e simplesmente comprou todas as prostitutas que poderia comprar na Câmara e no Senado. Elas são muitas e ele conhece os caminhos de como chegar a cada uma delas. E também o custo que isso teria e tem para nós, os demais brasileiros.

Portanto não basta ao Brasil tirar da presidência da República esse presidente das "rachadinhas", dos acordos espúrios e dos discursos que sempre agregam ameaças contra o Estado Democrático e de Direito. Vai ser preciso renovar o Congresso se pretendermos viver anos de progresso com dignidade.

Hoje mesmo os jornais estampam em manchetes que esse presidente quer "as Forças Armadas" desfilando  no Rio de Janeiro em 7 de setembro para "comemorar 200 anos de liberdade". É esse o presidente que já declarou em alto e bom som várias vezes ser apoiador da ditadura e da tortura, dentre outras coisas. Os ídolos dele são todos autocratas que não acreditam no Estado de Direito. Que liberdade ele defende? Aquela representada por Carlos Alberto Brilhante Ustra, um seu ídolo querido?

Bolsonaro tem que deixar o poder. Se o mandato dele for renovado tudo o que não foi feito nesses primeiros três anos de sete meses para destruir as instituições civis do Brasil será terminado agora nos próximos quatro anos. Inclusive a destruição do meio ambiente brasileiro, o mais rico que existe.

Mas isso só será possível se junto com Bolsonaro deixar Brasília boa parte da ala podre do Congresso Nacional, para que outro presidente não tenha mais como infelicitar os brasileiros como faz hoje Arthur Lira, um presidente de Câmara dos Deputados capaz de ir numa convenção partidária ostentando no peito um "Bolsonaro 22" na camiseta usada para a ocasião e depois de guardar nas suas gavetas uma centena e meia de pedidos de abertura de processo de impeachment contra o presidente.

Mudar o Congresso é necessário. Por um novo Congresso!        

26 de julho de 2022

A jogada final


Não se iludam: o Jair Bolsonaro que discursou domingo para seus seguidores no Maracanãzinho nunca desistiu e não vai desistir de tentar implantar no Brasil um regime político de extrema direita. Isso está tão entranhado nele que nem mesmo os conselhos de marqueteiros para que se contenha durante a campanha são mais aceitos. Ele é o que é: um traste que pretende arrastar ao caos os não seguidores.

Vejam uma coisa, o que é o nazismo?  Prega a reverência incondicional a um líder, usa de ufanismo exacerbado que sublima o falso patriotismo, defende o estado autoritário, cultua o militarismo e exalta a guerra, defende a existência de um partido único, despreza valores individuais, dissemina o ódio, tem aversão às minorias e uma necessidade paranoica de eleger um inimigo. Vocês estão vendo o presidente do Brasil nesse retrato? Filhote de Hitler? Aqui não há partido único, mas ele pretende que um dia haja.

Há alguns meses conversava eu com um jornalista que se iniciou comigo em A Gazeta e é filho de um grande amigo, também jornalista. Mas ainda se trata de profissional relativamente jovem, evangélico e levado ao reacionarismo político por maus aconselhadores. Defendeu seu ídolo de barro diante de mim, negando a verdade nazista na figura de Bozo: "Mas ele adora Israel!". De nada adiantou eu dizer que era preciso para ele ter um excelente disfarce de seus verdadeiros credos pois eles, os nazistas, hoje são criminosos. O antigo companheiro de redação não se convenceu.

Não se iludam porque já me iludi muito: o atual presidente não vai querer abandonar o poder. Não pelos meios legais, consagrados. Quantas vezes nós já o ouvimos dizer que cumpre uma "missão"? Que é presidente por vontade divina e que só Deus pode tirá-lo da presidência? A cada discurso, a cada aparição pública, a cada pesadelo com o inimigo Lula ele mais se idiotiza, mais se afunda em seus delírios e se apega àqueles que o acompanham, na maioria dos casos para obterem vantagens pessoais. 

O presidente do Brasil é um ser doente. Um sociopata e extremamente perigoso. Mas não vai ser capaz de dar um golpe de estado clássico, daquele dos tanques de guerra nas ruas porque 2022 não é 1964. No entanto tem como fazer muito mal a seus opositores. E ao Brasil sobretudo e principalmente. Essas eleições são a jogada final dele. Perdendo, talvez não tenha mais sequer como viver livre até a morte.                  

19 de julho de 2022

O pior que vive em nós


Faltando pouco mais de 70 dias para as eleições gerais do Brasil, inclusive na escolha de quem vai ocupar a presidência da República pelos próximos quatro anos, já é possível dizer que o atual mandatário, Jair Bolsonaro, conseguiu em três anos e pouco mais de nove meses de governo fazer surgir o pior que vive em nós, os brasileiros. Hoje sabemos que o oportunismo, a violência, o radicalismo politico, o fascismo e todo o tipo de negacionismo travestido de ideologia política de direita estavam latentes em cada um de nós. Escondidos, mas prontos para emergir.

Poderíamos dizer aqui que não votamos na proposta dele em 2018, não estamos saindo às ruas para dar-lhe apoio e, portanto, não somos parte do gado que usa de todos os artifícios para apoiar os atos - quaisquer que sejam eles - de seu presidente de estimação. Isso importa pouco. Entre 25 a 30 por cento dos brasileiros como nós alimentam as sandices do presidente e seu grupelho. E nesse imenso volume de gente há parentes nossos, (ex)amigos, (ex)amores, (ex)correligionários, etc.

Hoje mesmo, e isso é possível ver na imagem que abre esse texto, alguns dos maiores jornais do mundo comentaram a excrescência que foi o papel ridículo desempenhado ontem pelo presidente ao reunir embaixadores creditados em Brasília para diminuir seu próprio país através de críticas absurdas ao sistema eleitoral. Algo nunca visto antes no mundo, mesmo se o espetáculo for comparado ao dado por Donald Trump em seu 6 de janeiro. Até a embaixada dos Estados Unidos reagiu, coisa inédita para eles, e desacreditou o discurso do Palácio da Alvorada, apostando suas fichas em nossas urnas eletrônicas.

Jair Bolsonaro quer um golpe de Estado. Não consegue viver em democracia e já teria provocado uma ruptura institucional no Brasil caso tivesse amplo e irrestrito apoio das Forças Armadas, da sociedade e dos maiores países do Mundo. Mas não tem. Então torna-se um cavaleiro da triste figura até mesmo no Alvorada, o palácio que Niemayer criou para abrigar chefes de Estado e não ditadores de aldeia.

Ele vai perder sua aposta no caos, não tenho dúvida. Mas até lá nos infernizará.                 

13 de julho de 2022

Tradição golpista

O jornalista e escritor Elio Gaspari, um intelectual brilhante e autor de cinco volumes sobre a história do regime militar no Brasil, publicou hoje uma carta fictícia de Tancredo Neves para Lula. Resumo da ópera: não aceite provocações de Bolsonaro (bem "sereno" na foto) e sua quadrilha nesses tempos bicudos que antecedem as eleições presidenciais. Criar um clima de instabilidade política é tudo o que interessa a essa corja. O artigo "O senhor precisa de um país que olhe para a frente" serve também a Ciro Gomes e Simone Tebet. Os demais atores desse enredo são insignificantes.

Ninguém melhor que Gaspari conhece a tradição golpista das Forças Armadas do Brasil. Isso está claro na densa obra dele que detalha os 21 anos de ditadura militar brasileira vividos entre 1964 e 1985. Mas a nossa tradição golpista remonta ao término do Império e a todo o regime presidencialista. Em tempo algum os militares brasileiros deixaram se estar associados a aquarteladas e tentativas de golpe. 1964 é apenas o exemplo mais recente e doloroso. Portanto, aí vai o "conselho" de Tancredo para Lula no texto "psicografado": não aceite provocações. Ciro e Simone também não.

O presidente atual é um excremento político desses muitos que o Brasil defeca de tempos em tempos, sobretudo durante crises. Nesse caso, foi gestado pelos escândalos envolvendo o PT durante os governos Lula e Dilma, sobretudo o primeiro. Figura menor até mesmo no baixo clero, o capitão quase expulso do Exército viu na crise sua chance de ouro de ascender ao trono. Não a perdeu. E levou para o Palácio do Planalto o que existe de pior e mais tacanho na política brasileira. Sobretudo o golpismo, a mentira como forma de agir e a violência que ele não tem nem pudor nem vontade de disfarçar.

Infelizmente para nós, conta com a ajuda de algumas poucas empresas de comunicação e "jornalistas" que divulgam suas mentiras travestidas de verdades como se efetivamente verdades fossem. E se prepara para tentar promover um golpe de Estado, movimento já em curso, se perder a eleição como tudo indica que vai acontecer. Aliás, ainda não fez isso porque, ao contrário de 1964, não teria ajuda externa, sobretudo dos Estados Unidos, para sobreviver à aventura.

Nós podemos, hoje, iniciar o sepultamento do golpismo no Brasil. Mas é preciso ter inteligência, tirocínio e calma. Sei que é difícil. Gaspari mesmo destaca em sua carta a tendência "palanqueira" de Lula. Portanto, é agora ou quem sabe nunca mais - se estivermos vivos - para presenciar essa oportunidade de derrotar não apenas o presidente e seus generais de bravata, mas o golpismo. 
     

9 de julho de 2022

Arautos da falsa liberdade


Cresce a cada dia que passa o numero de mensagens que falam do termo liberdade ligando-o ao atual presidente do Brasil e exortando a população a temer o "avanço comunista" sobre o país. Antes de mais nada é preciso dizer o seguinte: de 1964 a 1985, durante 21 anos, o Brasil viveu sob uma ditadura militar de extrema direita cruel e covarde. Ninguém era livre para se opor. E nós só nos livramos daquela situação porque a oposição ao regime ditatorial lutou o tempo todo por isso. Naquele tempo o atual presidente estava ao lado dos ditadores e, como ficou registrado, dizendo dentre outras coisas que era a favor da ditadura e da tortura. Esse indivíduo falar em liberdade é um escárnio.

Eu trabalhava em redação de jornal. Havia no quadro de avisos da sala um lugar onde se lia: "CENSURA". Ali todos os dias eram afixadas as ordens da Polícia Federal que proibiam noticiar uma infinidade de coisas. Havia situações incríveis ou hilárias como essa: "De ordem do senhor ministro da Justiça fica proibida a divulgação de declarações do senhor presidente da República e na qual este diz que não existe censura no Brasil". Decerto pensaram que era muita cara de pau...

Não eram só notícias que se censurava. Músicas, livros, peças de teatro, filmes, discursos, manifestações públicas, tudo podia ser objeto da tesoura do Estado ou do humor dos censores. Uma vez proibiram a exibição do filme soviético "Ivan o Terrível" sob o argumento de que era obra comunista e subversiva. Millor Fernandes reagiu em sua coluna de "Veja": "Ivan morreu mais de 300 anos antes da revolução de 1917. Ele não poderia ter nada com isso por mais terrível que fosse".

Centenas de brasileiros foram presos ilegalmente. Muitos acabaram torturados e mortos nos porões dos órgãos de repressão. No auge da ditadura até o direito ao habeas corpus foi suspenso e o Congresso, fechado. Contra tudo isso lutaram as correntes democráticas que hoje são contra o atual governo de índole golpista e que pretende fazer do 7 de setembro uma antessala de novo golpe contra o estado democrático e de Direito.

E para quem acredita que o "comunismo internacional" arma um golpe, informo que Fernando Henrique Cardoso governou por oito nos, Lula por mais oito, Dilma Roussef por seis e nenhum deles desrespeitou a Constituição como acontece hoje. Pensem bem aqueles que acreditam em falácias: os riscos à liberdade estão com os pregadores do caos e difusores de mentidas e do ódio. E acreditem nisso enquanto ainda há tempo porque o palco está se armando para o 7 de setembro.