22 de junho de 2009

A culpa é do mordomo


Roseana Sarney, descobriu-se no final da semana passada, tem um mordomo particular que ganha mais de R$ 12 mil mensais. Mas o dinheiro não sai da conta bancária da "proba" governadora do Maranhão. Sai da minha e da sua conta bancária, leitor. É verba pública. Dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos.
A crise de honestidade e de ética é do Senado, sim. Também da Câmara Federal. Também dos legislativos estaduais e municipais. Não é só do presidente do Senador, José Sarney, como ele disse em um discursos semana passada. Mas é preciso assumir, presidente Sarney, que o senhor é o "cappo di tutti cappi". O grande chefe!
É imensa a lista de imoralidades do Senado da República. E ela tende a crescer, e muito, porque há milhares de coisas por surgir. Milhares da acusações por serem feitas. Milhares de danos causados ao erário por serem reparados. E isso precisa ser feito em nome da decência e dos valores republicanos que o Legislativo brasileiro desrespeita.
A crise não é de Sarney somente; é do Senado.
Mas o neto que ganhava dinheiro público é de Sarney. E o mordomo que recebe uma fábula para trabalhar na casa de Roseana, serve à filha de Sarney.
Ora, bolas. Como bem disse o presidente Lula, o presidente do Senado não é um homem comum. Seu neto, obviamente, também não. Sua filha, menos ainda. O único homem comum nesse pequeno imbroglio que cito aqui é o mordomo.
Obviamente, a culpa é dele!

19 de junho de 2009

O vilipêndio


Há quase 40 anos, quando comecei a trabalhar como jornalista, a regulamentação da profissão era coisa recente. E as redações de jornais estavam pontilhadas de pessoas com baixa escolaridade e de outras que faziam da atividade jornalística um "bico". Meio de ganhar dinheiro até se formarem ou se firmarem em outras atividades.
Os salários eram miseráveis. Não havia união da categoria. E uma luta intensa teve de ser travada até que a profissão mostrasse sua cara, começasse a revindicar, crescesse intelectualmente e ocupasse seu lugar na sociedade. Foram os jornalistas a linha de frente da luta contra a ditadura militar, a violência do Estado, a falta de democracia.
O Supremo Tribunal Federal tornou nula a regulamentação da profissão de jornalista atendendo a anseios do baronato que dirige os principais órgãos de Comunicação do País. Os mesmos que estavam ao lado da ditadura quando contra ela lutavam os jornalistas. Inclusive em defesa da dignidade da Justiça, então diariamente vilipendiada.
A decisão do Supremo não assegura a liberdade de expressão. Por ela, repito, lutaram os profissionais dos meios de Comunicação. Liberdade de expressão existe de fato e de Direito desde 1985. E nem o jornalismo é uma atividade pequena, que pode ser exercida por pessoas de baixa escolaridade. Com conhecimento geral quase igual a zero.
A decisão do STF é um vilipêndio. Um atentado à sociedade. Uma agressão a uma categoria profissional que lutou pela democracia e pela dignidade das demais profissões.
O presidente do STF só está certo quando diz que os cursos superiores de Comunicação não garantem a dignidade de ninguém. Isso é correto. Da mesma forma que o estudo de Direito também não consegue isso. Os últimos escândalos envolvendo magistrados dos mais diversos lugares, inclusive das altas Cortes, falam por mim.