5 de janeiro de 2013

Como o macaco no galho

Guarapari, balneário mais conhecido do Espírito Santo, não tem prefeito. O que venceu a eleição, Edson Magalhães, é acusado pela Justiça Eleitoral de estar tentando seu terceiro mandado. Além disso, pesam outras acusações contra ele, mas a que determinou sua impossibilidade de ser empossado reside no fato de ele haver substituído o prefeito anterior, cujo mandado foi cassado, e depois ter sido eleito. Como tentou novamente, para todos os efeitos pretendia ser uma espécie de Hugo Chaves municipal.
Mas esse nem é o ponto principal. Magalhães era filiado ao PPS. Com a marcação das novas eleições, e para poder (?) apoiar seu antigo vice, Orly Gomes, que é do DEM, se desfiliou do partido de origem e passou a ser o mais novo "Democrata" capixaba (Democratas são, em muitos casos, ex-colaboradores da ditadura militar que mudaram de nome). Oportunismo de última hora, política em proveito próprio ou de grupos, é uma constante na vida pública desse nosso pobre Brasil, sobretudo nos últimos 20, 30 anos. É irônico, mas depois da ditadura.
O PPS, Partido Popular Socialista, é o atual nome do antigo Partido Comunista Brasileiro, o PCB ou Partidão. A sigla foi trocada numa convenção nacional, por maioria, de modo que a decisão não pode ser questionada. Questiona-se o que surgiu daí: um partido político como todos os outros, habitado por grande maioria de ativistas de carreira, sem ideologia alguma, em alguns casos meros oportunistas e, como mostra o exemplo citado, capazes de pular de galho em galho no sabor de interesses corporativos. São como macacos. Eles usam a força das pernas e o equilíbrio do rabo em busca de comida.
O Partidão tem história. Bela história! Como pode ser visto na ilustração dessa matéria, na festa dos seus 90 anos, no ano passado, a sigla atual convivia com a marca da foice e do martelo, representante do trabalho no socialismo de Estado. O Partidão foi uma grande legenda na luta contra a ditadura militar que infelicitou o Brasil de 1964 a 1985. É triste vê-lo agora como está, caçando cargos e fazendo alianças com pessoas e legendas, algumas de aluguel, e praticamente todas sem vínculo algum com seu passado idealista.
Aqui no Espírito Santo o PPS está ainda mais desfigurado. Suas lideranças regionais, a partir do presidente Luciano Rezende, atual prefeito de Vitória, foram aos poucos alijando do processo decisório praticamente todos os velhos militantes. Comunistas históricos deixaram de ter voz. Socialistas, mesmo social-democratas, não fazem mais parte do diretório. Não se aceita quem contesta. A decisão de um pequeno colegiado, um grupelho, é lei para todos. Reclamou, deixa de ter peso no Partido. Passa a ser nada.
É uma pena que meu velho Partidão desça a escada. O atual prefeito de Vitória foi eleito em outubro passado com um lema dizendo, dentre outras coisas, que aquela era a opção da mudança. Sua propaganda berrava: "Muda Vitória!". Alguns entenderam o recado em todas as suas nuances. Edson Magalhães já mudou!                    

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