20 de junho de 2018

As pitonisas da Rússia

Um jornal da Alemanha fez uma charge sobre o intervalo de jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Rússia: aparecem vários jogadores em frente ao espelho, cada um cuidando do cabelo a seu modo. Não há técnico, orientação, nada. Somente preocupações para com a aparência.
Um dia o jogador de futebol brasileiro ainda vai entender que o melhor de sua aparência em copas do mundo, em competições mundiais, é o futebol jogado. Eles poderiam começar esse exercício de conhecimento conversando com Cristiano Ronaldo, o jogador português considerado o melhor do mundo e que não usa penteados estapafúrdios - embora alise o cabelo o tempo todo -, tatuagens pelo corpo e outras modas que são do gosto dos jogadores do Brasil.
Em princípio, ninguém tem nada a ver com o cabelo tipo calopsita tresloucada que o Neymar usou no empate entre Brasil e Suíça na estreia da Copa do Mundo. A menos que suas constantes idas ao cabeleireiro interfiram em seu futebol. Pelo jeito, interferem. Como interferiram também na forma de jogar de alguns dos demais jogadores. No conjunto da obra, isso contribuiu para o fato de o Brasil ter jogado muito mal naquele empate por 1 a 1 de domingo último.
Damos muito valor ao marketing às avessas. Treinadores e restante dos membros da Comissão Técnica acham não ter o direito de interferir na vida privada dos jogadores. Têm. Numa concentração de Copa do Mundo na qual até o ingresso de parentes é severamente vigiada, por onde entram os cabeleireiros, já que os profissionais não saem? Ou será que todos eles fizeram curso da especialidade? Pouco provável porque os "penteados modernos" usam toda a roda da cabeça.
Naquele 1 a 1 da Suíça houve gol irregular validado em favor dos suíços e todo mundo reclamou. Neymar também caiu no gramado uma série grande de vezes e nem mesmo o desconforto no tornozelo direito pode justificar o cai-cai. Afinal de contas, desde o início do futebol atacante apanha de zagueiro. O segredo dos grandes jogadores é saber se defender. Se proteger.
O Brasil já perdeu várias copas do mundo. Algumas delas injustamente e isso é parte do futebol. Na última, em 2014, fomos derrotados pela incompetência de um técnico arrogante, que impôs jogadores contestados e escalou um time que nunca havia jogado junto, numa partida de semifinal.
E agora? Vamos correr o risco de voltar derrotados de novo, desta vez pela vaidade de nossas pitonisas gregas modernas? Tite, um treinador equilibrado e competente, vai permanecer calado, vendo os penteados se alternarem a cada jogo que tivermos pela frente?
Não, nem sempre perder é coisa do futebol.
         

Nenhum comentário: