1 de janeiro de 2014

O valão sem bombeamento

Vamos iniciar o ano de 2014 com uma informação que assusta: tenho um amigo engenheiro e que trabalha fiscalizando obras a cargo da Prefeitura de Vila Velha. Ele acompanhou toda a construção de um valão (ou canal de escoamento de água, como preferirem) com dois quilômetros de comprimento e R$ 10 milhões de custo total e que teria a finalidade de impedir os constantes alagamentos das regiões baixas do município.

Bairro alagado de Vila Velha. O valão não tinha estação de bombeamento
A empresa pela qual esse engenheiro fiscaliza era responsável pelo acompanhamento da obra civil. Terminada ela, caberia à PMVV comprar as bombas e demais equipamentos para que o escoamento das águas da chuva efetivamente ocorresse pois na estação de bombeamento pois, caso contrário, em dias e horários de chuvas fortes combinadas por preamar, Guaranhus, Gaivotas, Pontal das Garças, Jockey clube e outras regiões seriam alagadas como sempre ocorre.
A prefeitura não comprou os equipamentos.
Há naqueles locais um grande valão de concreto armado coberto pela água, chamado de Canal Guaranhus, e que começará a se deteriorar se não for terminado. Somente com os equipamentos de sucção será possível a ele retirar as águas das chuvas daquelas regiões, lançando-as no mar. Meu amigo que contou a história e é uma pessoa séria chama a isso de "descaso com o dinheiro público".
Seria apenas descaso ou mais alguma coisa? Afinal, se há bombas funcionando hoje, elas só foram instaladas depois das inundações e da tragédia completa.
Nós sabemos que o brasileiro precisa ser educado politicamente. Desde a  mais tenra idade, aprender que quando destrói um bem público, está destruindo o que é seu e meu. Desde a mais tenra idade, deve aprender que ao jogar lixo nos rios e riachos, nos valões e das bocas-de-lobo, estará contribuindo para alagamentos. Da mesma forma, quando constrói em encostas muito inclinadas, sobretudo se essas encostas tiverem a cobertura vegetal retirada, estará criando o caldo de cultura para tragédias futuras.
Mas como é possível conscientizar a população que convive com exemplos como esse? Como educar o cidadão se ele desde criança aprende como usar a "Lei de Gerson"? Se o meu amigo está certo, grande parte do que ainda ocorre em Vila Velha em termos de alagamento teria sido evitado se a obra pública tivesse sido realizada do princípio ao fim, com a compra e instalação dos equipamentos de bombeamento de água. Mas não aconteceu isso. Ou por descaso ou porque o prefeito estava curtindo Nova Iorque com a família enquanto o dilúvio caia. Afinal, ninguém é de ferro...     

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