11 de fevereiro de 2014

Santiago, o símbolo!

Santiago Andrade não era um jornalista famoso, embora tenha ganho dois prêmios por reportagens cinematográficas feitas para a TV Bandeirantes. Mas ele se tornou um símbolo com seu sangue derramado estupidamente na rua, atingido que foi por um rojão disparado por um idiota.
E Santiago é símbolo por um motivo simples: violências contra profissionais de Comunicação são cometidas no Brasil, em tempos recentes, desde a ditadura Vargas, passando pela que vigorou no Brasil de 1964 a 1985. Parece que ficaram os hábitos e costumes daqueles tempos negros e eles de vez em quando desabam sobre alguns jornalistas que cobrem o dia-a-dia do Brasil.
A vítima de agora foi Santiago.
E é difícil dissociar o fato recente de outros mais antigos. Na época de Vargas, um torturador do DIP era conhecido por sua violência. Como se chamava Benedito, todo preso que era colocado no camburão para ser levado para a delegacia se perguntava: "Será o Benedito?". Queria saber por quem seria torturado ao chegar, geralmente para confessar o que não sabia.
Sérgio Paranhos Fleury foi o rei da maldade durante os tempos duros do regime militar recente. Mas ele tinha incontáveis seguidores, auxiliares, sei lá como se chama isso. Um torturador certo dia parou de torturar uma prisioneira para limpar o suor da testa e quando ela perguntou a ele se tinha coração, respondeu: "Tenho. Mas quando venho trabalhar deixo o coração em casa".
Esse tempo já passou. Já passou?
Nos últimos anos um dos passatempos dos membros do atual Governo - junte-se Lula e Dilma nesse saco - é culpar a imprensa por tudo. Pelo "mensalão", por exemplo. E esses ataques, essas acusações, servem para lançar parte da sociedade contra o trabalho dos jornalistas. Inclusive membros das corporações policiais. Violências têm acontecido. E vão acontecer outras se todos não gritarem contra a morte de Santiago com a mesma força usada nas épocas de ditaduras.
Lamento a morte de um companheiro de profissão. Lamento por uma jovem jornalista que não terá um pai para vibrar com seu trabalho, crescimento profissional e sucesso. Lamento pelo fato de aquele profissional que não chegou a fazer 50 anos ter se tornado símbolo. Mas é preciso que não haja outros mais. Se todos ficarem calados, se a gente não gritar, vamos continuar morrendo.
           

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