22 de maio de 2020

A reunião das descomposturas

Há uma obrigação vital de comportamento, que jamais pode ser evitada quando se trata de reuniões de autoridades, sobretudo as maiores da República: compostura. Num encontro ministerial, com a presença dos representantes de todos os ministérios, e ainda mais quando ele é gravado, palavras de baixo nível jamais devem ser pronunciadas. Mas foi isso o que aconteceu no dia 22 de abril último.
Está sendo triste ver a reprodução total do vídeo e áudio dessa reunião, peça hoje liberada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal e que as emissoras de TV estão mostrando a todo o País, sem cortes e apesar de todos os palavrões ditos por diversos dos participantes. No Facebook, vi um post da Juíza aposentada Denise Frossard e no qual ele afirma que em seus tempos de magistratura os réus que julgou tinham mais continência (verbal) que os membros do governo Jair Bolsonaro (foto de outro momento), inclusive - e aí acrescento eu - o próprio Presidente da República.
Não é possível a gente assistir a um Chanceler se dirigir sem o menor respeito ao governo de nosso maior parceiro comercial chamando a Covid-19 de "comunavírus", pois isso pode nos trazer sérios aborrecimentos no plano comercial. E numa época da economia nocauteada. Não é possível ouvir de um ministro da Educação que ministros do STF são vagabundos. E nem de uma ministra da Mulher e sei lá de quantas coisas mais que governadores deveriam ser presos por estarem exercendo seu poder legal durante uma pandemia da mais séria que o Brasil já enfrentou.
Pior disso tudo ainda foi ouvir do próprio presidente da República, depois do desfile de uma série inacreditável de palavrões e sandices, que ele tem um sistema particular de informações. Como assim? Isso é inconstitucional! Isso atenta contra as todas normas legais! Que pessoas e órgãos fornecem informações sigilosas a Jair Bolsonaro à revelia das leis vigentes no Brasil?
Foi possível ver claramente, durante a exibição das imagens da reunião do dia 22 de abril, que estamos diante de um presidente que não respeita a Constituição e é capaz de tudo para conquistar seus objetivos, não importam os meios. E também que ele é assessorado por uma trupe de marionetes capazes de tudo para agradar ao chefe e se manter nos cargos.
Pobre Brasil. Mas fomos nós que colocamos aquelas pessoas no poder. E agora resta-nos agir ao abrigo das leis vigentes, submetidos a elas, para mudar o quadro que o Brasil vive. Não há outro caminho a ser seguido. Vamos lutar, minha gente. Mas sempre com compostura e respeito, pois todos os protestos são possíveis sem que se use linguagem chula.       

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