30 de janeiro de 2024

O PIX e o "esculachado"


O Brasil, por seus representantes mais torpes, vem se notabilizando por enfrentar normas constitucionais em defesa de interesses privados e corporativos. Isso acontece hoje no caso da invasão de competência da ABIN e da "criação" das emendas PIX por parte dos políticos federais para envio secreto de verba pública a prefeituras nesse ano de eleições municipais. O ex-presidente novamente flagrado cometendo crimes reage da forma como sabe e é de seu nível: está sendo "esculachado"!

Sem revelar o nome, digo que conversei com uma pessoa responsável pelo assessoramento direto a um prefeito de município importante do Espírito Santo. Ele disse claramente que "os PIX de transferência de dinheiro das emendas parlamentares são usadas para que prefeitos as paguem em "custeio". De quê? Da contratação de pessoas que vão trabalhar nas campanhas, usar a máquina pública para reeleger esses prefeitos dos municípios de interesse daqueles que lidam com esse dinheiro que vem dos impostos pagos pelos cidadãos". Isso é ilegal, mas de que importa?

O STF considerou inconstitucional o orçamento secreto, mas a classe política jamais aceitou isso. Primeiro emparedou o atual presidente da República para que ele liberasse o dinheiro por intermédio das verbas parlamentares ou outros meios. Depois e agora, para que tudo voltasse a ser secreto via PIX. Ficou a mesma coisa ou pior, porque o avanço da classe política sobre o orçamento da União se tornou acintoso. A única saída é mais um recurso ao STF para que esse volte a considerar essas práticas como inconstitucionais. Ou isso ou então o Executivo não será mais quem controlará o orçamento federal. O Judiciário vai ser novamente acusado de intromissão em outro Poder, mas dane-se. Não há alternativa.

Essa aberração surgiu quando o ex-presidente genocida e inelegível ficou nas mãos do Congresso, mais precisamente nas do presidente da Câmara, Artur Lya, e teve que ceder a cada dia mais poder ao Legislativo para não sofrer processo de impeachment. Esse sujeito que ontem, barriga de grávida de oito meses (foto) ao lado do filho Carluxo teve que fugir de lancha em Angra dos Reis descartando provas no oceano, é um criminoso contumaz. Difícil continuar entendendo como ele ainda não está preso. Talvez seja porque fala sempre em seu linguajar chulo, de individuo vindo da sarjeta, e se defende dizendo que está sendo "esculachado".

Isso é linguajar de ex-presidente? No caso presente, sim. Nós, os brasileiros, elegemos essa pústula na calda de cometa do ódio ao PT quando se findou o governo Dilma/Temer. Ele passou quatro anos enfrentando a Constituição. Não satisfeito, lançou tentáculos que ainda hoje estão presentes em organismos de Estado como a ABIN. E para defesa pessoal, dos filhos e de interesses inconfessáveis. Chega!

É hora de o Judiciário ser provocado para se manifestar contra o desrespeito à decisão de considerar o orçamento secreto inconstitucional. Via OAB? É hora de a Justiça dar um basta à sequência de ilegalidades do clã Bolsonaro. De outra forma eles não vão parar. Nem o ex-presidente desqualificado, nem o Congresso oportunista por seu representante maior, Artur Lyra.        

26 de janeiro de 2024

Só não deu certo...

A gente ria vez ou outra. Um prefeito de Guarapari resolveu filosofar para homenagear seu balneário: "Guarapari, país calmoso e hereditário. Onde se respira o ar puro por consequência. De um lado um oceano marital e do outro um oceano matagal". De outro caso fui testemunha. O prefeito queria mostrar as obras de seu governo e encomendou um vídeo. Mas ficou grande porque "as minhas 'realização' são muitas". Então ele resolveu diminuir para deixar "na faixa etária dos dez minutos".

Era engraçado. Marinho Delmaestro, figura folclórica, foi ao Maracanã ver um jogo do Botafogo e ouviu os torcedores gritando: "Marinho, Marinho..." Era para Marinho Chagas, lateral esquerdo. Mas o político voltou impressionado com "a responsabilidade que tenho 'sob' os ombros". Em outra ocasião, discursou contra a riqueza em contraposição com a pobreza: "porque, meus 'amigo', enquanto os 'rico' dormem em cama com colchão de mola, os pobres estão no catre de pau duro". E por aí vai...Um prefeito de Cariacica discursava e começou a ser vaiado. Não aceitou: "É por isso que essa merda não 'progrede'....

Por que a política perdeu a graça? Porque nós retiramos a extrema direita do esgoto. Antes votávamos mal, mas elegíamos vez ou outra gente inculta, com quase nada de ensino formal, mas boas intenções. De 2018 e de lá para cá os nossos púlpitos municipais, estaduais e federais ficaram recheados de pessoas com ódio, a maioria das quais se especializou em usar redes sociais para disseminar sua raiva. E elas não têm apego algum ao que chamamos de "Estado Democrático e de Direito".

A última novidade foi a utilização da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para arapongagem. Tudo rigorosamente ilegal. Com um presidente da República à frente das ações golpistas os atos foram praticados ao longo dos quatro anos de mandato dele para que uma ditadura militar o mantivesse poder no caso de não reeleição. A última, a derradeira tentativa depois de uma horda de idiotas ficar durante meses à frente de quarteis de instituições militares foram os atos espúrios de 08 de janeiro de 2023.

Todos, rigorosamente todos merecem ir para a prisão, a começar pelo ex-presidente. Eles trabalharam o tempo todo pelo caos, pela destruição de nossas caras instituições civis garantidoras do ordenamento democrático - vejam-nos nos palanque, a maioria deles nessa foto - e acreditavam que teriam sucesso em sua empreitada. Só não deu certo...
  

12 de janeiro de 2024

O genocídio palestino existe


A imprensa nacional brasileira está toda voltada contra a posição da nossa chancelaria, que apoiou a denúncia da África do Sul contra Israel, acusado de genocídio do povo palestino na guerra que se desenrola desde o início de outubro último. Para a maioria dos meios de comunicação controlados pela elite nacional, a posição do Brasil quebra uma tradição de neutralidade e "equilíbrio" nas questões internacionais. E mais: não podemos mais ser interlocutores em conflitos entre países. Será?

Se recuarmos a 18, 19 e 20 de setembro de 1982 estaremos diante de um fato incrível: a milícia maronita libanesa de Elie Hobeika invadiu os campos de refugiados de Sabra e Chatilla e matou mais de 2.400 palestinos libaneses indefesos. Para fazer isso, contou com a ajuda do exército de Israel que cercou os campos impedindo que as pessoas que seriam mortas, na sua maioria mulheres, velhos e crianças, pudessem fugir. Esses fatos se deram logo depois de o líder libanês Bashir Gemayel ser assassinado num atentado a bomba no Líbano. Diretamente envolvido no massacre, Israel foi acusado de genocídio pela primeira vez na ONU. Mas ficou impune graças ao direito de veto dos Estados Unidos no Conselho de Segurança.

Desde sua criação em 1948, Israel só fez expandir ilegalmente suas fronteiras com a ajuda da extrema direita judaica que acredita serem os judeus donos de toda a região da "Grande Israel". E o país foi crescendo sobre milhares e milhares de cadáveres. Quando da criação do Estado judeu a ONU recomendou - mas não determinou - que a Palestina também fosse criada. No desenho original as terras dadas aos judeus à revelia da vontade dos povos que moravam na região já eram muito maiores do que as que ficariam com os palestinos, moradores seculares das terras e muito mais numerosos. E os governos que se sucederam em Israel, afora o comandado por Menachem Begin, jamais tiveram a intenção de reconhecer a Palestina e conviver com ela em dois estados soberanos.

A história é longa, mas vamos reduzir: desde há décadas os judeus babam de vontade de tomar para si a Cisjordânia. De uns tempos para cá, de modo desavergonhado, foram ocupando a região aos poucos de forma ilegal e enviando colonos para lá. Muitos palestinos chegaram em casa e descobriram que ela não era mais sua. Família judaicas estavam instaladas nos lugares tomados à força. Quando as nações que lutam pela legalidade nas relações internacionais vão denunciar esses crimes?

Isso justifica o ataque do dia 07 de outubro? Não, mas o explica. Muitos movimentos palestinos, sobretudo o Hamas que é sunita, se recusam a aceitar a agressão. E promovem outra ainda maior. Esse movimento é chamado de terrorista pela mídia ocidental. Nas grandes corporações jornalísticas, sobretudo do Brasil, repórteres, editores e comentaristas têm que usar o termo "terrorismo" ao se referirem a atos de Hamas. Mesmo se discordarem. Mas Israel jamais é alvo da mesma classificação, apesar de suas ações atuais tirarem a vida de milhares de crianças palestinas, como as da foto. O estado judeu, não obstante, se tornou um estado terrorista e o que acontece em Gaza é mesmo genocídio.

A posição do Brasil está correta! 

9 de janeiro de 2024

Os insensatos


Tudo o que havia para ser dito sobre o 8 de janeiro de 2023 (foto) foi falado ontem. As TVs - sobretudo - passaram o dia todo transmitindo de Brasília ações alusivas ao primeiro ano dos fatos. Ao final da programação, já tarde da noite, foi a vez de serem focalizadas as tentativas de reconstrução da realidade por parte dos bolsonaristas mais fanáticos que rezam para pneu e esperam a ajuda dos extraterrestres. Eles insistem em que aconteceu no Brasil um legítimo protesto contra uma eleição fraudada, embora todas as evidências apontem em sentido contrário. Aconteceu, sim, uma tentativa de golpe de Estado.

E isso não foi um fato isolado, gestado espontaneamente. Guardo na lembrança as imagens do então presidente da República montado em um cavalo na Esplanada dos Ministérios, qual um Napoleão de hospício, saldando seus correligionários. Ou então ele na Avenida Paulista montado num palco garantindo aos que haviam lotado a avenida que não mais respeitaria ordens do Supremo Tribunal Federal. Tudo isso era parte do projeto de não passar o poder aos adversários, sobretudo Lula caso não conseguisse se reeleger. Estava tudo programado pelo Gabinete do Ódio do Palácio do Planalto.

Tenho hoje a mais clara convicção de que esse ex-presidente tinha certeza de que o golpe viria caso ele não conseguisse, como tentou seguidamente, vencer a eleição por meio normal. Normal que a gente diz é comprando votos, bloqueando estradas e atacando não apenas o Supremo Tribunal Federal, mas também as urnas eletrônicas que tentou desacreditar o tempo todo para levar o povo a crer que haveria fraude. Quase houve realmente, mas ela vinha do outro lado, daquele grupo de insensatos que ajudavam o Bozo maluco na sua tarefa de tentar destruir a nossa frágil (?) democracia.

E ele esteve perto de conseguir. Se a ala das Forças Armadas sem ligação com a legalidade tivesse conseguido convencer o alto comando a embarcar na aventura estapafúrdia do golpe nós estaríamos hoje num regime de exceção tão grave ou até pior do que aquele que nos infelicitou de 1964 a 1985. Sim, até pior porque o ex-presidente tem menos escrúpulos do que os ditadores que se revezaram no poder ao longo dos 21 anos de nossa última e mais cruel ditadura militar.

Mas eles perderam. Os insensatos - e estou usando um temo leve - lambem suas feridas. Tomara terminem todos a fazer isso na Papuda.       

4 de janeiro de 2024

Salve Júlio Lancelloti!


Um dia da semana passada fui almoçar num restaurante aqui do bairro de Jardim da Penha onde moro, em Vitória. A comida é boa e a gente é servido em mesas colocadas na calçada. Estava comendo quando um morador de rua me abordou dizendo que estava com fome. Pedi que um prato fosse servido a ele. Então mais dois dos inúmeros homens e mulheres que vivem nas nossas ruas vieram pedir também e tive que dizer que não poderia dar comida a todos. Um deles me xingou de "riquinho filho da puta". Continuei a comer normalmente, mas confesso que o alimeto teve gosto ruim daí em diante.

Por que a gente miserável e capaz de odiar os pobres do Brasil quer atacar o padre Júlio Lancelloti? Ele luta dia a noite, todos os dias, para minorar a dor daqueles que passam fome nas ruas de São Paulo. São iguais aos daqui, sem diferença alguma. Fazem isso para ganhar as eleições? Para aparecerem como heróis aos desqualificados da extrema direita? Eles nunca pensaram em abrir CPI para investigar os "bispos" e "pastores" das falsas denominações evangélicas interessados apenas em enriquecer, em não pagar impostos e em retirar dinheiro do Brasil escondido em aviões executivos para levar ao exterior. São oportunistas da pior espécie, criminosos como esse vereador de São Paulo que é capaz de gastar milhões de dinheiro público em festas e viver de atacar a honra alheia.

Sou ateu convicto. Mas também pessoa convicta da necessidade de defendermos gente como o padre Júlio Lancelloti. Sem ele a vida do povo das ruas seria ainda mais duro do que já é. Com o pouco que sei sobre religião, sobretudo com relação à católica, entendo que o homem nascido numa manjedoura há pouco mais de dois mil anos falava a língua desse padre e não a da gente odiosa e capaz de discorrer sobre Deus com armas na cintura e sentindo ódio daqueles que não comungam com seus pensamentos. Eles são aliados do falso messias que governou o Brasil até faz pouco tempo, pregando o ódio entre as pessoas e provocando a desunião de amigos, parentes, até pais e filhos.

Não há de ser o governador de São Paulo, preocupado em promover "excludente de ilicitude" nas polícias de seu Estado quem vai lutar pelo povo das ruas. Isso continuará entregue às pessoas que têm no amor a próximo sua profissão de vida. Aqueles que se sentem agredidos também com as muitas tentativas de destruição do Estado Democrático e de Direito do Brasil acontecidas recentemente e denunciadas como fez ontem o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Acreditem: nós vamos vencer todas as adversidades em nome de um princípio basilar: justiça social.

Salve Júlio Lancelloti!