30 de agosto de 2006

As licões de Lula

Fale a linguagem daqueles que você quer atingir e eles o ouvirão.
O "fenômeno" Lula, o do homem coberto de denúncias que deve se reeleger presidente da República no primeiro turno, pode ser explicado rapidamente: ele é compreendido pela maioria do eleitorado brasileiro, justamente aqueles que os políticos profissionais visitam antes das eleições e se esquecem depois. "Eu sou um retirante nordestino", diz ele. E diz falando a essa maioria.
Um certo dia, aqui em Vitória, fui a uma oficina de reparação de refrigeradores. Uma oficina pobre, de subúrbio. O mecânico estava reclamando dos políticos. Dizia que um determinado candidato ao Senado, Camilo Cola, podre de rico, havia visitado a oficina dele, "sentado a bunda" na cadeira, prometido mundo e fundos e depois desaparecido como que num passe de mágina. Mas levou o voto do pobre homem, num caso clássico e costumeiro de estelionato eleitoral.
Lula incontestavelmente tem carisma. Sua política social, cheia de defeitos, é melhor do que todas as anteriores somadas. E ele pode ser chamado de inculto, de inconveniente, de populista e demagogo. Mas não de incompetente. É inteligente.
Seu "fenômeno" poderia e deveria ser melhor estudado por todos aqueles que estão hoje perplexos com o que acontece no Brasil. Porque, caso contrário, vai se repetir mais adiante. Não tenham dúvidas. Sempre acontece isso quando o homem não aprende com as licões da história. E a de hoje é exemplar.

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