27 de maio de 2019

Associações do prefeito

Marca da associação de Jardim Camburi. Nas mãos da Prefeitura da Capital 
"Aliado de Gandini no comando de Jardim Camburi" é a manchete da página 18 do jornal A Tribuna de hoje. O que quer dizer isso? Quer dizer que a Associação Comunitária de Jardim Camburi (ACJAC) é agora uma aliada do prefeito de Vitória, Luciano Rezende e de seu candidato já escolhido para a sucessão na PMV, Fabrício Gandini, ambos do PPS. Então, a Associação vai servir aos interesses do bairro da região norte de Vitória somente na medida do possível. Porque a prioridade, o interesse maior será o de atender ao projeto político do prefeito e seus aliados.
Moro em Jardim da Penha. Durante o mandato passado de prefeito do PT, a Associação dos Moradores de Jardim da Penha era mantida a reboque dos interesses daquele partido. Quando enfim o prefeito eleito foi Luciano, do PPS, imaginei que a chapa a vencer a primeira eleição do bairro seria formada por pessoas que trabalhariam de forma independente, defendendo os interesses da comunidade. E apenas isso. Afinal o novo administrador havia sido apresentado quando se iniciou na política como um exemplo de renovação, de nova administração sem os vícios dos políticos tradicionais.
Ledo engano. Logo a chapa eleita para Jardim da Penha foi cooptada pelo prefeito do PPS. Hoje ela não defende obrigatoriamente os interesses do bairro, mas os da administração municipal. Para chegar a tanto a PMV contratou como "cargos comissionados" praticamente todos os diretores de Jardim da Penha. Consegue apoio a seu projeto político com o meu, o seu, o nosso  dinheiro.
É uma pena. É também atitude de uma falta de ética política enorme.
As associações de moradores existem para que os interesses das comunidades sejam defendidos junto ao poder público. Para que projetos e outras reivindicações tenham amparo pela força da pressão legítima das comunidades. Mas praticamente todas elas hoje são parte do jogo político rasteiro. Na Praia do Canto, por exemplo, durante anos a associação de moradores teve à frente um vereador de Vitória e seus aliados. Depois que ele não conseguiu mais se reeleger, nem assim parou de tentar influenciar a vida da entidade representativa da comunidade. Sonha com um futuro político!
Esse é um dos problemas da política brasileira: invadir todos os espaços e prostituir os projetos das comunidades. E elas não podem ser inocentadas nesse tipo de aberração, pois aceitam o jogo que é feito, se omitem no processo eleitoral - ninguém é obrigado a votar - e dessa forma permitem que a política de conchavos de bastidores dirija os interesses comunitários.
Ao longo dos tempos inúmeros pilantras da vida pública nacional alimentaram-se dessas brechas e fizeram carreira que em grande parte dos casos duraram vidas inteiras.