4 de novembro de 2008

O desafio dos Estados Unidos


Faz muito tempo: Cassius Clay (esse moço aí ao lado), que logo depois se tornaria Muhammad Ali ao se converter ao islamismo, pontificava no boxe onde era campeão mundial dos pesos pesados. Estava invicto e já era comparado a Rock Marciano, que nas décadas de 1940/50 foi considerado o maior boxeador de boxe de todos os tempos nos Estados Unidos.

Como o computador também se firmava naquela época, alguém teve a idéia de remeter ao melhor de todos de então os dados dos dois lutadores. O computador "aprendeu" boxe e foi programado para fazer uma luta hipotética entre Clay e Marciano. Depois de algum tempo, deu o veredito: Rock havia vencido a luta por pontos. Por poucos pontos, mas venceu.

Foram perguntar ao perdedor - pois o ganhador já havia morrido num acidente aéreo - o que ele achava do resultado. Cassius, que era negro, respondeu: "Esse computador foi construído no Alabama". Numa alusão ao racismo exacerbado daquele Estado norte-americano. Rock Marciano, primeiro ídolo real do boxe no país, era branco.

Isso se passou décadas atrás. Quando ainda havia, nos Estados Unidos, banheiros para brancos e negros. Colégios para brancos e negros. Ônibus para brancos e negros. Cassetetes policiais para brancos e negros. Hospitais para brancos e negros. Numa época em que os "afro-americanos" ou "coloreds" não tinham direito algum.

Os tempos mudaram, as leis também, pessoas como Martin Luther King morreram por um país mais digno, mas mesmo assim os Estados Unidos - como de resto em parte também o Brasil - ainda não são um país de liberdades e igualdades raciais. Esse é o desafio que Barak Obama representa. O de ajudar os EUA a virarem a página. Se eles querem o reconhecimento do mundo, devem começar essa tarefa respeitando seus próximos compatriotas, suas diferenças e sua sociedade multi-racial. Depois vai ser mais fácil obter o respeito fora de lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom lembrar Cassius Clay, símbolo da resitência negra nos EUA. Só esperamos que o Obama consiga terminar o(s) seu(s) mandato(s) sem ser adssassinado antes.
Parabéns pelo blog.
Abraços,
Ruy Perini