29 de outubro de 2018

Bolsa Demagogia

Todo ano, contanto haja eleição, os candidatos falam de uma anomalia brasileira que insiste em continuar a frequentar os noticiários e a povoar os cérebros (?) dos políticos brasileiros com o único propósito de conquistar votos: o Bolsa Família. E isso aconteceu novamente nessa campanha que elegeu Jair Bolsonaro presidente da República. Tanto ele quanto Fernando Haddad, seu opositor, não apenas falaram na manutenção do programa como prometeram aumento e 13º salário.
É um absurdo!
O número de paupérrimos no Brasil cresce na exata proporção do crescimento da irresponsabilidade política, da incompetência e da corrupção. E dessa forma sobe também o número de brasileiros que recebem esse auxílio, bem como o desembolso necessário a seu pagamento. E isso, com as outras promessas de campanha, está se tornando uma bola de neve. Há um Brasil que trabalha ou que trabalhou a vida toda até se aposentar sustentando um outro Brasil que não produz.
O Bolsa Família ou o que quer que o substitua um dia, deveria ser um rito de passagem. As pessoas que estão em estado de penúria receberiam esse auxílio do Estado enquanto esse mesmo Estado tentaria recolocá-las no mercado de trabalho ou as capacitaria para determinadas funções profissionais. Findo esse período e iniciadas ou reiniciadas as atividades produtivas, ele seria cancelado. Afinal, o que dignifica o homem é ser sustentado por seu labor.
Mas no Brasil, desde que o programa foi instituído demagogicamente, nada é exigido. Ao contrário, há um episódio inacreditável: no Nordeste, determinadas empresas necessitavam de costureiras para tocarem suas confecções. Via uma das entidades do sistema "S", foi criado um curso gratuito para a formação dessas profissionais. Mas tão logo as interessadas souberam que depois de concluírem o curso e conquistarem o emprego deixariam de receber a ajuda do Governo, todas desistiram. Desconheço o que foi feito para as empresas de confecções tocarem seu negócio.
Esse talvez seja o maior drama do Brasil de hoje. A malandragem apoiada pelo poder público já criou entre nós uma geração de parasitas que agora precisa ser sustentada com o dinheiro do contribuinte. Um dinheiro que deveria ter destinação muito mais nobre. Temos uma espécie de SUDENE da esmola institucional que se tornou câncer na nossa estrutura governativa. E serve para eleger e reeleger todos os que fazem da demagogia uma arma política de alto calibre.
Agora há um presidente eleito que prometeu aumento do Bolsa Família, bem como 13º salário. Vai chegar o dia em que um deles, para alcançar o Palácio do Planalto, prometerá a aposentadoria àqueles que não trabalham e, portanto, não vão voltar a trabalhar jamais.           

16 de outubro de 2018

E não há uma terceira via...

Bolsonaro (E) ergue o braço de seu bizarro vice-presidente  
Até o momento as melhores análises das eleições brasileiras, sobretudo do que vamos enfrentar depois de 28 deste mês, estão vindo do exterior. Falando ou escrevendo da Europa e dos Estados Unidos, principalmente, analistas políticos demonstram grande preocupação para com a situação atual do Brasil. Isso corresponde com o que penso: nós temos diante de nós um abismo à esquerda e outro à direita. Escolher um dentre os dois é difícil, já que não há uma terceira via.
Haddad percorre ruas tentando se distanciar de Lula. Não dá
O jornalista português Francisco Assis, do jornal "Público", divulgou seu pensamento em artigo intitulado "Um canalha à porta do Planalto". Nesse texto ele diz sobre o candidato à direita: "Bolsonaro não é Hitler, não é Mussolini, não é sequer Franco. Em bom rigor, se quisermos ater-nos a um debate intelectual de natureza escolástica, ele não é bem a representação do  fascismo. Há nele, contudo, na dimensão medíocre que a sua pobre personalidade proporciona, tudo aquilo de que a tradição fascista historicamente se alimentou. O anti-iluminismo, a exaltação sumária da unicidade nacional, a apologia da violência, o culto irracional do chefe. Bolsonaro é pouco mais do que um analfabeto ideológico com todos os perigos que isso encerra. Ele e sua prole de jovens tontos significam hoje o maior perigo com que se depara o mundo ocidental." (o negrito é dele)
Não sei se eu chegaria a tanto. Nem se separaria a ambos dessa forma. Diz o jornalista português: "Haddad é um intelectual sofisticado, um democrata respeitador dos princípios fundamentais das sociedades abertas e pluralistas, um homem de reconhecida integridade cívica e moral." Talvez isso seja verdade e os inquéritos a que o candidato das esquerdas responde acabem não dando em nada por vazios que venham a ser declarados. Mas ainda assim ele é o candidato do PT e aí mora o perigo.
Francisco Assis escreve em seu artigo que o Partido de Haddad sempre respeitou os limites democráticos e governou constitucionalmente. Mas não havia outra alternativa (negrito meu). No entanto seu partido deixou atrás de si um rastro de roubos inimaginável na história política do Brasil. Fernando Collor de Melo e sua "Casa da Dinda" chegam a parecer escoteiros travessos diante do que eles fizeram. E não me parece possível julgar Haddad sem Lula e seus assessores mais diretos incluídos. Ele independente da gang.
É uma situação trágica. E que leva os dois extremos a não enxergarem os males que estão a seu lado, nem a possibilidade de que haja méritos do outro. Até mesmo pessoas cultas, de boa formação anterior a essas eleições perderam a capacidade de julgar de maneira isenta. Todos se focam no que lhes parece o certo e vão em frente. Até termos intelectualmente pobres como MITO são usados para classificar o candidato que grita "Caveira" ao encerrar um discurso no BOPE.
E não há uma terceira via...