5 de dezembro de 2008

Pauperismo metafórico


O dia 04 de dezembro de 2008 foi triste para a história brasileira. Falando no Rio de Janeiro, em público, com imagens de TV sendo gravadas, o presidente Lula comparou a crise econômica mundial a "uma diarréia" (que classe!). Imaginou-se um "Dom Quixote pregando sozinho o otimismo." (nunca deve ter lido Dom Quixote!). E completou justificando esse otimismo usando de mais um artifício de metáfora insana: perguntou ao público se eles preferem que o médico, ao receber o paciente grave, diga a ele que vai tratá-lo com remédios ou, então, que afirme: "Meu...sifu!". Foi o fim da picada.


São de Lula, sobre a crise econômica atual, as seguintes afirmações:


30 de março de 2008: ”Bush, meu filho, resolve a sua crise”;
17 setembro 2008: “Que crise? Pergunta pro Bush”;
29 de setembro de 2008: “O Brasil, se tiver que passar por aperto, será muito pequeno”;
30 de setembro de 2008: ”A crise é muito séria e tão profunda que nós ainda não sabemos o tamanho”;
22 de setembro de 2008: ”Até agora, graças a Deus, a crise não atravessou o Atlântico”;
4 de outubro de 2008: ”Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”;
5 de outubro de 2008: “Queremos que esse tema da crise seja levado ao Congresso”;
8 de novembro de 2008: “Ninguém está a salvo e todos os países serão atingidos pela crise”;


Recordo-me de um jornalista, Walmor Miranda, que tinha algumas tiradas interessantes. Gostava muito do jornal A Gazeta, onde trabalhava, e quando via alguém fazendo alguma coisa que pudesse prejudicar ou comprometer sua empresa, dizia: "Coitada d'A Gazeta!"


Faz muitos anos que o velho Walmor morreu. Mas hoje sinto vontade de dizer, diante desse pauperismo metafórico que não impede o presidente de bater recordes de popularidade ao mesmo tempo em que coleciona uma incrível quantidade de besteiras e insanidades ditas em público, o inevitável:


- Coitado do Brasil!