14 de outubro de 2012

Destroços éticos

Charge de sonhandoempalavras.blogspot.com
Quase findo o julgamento do mensalão, é constrangedor assistir ao debater de pernas dos principais envolvidos. José Genoíno, por exemplo, disse que não se arrepende de nada. E pediu demissão do cargo que ocupava no Ministério da Defesa, quem sabe porque lá ficaria mesmo difícil ir e voltar da prisão caso seja condenado a regime semi-aberto.
José Dirceu, o inacreditável sempre inocente, disse que não vai se calar. Continuará a falar e a repetir à exaustão sua ladainha de perseguido. Também, pudera, na sua visão sofreu uma injusta e orquestrada campanha pérfida de calúnias, injúrias e difamações. Espancado por inverdades, teve que assistir indefeso à sua injusta condenação por parte do STF.
Há um ponto em comum à defesa dos dois, de todos os demais envolvidos e do PT de maneira geral: tanto acusados como o partido e o governo que se iniciou com Lula e agora prossegue com Dilma Roussef são unânimes em afirmar que o primeiro e único governo popular da história do Brasil está sendo vítima de uma campanha sórdida urdida pela imprensa (assim são chamados todos os que trabalham nos meios de comunicação) conservadora e mantida pelo grande capital. O mesmo grande capital que fez de Lula um multimilionário.
Todos, de simples militantes petistas a terminar em José Dirceu e passando por Lula, o último a saber, esquecem-se de uma coisa de suprema importância nesse caso: nunca antes, na história desse País, um processo foi julgado com tanta abundância de provas irrefutáveis.
Talvez isso seja o ponto mais difícil de ser digerido pelos destroços éticos do PT e seus seguidores. Afinal, no final de 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez, o Brasil estava em vias de construir um novo futuro e, quem sabe, reformando ao menos em parte nosso Pacto Federativo. Se obstáculos houvesse, ninguém melhor do que o regime popular para enfrentá-los e denunciá-los ao restante da Nação do alto da autoridade moral que a votação estupenda conferiu ao ex-metalúrgico.
Mas não. Em vez disso foi caminho mais curto comprar um Congresso que estava, e continua estando, à venda. E também cooptar a preço de ouro figurinhas carimbadas como José Sarney, Fernando Collor de Mello et caterva e demais membros do baixo clero moral de Brasília.
Caminho escolhido, agora resta espernear. Gritar inocência, acusar o "linchamento moral" e dizer que não se cala ou de nada se arrepende. Porque o lado pensante do Brasil não crê mais na malta. O lado pensante do Brasil prefere o homem negro, de capa preta, que se contorce de dores na coluna todos os dias em que é obrigado a cumprir sua sagrada tarefa de defender a honra de seu País.                 

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