25 de dezembro de 2013

Os culpados pelas tragédias

Basta olhar para a foto que ilustra esse texto e que tomei emprestada ao Século Diário para ver que encosta alguma como essa resiste oito, dez dias de chuvas intensas sem ceder e deslizar até o chão. É uma inclinação exagerada, sem cobertura vegetal adequada, sem obras de contenção e em dias seguidos de chuvas o chão vai ficando encharcado e se tornando instável até ceder. Então vira sepultura para os moradores do local, sobretudo crianças sem chances de defesa. Essa é uma foto de Colatina, de uma encosta onde cinco corpos, três deles de crianças, ainda não foram localizados.
Ontem a presidente da República esteve no Estado. Fez um voo de meia hora em helicóptero, passou o restante do tempo consultando o relógio, disse meia dúzia de coisas óbvias sem demonstrar um mínimo de emoção e depois foi embora não sem antes dizer que já deu muito dinheiro ao Espírito Santo (p... que p....!), que vai ceder pontes desmontáveis do Exército e que nunca antes havia visto uma tragédia como a nossa. Ao ser questionada sobre o fato de que essa é a primeira vez que visita o Espírito Santo em três anos de governo, respondeu que, antes dela, nenhum presidente veio até aqui em véspera de Natal. Durma-se com um barulho desses...
Já disse e repito: o poder público é o único responsável por isso tudo. Não se pode permitir construções em encostas como essa de Colatina. E elas existem aos milhares. Obras públicas devem ser feitas sempre com grande qualidade, tanto para durarem quanto para justificarem os investimentos. E o assoreamento dos rios deve ser combatido como uma política de Estado. Fazendo apenas isso o poder público impedirá grande parte das tragédias que acontecem.
Mas ele não age assim. Faz vista grossa  para as invasões das encostas pensando nas próximas eleições. Permite o assoreamento dos rios porque combater a prática custa, na maioria das vezes, tocar em interesses de poderosos. E exigir qualidade nas obras públicas vai contrariar grandes empreiteiras que assim ficarão sem como ganhar dinheiro em operações tapa-buraco, quando grande parte do pagamento vai para fundos de campanha ou conta bancária de políticos.
Nossas tragédias se repetem por esses motivos. Todos sabemos disso e ainda não se fez nada efetivo para construir um Brasil que fique a salvo de tragédias assim. Elas acontecerão sempre que a intensidade das chuvas ultrapassar limites aceitáveis e vemos isso hoje na Inglaterra e na França. Mas lá os danos são muito menores em comparação com os nossos. Lá há um compromisso entre aqueles que governam e aqueles que são governados, uns protegendo os outros.
Quero desejar um feliz ano novo a todos. E que em 2014 nós voltemos às ruas para exigir ética, honestidades e responsabilidade àqueles que nos governam. EXIGIR mesmo, com todas as letras maiúsculas. Que os baderneiros fiquem em casa sem nos atrapalhar, por favor. Vamos voltar às ruas sim, minha gente. E de preferência durante a Copa do Mundo.
        

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