14 de novembro de 2006

Demagogia de palanque

Segunda-feira, 13 de novembro de 2006. Fazendo campanha para o "companheiro" Hugo Chavez na Venezuela, o presidente Lula voltou a investir contra "as elites" e contra a "imprensa". Segundo ele, tem sofrido cerrado fogo por parte de grande parte dos órgãos de Comunicação, e por puro preconceito.
Vamos colocar as coisas nos devidos lugares. "Imprensa" é jornal, revista. Rádio, televisão e outros como a Internet, não são imprensa. Não são impressos. Mas me parece muito pretender impor essa "sutil" observação ao presidente. Os órgãos de Comunicação estariam investindo contra ele.
Mas, interessante, ele só diz isso, só faz esse tipo de discurso, de ataque feroz, quando está no exterior. No Brasil, escorrega daqui, reclama dali e vai tocando o barco. Vez ou outra alguém que lhe faz vassalagem sugere premiar a "imprensa amiga" com polpudas verbas de publicidade. Sugestão de suborno explícito que ele, escorrega daqui, reclama dali, vai levando na barriga.
Mas cheguemos ao que interessa. O presidente vive num regime de Estado de Direito. Aqui imperam as leis desde 1985. Ora, presidente, processe quem o agride. Invista legalmente contra aqueles que o denigrem.
Ou isso ou então tudo não passa de demagogia de palanque.

8 de novembro de 2006

Bolsa Família, a camisa-de-força

Assistencialismo é política frágil. Com princípio, meio e fim. E quando essa vida útil não tem uma programação clara, o fim costuma ser trágico. O que tento dizer é que o Bolsa Família, nau capitânea de casco furado da política social do governo brasileiro, pode se transformar em camisa-de-força por não exigir claramente uma contrapartida daqueles que o recebem, nem um prazo para ser encerrado. Tanto com o cumprimento dessa contrapartida, quanto em caso contrário.
Assistir é dever do Estado. Sobretudo em épocas de economia recessiva. Mas assistir somente, indefinidamente, torna-se risco grave. No caso brasileiro, já custa a transferência de verbas de vários outros setores. Vide, por exemplo, o caso do apoio ao tráfego aéreo, comprometido por falta de pessoal e equipamentos obsoletos.
Um Bolsa Família sério deveria assistir aos mais carentes com o compromisso de que estes, num prazo "X" de tempo, se habilitassem a alguma atividade econômica capaz de dar-lhes autonomia de vida. E ao governo caberia dotar cada família de meios e modos de desenvolver esse esforço. A recolocação das pessoas no mercado de trabalho ou a negativa de algumas de participar de cursos profissionalizantes ou similares, simplesmente interromperia a ajuda do governo.
A ninguém interessa a existência de um Estado esmoler. Um Estado que sustenta parte de seus cidadãos abaixo da linha da pobreza, sem perspectiva futura alguma. Se um dia a casa cair, cairá na cabeça destes e da imprevidência e do populismo do Estado.
É bom pensar nisso. Agora que a eleição foi ganha à custa dos mais pobres e com o custo da promessa a estes do Paraíso. Ele não virá, é certo. Mas pode chegar para todos os brasileiros uma era de oportunidades ao menos parecidas. Só que tal era custa trabalho honesto, voltado para a construção de um país onde todos possam gerar riquezas, inclusive aquelas, fiscais, sustentadoras da voracidade oficial.