7 de janeiro de 2012

Estiagens, enchentes e os políticos amigos

Todos os anos, seja no final de um ou no início de outro, o brasileiro assiste ao espetáculo de estiagens capazes de prejudicar lavouras e pecuária, ou então a chuvas torrenciais que destroem cidades e áreas não urbanas. E todos os anos os brasileiros ouvem os políticos dizerem que tomarão providências para isso não acontecer mais. Falam, pirncipalmente, em palanques.
No caso das estiagens, deveria haver maiores ações de construção de barragens, de aumento da capacidade de irrigação via poços e outros recursos. Há soluções para isso e os países do chamado Primeiro Mundo já as utilizam. No caso das enchentes, é diferentes. Talvez haja poucos países no mundo onde as obras públicas sejam de tão má qualidade. Talvez não haja outros países no mundo onde os reflexos disso façam-se sentir tão diretamente no bolso do cidadão, sendo que a culpa não é dele. Minas Gerais está em estado de calamidade. O Espírito Santo também (primeira foto). Rio de Janeiro, idem. São Paulo (segunda foto) igualmente enfrenta reflexos duros.
No caso do Rio, uma "barragem" rompeu em Campos e inundou tudo. Uma comunidade teve de ser evacuada. Na verdade, era o aterro de uma estrada que servia como barreira de contenção para o Rio Muriaé. Não se faz isso em lugar algum sério do mundo. Diques são diques e construídos para tal. Pode-se até colocar uma estrada sobre ele mas não se pode fazer com que sirvam para isso. No caso fluminense, engenheiros dizem que a rodovia não teria a menor condição de conter a cheia do Rio Muriaé.
Há cerca de um ano uma tromba d´água acabou com cidades da região serrana do Rio de Janeiro. Alguns prefeitos colocaram no bolso o dinheiro das verbas de emergência destinada à reconstrução. Na China - e não a estou citando como exemplo - eles seria executados com um tiro na nuca e as famílias pagariam as balas. No Espírito Santo, as enchentes atingem sempre os mesmos lugares. Prefeituras promovem obras de emergência e depois os lugares enchem ainda mais. Uma prefeita capixaba, da cidade de Viana, colocou a culpa em São Pedro. Foi ele quem deixou chover dessa forma.
Uma "solução" foi encontrada. Em alguns municípios, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) será liberado para os prejudicados. Ou seja, a conta do prejuízo causado pela incúria pública vai ser repassada ao cidadão. Quando ele se aposentar sacará a merreca que sobrar.  
Mas vocês sabem o que leva essas coisas a acontecerem? No Brasil, uns dos maiores investidores das campanhas políticas são as empreiteiras de obras públicas. Elas despejam dinheiro a rodo. Então, depois das eleições, os contratos de obras públicas - e isso sem falar em que muitas licitações não passam de jogos de cartas marcadas - são feitas com todas as brechas possíveis e imagináveis para permitir que os trabalhos tenham qualidade mínima. Ou nenhuma. E também que custem mais do que uma obra elaborada somente com tecnologia de ponta. Quando os problemas começam a aparecer, faz-se remendos. E isso durante cinco anos. Depois, a responsabilidade não é mais do empreiteiro. Ele já embolsou o lucro e está enviando novos cheques para as campanhas políticas dos canalhas, digo melhor, dos políticos amigos.       

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