13 de novembro de 2019

Saudades dos meus generais...

Não há meio de Jair Bolsonaro se esquecer dos anos - caros para ele - da ditadura militar. E nem de governar sem pensar em retaliar contra o imenso espectro político de brasileiros que são contrários aos atos, na maior parte das vezes espúrios, de seu governo. Agora, saudoso da ditadura militar, quer criar um partido político só dele, todo dele, para chamar de seu: a Aliança pelo Brasil. Vulgo Aliança.
Por que isso? Porque Bolsonaro não consegue se esquecer da Aliança Renovadora Nacional, a ARENA, partido criado para dar sustentação política à ditadura militar que infelicitou o Brasil  de 1º de abril de 1964 até 1985, quando João Batista Figueiredo botou o pijama. Ao final do regime ditatorial, quando a sigla já estava desgastada, seus líderes pediram aos seguidores para abandonarem o nome ARENA, então símbolo de prisão ilegal, tortura e assassinato, e passarem a chamar o partido de Aliança. Não deu tempo. Logo a ditadura se tornou um passado triste e sombrio.
Capitão forçado a deixar o Exército depois de ter se insubordinado mais de uma vez, militar de raros predicados, Bolsonaro adora viver com oficiais generais no seu entorno, todos batendo continência para ele. Político do baixo clero, 28 anos em Brasília sem fazer nada digno de nota, vibra com o fato de ser ignorante, violento, raivoso e inconsequente. Dentre outras "virtudes". Como justamente hoje, quando fez vista grossa à invasão da embaixada da Venezuela em Brasília por supostos militantes da oposição naquele país. Nem mesmo nas épocas mais tristes da ditadura militar o governo permitiu que nossa diplomacia, de tão caras e honradas tradições, se permitisse a um papel tão rasteiro.
Mas se presta. Principalmente porque o Brasil tem hoje o pior chanceler de sua história. O Ministro da Educação mais inculto. Um ministro do Meio Ambiente já condenado em processo contra o meio ambiente. Alguns outros enrolados com a Justiça. E a grande maioria composta por pessoas sem méritos e, por isso mesmo, que seguem o "líder" como o boi segue a boiada. Não preciso citar Damares Alves, a titular da "Família", sempre em busca de Jesus no pé de goiaba.
Hoje, em plena reunião do BRICS enfrentamos o desconforto, o vexame de receber chefes de Estado quando uma representação diplomática estrangeira está ocupada em Brasília. Fossem ocupantes socialistas ou comunistas e seriam terroristas. Como são fascistas, Bolsonaro os tolera. Acho que diariamente, ao se deitar ou levantar, ele diz para consigo mesmo: "Saudades dos meus generais da época da ditadura militar. Que não vai voltar mais. Nunca mais". Aposto que é assim!

Um comentário:

http://plurk.com/user/wilco disse...

Parabéns, Álvaro.