19 de novembro de 2016

Adriana Ancelmo e a Fecomércio-RJ

Adriana Ancelmo "escondida" pela árvore. (foto de O Globo)
A Fecomércio-RJ pagou cerca de R$ 13 milhões ano passado ao escritório da advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (não confundir com o outro Sérgio Cabral, pai deste). Que "serviços prestados" podem justificar uma soma absurda dessas de dinheiro que vem dos comerciários do Rio de Janeiro? É fácil explicar.
A Fecomércio-RJ, assim como as demais federações patronais estaduais de comércio é filiada à Confederação Nacional do Comércio (CNC), sediada no Rio de Janeiro, pertinho dos escritórios de Adriana. E a CNC, bem como suas filiadas estaduais, são feudos. Ao contrário das demais confederações e federações, no caso do comércio os presidentes se eternizam nos cargos graças ao controle absoluto das confederações estaduais. No caso destas, esse controle é exercido sobre os sindicatos patronais do setor. E isso vem de cerca de meio século.
A Confederação Nacional é "governada" pelo senhor Antônio Oliveira Santos - capixaba - há uma eternidade. Ele se reelege sempre, pois não há obstáculo legal a essa prática. No caso do Espírito Santo, o feudo atualmente pertence ao empresário José Lino Sepulcri, que tem por trás de si a figura do presidente regional do SESC, Gustman Uchoa de Mendonça, um jornalista. Amigo pessoal de Antônio Oliveira Santos é ele quem, na prática, dá as ordens.Há algum tempo, antes de uma eleição regional, todos os presidentes de sindicatos da categoria viajaram à custa da Fecomércio-ES a um hotel de luxo para "reuniões de trabalho". Estava então havendo uma reaçã
o ao continuísmo por parte de alguns presidente de sindicatos. O movimento foi contornar. Ou abortado, como preferirem.
Esse fato, esse feudalismo, compadrio ou coisa parecida, inexiste em muitos outros setores onde candidatos se apresentam a disputam eleições como deve ser feito. Mesmo quando o candidato é único, esse fato deriva de um acordo que pretensamente beneficia a categoria.
Mas no caso da CNC, o poder total, a não alternância, gera absurdos como o descoberto agora que o ex-governador está preso. O setor de comércio precisa se proteger contra esse tipo de coisa abrindo-se a eleições onde pessoas e ideias concorram. E assim deve ser feito em todos os setores. Se as investigações prosseguiram e o presidente da Fecomércio-RJ tiver que prestar informações à Justiça e ao seu setor, vai ser interessante acompanhar suas explicações.        

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