30 de maio de 2022

Matam Genivaldo todos os dias


Não é surpresa para ninguém que o Inominável tenha chamado Genivaldo de Jesus Santos de marginal. Surpreendente seria o inverso. Mas deixa o Brasil estupefato nós sabemos que muitos "genivaldos" são mortos todo os dias em todos os locais desse País, contanto cumpram com alguns requisitos, digamos básicos: sejam pobres, negros, morem em regiões muito carentes (favelas), não se vistam bem e se recusem a cumprir cegamente as ordens dos agentes públicos.

O homem assassinado era doente mental, tomava remédio controlado, foi parado pela Polícia Rodoviária Federal porque estava pilotando motocicleta sem capacete e com toda a certeza, depois de cumprir as primeiras ordens da PRF, se insurgiu por puro medo. Infelizmente, e é preciso admitir isso, os órgãos policiais brasileiros são reconhecidos por grande parte da população como inimigos.

Pilotar sem capacete o Inominável faz quase todos os dias e não apenas jamais foi parado pela PRF, mas em inúmeras ocasiões acabou sendo escoltado por ela. Os pobres não têm essa sorte. São assassinados como aconteceu com Genivaldo e depois desse último episódio, alguns casos estão vindo a público, pois denúncias são feitas agora que a coragem supera o medo de morrer sem que os assassinos sejam identificados para pagar, mesmo com a mais alta autoridade do Brasil os chamando de marginais.

Recentemente houve mais uma chacina no Rio de Janeiro. Eram criminosos os mortos? Que fossem, mas tudo indica que alguns foram executados. No penúltimo episódio dessa natureza isso ficou provado com as investigações e filmagens feitas. Pouco importa aqui se alguém acha que bandido bom é bandido morto porque a diferença entre o bandido e o mocinho é que o segundo segue religiosamente as leis até mesmo por dever de ofício. É isso o que difere um do outro.

Nós  moramos num país onde os agente públicos armados acham que podem matar impunemente atropelando todos os textos legais. Que tragédia! Mais "genivaldos" vão ser mortos por tortura, pura crueldade, na frente de todo mundo, em plena luz do dia e em via pública.          

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23 de maio de 2022

Sua excelência o factoide


Hoje mesmo o presidente da República promoveu novo ataque aos governadores, tentando mais uma vez transferir a eles a responsabilidade pelos aumentos do preço dos combustíveis. Ele mente, sabe disso e insiste porque, como diziam os próceres do nazismo, uma mentira repetida inúmeras vezes se torna verdade. E levar a discussão a esse terreno, também ele sabe, muda a discussão de esfera: ela sai do desemprego, da crise econômica, do desencanto do país para outro terreno menos pantanoso.

O presidente se recusa terminantemente a aceitar os princípios do pacto federativo que regem o Brasil nos campo político e econômico. O que é isso? Trata-se de um conjunto de dispositivos constitucionais que desenham a moldura jurídica, as obrigações financeiras, a arrecadação de recursos e o campo de atuação dos entes federados: União, estados e municípios. O poder é compartilhado porque assim se
determinam os limites entre uma atuação e outra. Nada é e nem pode ser absoluto.

Mas como enfiar isso na cabeça tosca de um sujeito que já fez diversos pronunciamentos dizendo-se amante da ditadura militar de 1964, da tortura e do assassinato de inimigos? Mas que hoje veste a fantasia de democrata de véspera de eleições, pregando uma liberdade na qual jamais acreditou?  Ele apenas e tão somente quer o poder pelo poder e sua continuação no cargo de presidente da República depois das eleições de outubro. Por isso constrói factoides a cada dia que passa, buscando fazer virarem verdade as mentiras que diz todo dia. Como, por exemplo, a de que a Amazônia está sendo preservada!

Esticar a corda é sua preocupação diária, sua maior fixação. Não aceitar as regras democráticas tornou-se um mantra para esse indivíduo que só ainda não deu um golpe de Estado no Brasil porque a parte mais responsável das Forças Armadas nega-se a embarcar com ele nessa aventura.

Factoide é uma informação falsa ou não comprovada e que é aceita como verdadeira em função de sua repetição sistemática. Isso dá certo em situações nas quais o esquema montado pode contar com o apoio dos meios de comunicação comprometidos com ele. Não é o caso de hoje. Que ódio isso provoca no projeto de ditador de aldeia travestido de democrata! Então a única solução para ele é continuar esticando a corda e gerando atritos diários e repetidos. Afinal, governar ele não sabe.                   

11 de maio de 2022

Compromisso com o golpe


Parece totalmente  fora de dúvida que Jair Bolsonaro quer o golpe de Estado. E aos poucos vai se cercando de militares de alta patente, todos ávidos por dinheiro e poder, para concretizar seu intento. Já não é mais possível disfarçar, fingir que ninguém está vendo: o sujeito não aceitará deixar a presidência da República por via pacífica após as eleições de outubro e talvez tente estuprar a democracia antes disso. Basta ele sentir que suas chances de vencer as eleições são muito pequenas ou nulas.

São falsos, sempre foram, seus discursos em nome da liberdade. No passado não remoto ele deu várias entrevistas se dizendo a favor da ditadura, da tortura e da morte de adversários políticos. A imagem acima, que reproduz uma declaração dele, é mostra clara disso. Pior: todos os mais chegados ao poder sabem com quem estamos tratando hoje, inclusive alguns jornalistas canalhas que se aproximaram dessa fera para obter favores e os estão conseguindo em diversas bolhas de noticiário fraudulento. Um deles, patife até a medula, foi a um restaurante e Brasília vestido com uniforme militar camuflado.

Os questionamentos acerca das urnas eletrônicas, recorrentes, irritantes e inócuos, são uma forma de esticar a corda, tensionar, não permitir que o País saia da crise fabricada pelo presidente com o único intuito de criar um clima pró golpe e tirar a atenção dos brasileiros de seus verdadeiros problemas que passam pela debacle econômica vivida hoje e os constantes escândalos de corrupção registrados todos os dias. Hoje mesmo a Folha de S. Paulo noticia que os generais e serviço do governo ganham cerca de R$ 300 mil a mais por ano que os demais oficiais militares, estejam eles na ativa ou na reserva.

Isso tudo é um escândalo.

Precisamos ficar atentos. Temos que reagir. Denunciar todos os dias os planos maquiavélicos do Capetão para tornar muito difícil que ele destrua nossa democracia. O fato de hoje não contar com a ajuda expressa dos Estados Unidos já é alguma coisa. Mas não tudo. Cada um de nós, brasileiros, temos que lutar contra isso e a favor de eleições livres como estão sendo projetadas pelos TSE com todos os requisitos de segurança possíveis e imagináveis e resistindo a pressões espúrias.

Os patriotas somos nós e não os que sonham com o golpe.        

5 de maio de 2022

Lula pode perder para Lula

O ex-presidente Lula tinha grande vantagem sobre o presidente Capetão na corrida pelo Palácio do Planalto. De bobagem dita em bobagem dita quase todos os dias essa dianteira está indo para o ralo. Para o buraco. Ou os assessores do PT convencem seu candidato a parar de falar besteiras e o preparam melhor para entrevistas importantes como a dada à revista "Time" ou seu mais forte opositor não vai precisar mais chorar o leite derramado como nessa charge acima.

É coisa parecida com o que faz Ciro Gomes. Estava na cara que a ida dele a uma feira do agronegócio no interior de São Paulo provocaria protestos com falta de educação e civilidade por parte do gado bolsomínion. Aconteceu e ele reagiu com um soco no agressor. Também não pode. Só se reage no tapa quando se sofre agressão física. Nas demais situações ou a reação é verbal ou nem deve existir.

O comando da campanha petista passa hoje pelos mesmos problemas de sempre: todo mundo quer aparecer, mandar, dar "pitaco", exercer postos de comando. Não pode porque tribo com mais cacique que índio comum nunca deu certo. O primeiro erro do PT talvez tenha sido o afastamento de Franklin Martins, pois ele é muito capaz. A indefinição que se seguiu a isso acaba sendo pior.

O presidente Capetão conseguiu se cercar de gente competente na área do comando de sua campanha, sobretudo não dando mais o protagonismo de decisões estratégicas ao seu filho do meio. Até quando isso vai durar é impossível prever porque nas familícias como a atual o protagonismo também é disputado com ferocidade. E de ferocidade o gado bolsomínion entende, e muito bem.

Lula corre o risco de perder para Lula. E pelo menos no que toca a mim esse era um risco que eu sabia ser quase certo. Dizer que Zelenski é tão culpado quanto Putin pela guerra e se recusar a fazer análise econômica do momento atual do Brasil não pode acontecer. Não é difícil discorrer sobre a economia brasileira de hoje e qualquer assessor competente da área ajudaria.

Enfim, ainda falta muito para as eleições, a economia brasileira está nas cordas, o desacato à Justiça parece norma de conduta para a chefia de governo, os escândalos se sucedem, a inflação dispara e os erros parecem não mais ter fim. Talvez a sorte de Lula resida no fato de que o Brasil está mal, muito mal, não há competência mínima no governo e Bozo é capaz de produzir mais idiotices que seu opositor.

Se isso não acontecer e a terceira via se recusar a surgir sobretudo com Ciro Gomes à frente, aí sim Lula vai perder para Lula nas eleições presidenciais de outubro.