5 de dezembro de 2017

O teatro de absurdos da Previdência

Com contrato não renovado pela Globo, a atriz Maitê Proença (foto) não se aperta. Como filha de militar e com direito constitucional a receber pensão pela vida toda, ela simplesmente recebe. E cumpre fielmente os rituais da legislação que prevê esse benefício a filhas de personalidades do Judiciário, Legislativo, Executivo, órgãos militares, etc. No caso dela, permanece solteira.
Essa boquinha - ou bocona, dependendo do ponto de vida - custa R$ 3 bilhões aos cofres públicos brasileiros. Mais precisamente, à Previdência Social.
Magistrados, senadores, deputados federais e outras altas autoridades conseguem um feito: geram descendentes que, se quiserem, poderão passar toda a vida sem nunca dar um dia de expediente no trabalho. E ainda ganhando belos vencimentos ao final de cada mês. Recentemente, o Tribunal de Contas da União determinou que os benefícios fossem suspensos mas o Supremo Tribunal Federal, por intermédio de um de seus ministros, derrubou a decisão. Agora ela tem que esperar pela manifestação da Corte e não apenas de um de seus membros.
Como crer na reforma da Previdência tão defendida pelo atual governo diante de quadros como esse? Ele não é único. Existem diversos outros espalhados pelos três poderes da República. Somados, eles contribuem para que o deficit previdenciário atinja níveis estratosféricos.
Vamos combinar: a reforma da Previdência defendida pelo governo atende sobretudo e principalmente aos interesses do empresariado. Da mesma forma como a reforma trabalhista. Não por outro motivo, em todas as publicações brasileiras de circulação nacional defende-se com unhas e dentes as duas iniciativas. E alguma coisa me diz que quando todo o empresariado se une em defesa de alguma coisa, serão os mais pobres os derrotados.
É uma balela acreditar no que se diz diariamente, que a reforma da Previdência vai enterrar todas as desigualdades e defender os mais pobres. Da mesma forma, quando a Constituição de 1988 foi promulgada, ela previa uma cesta de contribuições como abastecedoras da Previdência. Aos poucos tiraram aqui, tiraram ali e sobrou apenas uma fonte de renda. Logicamente, insuficiente.
A Previdência tem que ser reformada. A legislação trabalhista, igualmente. Mas o que assistimos hoje é a um teatro do absurdo, onde os palhaços são os aposentados e pensionistas do  INSS.         

2 comentários:

Anônimo disse...

Concorodo plenamente. Os gordos salarios de juizes, militares entre outros que nunca contribuiram deveria ser o primeiro a ser reformado.

Mariana Caldeira disse...

Boa noite, Álvaro! Como vai?
Sou leitora do seu blog desde 2008. Creio que em meados de 2008, 2009, você criou uma postagem sobre telefonemas falsos, relatando inclusive um golpe do falso sequestro que você presenciou. Gostaria que "revivesse", ou atualizasse, ou até mesmo fazer uma nova postagem, porque anda tendo uma nova onda de números "piratas" perturbando as pessoas no Brasil, inclusive quem mora no estado de SP.
Eu amo o conteúdo que o senhor posta desde quando começou. É um dos blogs mais antigos que continuam na ativa que eu conheço. As suas opiniões e interpretações são sinceras e muito construtivas!