4 de junho de 2023

República do rabo preso


A cada episódio novo se torna maior a quantidade de políticos confrontados com suas falcatruas. Como é imenso o número desse tipo de gente fica fácil dizer que vivemos numa "República do Rabo Preso". Agora é o ainda todo poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira, quem deve estar preocupado com a possiblidade de se tornar réu em processo por corrupção passiva, o que encerraria sua carreira política. E o caso vai começar a ser analisado na terça-feira.  

O fato remonta a 2012, quando um assessor dele foi flagrado em São Paulo tentando embarcar para Brasília com R$ 106 mil na mala. Era dinheiro de propina para ser entregue ao deputado. Desde aquele episódio Lira dorme assombrado pela possibilidade de ser tornado réu no Supremo Tribunal Federal, perder o mandato e ainda ficar inelegível por oito anos. É o risco que se corre...

No Brasil, fazer esse tipo de negociata envolvendo dinheiro vivo não é novidade. Parece que o artifício se tornou parte da nossa cultura política. Vejam o caso da "familícia" Bolsonaro que acumula mais de cem imóveis comprados nessa, digamos, modalidade. E para o chefe do clã, Jair, esse tipo de coisa não prova nada contra ele. Quando fala sobre o assunto diz que os imóveis foram adquiridos ao longo de muitos anos e por vários de seus familiares. Então, está tudo explicado. Como no caso das "rachadinhas" de todos os seus filhos e apaniguados detentores de mandato.

Arthur Lira fez isso em 2012, o que mostra como a prática é comum há tempos. Na semana que passou um montão de dinheiro que abarrotava um cofre foi localizado pela Polícia Federal em Alagoas com gente ligada ao presidente da Câmara. Aqui no Brasil, graças ao orçamento secreto e outras artimanhas, existe corrupção envolvendo ambulâncias, tratores, superfaturamento de obras públicas e chegando aos cofres residenciais, onde é guardado dinheiro em espécie.

Talvez por isso alguns sonhos de poder como os de Lira, que adoraria ser um tipo de primeiro ministro, terminem não se concretizando. Afinal não basta a ele ter aprovação da imensa maioria de seus pares. Como disse um dia Carlos Drumond de Andrade, "no meio do caminho tinha um pedra". Quem sabe daquelas grandes e que surge nesse caminho justamente quando se encontra dinheiro vivo em grande quantidade em malas, cuecas, etc.

Para eles dessa forma fica mais difícil de rastrear...


Um comentário:

Anônimo disse...

Álvaro, é lamentável que isso aconteça no meio político.
Gostei muito da ilustração do "rabo preso"