12 de dezembro de 2014

Por um novo tempo

"Ou restaure-se a moralidade, ou nos locupletemos todos"
Quem disse isso, já se vão muitos anos, foi o fantástico Stanislaw Ponte Preta. Ele morreu do coração sem ter visto o mensalão, o petrolão, sem conhecer os processos de escolha de grandes "próceres" modernos de estatais, etc. Talvez tivesse o querido Sérgio Porto produzido pensamento ainda mais contundente. Sim, porque ele não se locupletava mas via como as coisas se davam.
Irônico, mas Stanislaw foi perseguido pela ditadura militar 1964/1985. Não viu a queda desta, a volta da democracia, a Constituição Cidadã, a cassação do mandato de Fernando Collor de Mello nem a ascensão ao poder do PT, depois de anos clamando por moralidade e ética na política. Sem saber que seria vítima de estelionatários políticos, votei em Lula em 2002. Fazer o que? Estava errado.
Imaginava que se roubos houvesse, se danos ao patrimônio público fossem cometidos, eles envolveriam figuras menores da República. Jamais homens que haviam passado pela luta armada durante a ditadura - o que foi  um erro - para defender a volta da democracia e a instauração de um governo capaz de redistribuir riquezas, de combater vícios antigos e de livrar o Brasil de seus pecadores contumazes. Mas são justamente esses homens, os "heróis", aqueles que estão à frente de todas as bandalheiras. São eles que cobrem de lama os ideais que eram de tantos outros. E jogaram na lama o termo "esquerda" no dicionário da política brasileira. Conseguiram até ressuscitar figuras senis da ditadura militar.
Hoje (12/12) uma longa reportagem no Jornal Nacional, da Rede Globo, denuncia que uma diretora da Petrobras, funcionária de carreira e muito provavelmente honesta, denunciou várias vezes as falcatruas que ocorriam e ocorrem na empresa. De nada adiantou. Até ameaças sofreu. Colocaram uma arma na cabeça dela. A agora ex-diretora Venina Velosa da Fonseca (a moça da foto), uma geóloga, não tenho dúvidas, corre o risco de ser assassinada. Não seria impossível acontecer um crime.  
O que fizemos para merecer isso?
Os crimes são cometidos com a participação do Poder Legislativo. Sempre dele. E até pouco tempo atrás com a mais absoluta impunidade por parte de grandes empresas capazes de roubar bilhões de reais e dividir o butim com deputados, senadores, ministros, partidos políticos como o  que ocupa o
poder de Estado faz mais de uma década e, quem sabe, até gente em cargos mais elevados.
Sim, sempre houve roubo de dinheiro público no Brasil. Mas isso não era uma política de Estado. Não se fazia qualquer coisa, rigorosamente qualquer coisa, para conseguir governar com oposição pífia.
Agora o Congresso entra no recesso legal. A Justiça também. Mas o petrolão não pode entrar. A dignidade e a ética também não. Oscar Niemeyer não criou um dos maiores símbolos do poder em Brasília para que ele seja representado como um penico. Embora para essa finalidade venha servindo.
Que 2015 chegue logo. E signifique um novo tempo!   

19 de novembro de 2014

"Impeachment não é de todo ruim"

O Congresso vazio. A única forma de ele não causar danos
O Congresso Nacional só não representa risco ao contribuinte quando está vazio. Assim, como na foto. De qualquer outra forma, é uma casa de negócios. Tenho pessoas de minhas relações em Brasília e uma delas com amigo(a) que trabalha no Congresso. Não quero dar pistas, então digo apenas que na Câmara. Essa pessoa, durante sua labuta - sim, pois essa trabalha! - ouviu uma conversa de dois deputados:
- Esse negócio de impeachment não é de todo ruim. Se o movimento crescer e um pedido formal for feito, ele tem que ser aprovado pelo Parlamento. Claro que a Dilma não vai querer perder o mandato. O PT também não quer perder o governo. Então, para que a coisa não passe eles vão negociar até calcinha e cueca, principalmente com a gente que é da base (em seguida, gargalhadas gerais entre os dois e uma pequena assistência...)
A coisa funciona assim. E ao contrário do que disse Renan Calheiros, o presidente do Senado, conversa tira pedaço, sim. Sobretudo pedaço do contribuinte. Nos últimos anos a roubalheira foi de tal magnitude, o rombo se tornou tão extenso, que para salvar as contas públicas e a Petrobras, o governo fará o de sempre: aumentar impostos; penalizar o cidadão comum. Sim, pois diminuir os ministérios que já são 39, nem pensar. É com eles que se negocia favores com os partidos, alimentando os esquemas de corrupção.
Às vezes perco meu tempo para ler post e artigos de pessoas que apóiam esse governo. Como não é mais possível negar a gatunagem, diz-se que ela sempre aconteceu. E, fixação de todos eles, aconteceu também durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. FHC não sai da cabeça dessa gente de forma alguma.
Sim, desgraçadamente sempre houve roubo de dinheiro público no Brasil e isso se dava ainda quando éramos um Império. Na República, piorou muito. Sempre houve sobrepreço, pagamento de comissões e desvios outros de verbas públicas. As calcinhas e cuecas faladas pelo deputado que conversava com o outro, serviram e servem muito para transportar dinheiro. Aqueles mesmo dinheiro tirado da gente em todos os salários, lojas, supermercados, etc. Na forma de impostos.
Mas dizer que corrupção sempre houve não esconde um fato: de 2003 para cá não há mais limite para a gatunagem. O "clube" tira tudo de todo mundo. E os governos "de esquerda" fazem qualquer negócio para manter o poder e conseguir a aprovação de leis de seu interesse. Afinal, o poder é deles e, sendo assim, não existe projeto de governo; existe projeto de Estado. Isso acaba com a diferença entre público e privado. Privatizar o público é um princípio administrativo, se podemos dizer assim.
No Brasil de agora, para aqueles que dividem o poder, tudo é privado. 

2 de novembro de 2014

O direito de reagir

A Polícia Militar espanca um cidadão que protesta. Queremos isso de volta?
Ao mesmo tempo em que gente sem passado ou usando de má fé promove passeatas e outras manifestações pedindo a volta dos militares ao poder, o ex-presidente Lula dá uma declaração dizendo-se cansado de ouvir que os petistas são corruptos. Há um descompasso claro entre o Brasil real e o com o qual sonha nosso apedeuta boquirroto. E esse descompasso não vai levar a golpe de Estado, à volta dos militares ao poder, mas sim provocar uma instabilidade política capaz de causar mais danos ao Brasil do que a má fé dos números da economia, os mensalões, os petrolões e demais roubos.
Sim, porque por mais que o ex-presidente se sinta cansado, nunca antes na história desse País se roubou tanto. E, segundo a revista Forbes, Lula tem US$ 2 bilhões de fortuna. Veio de onde?
As delações premiadas mostram que a gatunagem sobre a Petrobras é bem maior do que se pensava. Milhões de dólares foram roubados. Até empreiteiras acostumadas às negociatas dos contratos públicos agora já querem fazer acordos. É inevitável que isso envolva empresários, políticos e a cúpula do Governo. E que, dentro da lei, com preceitos constitucionais à mão, alguém peça o impeachment da presidente. E se isso acontecer, caberá ao Congresso a decisão. E não se trata de golpe.
Sempre vi o discurso da presidente, no dia de sua vitória nas urnas, como mera retórica. Promessas de palanque, daquelas que o vento leva. Sua disposição ao diálogo vai se traduzir em conversas de bastidores com a oferta de cargos em troca de apoio. É só isso o que se faz desde 2003. A corrupção nasce daí: o político aliado nomeia um canalha para um cargo público de importância, esse sujeito arma o esquema de gatunagem, arrecada e depois o dinheiro é distribuído. Ou colocado em cuecas ou locais mais seguros.
Um dia alguém me perguntou como eu, com as convicções políticas que tenho e mantenho, pois me orgulho de haver sido filiado ao extinto PCB, pode ser contra o "governo da esquerda" e dar apoio à "extrema direita", corporificada por Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, etc.
Gente, a luta de hoje não é ideológica. É ética, moral, de resgate da dignidade do exercício de cargos públicos. Esse governo que ocupa o Palácio do Planalto não é de esquerda e até mesmo seus projetos de cunho social foram criados e são mantidos com segundas intenções. Nem Aécio Neves nem Fernando Henrique são de extrema direita. Dessa extrema estão vindo aqueles que organizam as passeatas. E é a corrupção do Estado, e não seu lado falsamente ideológico, o caldo de cultura que as alimenta
O Brasil tem o direito de reagir, contanto seja essa reação feita dentro da lei. Ao abrigo da Constituição. 

27 de outubro de 2014

Você gosta de corrupção?

Pensei em abrir esse artigo listando os episódios de corrupção dos últimos 12 anos, todos ligados às administrações Lula e Dilma. Desisti; a lista seria grande demais. Como diria o autor dessa espécie de mantra, "numa antes na história desse País" tanto dinheiro público foi desviado. Vamos, então, resumir as coisas: fiquemos no Mensalão, que quase provocou o impeachment do ex-presidente Lula, e no Petrolão, que ainda pode render muito para a presidente(a) Dilma Rousseff. Vamos nos esquecer, por exemplo, do caso Celso Daniel, o cadáver que ainda anseia por Justiça do túmulo onde está.
Você gosta de corrupção? Se  não gosta, saiba que a presidente reeleita ontem para seu segundo mandato carrega essa marca nas costas. E o motivo de praticamente todos os casos de corrupção do Brasil é um só: o governo, desde a posse de Lula, negocia qualquer coisa, principalmente com o Congresso - mas também com empresas patrocinadoras de campanhas -, para que seus projetos, seus planos, sejam todos aprovados, incondicionalmente. Esse é o preço do dinheiro público e está barato.
Sinto um certo nojo, mas não me canso de recordar um episódio: "O presidente me prometeu aquela diretoria que fura poço e tira petróleo. É essa que eu quero!" As palavras são do ex-presidente da Câmara Federal, Severino Cavalcanti, em conversa com a então ministra Dilma, em 2005. Lula havia prometido a diretoria a um apaniguado dele. Um "indicado político". Dilma Rousseff tentou argumentar dizendo que se tratava de diretoria de área técnica e não poderia ser negociada (é esse o termo correto?) mas não adiantou. Severino levou o que queria e dinheiro da Petrobras foi roubado. Ora, ninguém sabia?
Negue quem quiser, não importa: nossa maior empresa pública, aquela pela qual os brasileiros iam às ruas faz mais de meio século para gritar "O petróleo é nosso!" está quebrada. Quebrou-a o atual governo.
Os jornais de hoje circulam com a notícia da reeleição da presidente e suas palavras de discurso de final de contagem de votos: "Sem exceção, chamo todos os brasileiros para nos unirmos em favor de nossa pátria, nosso País, nosso povo. Não entendo que essas eleições tenham dividido o País ao meio".
Ora, se ela diz com isso que vai deter os casos de corrupção e governar defendendo antes de mais nada o interesse público, então vai precisar enfrentar as próprias forças que a sustentam. Vai ter que se ver diante das denúncias que hoje tomam conta das manchetes de jornais, revistas, rádios, TVs., internet, etc. Não vai ter forças para tanto. Talvez, nem vontade. O discurso de Dilma, ontem à noite, foi mais uma fala de campanha. Promessa de palanque. Um momento de júbilo. Logo, logo, alguém vai lhe pedir de novo a diretoria que fura poço. Vai levar. E se nada for denunciado, é vida que segue...    
    

22 de outubro de 2014

O filme de terror dos aposentados

Parece um filme de terror: 60 por cento dos pensionistas e/ou aposentados do Brasil estão endividados. Muitos deles sequer conseguem mais controlar as dívidas. Organismos como os de cobrança judicial atendem à fila de desesperados que tentam fazer acordos de pagamento. Os que fizeram dívidas diretamente descontadas de seus proventos, esses não têm nem a quem recorrer. O chamado "crédito consignado" simplesmente faz o dinheiro desaparecer como num passe de mágica.
Vocês sabem por que aposentados e pensionistas de forma geral estão nessa situação? Porque não fazem greve. Não têm peso político. Nada conseguem contra o anual achatamento de seus vencimentos. Eles não representam a horda dos que votam graças a Bolsa Família e outros "benefícios".
O atual governo, que tenta a perpetuação de seu modelo de poder para uso próprio, utiliza-se da política de valorização do salário mínimo e dos chamados "programas sociais" com interesse meramente eleitoreiro. E como o dinheiro da Previdência não é suficiente para atender a todas as demandas, sobretudo as mais justas, o imenso contingente de pensionistas e aposentados que recebem pouco ou  quase nada acima do mínimo sofre. O projeto do governo, a maldade que ele esconde e jamais confessa, é ir achatando os proventos até que todos ganhem o mínimo. Isso, claro, exceto aqueles que detêm poder e estão aquartelados nos três poderes. No topo da pirâmide jurídico-social.
Os discursos que se faz hoje falam principalmente em Bolsa Família. E quem os ouve vê esse instrumento como uma profissão. Nada é pedido como contrapartida a quem recebe, muito menos capacitação profissional, educação formal de descendentes. Nada. Só de enaltece os programas e se pede voto. E voto de miseráveis, qualquer discurso vazio consegue. O PT se mantém no poder assim.
Enquanto nada muda, cresce a fila dos pobres nas agências da Previdência, nas filas de bancos e nas salas de espera de instituições de cobrança judicial. Homens e mulheres que passaram a vida inteira trabalhando agora sofrem penúria dolorosa justamente no final da vida, quando ainda têm que enfrentar os gastos decorrentes de enfermidades crônicas, próprias da idade.
Esse é o Brasil desumano que se tenta vender todos os dias aos incautos como se fosse um modelo de desenvolvimento e justiça social. O Brasil do dinheiro ainda não roubado.       

7 de outubro de 2014

A triste constatação da verdade

Um jornal de Vitória, A Gazeta, estampou hoje manchete chamando o Bolsa Família de "Bolsa Votos" Mais ou menos como a ilustração que o leitor encontra nesse texto. Em situação normal um título denúncia deveria merecer desmentido rápido por parte do Governo. Vai merecer? Não vai porque aquela afirmação, desgraçadamente, é verdadeira. Há 12 anos os governos do PT usam o Bolsa Família para conquistar voto de cabresto em todo o Brasil. Sem pudor algum.
Água Doce do Norte, constatou o jornal, tem pouco mais de 43 por cento de sua população "assistida" pelo Bolsa Família. Quase a metade de quem vive lá! Água Doce é um município pobre onde Dilma Rousseff não perde eleição alguma. Nem Lula. Nem quem eles indicarem.
Programas assistenciais são necessários num país com as carências do Brasil e onde falta dinheiro para tudo. Não falta, claro, para roubar. Mas qualquer programa assistencial tem que ser um caminho que o indivíduo trilha em direção à sua autonomia financeira. Um rito de passagem, nada mais que isso. O miserável recebe ajuda até ter um ofício, até ser inserido no mercado de trabalho e conseguir se sustentar, e à sua família, com seus próprios braços. Por seus esforços.
Não é isso o que acontece com o Bolsa Família. Ele visa principalmente eleger candidatos do PT e seus aliados e manter o atual governo no poder indefinidamente. Não há contrapartida para o rio de dinheiro dispendido mensalmente a não ser o voto em cada eleição. Ele chega a ser pedido de forma descarada: "Se nós perdermos as eleições acaba o Bolsa Família". O pobre coitado vota. O governo esgrime argumentos dizendo que esse programa, na verdade, visa a inserir as pessoas no mercado de trabalho e vem fazendo isso com grande competência. Quem acredita nesses argumentos também crê que o mensalão não existiu e que a Petrobras nunca foi tão bem de finanças quando hoje. Também crê que o próprio programa assistencial não é vítima de gatunagens várias.
O Bolsa Família tem que ser repensado. Ele não é emprego, não é profissão e não pode ter 13º salário como Marina Silva pediu num momento de alucinação eleitoreira. Só pode existir se estiver acompanhado de todo um esforço de governo no sentido de dar trabalho, dar dignidade, a quem não a tem. Só o trabalho dignifica o homem. Receber uma quase esmola, nunca.
Desgraçadamente isso não será feito caso Dilma Rousseff vença as eleições no segundo turno, presumo. Resta torcer para que Aécio Neves o faça. Esse assunto vai ser discutido até o dia da eleição sempre de forma "demoníaca" ou demagógica. Mas passada essa fase de vida marqueteira, talvez o Brasil possa viver, em breve, numa situação em que manchetes como a de hoje não existam mais.
Tomara eu não esteja vendo miragens!        

20 de setembro de 2014

"Eles não nos representam"

Um dia desses, antes de um compromisso literário, resolvi rever uma amiga em passagem rápida. Conversamos e à saída ela perguntou: "Vai votar na Dilma?". Eu disse que não, que votaria em Aécio. Ouvi dela: "Ótimo, a esquerda vai ganhar da direita!". E estufou o peito. Vou responder em carta:
"Minha querida amiga E.Z.
Esse direitista aqui militou no Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, desde que se entendeu como gente até que sua sigla mudou de nome. Panfletei, discursei, fugi da Polícia, gritei slogans, corri perigo. Tudo por um único motivo do qual me orgulho até hoje: idealismo. Amiga; por idealismo a gente nasce, a gente cresce, a gente luta, a gente corre riscos e a gente morre.
Quando passou a ditadura militar, em 2002, imaginei que Lula, pelas pessoas que o cercavam, representaria não o ingresso do Brasil no Comunismo de Estado - jamais imaginamos isso ou sonhamos com isso -, mas numa democracia representativa que combateria a corrupção, as desigualdades sociais, as carências sobretudo nas áreas de educação, saúde e infraestrutura. Por que não? Afinal de contas, naquela "frente" estavam brasileiros que, como eu, haviam enfrentado a ditadura. Muitos foram presos, torturados. Muitos terminaram exilados.
O que houve com aquela gente, amiga? De repente, não mais que de repente, todos se prostituíram. E digo TODOS mesmo. De Lula pouco esperei. Afinal, esperar o que de um indivíduo que nunca leu um livro? Mas dos outros eu esperava muito. Mas eles roubaram, permitiram que se roubasse, enriqueceram ilicitamente, deram empregos públicos a milhares de pessoas, dilapidaram empresas caras a nós como a Petrobras, formaram quadrilha, compraram todos os corruptos do Congresso. E vai por aí. é possível que tenham cometido outros crimes. Quem matou Marcos Daniel?
O que dizem em suas defesas? Que o mensalão não existiu jamais, em tempo algum. Que nós somos loucos em pensar que eles não são grandes patriotas. E todos, sem exceção alguma, nada sabem, nada viram, nada ouviram. São como aqueles bonecos dos três macacos: um com as mãos nos ouvidos, o outro com elas na boca, o terceiro com as mesmas mãos nos olhos.
Minha cara amiga, esse velho militante comunista vai votar em Aécio. Se ele não passar ao segundo turno, em Marina Silva. Vou tentar tirar do poder essa gente que me envergonha, que envergonha a todos os que lutaram por idealismo. Sinto asco dessa gentalha. Asco e nojo.
Eles não representam a mim e aos outros que lutaram por idealismo. Eles não nos representam."      

9 de setembro de 2014

Aviões e fretamentos ilegais de campanha política

Eduardo Campos em frente ao avião no qual morreu. Fretamento ilegal
Quando o avião onde estava Eduardo Campos se espatifou contra o chão em Santos, ele não deixou apenas sete mortos. Acabou também expondo um fato mais ou menos escondido, mas conhecido em setores ligados à aviação e que acontece em todo o Brasil, não apenas com candidatos à presidência da República: o uso irregular, ilegal, de aviões durante campanhas políticas. É imensa a quantidade de pessoas que fazem isso e igualmente a dos que sabem e se calam.
O normal durante campanhas seria os candidatos, de preferência por intermédio de seus partidos ou coligações, alugarem aeronaves de empresas aéreas. Aquelas que fazem táxi aéreo. Mas esses fretamentos são caros por que se trata de instituições registradas, com CNPJ e um monte de impostos a pagar. Têm que manter tripulações, serviços de manutenção, de comissaria de bordo e tudo isso impacta muito o preço final. Pagar por quê? Há "dribles", e muitos, que podem ser dados.
Empresas de setores diversos ou empresários fazem leasings de aeronaves. Comprando ou alugando, tanto faz. Pagam pilotos e fazem contratos de manutenção e hangaragem em aeroportos ou aeroclubes diversos. Então alugam esses aviões ou helicópteros a partidos ou candidatos. Um aluguel ilegal por que aquele meio de transporte, assim adquirido, se destina a uso privado, das empresas ou empresários. Não pode ser alugado, fretado. O pagamento vai ser feito por fora, no caixa dois, da forma que for combinado. Até mesmo em dinheiro vivo vindo das arrecadações de campanha.
Esse uso irregular não envolve somente aeronaves de pequeno ou médio porte, que chegam a custar milhares de dólares. Muitas pessoas têm aviões pequenos, monomotores privados, para uso pessoal. Muitas vezes esses proprietários, que também são pilotos, alugam informalmente suas aeronaves para candidatos. Dá uma ótima renda extra. Levam as pessoas para lugares diversos em campanha. Para todos os efeitos, estão emprestando seus aviões ou helicópteros, mas engordando o caixa pessoal. Tudo isso é ilegal e perigoso por que não há controle de manutenção correta na maior parte dos casos.
Pode haver também o caso de empresas que cedem aeronaves aos candidatos como parte de acordos de campanha. Nesse caso não há pagamento do aluguel. O contribuinte vai pagar depois nos contratos superfaturados que serão feitos após as eleições. Em alguns casos chega-se ao cúmulo de fazer contratos informais prevendo pagamento de leasing com saldo de dinheiro da campanha no caso de derrota eleitoral. No prejuízo o empresário não fica de forma alguma.
E depois? Passado o período eleitoral, aviões alugados ou adquiridos por leasing são devolvidos. Acordos, com os fabricantes ou outros, os destinam a proprietários seguintes. Com os arrendadores fica o dinheiro arrecadado ilegalmente naquele período. Costuma dar um belo lucro!
Podem acreditar: isso acontece no Brasil todo. Está acontecendo agora, nesse exato momento!      

3 de setembro de 2014

Marina morena, estou com medo.

Marina, morena Marina, você vem me assustando. Mas quero bater um papo com você. Antes, uma coisa: vou votar em Aécio Neves no primeiro turno e, havendo segundo sem ele, então em você. Explico isso tudo no fechamento dessas minhas considerações.
No Brasil dos meus sonhos, a mulher que engravida depois de estuprada pode escolher interromper a gravidez se for o caso. A que pode morrer em função da gravidez e a que espera por um feto anencéfalo também. Gravidez é sinônimo de vida, não de morte. Ninguém, por convicção religiosa pode ou deve se meter nisso. Use suas convicções para você e não para impor aos outros.
Criacionismo é coisa de igreja. Nas instituições de ensino ensina-se ciência. Mas se alguém quer apresentar essa "matéria", que seja por curiosidade. Não como parte de grade curricular. Você disse que vai apoiar a Educação o tempo todo. Faça isso. Por amor a ela e à ciência.
Aliás, a ciência não pode ser vigiada nem algemada.Não pode sofrer patrulhamento de nenhuma espécie. Ela tem que avançar através de pesquisas feitas sem freios, sem preconceitos. Como no caso das células-tronco, para citarmos só um exemplo. Estamos falando de cura de doenças, de um viver melhor, de conquistas que no futuro servirão a todos. Garanto: ninguém vai para o inferno por pesquisar. Muito pelo contrário, o progresso da ciência é um céu para todos nós.
Você disse que as uniões entre pessoas do mesmo sexo vão acontecer normalmente. Casamento, Marina, também é união civil. Gays não se casam com Silas Malafaia oficiando, com Edir Macedo, com Valdemiro Santiago e nem na Igreja Católica. Restrições por dogmas religiosos não cabem nessa área. Ela é das pessoas e de seu livre arbítrio. Você gosta de homem, eu gosto de mulher. Mas mulher que gosta de mulher e homem que gosta de homem não podem casar por quê?
Se você for eleita, governe para o Brasil. Sua igreja, Assembleia de Deus, a mim parece séria. Mas existe uma infinidade de seitas espalhadas por esse País afora que têm donos. São grandes negócios. Bilionários. Visam apenas tirar dinheiro de crédulos com promessas desonestas. Os donos desses negócios, Marina, podem emprestar a você os aviões particulares deles, muito mais bonitos do que o usado por Eduardo Campos. São de marcas diferentes mas todos do modelo "Dízimoquetequeromeu".
Já ia esquecendo: vou votar no Aécio pois para mim ele é o melhor em tudo. Sobretudo na equipe que pode montar. Não voto em Dilma de forma alguma por que se o PT continuar no poder em pouco tempo não vai sobrar Brasil para a gente. Então, minha segunda hipótese é você. Evite o messianismo e não se ampare em pilantras de Bíblia nas mãos. Eles existem aos milhares e querem o Brasil só para eles. O que os difere dos políticos atuais do PT são os meios de chegar até a chave do cofre.
Desculpe-me me alongar tanto.

31 de agosto de 2014

Marina e o messianismo

Temo, e muito, o messianismo. Marina Salva mudou dois pontos de seu programa de governo alegando que houve engano em sua elaboração, no tocante à união homoafetiva e criminalização de homofobia. O segundo ponto é muito perigoso, pois pode deixar crimes impunes. Já há, pelo país afora, ataques violentos contra homossexuais partidos até mesmo de neonazistas. Isso precisa de uma criminalização específica, capaz de conter algo que por vir a representar uma onda.
 A candidata garante que vai respeitar o Estado Laico - pombas, está na Constituição! -, etc. e tal. Mas há perigo em suas últimas ações. Sou heterossexual, mas minhas preferências são minhas. Não posso impor minha forma de pensar aos outros. O mesmo se diga do inverso. Governar significa respeitar a todos e se curvar à vontade da maioria, agindo em favor desta. Mesmo não gostando, mesmo remando contra convicções pessoais. Significa respeitar as mudanças surgidas com o progresso e com o pensar a cultura, a forma como ela se expressa em sociedade.
O Brasil não é a Assembleia de Deus. Deve-se respeito a essa religião, mas ela não governa. Nem ela nem nenhuma outra. Todas são formas de expressão teológica num País de imigrantes de diversas raças e pensarem religiosos. O que forma nossa nacionalidade e a paz que ela transmite é o aceitar esse tecido social como ele é sem, conflitos étnicos ou religiosos. Não podemos permitir a formação do caldo de cultura que gere disputas nessa área. Sob hipótese alguma.
Também temos que permitir o progresso científico sem freio algum. Sem limites impostos, sobretudo partidos de valores estranhos a ele. O Brasil precisa do progresso da ciência e do investimento na formação do cidadão desde o início da vida escolar até o após o fim do Terceiro Grau.
Por fim, assusta a mim até a forma de vestir da Marina. E não é preconceito meu. Quero, para todos nós, um Brasil que nos represente, seja nosso. Na foto desse texto, a candidata parece uma missionária. Um Silas Malafaia de saias, ainda que sem o viés Tio Patinhas dele. Não pode ser dessa forma. Ela hoje é favorita à presidência pelo fato de, à grande parte do eleitorado, representar o novo. Mas o novo pode ser um farol virado para trás. Eis o risco. O perigo que ainda há tempo de evitar que se concretize. O novo tem que representar um Norte seguro e que nos leve a todos ao progresso. Um País em vias de recessão econômica precisa de tudo, menos de instabilidade social capaz de agudizar ainda mais os riscos que corremos hoje.
Aqueles que assessoram Marina têm uma tarefa urgente a cumprir. Comecem agora!   

27 de agosto de 2014

O fator Marina Silva

Marina Silva foi agressiva no seu primeiro debate de televisão como candidata à presidência da República. Tentou, quem sabe, fazer a diferença. Aécio Neves, o mais claro e calmo, mostrou seus projetos de forma mais, digamos, didática. Dilma Roussef, de branco, mostrou-se o que é: a dona da Ilha da Fantasia e de cujas fantasias as pessoas aos poucos se afastam. Pessoas de vários espectros políticos e sociais. Até o Bolsa Família vaza votos...
O fator Marina Silva é vital nessa eleição. Substituindo Eduardo Campos ela mostrou ter muito capital de voto. Sua imagem a ajuda: politicamente é uma pessoa imaculada. Será muito difícil construir acusações contra ela fora do universo da radicalização que se inicia no agronegócio e termina no messianismo. Se os que a cercam, como estão cercando na foto do intervalo do debate enquanto os assessores de Aécio Neves fazem o mesmo com ele, conseguirem que ela reconheça méritos na necessidade da produção do agronegócio sustentável e o respeito ao Estado é laico, creio eu que a montanha de votos poderá crescer.
O que diferencia Marina de Lula? Simples: ambos eram pobres, ambos vieram de regiões carentes de tudo, ambos chegarem às cidades em carrocerias de caminhões. Lula se imiscuiu em movimentos sindicais e tornou-se um profissional demagogo da área. Com o tempo, um mentiroso, um comerciante de cargos, um comprador de apoios políticos. Um falastrão, um boquirroto. Marina se alfabetizou aos 16 anos, estudou, teve malária, quase viu  Chico Mendes ser assassinado. Cresceu como pessoa, como ser ideológico, como defensora intransigente de seus pensamentos e crenças. Talvez intransigente demais. Mas suas mãos podem ser mostradas limpas. Não mandou pagar mensaleiros, não colocou dinheiro sujo nem na cueca nem na calcinha de ninguém.
O capital político de Aécio vem do PSDB, da família Neves, do nome de Tancredo e de suas passagens competentes pelos poderes Legislativo e Executivo. É um homem preparado, mas vai ser atacado até o final da campanha. Sua arma será a calma e os argumentos sólidos. Se conseguir...
O fator Marina Silva vai decidir a eleição. Hoje ela já fala no Jornal Nacional. Justo, pois o antigo candidato está morto. Hoje ou ela começa a se mostrar alternativa de peso ou alguém que ataca demais e às vezes fala de forma difícil de as pessoas comuns entenderem. Isso no Brasil é péssimo.
Hoje o fator Marina Silva se mostra de novo. No Palácio do Planalto pernas vão tremer. Um fantasma chamado segundo turno entre Marina e Aécio já deve ter sido enxotado a vassouradas. A tiros de canhão. Mas esse fantasma começa a existir. E pode se materializar, embora agora raras pessoas pensem nele. Tanto que a pesquisa do Ibope para o segundo turno das eleições desconheceu essa hipótese. Mas as próximos pesquisas podem encontrar-se com ela.           

17 de agosto de 2014

Não vamos renunciar ao Brasil

Nós, brasileiros, já sobrevivemos a muitas tragédias. A morte de Eduardo Campos destrói uma família linda, movimenta fora de hora o tabuleiro sucessório presidencial brasileiro, lança nuvens cinzas sobre o que vem pela frente e coloca no colo de Marina Silva o momento mais crítico de sua vida. Numa situação que, aposto qualquer coisa, ela teria feito de tudo para fugir, para interferir, se possível fosse. Nos dias que se seguiram à tragédia do final da manhã de quarta-feira em Santos, nos seus raros pronunciamentos, ela quase foi às lágrimas. A dignidade a conteve.
Marina sabe que tem uma opção. E que vai exercê-la. Sabe que se tornou o fiel da balança no jogo no qual ainda não se pode prever a próxima jogada e todos esperam pela reação das pesquisas. O olhar arguto de Marina está preocupado. Tomara seu lado messiânico ceda ao outro, inteligente e ético, e que habita o mundo político brasileiro em busca do aumento do espaço da dignidade.
Esse domingo mostrou ao Brasil novamente a serenidade triste de Marina ao lado da família Campos. Em momento algum ela desceu do pedestal onde estava e nem tentou galgar os de outrem. Seu silêncio se encerrará no curso dessa semana, pois a definição do quadro político se faz urgente. E de Norte a Sul do Brasil espera-se pelo novo quadro. Quem diria: será a fala da nova candidata, e a de mais ninguém, que o Brasil estará esperando. O Horário Político Gratuito baterá recordes de audiência. Os exércitos de entrevistadores montarão os próximos quadros de pesquisas eleitorais. O que vem por aí? Quem arrisca um palpite? Os olhares dos eleitores mais comprometidos com o Brasil estarão em busca de tudo, menos do choro calhorda de Lula.
Sim, Eduardo Campos disse que não podemos renunciar ao Brasil. Não nos esqueçamos disso.          

5 de agosto de 2014

A criança em Gaza

Se a gente ler bem, com certo cuidado, vai notar que crescem nas revistas, jornais e demais meios de Comunicação ditos "tradicionais" e sérios os textos e falas (não vamos deixar as grandes redes de TVs fora disso) preocupados com o crescimento da influência dos artigos das redes sociais e blogs "às vezes irresponsáveis". Partamos de algumas constatações: se as redes sociais preocupam tanto os meios de Comunicação ditos tradicionais é porque elas têm peso. E se a cada edição destes pelo menos uma reportagem tem que falar disso, "analisar" aquilo, é porque está incomodando. Estariam as redes sociais e os blogs invadindo a esfera de interferência e poder de jornais, revistas, rádios, TVs, internet, etc.? É claro que sim! Isso é o que incomoda.
Vamos partir de outra constatação simples: a esmagadora maioria dos jornalistas que ocupa hoje as redações da "imprensa tradicional" e, portanto, dita séria, tem blog. Ocupa as redes sociais. Permite que sua competência, seriedade e compromisso com a verdade irrefutável - não é assim que pensam? - invada o ambiente onde pululam aqueles não tão afetos a esse tipo de preocupação.
Vamos ao caso do Oriente Médio. A foto desse texto mostra Gaza. Não é montagem, não foi trazida de outra realidade, não visa agredir. Num cenário de destruição, um homem adulto sustenta uma criança sem reação alguma. Estará ela morta? Não estou mostrando sangue, vísceras expostas, nada. Uma criança aparentemente inerte é sustentada por um adulto. Pai? Irmão mais velho? Desconhecido? Membro de grupo de salvamento?
Esse tipo de imagem desperta um sentimento paralelo perigoso chamado antissemitismo. Isso é Gaza. A gente sabe, pois não é bobo, que o ódio aos semitas cresce. E também aos sionistas. Mas outro efeito paralelo não pode ser desprezado: a reações contra o islamismo e suas diversas facções pulula em todos os cantos. Em síntese, o corpo daquela criança carrega dentro de si o ovo da serpente. A diferença atual é que aos palestinos restam os foguetes e túneis. Aos israelenses, uma das máquinas de guerra mais poderosas do mundo. Competentemente utilizada!
Talvez o ideal para aqueles que fazem Comunicação, que se dedicam ao menos em parte a divulgar e comentar fatos não seja serem juízes dos bons e dos maus meios. A menos que alguns se vistam definitivamente de puristas e renunciem a redes sociais e blogs.
Enquanto isso não acontece, esse velho jornalista que vai agora encerrar o breve comentário da criança nos escombros de Gaza tem a lamentar apenas o mau jornalismo. Tanto aquele feito nos "meios tradicionais e profissionais" quanto nos demais: redes sociais e blogs. Lamenta o antissemitismo e o ódio aos muçulmanos porque ambos carregam dentro de si o germe do genocídio. Lamenta a imagem da criança. Sem sangue aparente, sem intestinos expostos ela denuncia que lutar contra as raízes da guerra é muito mais importante do que esgrimir sobre quem melhor as combate e em que meios. Aquela criança exprime a razão de nossas preocupações.    

2 de agosto de 2014

Telefonemas falsos. Ninguém aguenta mais!

Já denunciei isso de todas as formas. Pelo Facebook, por esse Blog, de todos os modos. Já fiz texto  intitulado "Cuidado com telefonemas falsos", etc. Não tem forma de qualquer autoridade constituída fazer o que quer que seja contra isso. Seu telefone toca e quando você atende ele fica em silêncio. Mudo ou é desligado. Depois toca de novo. E vai tocando. Um telefone usado por minha mãe para falar com a neta só hoje já tem registro de oito ligações que, claro, não foram atendidas.
Todas as mais recentes estão vindo do DDD 081: 33210400 (duas vezes), 21380252 (duas vezes), 32167500 (duas vezes), 31984500, 34133400 e 31984750. É todo dia isso. Todas as horas. Você pode ligar para quem quiser, reclamar e não adianta. 081 é do Ceará. Só peço uma coisa ao filho de uma que ronca e fuça autor dessa programação: bote as ligações no número do telefone de sua casa, da casa dos seus filhos, de seus pais, dos seus melhores amigos, se é que os tem. Mas deixe os outros em paz. A gente não quer passar a vida atendendo ligação muda ou que desliga.
Alguém deveria tomar alguma providência. Só nesse meu Blog mais de mil pessoas já mantiveram contato reclamando disso, pois discam safados os número e os encontram aqui. Tem 011, 021, 031, 061, 027, um monte de DDD. E a gente sabe que essas ligações são dadas de centrais ou não, para diversos motivos. Inclusive para golpes. A Polícia Federal já deveria estar investigando isso. A Anatel também. Qualquer órgão. Está na hora dessa zorra parar. Ninguém aguenta mais. 

27 de julho de 2014

No fundo, Israel tem medo!

Todos nós já conhecemos, em alguma parte da vida, alguém desse tipo: é um garoto mais musculoso do que a média, brigão e tem um parente mais forte ainda do que ele. Aquelas asas a proteger o belicoso. Só que ele prefere sempre brigar contra quem é mais fraco. Claro, assim não corre riscos. E em qualquer situação as asas que o cobrem mostram que, junto a elas, o complemento tem garras fortes, bicos cortantes e ainda é capaz de atacar de todas as formas. Esse garoto é Israel. Fortinho, bem armado, protegido
pelo poder que gera dinheiro e se sustenta nele. Em tudo e por tudo, covarde.
Nos dias atuais, sempre que alguém critica ou ataca Israel, é chamado de antissemita. Uma defesa, ao mesmo tempo um ataque e uma camuflagem. Na prática, ao longo dos anos Israel se tornou um Estado belicoso. E racista. Mesmo sem dizer, mesmo sem pregar isso abertamente, trata os palestinos como seres inferiores. E toma-lhes seus territórios. Na ilustração desse texto está o território que o Estado judeu ocupa. No nascedouro, quando foi delimitado pela ONU em 1947 e depois, ao longo dos tempos, com as várias anexações de territórios limítrofes. Um movimento que não cessa.
Hitler criou, para gerar o ódio que levaria à II Guerra Mundial, a teoria do espaço vital. A Alemanha necessitava disso e da extinção pura e simples dos tratados elaborados logo após a I Guerra Mundial e que a limitavam. Israel, supostamente para se defender, defende também um seu espaço vital. As Colinas de Golã, por exemplo, seriam necessárias à sua defesa. E vai por aí. No episódio de Sabra e Chatila, o massacre silencioso do povo palestino serviu aos interesses israelenses de domínio sobre esse povo. Ou o que sobrasse dele. O que existe de diferente em essência, hoje, entre a suástica e a Estrela de David? A parte mais forte da política de Israel atualmente está ligada à extrema direita. Essa mesma corrente que, travestida, criou o caldo de cultura dos campos de extermínio nazistas.
Pode-se unir um povo para lutar cegamente em uma direção com base em duas crenças: ou no amor ou no ódio por alguma coisa. Hitler uniu a Alemanha Nazista - favor não confundir com os alemães - em torno do ódio aos judeus. Israel faz isso com o ódio aos palestinos. Com a diferença de que, hoje, tem asas fortes, patrocínio ilimitado (?) e não estamos em meio a uma guerra mundial.
Talvez Israel, como Estado, conviva com um dilema: como usar seu poderio nuclear herdado dos EUA se a área territorial, muito pequena, o faria vítima também de um disparo desse gênero? Como usar artefatos atômicos contra inimigos próximos se ninguém é capaz de garantir uma não retaliação do mesmo porte? Eis um dilema não irrelevante. Eis um risco que os anões morais da cúpula israelense têm que considerar. As asas são grandes, a vontade de brigar, também. Mas no fundo, bem lá no fundo de suas razões intestinas, o covarde sente medo.           

21 de julho de 2014

Pela segurança aérea

Bagagens de passageiros marcam o local da queda do jato abatido na Ucrânia
No total, 537 pessoas deixaram de existir em março e julho nos dois acidentes com aviões da Malaysia Airlines. A companhia aérea que já foi considerada cinco estrelas deve fechar. Falida. Não conseguirá resistir às duas catástrofes. No caso do acidente mais recente, com 298 mortes, foi cometido um crime com o disparo de míssil de região conflagrada contra o jato civil. E no de março, quando havia 237 seres humanos no avião? Ele teve todos os seus aviônicos de contato desligados, mudou radicalmente de rota, voo cerca de sete horas e depois desapareceu sem deixar vestígios? Simples assim? Não, não foi. Evidências mostram que um voo como esse, nos tempos de terrorismo, teria sido monitorado militarmente pelas principais potências tão logo desviado.
Há muito mais entre o céu e a terra (ou o Oceano Índico) do que julga nossa vã filosofia. Não é tão fácil a governos poderosos ludibriar os incautos. Tão logo um avião civil sai da rota os radares e satélites militares entram em ação. O que se quer saber é se esse jato se tornou um míssil nas mãos de insurgentes. E o que ele pode atingir no seu voo agora sem destino certo. O Boeing 777 que fazia a rota MH370 também pode ter sido abatido. Por ter sido considerado perigoso, descontrolado, levado em direção a algum alvo pelos tripulantes ou quem os dominou. Se isso é verdade ou não pouco importa. Na hora da decisão a ordem é mandar apertar o botão do míssil.
Nós vivemos num mundo perigoso. Em várias regiões há conflitos e a cada dia que passa mais aumenta o número de mortos. Tornar até mesmo os meios de transporte inseguros, passíveis de serem atingidos por disparos, venham eles de terra ou do ar, é demais. Não pode acontecer. Nesses dois últimos casos, envolver os órgãos de segurança da ONU em ações que visem a recuperar a segurança aérea é tão importante quanto lutar por tratados de paz em lugares como a Palestina. Por sinal, lá morrem crianças enquanto adultos se digladiam irresponsável e irracionalmente.   

14 de julho de 2014

Chega de unanimidades

Telê Santana, o gênio ético  não questionado em 1982 na Copa da Espanha
Nelson Rodrigues disse que toda unanimidade é burra já faz tanto tempo que quase todo mundo se esqueceu disso. Ou então não considera essa verdade do esporte - e que serve a todo o restante da atividade humana - por mero oportunismo. A Copa do Mundo do Brasil nos lembra isso.
Com a saída de Mano Menezes do comando da Seleção, foi contratada uma comissão técnica com espaço quase todo o tipo possível e imaginável de especialistas, inclusive uma psicóloga que literalmente só atendia quando chamada. Por telefone, digamos. Aquele grupo de pessoas tinha duas coisas em comum: eram todos da confiança irrestrita do treinador Luiz  Felipe Scolari e donos da verdade. Seus egos não cabiam no espaço acanhado da Granja Comary.
Lembram-se da nossa Seleção de Vôlei Masculino? Evitou uma desclassificação vexatória em fase preliminar da Liga Mundial por um quase milagre. Há vários anos precisava começar um lento e seguro processo de reestruturação por renovação, mas o procedimento foi sendo adiado, adiado, adiado e adiado até surgirem derrotas tão terríveis que alguém teve a coragem de questionar Bernardinho. Sim, porque Bernardinho é outra unanimidade e também carrega ego monumental.
Com a Seleção de Scolari aconteceu o mesmo. Os dirigentes do futebol brasileiro entendem de tudo, menos de futebol. Entendem de pequenos, médios, grandes negócios e negociatas. Nesse último caso, faça-se justiça a eles, envolvendo o futebol. Eis aqui o exemplo de João Havelange, nosso capo dei cappi de 98 anos bem vividos e curtidos em vôos internacionais de primeira classe.
Pois Luiz Felipe Scolari, campeão mundial em 2002 e derrotado como técnico de Portugal, do Chelsea, do Palmeiras e em mais outros exemplos, assumiu o time do qual Mano Menezes havia sido defenestrado, para o que desse e viesse. Para a vitória ou o fracasso. Como era de se esperar, veio o fracasso. Afinal, aqueles era o time de sua total confiança. Nada mais se discutia.
Quando falo de nossas unanimidades burras, doe-me o coração. Conheci em apenas duas únicas e rápidas oportunidades o cidadão Telê Santana, patrimônio ético e moral do futebol brasileiro. Coube a ele dirigir o time de 1982, um dos maiores de todos os tempos. E como alguém iria dizer ao grande Telê, ao nosso técnico exemplar, que aquela Seleção escalada com Sócrates, Zico, Falcão e Éder, quatro atacantes, deixava perigosamente vulneráveis o meio-campo e a defesa? Não, coragem ninguém teve. Nossos adversários italianos perceberam isso e perdemos a Copa. Depois perdemos em 1986 por motivos outros como o envelhecimento do time. Telê e uma grande geração ficaram sem um título mundial na única ocasião em que o silêncio diante da unanimidade foi compreensível.
Agora, não. Agora é hora de nunca mais nos rendermos a isso. Mesmo se for para afagar egos de grandes cadeias nacionais de TV que se beneficiam de matérias exclusivas. Chega. Perdemos um Mundial de maneira humilhante. Não era preciso que fosse assim. Mas nem sequer houve tempo de treinar o time direito, tantas eram as gravações de comerciais contratadas pelo "professor".
Basta! Precisamos de planejamento, de seriedade, de questionamentos e de encontrar um caminho que nos resgate ao menos a dignidade. Ela ficou pelo caminho mas dá para localizar.     

10 de julho de 2014

Cem anos esperando pela "tragédia"

A  goleada da Alemanha contra o Brasil por 7 a 1 na semifinal da "Copa das Copas" deixou um País atônito. Confesso: eu fiquei. Mas se a gente parar para pensar sem paixões, vai ver que esse fato inédito por um século era uma "tragédia" anunciada. Haveria de ocorrer um dia, numa circunstância qualquer, como resultado de nossa incúria, de nossa irresponsabilidade.
Exercício rápido 1: Luiz Felipe Scolari gastou mais tempo preparando o time ou gravando comerciais milionários para engordar sua conta bancária? E seus jogadores, nossos "heróis"?
Exercício rápido 2: se amanhã o Congresso Nacional sofresse um recesso de 100 dias como punição ou em decorrência de alguma catástrofe natural, isso iria representar o que para o Brasil? Um prejuízo irreparável às nossas instituições democráticas? Ou apenas às contas bancárias daquela turma e seus assessores?
O que José Maria Marin tem a dar ao futebol brasileiro como presidente da Confederação Brasileira de Futebol do alto de seus carcomidos anos e anos de vivência pública prostituta? O que o Congresso Nacional nos ajuda, a nós brasileiros, dirigido por Renan Calheiros e sua troupe?
Eles não disputam campeonato mundial de política mas contribuem para deixar o Brasil pessimamente colocado em todos os confiáveis índices mundiais de progresso social. Eles são parecidos com a nossa Seleção de Futebol de hoje: rica, despreparada e às vezes cínica. Só não choram pois,  no caso deles, seria ultrapassar em muito o limite da cara de pau.
Somos vítimas de nós mesmos. Permitimos que esquemas malandros nos enganem sempre e sempre parecemos não saber que estamos sendo enganados. A "Copa das Copas" está sendo - pois ainda não terminou - apenas e tão somente um circo multimilionário de dinheiro jogado fora, colocado em bolsos de ladrões e que ainda vai se desdobrar em obras por acabar e na orgia, hoje apenas no início, de mais uma festa de arromba chamada Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
No caso atual, os 7 a 1 da Alemanha não estavam no script. Talvez algumas medalhas além do que a pobreza esportiva de sempre nos brindou possam vir a ser acrescentadas à roubalheira de 2016.     

4 de julho de 2014

Um Holocausto para todos!

Os jornais publicam hoje que uma senhora hoje com 80 anos doou ao Museu do Holocausto, em Tel Aviv, uma capa de publicação nazista na qual ela, ainda um bebê, aparece como símbolo da raça ariana. Era e é judia. Ao que tudo indica, tem muito orgulho disso. Escrevo esse texto depois de três jovens judeus que tentavam carona para casa após aula de religião terem sido sequestrados e mortos em Israel. A irracionalidade usa muitas vestes e se alimenta do sangue de inocentes.
No dia 08 de maio de 2009 escrevi, neste meu Blog, o artigo "Mortos de segunda classe". Nele questionava, como questiono até hoje, o uso do termo holocausto por autoridades judaicas, por judeus do mundo todo e por gente espalhada por esse mesmo mundo para identificar, glorificar, prantear e lembrar todos os anos os judeus mortos entre 1939 e 1945 por nazistas e fascistas. O período que cobre a II Guerra Mundial abriga esse genocídio de caráter inominável.
Ao ponto de crianças mortas enforcadas junto a uma coluna (?) de Sobibor, como se ornamento macabro fossem, inspirarem um monumento em sua homenagem. A foto está junto ao texto.
Não adianta falar: mas considero que o holocausto deve lembrar a TODOS os mortos pelos nazistas. Judeus, claro que sim, mas também comunistas, ciganos, negros, imigrantes legais, adversários políticos diversos, desempregados e, suprema crueldade, idosos, deficientes físicos e mentais. Nesses casos, não importando a religião que tivessem. Eram apenas imprestáveis.
Nego-me a utilizar o termo holocausto por causa disso. E nem o grifo com "H" maiúsculo. Acredito, no entanto, que um dia algum tipo de homenagem focalizará os que morreram no Genocídio da II Guerra Mundial. Não eram soldados, não lutavam por seus países, mas enlutaram a humanidade.
Seria oportuno se radicais palestinos se recordassem disso antes de sequestrar e matar garotos judeus mesmo que, como pensa o Hamas, eles usurpem seu território. Seria igualmente oportuno se governantes judeus pensassem nisso antes de enviar modernas armas de guerra matar inocentes entre a população palestina. A renúncia precisa ser mútua, definitiva.
Ainda há espaço para a mesa de paz. E para recordarmos
o Holocausto de Todos.     

30 de junho de 2014

Os regulamentos burros

Júlio César vira herói ao pegar pênaltis contra o Chile em Minas Gerais
Não apenas as unanimidades são burras, como disse Nelson Rodrigues. Nos esportes é comum os regulamentos serem burros e, destes, talvez os mais irracionais sejam os do futebol. A Copa do Mundo está longe de ser exceção. Ao contrário, é a regra.
Já houve uma Copa com 13 participantes: a de 1930, que consagrou o Uruguai. Com o tempo as disputas foram inchando e passaram de 16 seleções para 24 e 32. A FIFA explicou esse "inchaço" como necessário. Ela precisava incluir na maior competição esportiva do planeta representantes de todos os continentes. Era a forma de incentivar o crescimento do futebol no mundo todo. Tem lógica.
Mas não tem lógica o regula mento da disputa. A Copa dura um mês. E os 32 times são divididos em oito grupos de quatro que jogam entre si para classificar 16. Então começa uma série de partidas de oitavas, quartas de final, semifinais e finais no estilo chamado "mata-mata". E é um sistema matador, sim, pois impõe às equipes que não conseguem vencer no tempo regulamentar uma prorrogação de 30 minutos e disputa por pênaltis se isso não resolver. Irracional. Condena seleções e jogadores a esforços imensos num tempo pequeno, com intervalo curto entre partidas. É comum equipes serem desfalcadas.
Ora, se na fase classificatória há critérios para evitar prorrogações e pênaltis, por que isso não acontece depois? Na fase de classificação as seleções já entram na última rodada sabendo o que precisam fazer para seguir em frente. Empatando em pontos, desempatam por critérios como saldo de gols, por exemplo. No futebol, competições podem ser desempatadas por saldo de gols, número de vitórias, maior número de gols marcados, menor número de gols sofridos, confronto direto e até mesmo por um já esquecido critério de "gol
Taffarel se prepara para ser campeão nos pênaltis
average". É quase impossível tudo empatar. E se mesmo assim  isso acontecer, aquela moeda que os árbitros usam no cara ou coroa das saídas de jogo resolve a questão.
Estamos diante da solução do problema: as campanhas das fases de classificação são diferentes. Cada seleção tem a sua. E essas campanhas podem ser usadas para, nas etapas eliminatórias, cada equipe ir a campo sabendo o que precisa fazer. Se teve melhor campanha do que meu adversário na primeira etapa, o empate me bastará. Ao outro resta a vitória. E do final da fase de grupos até a decisão não haverá nem prorrogação nem pênaltis para decidir vagas. Da mesma forma como foi no início.
Um critério assim fará com que as equipes arrisquem mais na primeira fase. Elas vão querer vantagens futuras. E quem entrar em campo com a necessidade de vencer arriscará muito mais. Notaram como tudo muda? Mais emoção com muito menos risco.
E jogos resolvidos em 90 minutos. Como manda o figurino!     

23 de junho de 2014

Minha professora da "elite branca"

Acordei com o intuito de, dentre outras coisas, colocar no lugar correto certos livros já lidos que estavam sobre minha cama. Depois queria ficar diante do notebook para escrever um artigo falando sobre as manipulações das eleições  presidenciais próximas e a estratégia governista de agredir a tudo. Sobretudo e principalmente a realidade, uma "arte" desenvolvida pelo ex-presidente Lula desde o primeiro dia de seu primeiro mandato e, com mais intensidade, após o mensalão, em 2005.
Peguei os livros e, de repente, tinha diante de mim "A Capitoa", texto maravilhoso de minha professora - não uso 'ex' nesse caso - e amiga Bernadette Lyra. Olhei bem para ela, sempre linda na foto, e me vi diante da "elite branca". Da forma mais perniciosa dessa elite, no ver do ex-presidente Lula, pois além de branca, cabelos idem, ela ainda mostra defeitos inimagináveis como doutorado. Pode uma coisa dessas? Isso sem falar no olhar altivo e orgulhoso. Defeitos demais!
Lula vai ser figura central na campanha de Dilma Rousseff. Escolha perfeita, pois estamos diante do mestre da manipulação. Do ilusionismo político. Não há quem o supere. Vai atacar a "elite branca" o tempo todo e lembrar a todos que o "povão" estará sempre ao seu lado, contra os não patriotas e a "imprensa conservadora". Esses são e serão sempre os inimigos do Brasil. Ele ainda mandará matar um dia quem recuperar e divulgar suas imagens de presidente eleito para o primeiro mandado dando entrevista exclusiva e ao vivo na bancada do Jornal Nacional.
Lula sonha com o Brasil ganhando a Copa do Mundo. Com a não revelação de mais falcatruas governamentais. E com sua capacidade de desconstruir a realidade, moldar uma outra totalmente falsa e fazer com que essa prevaleça sobre a real. Mandaram Dilma tomar naquele lugar no estádio do Corinthians? Então esperem para ver quem vai tomar se ela ganhar a eleição. Esperem e verão!
Lula vai continuar atacando a "elite branca". Essa que o fez enriquecer e aos de sua família, o que agora não tem a menor importância. Vai dizer que os adversários ou, melhor dizendo, inimigos são aqueles que querem voltar ao passado e destruir o Bolsa Família, o esquema de assistencialismo criado por ele e seus assessores. Sem contrapartida de estudo ou habilitação ao trabalho. Aliás, sem nada que diga respeito a estudo porque isso vai destruir o eleitorado. Tomara nunca esse eleitorado seja branco de olhos azuis e tenha sequer curso médio, que dirá doutorado.
Fiquei divagando. Lembrei-me de um fato recente: numa fala em Vitória, a autora de "A Capitoa" falava de seu amor maduro de tantos anos e citava seu querido como "companheiro de uma vida". E se Lula descobrir que esse homem, esse companheiro, é negro? "Puta que pariu!", dirá ele do alto de seu autodidatismo e educação refinada! Em seguida não se sabe se sentirá vontade de matar minha professora ou entronizá-la por ter corrigido erros tão graves. Sei eu apenas, se a conheço, que ela abominará qualquer das hipóteses. No que fará muito bem. 

11 de junho de 2014

O teatro e o Nobre Deputado

Levanta o pano
Primeiro Ato: O artista medíocre Henrique Eduardo Alves aparece no palco Congresso Nacional. Está possesso, furibundo, transpira suor de patriotismo cênico por todos os poros e não nota que alguém colocou um "caco" na cena com o título de um livro sem nada a ver com a peça. Grita a plenos pulmões que o último programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, agrediu o Congresso Nacional, o poder mais puro da República, ao acusá-lo de forma indecente de estar envolvido em falcatruas de trocas de cargos, venda de verbas parlamentares e superfaturamento de obras públicas. trêmulo, precisa ser contido.
Segundo ato: O artista Henrique Eduardo Alves agora aparece no palco Reunião do PMDB ao lado do artista Michel Temer. Fala-se do apoio à reeleição da presidAnta Dilma Roussef por parte da legenda. Coadjuvante, Henrique houve o segundo dizer em tom ameno mas decidido que seu partido só vai apoiar a reeleição se receber mais ministérios de porteira fechada, cargos de segundo e terceiros escalões em todos os estados para saciar uma goela insaciável que fica rouca diante de dinheiro público e daquela diretoria que fura poço.
Terceiro ato: um homem vestido de Renato Russo pega o microfone e grita antes de cair morto de verdade: "Que país é esse, porra!"
Cai o pano

9 de junho de 2014

As gralhas já disputam o butim

Não faz muito tempo as autoridades olímpicas internacionais ameaçaram retirar as Olimpíadas de 2016 do Rio de Janeiro. A gritaria foi geral. Do alto de sua falta de autoridade moral e esportiva, Carlos Arthur Nuzman disse que isso era uma absurdo e que o Rio entregará todas as instalações exigidas pelo COI prontas a tempo e a hora. Não vai entregar, como podemos ver na foto. E muito dinheiro público ainda há por ser roubado nos contratos emergenciais a serem assinados daqui para a frente no afã de que obras sejam tocadas. Em muitos casos de grande porte e paradas ou não iniciadas faz anos.
Acontece com a Rio-2016 o mesmo que acontece com a Copa de 2014. Há todo um grande esquema de assalto aos cofres públicos já montado. E ele se beneficia não apenas da leniência das autoridades, mas também de sua conivência. Os esquemas são os mesmos, os participantes se repetem e os contratos, de emergência ou não, são feitos sempre para favorecer as quadrilhas.
Por que eles não mudam? Porque todo mudo rouba. Notem apenas uma coisa: as grandes empreiteiras de obras públicas se repetem nos projetos. Os custos são sempre revistos ao longo das etapas de obras porque são apresentados abaixo do valor real para permitir que "A" assuma uma licitação combinada para "B" ficar com a seguinte. Então, na etapa seguinte vai ser preciso elevar os valores não apenas para obter lucros, mas também para superfaturar. É daí que saem os valores das propinas e das campanhas políticas de praticamente todos os senhores deputados e senadores.
O programa Fantástico de ontem (08/06) falou sobre isso. Esse esquema é amplamente executado. Mas somente 10 ou 15 por cento da população sabe ou sabia de que forma ele funciona. Como uma campanha para deputado federal custa algo em torno de R$ 5 milhões, de onde tirar esse dinheiro? De "patrocinadores" de campanha ou agiotas. E como o termo "doação" não passa de figura de linguagem, será preciso pagar as contas retirando esse montante e seu lucro de alguém. Ele é retirado de todos nós que pagamos impostos para sustentar a roubalheira geral. Ou o leitor acredita que um homem honesto gastaria R$ 5 milhões de dinheiro de terceiros para ter um mandado de deputado?
Aguardem os contratos emergenciais da Rio-2016. Haverá um rio - sem trocadilho - a se ganhar nesse poço sem fundo. E as gralhas já estão dividindo o butim. Todas as licitações serão cartas marcadas. O o que for ganho desse bolo por empresas de pouca expressão terá obras abandonadas no curso dos trabalhos. Faz parte do esquema. Essas obras paradas representarão lucros ainda maiores.
Joana Teixeira Havelange, filha de Ricardo Teixeira e neta de João Havelange disse recentemente que agora não adianta mais protestar contra a Copa porque o que havia para ser roubado já o foi. Ela entende disso. Conhece todos os esquemas porque participou deles. Se o brasileiro quer praticar um ato de patriotismo, inicie uma campanha para que as Olimpíadas de 2016 sejam disputadas em Londres, para onde o COI já ameaçou levá-las. Na Rio-2016 ainda há dinheiro por ser salvo.
Só me fica uma dúvida: o COI realmente retiraria os Jogos Olímpicos daqui ou, a exemplo da multimilionária FIFA, também faz parte do esquema? Vamos esperar e conferir.           

7 de junho de 2014

"Literatura Capixaba" e o bicho da goiaba

Em pleno sábado, um monte de gente pergunta aqui no Espírito Santo o motivo da discussão em torno do tema "Literatura Capixaba". Desculpem, não sei. Como disse ao querido amigo e confrade Anaximandro Amorim, da Academia Espírito-santense de Letras, vamos imaginar que esse termo seja apenas uma forma de a gente se referir ao trabalho literário aqui produzido por e com muito amor e por gente nascida ou não no Estado. Trabalho de ótima qualidade e sempre mal divulgado pelos meios de Comunicação do Estado. Exemplo? Os do escritor e professor Francisco Grijó. E muitos outros. Poderíamos usar outro termo como, por exemplo, "literatura produzida no Espírito Santo", conforme sugerido no "esforço" de reportagem.
E como usamos "imprensa capixaba", poderíamos usar também "imprensa feita no Espírito Santo por gente que não se identifica com as coisas daqui". Ou não? Não creio que isso, esse fato menor do dia, comporte discussão pseudo acadêmica. Sugiro doravante temas mais candentes: os anjos têm sexo? O bicho da goiaba desenvolve sua maturidade sexual fora ou dentro da goiaba? Vamos tocar a discussão dessa forma. Vou sugerir os assuntos em mesa redonda também. Acho que dará mais o que falar do que o tema de página dupla jogada fora pelo jornal A Gazeta de hoje no Caderno Pensar e na sua busca desesperada pelos leitores perdidos dos anos gloriosos.
Esse tema, com o título "Mal-estar literário" e internamente "Manifesto contra a moqueca" sintetiza o seguinte: o jornal considera mal colocado o termo "Literatura Capixaba" pois ela - essa literatura - seria universal. Associa o termo à moqueca, prato somente nosso porque não leva azeite de dendê e outras especiarias baianas (daí um  dos títulos). Deve ter sido difícil gastar tantas palavras no papel jogado fora para que os leitores se imaginassem no centro de uma discussão acadêmica que não existe.
Mas vá lá. O desespero pela reconquista de leitores deve valer qualquer coisa para quem já noticiou, em manchete de primeira página, que o mundo vai acabar.  

5 de junho de 2014

O "ovo da serpente". Ele de novo

O tempo passa, as coisas mudam mas o ódio irracional permanece. Lembremo-nos doravante dessas siglas: Frente Nacional (França), Partido Nacional Democrático (Alemanha), Aurora Dourada (Grécia), Partido Melhor (Hungria), Partido da Liberdade (Áustria), Partido Popular Dinamarquês (Dinamarca), Finlandeses (Verdadeiros) (Finlândia), Partido da Liberdade (Holanda) e Liga Nórdica (Itália). Se esqueci algum, acrescentem.

Esses partidos elegeram membros para o Parlamento Europeu, a maior segunda eleição do mundo. Podem daqui para a frente intervir no futuro da Europa. Têm em comum o fato de serem neonazistas. Carregam consigo o  pior dos ódios, o ódio racial. Quem considera seu semelhante um ser inferior, seja por que argumentação for, sente-se no direito de extirpá-lo. Eliminá-lo. Matá-lo. Os nazistas e fascistas fizeram isso durante a II Grande Guerra. Em seu rastro ficaram mais de seis milhões de mortos que não foram apenas judeus como quer a teoria reducionista do "Holocausto", mas também os comunistas, demais adversários ideológicos do nazismo e do fascismo, deficientes físicos, deficientes mentais, homossexuais, ciganos, negros, outras etnias "não arianas" e imigrantes me geral. Todos eles eram seres inferiores. Matá-los não constituía crime algum.
Hoje nós estamos vendo uma tentativa de ser chocado novamente esse ovo de serpente. Um sentido figurado. Para alguns, apenas palhaçada sem maiores consequências. Não é. Estamos diante de um perigo imenso e é preciso combater o mal. Não se trata apenas de evitar que imigrantes africanos ou outras pessoas "roubem" os empregos dos europeus. Geralmente a coisa começa assim em meio a crises políticas e econômicas para depois mostrar a verdadeira cara ao assumir o poder. É preciso evitar.
Comentei isso com alguém num papo informal e ouvi da pessoa: "O que nós temos com isso?". TEMOS TUDO COM ISSO. Eles estão aqui como aqueles que pintam no muro as palavras contra os nordestinos (na foto), que atacam homossexuais nas ruas das grandes cidades, usam suásticas em tatuagens, etc, etc, etc. Repito: eles se alimentam das crises políticas, econômicas e estamos vivendo ambas num país que não tem as defesas intelectuais dos europeus. Um País governado por despreparados e oportunistas.
Cuidado! Evitemos que esse ovo de serpente consiga chocar. Ele sempre tenta. E tem novamente seu caldo de cultura ideal. Os tempos modernos o fornece a eles.               

29 de maio de 2014

Convento da Penha, Patrimônio Mundial

O Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), à frente de outras instituições ligadas à cultura capixaba como a Academia Espírito-santense de Letras (AEL) e Academia Feminina Espírito-santense de Letras (AFESL), está dando um passo importante para a cultura brasileira: iniciar uma campanha para tornar o Convento de Nossa Senhora da Penha(foto), em Vila Velha, berço da colonização deste Estado, um PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE.
O IHGES vai a campo. Pedindo apoio a instituições internacionais ligadas à ONU como a UNESCO e outras. Aproveitando-se da internet para lançar a ideia em plano estadual, nacional e mundial. Explicando a todos o que é o Convento da Penha, como o chamamos, não apenas para a população do Espírito Santo mas para as do Brasil e do mundo. Um centenário monumento às correntes religiosas cristãs - e não apenas católica por ser ele católico - encravado sobre uma montanha, com quatro centenários de vida. O mais antigo do gênero  no País. O monumento mais representativo do Brasil nessa área.
O Convento da Penha está absolutamente preservado. Recebe por ano milhares de visitantes que sobem as encostas do morro para visitar suas paredes largas e amplas, seus aposentos cuja história oficial começou a ser contata a vários séculos, mas cujo primeiro registro em publicação, de meados do Século XIX, consta de um livro preciosidade editado pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e que tem um de seus raros exemplares conservados de minha propriedade.
Recentemente, um capixaba honorário, José Carlos Monjardim Cavalcanti, o Cacau, que como ele próprio diz tem PHD em Espírito Santo, enviou longa correspondência ao Papa Francisco, falando de nosso monumento, descrevendo-o por documentos e publicações, além de fotos, e convidando o chefe da Igreja Católica a vir conhecer nosso Estado e seu Convento.
Cacau recebeu resposta do Papa Francisco. Nele o Pontífice agradece a gentileza e, embora não dizendo que pode aceitar o convite, enviou até mesmo documento assinado de próprio punho ao nosso PHD. Isso nos abre caminho para pedir apoio às autoridades civis e eclesiásticas, como a CNBB, para apoiar o pleito que agora não é mais dos capixabas, mas de todos os brasileiros.
Vamos falar ainda muito sobre isso. Mas esse artigo abre o tema.                

28 de maio de 2014

Véspera de Copa

Agora mesmo a TV Globo está pedindo aos brasileiros para pintar ruas e prestigiar a Copa do Mundo de 2014 no programa de Ana Maria Braga e em todos os demais. Gente, ninguém deixou de ser brasileiro, ninguém deixou de amar o Brasil. Mas o que ninguém aguenta mais é o que essa ilustração mostra, da roubalheira, da mentira institucionalizada, da manipulação de dados, do descaso para com a educação e a saúde - principalmente -, dos políticos corruptos pactuando com os contratos superfaturados de empreiteiras manjadas que vivem de dinheiro público à custa de impostos absurdos. Enfim, de tudo o que todo mundo sabe e a Rede Globo com seus cofres abarrotados também. Essa Copa vai ser a da falta de confiança nesse nosso País e dos protestos justos que, torço eu, não devem descambar para a violência. Não era época de Mundial de futebol, não. Era e é a época de construirmos um novo País colocando no esgoto da história tudo o que não nos serve.
Em Vitória, ES, um grande esquema de segurança cerca as chegadas das delegações da Austrália e de Camarões. Busca-se black bloks, cangurus assassinos e camarões ebola. A vida do cidadão vai ser afetada em nome da pseudo segurança de duas equipes de futebol. Para que? Em nome de que? Se preocupação parecida houvesse sido tomada com relação aos desmandos e roubos das construções direta e indiretamente ligadas à Copa, aí, sim, isso se justificaria.
Há um novo Brasil a ser construído. Sem roubalheira, sem "acordos" políticos, sem nada do que mancha nossa vida. Não se pode agredir, quebrar, atentar. Mas o direito de protestar, esse o brasileiro tem, em nome de nossa dignidade subtraída de manhã, à tarde, à noite, todos os dias pelos collor, renan et caterva. No mais, que nessa disputa de futebol vença o melhor. De preferência, um melhor vestindo verde e amarelo, dono que já é de cinco títulos.  

7 de maio de 2014

Democracia à brasileira

Ao que parece, a paciência do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, se esgotou. Ele disse que não vai buscar mais a "unidade" e é pré-candidato por seu partido, o PSB, à reeleição apoiando também a chapa nacional de Eduardo Campos. Já o ex-governador Paulo Hartung vai se candidatar ao mesmo cargo pelo PMDB e deve chamar para perto de si no Espírito Santo as forças do PT.Cartas na mesa. Façam as coligações - ou, melhor dizendo, as próximas apostas senhores.
A briga - ou seria melhor dizer "mal estar" - começou com Hartung se dizendo candidato a governador. O ex-governador Gerson Camata, veterano de PMDB, disse que como esse postulador teve dois mandatos seguidos no Palácio Anchieta, agora Casagrande "tem também o direito" a um segundo mandato.
Pirei, pois até hoje pensava que esse tipo de direito era exercido pelo eleitor e somente por ele. Os partidos e seus representantes lançavam-se às eleições, expunham seus projetos, suas ideologias, seus planos quadrienais e, ao final de tudo, o melhor - para os eleitores, claro - era proclamado vencedor.Os perdedores simplesmente deixavam a arena de disputa. O Executivo então governava, o Legislativo fazia seu papel de legislar e vigiar o Executivo e o Judiciário zelava pelo fiel cumprimento das leis.
Ora, isso só pode existir na Democracia real, essa que estou escrevendo com a primeira letra maiúscula. Na democracia de mentirinha, a "unidade" representa o conchavo de bastidores no qual todos combinam concordar com o novo governo em gênero, número e grau, sem esse negócio de analisar coisa alguma, de fiscalizar ninguém. Até porque depois da "unidade" vem a "parceria", outro termo caro a todos os envolvidos na composição. A "parceria" é a divisão do butim político com escolha de cargos (comissionados) e empregos à disposição de cabos eleitorais, parentes e amigos de longa data.
Essa é uma democracia à brasileira. A que se tenta se perpetuar hoje apesar de todos os protestos, de todas as denúncias que são feitas. Mas essa não é a democracia real, a que surge do confronto de ideias.
                           

2 de maio de 2014

O novo "Pacote de Bondades"

A presidente(a) Dilma Roussef anunciou mais um "pacote de bondades". De roupa azul, travestida de interessada no conforto da população de seu país, fez propaganda de TV como candidata à presidência da República mais uma vez mentindo e tentando iludir. Excetuada a questão envolvendo a Petrobras, um crime de lesa-pátria cometido a céu aberto, a política do Governo, que comete demagogia em larga escala com o salário mínimo e o Bolsa Família, agride o povo deste País em dois pontos: na correção dos limites do Imposto de Renda e na correção das aposentadorias e pensões do INSS.
No caso do IR, foi concedido um "aumento" (ou "reajuste", para quem optar) de 4,5 por cento num cenário no qual a inflação real se projeta em 6,5 por cento. Desde meados da década de 1990 - e aí não pode ser esquecida a responsabilidade do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - o brasileiro que paga IR acumula um aumento real de tributação que ultrapassa os 60 por cento. Em números de economistas, quando a defasagem começou a isenção equivalia a oito mínimos. Hoje, para que represente o que representava na época em valores reais o limite de isenção deveria ser não de um ganho de R$ 1.710,78 mensais, mas de R$ 2.761,54. Jamais chegando aos oito mínimos, o que se explica pelo fato de que esse piso vem sofrendo aumentos reais anuais em relação à inflação oficial. O Governo Federal chegou a arrecadar R$ 26,4 bilhões com o Imposto de Renda descontado na fonte. Hoje arrecada R$ 80,9 bilhões.
No caso dos rendimentos de aposentados e pensionistas, o desconto em folha já chegou a ter como teto 20 salários mínimos. Caiu para dez sem que isso fosse considerado inconstitucional porque não tocava nos ganhos de suas excelências dos poderes Legislativo e Judiciário. Esses recebem como funcionários públicos e ainda têm, como eu dizia, o direito de reajustar seus próprios vencimentos.Não é o melhor dos mundos?
Aos poucos a renda do INSS foi se reduzindo de forma dramática. Nos últimos anos adotou-se a política de valorização do mínimo, mas ao custo do achatamento dos demais ganhos. Tudo o que fica acima dele. No caso específico desse ano, mais uma vez o reajuste dos ganhos de quem recebe sobre esse piso foi taxado abaixo da inflação real. Se a política for mantida assim, um dia - sabe-se lá quando - todos ganharão o mínimo. Pronto, não haverá mais menos e mais no Brasil do INSS. Só no do Serviço Público.
É preciso dizer que, na maioria dos casos, quem vive de aposentadoria ou pensão, faz isso numa época da vida em que necessita mais e mais de dinheiro, Sobretudo e principalmente para fazer frente a despesas com saúde num País que não oferece esse benefício, embora ele seja previsto na Constituição. O Bolsa Família, salva-vidas de quem naufraga por falta de horizontes, na prática é um salário ganho por quem não trabalha à custa dos que trabalham.Foi reajustado acima da inflação num ano de eleição, em ato com destino certo.
Será possível que o Brasil jamais vai acordar?   

23 de abril de 2014

Ela não encontrou o remédio...

Eram cerca de 08h30m e acompanhei minha mãe à Igreja de Santa Rita de Cássia, na Praia do Canto, Essa da foto. Na parte de trás do prédio funciona um setor de entrega gratuita de remédios mantido por voluntárias ligadas à igreja. São amostras grátis "raptadas" de médicos e entregues mediante apresentação de receita. Uma pessoa não encontrou o remédio de que necessitava. Ficou triste e outra disse: "Vota em Lula de Novo..." Eram, em sua maioria, pessoas humildes com receituários do SUS. Não tinham como pagar por sua saúde.

Soa miseravelmente cruel escrever isso: o brasileiro não pode pagar por sua saúde e a culpa não é só de Lula. É de uma enorme gama de pessoas, na maioria políticos, que vivem de favores públicos, enriquecem à custa do Estado, distribuem dinheiro também a seus apaniguados e mantêm uma estrutura corporativa que torna os direitos constitucionais dos cidadãos meras miragens no deserto.

Quantos milhões de cargos comissionados existem no Brasil? Quantos milhões de apaniguados inflaram a estrutura pública brasileira nos últimos anos? Quantos bilhões de reais são drenados a cada ano para o ralo da roubalheira nas obras públicas capitaneadas por quadrilhas de grandes empresas que superfaturam obras, dividem licitações entre si e pagam comissões a corruptos para manter seus feudos empresariais.

A Rodosol é só um exemplo. Mas ela existe porque o contrato que a mantém foi feito a caráter para permitir o assalto aos cofres públicos, e a exploração de um serviço mantido por décadas a tarifas irreais e assaltando o bolso do cidadão. Praticamente a totalidade dos contratos públicos de obras ou gestão são feitos para beneficiar empreiteiros e permitir ações judiciais capazes de eternizar lucros, gerar riquezas imorais e assaltar o dinheiro dos impostos que deveria ser usado, dentre outras coisas, para que a senhora citada por mim pudesse encontrar o remédio de que precisa. Se ela morrer por falta dele, nada vai acontecer à Rodosol, à Petrobrás ou a qualquer consócio de empresas que vivem à custa do dinheiro público. Do meu, do seu, do nosso dinheiro.

Amanhã o serviço de entrega de remédios da Igreja Santa Rita de Cássia vai abrir de novo às 08 horas. Uns levarão o que precisam, outros não. E eles não terão, coitados, a capacidade de entender porque isso acontece. Não entenderão que Lula é só uma engrenagem do sistema.

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