26 de maio de 2020

Placebo é coisa falsa mesmo?

Witzel e Bolsonaro. A aliança - ??? - que a política se ocupou de destruir
Não conheço o governador Wilson Witzel e nem a sua história de vida. Vai daí, não ponho nem um pedaço do meu dedinho mindinho no fogo por ele, que dirá a mão toda. Mas há fatos ligados a essa tal de Operação Placebo, desencadeada pela Polícia Federal de Brasília hoje nas primeiras horas do dia que precisam ser esclarecidas. Primeiro: por que a deputada Karla Zambelli sabia disso se a operação da PF deveria ser secreta até a chegada dos policiais ao Palácio Laranjeiras?
Por que o senador Flávio Bolsonaro é intocável, posto que abundam contra ele provas e mais provas de "rachadinha" quando era deputado estadual pelo Rio de Janeiro? Por quê? Porque o vereador Carlos Bolsonaro dá expediente no Planalto, quando o seu local de trabalho é a Câmara Municipal no Rio de Janeiro? Por quê? Por que a PF ou outro órgão de investigação não descobre quem comanda, organiza e financia as manifestações de quase todos os domingos em Brasília, quando aquelas "multidões" de apoiadores vão às ruas apoiar o presidente e desacatar todos os seus opositores?
Vamos admitir, e isso é perfeitamente possível, que o governador do Rio de Janeiro tenha mesmo algo a ver com desvios de dinheiro de compra de aparelhos para manutenção da vida dos cidadãos de seu estado em meio à maior pandemia já enfrentada pelo Brasil. Ele e sua esposa. Que paguem por isso da maneira mais exemplar possível, porque o crime é de uma gravidade inacreditável.
Mas só eles? E os demais? Até as lajotas usadas na última reforma dos palácios do Planalto e da Alvorada sabem que o presidente Bolsonaro tem fixação pela PF. Que lutou até conseguir tirar o antigo diretor geral do cargo. Que queria porque queria trocar a superintendência do Rio de Janeiro. Que já falou inúmeras vezes o "vou interferir" quando se tratava de órgãos de investigação e também que vai defender os filhos às últimas consequências. Por último, que treme toda vez que qualquer dos Bolsonaro é ligado ao episódio Mariele Franco e a milícias. Porque essa fixação? Ou paúra?
Tudo o que o Brasil espera é que esse episódio da Operação Placebo seja levado às últimas consequências, com a apuração de tudo. Mas o Brasil também quer saber como a deputada bolsonarista de raiz soube da operação antes de todos, de onde veio a informação por ela obtida e se a "surpresa" demonstrada por Bolsonaro em seu chiqueirinho hoje era real ou um jogo de cena.
Afinal, temos o direito de saber se esse placebo é coisa falsa mesmo.

22 de maio de 2020

A reunião das descomposturas

Há uma obrigação vital de comportamento, que jamais pode ser evitada quando se trata de reuniões de autoridades, sobretudo as maiores da República: compostura. Num encontro ministerial, com a presença dos representantes de todos os ministérios, e ainda mais quando ele é gravado, palavras de baixo nível jamais devem ser pronunciadas. Mas foi isso o que aconteceu no dia 22 de abril último.
Está sendo triste ver a reprodução total do vídeo e áudio dessa reunião, peça hoje liberada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal e que as emissoras de TV estão mostrando a todo o País, sem cortes e apesar de todos os palavrões ditos por diversos dos participantes. No Facebook, vi um post da Juíza aposentada Denise Frossard e no qual ele afirma que em seus tempos de magistratura os réus que julgou tinham mais continência (verbal) que os membros do governo Jair Bolsonaro (foto de outro momento), inclusive - e aí acrescento eu - o próprio Presidente da República.
Não é possível a gente assistir a um Chanceler se dirigir sem o menor respeito ao governo de nosso maior parceiro comercial chamando a Covid-19 de "comunavírus", pois isso pode nos trazer sérios aborrecimentos no plano comercial. E numa época da economia nocauteada. Não é possível ouvir de um ministro da Educação que ministros do STF são vagabundos. E nem de uma ministra da Mulher e sei lá de quantas coisas mais que governadores deveriam ser presos por estarem exercendo seu poder legal durante uma pandemia da mais séria que o Brasil já enfrentou.
Pior disso tudo ainda foi ouvir do próprio presidente da República, depois do desfile de uma série inacreditável de palavrões e sandices, que ele tem um sistema particular de informações. Como assim? Isso é inconstitucional! Isso atenta contra as todas normas legais! Que pessoas e órgãos fornecem informações sigilosas a Jair Bolsonaro à revelia das leis vigentes no Brasil?
Foi possível ver claramente, durante a exibição das imagens da reunião do dia 22 de abril, que estamos diante de um presidente que não respeita a Constituição e é capaz de tudo para conquistar seus objetivos, não importam os meios. E também que ele é assessorado por uma trupe de marionetes capazes de tudo para agradar ao chefe e se manter nos cargos.
Pobre Brasil. Mas fomos nós que colocamos aquelas pessoas no poder. E agora resta-nos agir ao abrigo das leis vigentes, submetidos a elas, para mudar o quadro que o Brasil vive. Não há outro caminho a ser seguido. Vamos lutar, minha gente. Mas sempre com compostura e respeito, pois todos os protestos são possíveis sem que se use linguagem chula.       

12 de maio de 2020

"Parmito" não é ofensa...

Jornalistas são idiotas e um deles tem cara de homossexual. Mas isso não é ofensa. Debochar da mulher do presidente da França também não é ofensa. Fazer comentários depreciativos sobre o pai da ex-presidente do Chile também não ofende. Apoiar movimentos ilegais também não é ofensa às leis em vigor no País. Desancar os ministros da mais alta corte de Justiça do Brasil não é ofensa contra eles. O que ofende os outros para você, Jair Bolsonaro?
Você é o presidente mais desqualificado da história do Brasil. Não respeita ninguém e nem ao menos a liturgia do cargo que ocupa. Diariamente confronta as leis e as normas consagradas da nossa Pátria tão vilipendiada. Ontem mesmo o ministro da Saúde tomou conhecimento durante uma entrevista coletiva de um decreto seu que incluía até cabeleireiras como profissão essencial. Você sabe que isso pode ser derrubado pelo STF e os governadores e prefeitos simplesmente vão desconhecer as normas baixadas. Então por que fazer? Simples; para tumultuar, para levar a discórdia ao seio da sociedade. Para reafirmar o que você acha certo embora saiba que não manda mais nada.
Quando você era criança, alto e de pernas muito finas, recebeu o apelido de "Palmito". "Parmito", no  linguajar do interior. Mas com o tempo, "Parmito" para cá, "Parmito" para lá, simplificaram para "Mito". Isso você mesmo admitiu em uma entrevista à TV enquanto ainda era deputado federal, cargo ocupado durante 28 anos no baixo clero, junto ao Centrão, sem mérito algum. Mas, presidente, transformou o nome, para os idiotas de plantão, em um termo que o homenageia. Só que falso!
E daí que é falso?
Tudo na sua vida é falsidade. Inclusive os mais de 40 endereços de internet mantidos na maioria dos casos por robôs para distribuir informações falsas, fake mews, e nas quais muita gente acredita. Como, por exemplo o "jornaldacidadeonline", uma excrescência de edição diária. Você não sente vergonha? Vergonha na cara, digo eu. Porque seria caso de sentir.
Outra coisa: sua carreira no Exército foi toda ela uma derrota só. Até insubordinação grave você praticou. E só não foi expulso da corporação porque à ala de extrema direita de lá interessava um nazifascista atuando no Congresso para enaltecer ditadores sanguinários, torturadores denunciados e desmascarados e para tentar reescrever a história tentando dizer que a ditadura militar não existiu.
Mas existiu sim. E você vai ser derrotado, "Parmito" medíocre.
E nada dito aqui é ofensa!