29 de julho de 2009

Talentos em risco


Hoje, e essa afirmação não carece sequer de comprovação, é mais fácil passar nos mais concorridos vestibulares brasileiros do que ingressar no serviço público. As melhores colocações desta área são objeto de desejo de milhares de candidatos, muitos dos quais passam anos estudando e frequentando cursinhos específicos.
Então, podemos afirmar sem medo de errar: está ingressando atualmente no serviço publico brasileiro a nata de nossa intelectualidade. Os melhores técnicos de nível médio e os mais brilhantes formando de cursos superiores.
O que significa isso? Significa que corremos o risco de ver todos esses talentos serem desperdiçados, serem destruídos pelos vícios desse setor no Brasil.
Dentro em breve, a esmagadora maioria estará chegando ao trabalho às nove horas ou mais. Saindo dele no máximo às 17 horas. Estarão quase todos lutando por mais feriados, por "enforcamentos" dos já existentes e fazendo "cera" nas repartições. Feriados de terças-feiras "enforcam" as segundas. O das quintas-feiras, "enforcam" as sextas. E assim por diante. Aperfeiçoamentos profissionais serão raros. E dentro de pouco tempo, esses jovens servidores não serão mais os melhores. Estarão todos contando os meses, os dias, para a aposentadoria.
Muitos economistas e outros profissionais preocupados, como juristas, pedem uma reforma na legislação do serviço público. Com a instituição da meritocracia e a diminuição dos privilégios hoje existentes. Eles não levam ao crescimento. Ao contrário, encaminham o indivíduo à destruição de suas qualificações profissionais.
E os servidores se acomodam ganhando dinheiro público. Não trabalham graças aos nossos impostos. Deixam de crescer acreditando em despreocupados finais de vida.
Notem: todos os que se inscrevem nos concursos fazem isso porque terão "garantias" se aprovados. E essas garantias durarão o tempo que houver entre a contratação após o concurso e a aposentadoria. Um "sonho" de situação trabalhista!
O servidor público brasileiro tem que ser um agente de mudança. Da mudança dessa situação. Ele é o mais interessado, embora muitos não se apercebam disso!

14 de julho de 2009

O "dono do pedaço"


No bairro da Praia do Canto, em Vitória, região de classes média alta e alta, há um condomínio chamado Residencial Parque Palos Verdes. Fica numa região nobre e consta de dois prédios. Um dias desses, poucos dias atrás, a síndica viu-se diante de um homem negro, obeso, calçando chinelos de dedo, bermuda e camisa molhadas, flanela nas mãos. E ele disse:
- Dona "fulana". Quero reclamar de dona "sicrana", moradora desse condomínio. Ela tem quatro carros, só uma vaga de garagem. Deixa todo dia três carros na rua, atrapalhando meu espaço de ganhar dinheiro!
E exigiu providências. Era o "dono do pedaço".
O homem descrito acima é um flanelinha. E o fato narrado, real e me foi narrado pelo marido da síndica em questão. Mostra que ponto estamos chegando nas grandes cidades com a permissividade atual. Demagogicamente, deixamos de enfrentar o problema dos flanelinhas com o argumento de "problema social". Não é. Trata-se de extorsão e caldo de cultura de coito de bandidos. Se a Polícia fizer uma triagem naqueles indivíduos, vai descobrir que a maioria é velha conhecida. "Tem passagem", como se diz. Basta enviar "viaturas", também como se diz, para conferir o que digo.
Os flanelinhas mandam nas ruas. E nos cidadãos que pagam impostos. Pintam até faixas delimitadoras. Um deles, certa feita, empurrou um carro para bloquear o meu, ao lado do Palácio Anchieta, onde trabalha o governador. E explicou: "O senhor poderia ir embora sem pagar. São R$ 2,00." E esse era um bom sujeito. Outro disse a uma amiga minha que a "tarifa" era de R$ 7,00. Lavando ou não lavando o carro.
Um terceiro abordou um cidadão que parava seu veículo em Jardim da Penha, bairro classe média da zona norte de Vitória. O motorista, para não arranjar problema, disse a ele para "vigiar" o carro. Então, ouviu:
- Mas paga logo porque daqui a 10 minutos eu paro de trabalhar e vou embora.
Era fim de expediente!
A coisa não é engraçada. É séria. Não tanto quanto o Senado, mas merece atenção. Quando a cobra cresce muito, fica mais difícil controlar o dano que ela provoca. Nós já não temos, ao nosso lado, só o ovo da serpente. Ela nasceu, está crescendo e muita gente não a vê. Ou não quer ver.

3 de julho de 2009

O negócio da saúde


Vou falar sobre um assunto que não quer calar: a saúde virou um grande negócio no Brasil. E onde algo vira negócio um grande negócio, passa a visar lucro. E se passa a visar lucro, quem não tem como pagar a conta acaba morrendo de inanição.
O presidente Lula - estaria ele viajando hoje e agora? - costuma falar de improviso. São milhares e milhares de metáforas, a maior sobre futebol, a quase totalidade de baixo nível (mas é o nível dele, fazer o que?). Nunca o ouvi falando sobre projetos de governo, decisões políticas de grande escopo, visando a dar aos brasileiros um atendimento de saúde minimamente aceitável. Vez ou outra, determina algum vintém para o setor. Seu ministro da pasta está preocupado com a dengue e a gripe suína. E pensa, quem sabe, que o assunto saúde nasce e morre nesses dois pontos. O primeiro dos quais seria fácil de ser resolvido caso o Brasil tivesse, também, uma política nacional de saneamento básico sério.
Tenho um caso de doença na família. Foi preciso uma ordem judicial para que o plano que essa pessoa paga fosse obrigado a liberar um medicamento de alto custo. Dá prejuízo fazer isso sem ser à força. E saúde, repito, é um grande negócio.
Os hospitais públicos são pardieiros. Os médicos trabalham pouco porque ganham pouco nessa atividade, o que é economicamente compreensível, mas eticamente inadmissível. Não há equipamentos de ponta e pessoas morrem diariamente nas filas dos ambulatórios e setores de emergência. Por onde Lula nunca passa. Até porque está sempre viajando.
Aliás, ele quer ser substituído pela ministra Dilma Roussef. Que bom. A ministra tem a mesma doença do meu parente, mas se trata no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Lá só têm atendimento os que podem pagar ou detêm poder, como é o caso do vice-presidente José de Alencar, um doente terminal. E esse tipo de tratamento geralmente correm à custa de dinheiro público. Da velha e conhecida "viúva", mesmo quando a autoridade alega que seu plano de saúde é coberto com recursos próprios. Afinal, trata-se de dinheiro público.
Vamos lembrar a ela, à ministra, que a saúde está em estado terminal. E perguntar também que projetos ela tem para o setor. Se coloca as promessas no papel, assina e reconhece firma. Afinal, ela e os demais candidatos vão precisar do aval daqueles que morrem nas filas.
Dos que não morrerem as eleições, claro!