14 de julho de 2009

O "dono do pedaço"


No bairro da Praia do Canto, em Vitória, região de classes média alta e alta, há um condomínio chamado Residencial Parque Palos Verdes. Fica numa região nobre e consta de dois prédios. Um dias desses, poucos dias atrás, a síndica viu-se diante de um homem negro, obeso, calçando chinelos de dedo, bermuda e camisa molhadas, flanela nas mãos. E ele disse:
- Dona "fulana". Quero reclamar de dona "sicrana", moradora desse condomínio. Ela tem quatro carros, só uma vaga de garagem. Deixa todo dia três carros na rua, atrapalhando meu espaço de ganhar dinheiro!
E exigiu providências. Era o "dono do pedaço".
O homem descrito acima é um flanelinha. E o fato narrado, real e me foi narrado pelo marido da síndica em questão. Mostra que ponto estamos chegando nas grandes cidades com a permissividade atual. Demagogicamente, deixamos de enfrentar o problema dos flanelinhas com o argumento de "problema social". Não é. Trata-se de extorsão e caldo de cultura de coito de bandidos. Se a Polícia fizer uma triagem naqueles indivíduos, vai descobrir que a maioria é velha conhecida. "Tem passagem", como se diz. Basta enviar "viaturas", também como se diz, para conferir o que digo.
Os flanelinhas mandam nas ruas. E nos cidadãos que pagam impostos. Pintam até faixas delimitadoras. Um deles, certa feita, empurrou um carro para bloquear o meu, ao lado do Palácio Anchieta, onde trabalha o governador. E explicou: "O senhor poderia ir embora sem pagar. São R$ 2,00." E esse era um bom sujeito. Outro disse a uma amiga minha que a "tarifa" era de R$ 7,00. Lavando ou não lavando o carro.
Um terceiro abordou um cidadão que parava seu veículo em Jardim da Penha, bairro classe média da zona norte de Vitória. O motorista, para não arranjar problema, disse a ele para "vigiar" o carro. Então, ouviu:
- Mas paga logo porque daqui a 10 minutos eu paro de trabalhar e vou embora.
Era fim de expediente!
A coisa não é engraçada. É séria. Não tanto quanto o Senado, mas merece atenção. Quando a cobra cresce muito, fica mais difícil controlar o dano que ela provoca. Nós já não temos, ao nosso lado, só o ovo da serpente. Ela nasceu, está crescendo e muita gente não a vê. Ou não quer ver.

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